sábado, 11 de maio de 2013

Sair de casa!



Eu precisava tomar um banho. Escovar bem os dentes. Pentear a barba, mas não o cabelo. Colocar uma roupa bonita. Pegar o ônibus, chegar ao destino. Ver pessoas. Rir. Beber. Comer alguma coisa. Me relacionar com elas, perguntar se estavam bem no trabalho. Saber se suas famílias ainda faziam aquele almoço de domingo a tarde, com macarrão ao molho com azeitonas. Ver se elas ainda namoravam, fazer uma piadinha suja sobre elas transando com seus parceiros. Rir mais um pouco. Ouvir uma boa música no bar. Beber? Claro, beber mais um pouco. Não vomitar na minha camiseta. Mijar algumas vezes o que eu tinha bebido. Perguntar mais pras pessoas se estava tudo bem. Sociabilizar. Essa era a palavra. Talvez ainda tivesse com fome, talvez ainda pedisse outra porção de fritas e duas cervejas pra quatro copos. Ficar bêbado. Ver os outros ficarem bêbados. Rir do fato de todos estarem bêbados. Chamar a garçonete de chuchu. Ela riria, eu também, e todos também. Me levantar da mesa, e levantar a minha calça. Estava meio magro. Pagar a conta, no débito. Digitar a senha. Pegar a comanda, dessa vez carimbado em letras garrafais "PAGO". Entregar ao segurança na porta. Andar com meu passo vacilante ao ponto de ônibus. Talvez eu bebesse uma brejinha ainda, em algum boteco sujo, que tinha na frente do ponto. Pegar o ônibus. Chegar em casa. Abrir a porta. Entrar. Tirar as calças, e os tênis. Rir mais um pouco sozinho. Pegar no sono e dormir.

Zaratustra

Nenhum comentário:

Postar um comentário