quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Desigualdade, doses de cachaça e a repreensão



Eu voltava a passos apressados enquanto ouvia Nirvana no meu celular, passando por estradas feias, com pessoas feias e desgraçadas, e sem os dentes (os frontais), e crianças nas ruas brincando com a terra, e as mães nos portões alheios fofocando sobre as vidas alheias. Carros pomposos e luxuosos passavam por ali, também, assim como eu, apressados, seus vidros eram escuros, mas volta e meia eu via alguém com os vidros abertos, eram madames em possantes de banco de couro, dados pelos maridos, empresários ou investidores de sucesso, ou médicos, com crianças de uns sete ou oito anos no banco de trás, crianças gordas, brancas e bem penteadas, e bem diferentes daquelas que brincavam na terra, que eram em sua maioria negras e com a cabeça raspada, cogitei a hipótese de que as madames levavam seus filhos pra casa depois de os terem pego nas escolas particulares, que eram muitas no caminho daquelas estradas feias, escolas com nomes pomposos, como "Maximiliano" ou "Arceu Crispiano" e outras coisas pomposas. De pomposidade eu não entendo porra nenhuma, tanto que eu voltava a pé e ouvia Nirvana, e não me importava de pisar nas estradas feias, ou de ver as pessoas feias e as crianças largadas nas ruas com seus brinquedos velhos... Mas sei lá "o mundo é mesmo uma merda", pensei, mas ainda mantive os passos apressados.

Passava em frente a um boteco, daqueles bem pequenos mesmo, daqueles que são feitos na garagem da casa do dono. Haviam alguns alcoólatras ali, eles bebiam cervejas baratas e jogavam dominó, sentados ao redor de uma mesa de metal que estava escrito "Antartica" em cima, com um logo de um pinguim. No balcão do lugar, havia um senhorzinho bem velho, meio corcunda já, usava roupas que não passavam de meros trapos, mas ainda assim ria (com nenhum dente na boca), enquanto tomava uma dose de cachaça. Decidi parar ali, me pareceu ser um local bem agradável. Fui em direção ao balcão e lancei:

- Me dá uma dose de cachaça!
- 51 ou Velho Barreiro? - um senhor com uma toalha no ombro me perguntou.
- Do Velho, é claro!

Ele serviu minha dose, eu via o líquido ir enchendo o copo e lambia os beiços, ele me olhava de soslaio, como se me reprimisse, e o velhinho corcunda só dava risada e passava a mão no rosto. O copo ficou cheio até a boca. Peguei sem pestanejar, virei tudo numa golada só (mentira, foram em duas, mas uma seguida da outra). Bati o copo na mesa.

- Outra!

Ele serviu de novo meu copo, a cena se repetiu, com exceção do velho corcunda que não ria mais, ele me olhava com seriedade e bebericava seu drink de leve, como se fosse veneno. Novamente o copo cheio, novamente em duas talagadas mandei tudo pra dentro. Dessa vez deixei escapar um pouco, por isso passei as costas da mão esquerda na boca.

- Outra!
- Tem certeza filho? - ele me disse, e dessa vez me olhou bem nos olhos.
- Tenho sim senhor! Outra!

Ele serviu mais uma dose, dessa vez ele parou de encher antes do copo chegar no talo. Lancei um olhar de repreensão que foi fulminante. Ele continuou a despejar líquido até chegar na borda. Peguei e virei em duas talagadas. Bati o copo na mesa.

- Quanto eu lhe devo?
- Três reais.

Coloquei uma nota de cinco em cima do balcão e saí fora, pronto, eu havia feito minha boa ação do dia, aquele cara deveria ter uns 8 filhos pra sustentar. Saí do local meio tonto, mas ainda assim bem, e o velho corcunda voltou a rir e a beber pesado quando eu pisei na calçada. Aquele lance de trabalhar 10h por dia estava me consumindo, mas eu não dava a mínima. Era isso ou a morte.

Zaratustra

domingo, 24 de novembro de 2013

A place to hide



- Cara, não me enche a porra do saco! Que merda, para de querer controlar a minha vida! Porra! - eu berrava com Alice, minha mulher na ocasião.
- Carlos! Carlos! Eu não vou admitir ser tratada desse jeito! - ela meteu o dedo em riste no meu nariz.
- Ahh, foda-se, foda-se, você é uma vadia! VA-DI-A! Nada além disso!

