segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um ar meio melancólico



Precisava arrumar meu quarto depois daquela farra. Mas desisti. Resolvi que ia beber mais um pouco e pegar o caderno pra escrever algo. Exageros? Todos temos, todos temos formas de externar algo que não sabemos exatamente o que é. O fato é que fazemos coisas que queremos, que gostamos, mas na verdade a gente poucas vezes sabe o motivo de porque fazemos. Existe algo maior, muito maior por trás de todas as bebedeiras, por trás de todos esses malditos exageros. Preenchemos algum vazio e tentamos externar algo. Caralho, eu bebia pra caralho faziam cerca de dois anos, justo depois do meu divórcio. Será que eu bebia pra tentar preencher o espaço dela? Porque não havia arrumado uma namorada decente em dois anos? Sim, eu tinha algumas propostas, mas recusei todas. Meu caso era simples: medo de me entregar a algo, medo de me dedicar, medo de ter que agradar alguém, medo de sorrir quando ela contasse algo engraçado do trabalho dela. Era isso. Eu não queria compromisso, mas ao mesmo tempo eu tinha que preencher um vazio. Meu corpo pedia, minha mente também, que eu tivesse um relacionamento, que eu namorasse alguém, pensasse no futuro, fizesse planos e comprasse um carro. Era bem legal isso, mas e se desse errado? E se eu fracasasse de novo? Assim como destrui meu casamento, eu poderia destruir de novo. Ainda não tinha culhões pra recomeçar tudo. Bebia, fugia e a vida andava. Resolvi que era melhor parar de pensar na vida. Tava com um ar meio melancólico. Bebi mais uma lata de cerveja, comi um pão com queijo, peidei e tentei dormir de novo.

Zaratustra

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