Nisso, eu já puto corri pro quarto, joguei a porta com tanta força contra o batente que fez um barulho alto pra caralho do tipo BLAAANGGG, eu liguei o som no talo, ouvia naquela ocasião The Soft Parade do The Doors.

Can you give me sanctuary
I must find a place to hide
A place for me to hide

Can you find me soft asylum
I can't make it anymore
The Man is at the door 


Tirei minhas roupas e me deitei somente de cuecas na cama, olhei pro lado e vi que em cima do criado-mudo havia uma garrafa de vodka (pensei naquele momento "obrigado DEUS!"), não era Smirnoff, não era Natasha, sua marca era Raskov, nem lembrava o porque eu havia comprado ela. Mas enfim, eu tinha boa música, estava deitado na cama e tinha alcool pra me ajudar a enfrentar aquele casamento frustrado que me consumia mais do que moleques de rua consomem pedras de crack (e em dias de sorte cocaína). Havia trancado a porta, Alice batia nela com força, gritava palavras de ordem tais como "Carlos, abre essa porta! Carlos! Que porra!"

Eu não ligava a mínima pra ela, eu estava cansado de tudo aquilo, precisava de um pouco de paz de espírito e de sossego. O dia passaria mais rápido com a vodka e com boa música, e por um momento me senti feliz de novo.

Zaratustra

Ficando velho...



Os pássaros cantavam naquele domingo de manhã em que eu voltava de cabeça pra baixo pra casa, em passos lentos e desanimados, os próprios pássaros estavam me irritando profundamente, e tudo o mais me irritava também. Tive vontade de atirar pedras neles, mas desisti, achei melhor evitar tal esforço.

Não que eu estivesse triste ou mal, mas eu estava me sentindo mais velho, mais acabado, sei lá, ou eu estava criando o juízo que minha mãe sempre dissera existir. Brincadeira. Eu ainda não tinha juízo algum, simplesmente eu estava ficando mais careta. Enquanto eu tragava um Marlboro (sempre do vermelho, é lógico), lembrei dos tempos em que eu conseguia beber pra caralho por oito ou nove dias seguidos, ou como naquele mês em que acabei com dez garrafas de vodka em trinta dias. Isso sem contar as cervejinhas (que foram demais pra contar), e eu me mantinha bêbado como um irlândes as vinte e quatro horas do meu dia. Agora não mais, agora eu ia para as baladas pra ficar sentado em sofás e tomar apenas um drink a noite toda. E pior, voltar pra casa e estar com sono, mas tanto sono que eu tentei empurrar cerveja pra dentro do estômago enquanto assistia TV às seis da manhã e acabei pegando no sono. Porra, eu tinha uma reputação a zelar, e o máximo que eu conseguia era pensar na minha cama e no meu sossego sóbrio.

Zaratustra

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O machismo nosso de cada dia



Tudo bem que eu não havia me tornado o melhor que um ser humano pode ser (honestamente eu tinha me tornado um LIXO), mas ao menos estava protegido do que pudesse me foder, e por me foder entendam como mulheres. Buk disse uma vez que já viu muito cara bom ir morar debaixo da ponte por causa de uma mulher que lhe fodeo. E não duvido disso. E digo mais: mulheres podem te manipular mais fácil do que você possa imaginar. E o que temos que fazer pra evitar isso? Temos que nos tornar tudo o que elas dizem repudiar. Temos que ser a imagem mais escrota possível na cabeça delas, temos que ser algo que é exemplo de mau caratér e babaquice. Difícil? Claro! Mas é claro que é difícil, mas é algo que temos que tentar, infelizmente.

Me tornei tudo aquilo que nunca fui, sempre fui um cavalheiro, sempre fui aquele que ouvia as mulheres, e seus problemas, e me apaixonava fácil, e ligava dizendo que amava, fora as bebedeiras por culpa das fêmeas, fora as humilhações, fora ainda a "friendzone", uma constante por um bom tempo. E ainda tinha que ver uns babacas comendo a garota que eu platonizava, que eu idealizava inalcançável e em cima de uma pedra distante. Me sentia um lixo, tudo o que eu queria era fazer elas felizes, e elas nunca reconheciam... Pra elas era indiferente se EU não conseguia dormir, se EU chorava pelos cantos, se EU comprava presentes pra elas e elas me tratavam como um cara qualquer. Eu havia cansado disso, eu estava desistindo por completo, mas resolvi que EU teria as rédeas da situação, que EU as faria chorar a noite, que EU seria pra elas tudo o que elas foram pra mim. Um manipulador! Somente isso. E se elas chorassem pelos cantos eu iria rir, eu iria gargalhar, eu seria aquele canalha que transa e não liga, eu seria aquele machista que acha que tratar a mulher mal não é exceção, e sim rotina. Perderia amigas mulheres, mas do que vale uma mulher se não for pra transar, ou pra sair, ou simplesmente pra usar pra alguma coisa e jogar fora?

Estava protegido, eu estava criando um escudo e estava tendo sucesso nisso, eu jamais deixaria uma mulher me foder de novo, eu já havia sido fodido demais, e isso era injusto. Sempre quis que as coisas acontecessem da forma certa, mas eu percebi que somente com o errado que eu me sentia bem.

Zaratustra

De repente BANG!



A morte é assim: BANG! Está tudo bem, e de repente, como um escorregão, a vida vai embora e não nos resta mais nada além de um pedaço de carne que a nossa família terá que cuidar. É foda. O pior da morte fica para os que ainda vivem. Tem que resolver uma caralhada de coisa, o caixão, o velório, o atestado de óbito, o que vai fazer com os imóveis no nome do defunto, a herança, o trabalho (que perdeu um funcionário), fora o choro melancólico que ecoa dentro dos amigos mais próximos. É foda.

Foram esses pensamentos que me acompanhavam naquele dia, os pensamentos de que a morte poderia me pegar a qualquer hora, em qualquer lugar e sem aviso prévio. Estou andando na rua e de repente BANG! um carro me atropela. Ou estou bebendo e de repente BANG! cirrose fatal. Ou ainda, escorrego, bato a cabeça na quina da mesa e de repente BANG! E o mais inusitado é que eu estava em frangalhos, eu queria logo que chegasse a sexta- feira (ainda era quinta), esse lance de trabalhar 10h ao dia envelhece, e eu já sentia meu tempo na Terra se encurtando mais e mais e mais, fora as rugas e os cabelos brancos que estavam surgindo... "Por Deus, estamos fadados a envelhecer na metade do tempo normal! Tudo que fazemos é juntar dinheiro pra comprar o nosso caixão quando chegar a 'hora'... Merda!" E mesmo com o trabalho me sugando ainda encontrava tempo pra me exercitar, eu estava mesmo com tudo de novo, eu estava diminuindo de novo com meus vícios, eu estava ressurgindo, e escrevendo textos intitulados de "Fênix!", e isso era muito bom. Mas naquela tarde, em que pensamentos sobre morte me rondavam, eu pensei "Será que vale a pena isso, se manter saudável, com um bom físico e tudo mais? E se a morte de repente me pegar e... BANG!?" Mas pensei que a morte poderia não me escolher, vai que a morte gostava de ver as pessoas trabalhar 10h por dia, enquanto ela puxava uma corda lentamente que ia ao encontro dela, e ela sabia, ela sabia que iria me pegar na metade do tempo normal.

No fim da noite, comi uma salada de alface, tomate, pepino, cenoura e pimentão, além de duas torradas com pão integral e umas bolachas, também integrais. Era saudável demais (ao menos pra mim era), e a garrafa de vodka tentava me chamar mas eu virava o rosto. Ganhei um beijinho molhado (sim, da garrafa de vodka), mas resisti bravamente. Ouvi Dream Theater e me preparei pra dormir... Afinal, amanhã minhas 10h de trabalhos me esperava. E a morte me puxaria lentamente com sua risada sarcástica.

Zaratustra

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O que me restava naquela tarde



Uma linha de cocaína e algumas cervejas eram tudo o que me restavam naquela tarde chata de quarta feira em que era feriado em São Paulo, mas não pra mim, eu trabalhava no cu do mundo, 10h por dia, era bem puxado, eu estava um caco. Ahh, sobre a cocaína era mentira, eu tinha mais ou menos umas 10 linhas razoavelmente gordas e fortes... E umas cervejas nada baratas. Bebia Bohemias, eu estava bem de vida, eu trabalhava pra caralho, mas ao menos curtia umas Bohemias antes de apagar no sofá do meu kitinete solitário. Porra, o cheiro de cal é consequência de um fracasso, e eu me sentia assim naquele dia em que era feriado pra todos, menos pra mim. Mentira, eu estava com tudo, eu tinha tudo, meus dentes (ainda) estavam no lugar e a vontade de beber e de brigar estava controlada. Li uns textos de uns amigos meus, que voltavam a escrever 1 ano depois do hiato, cheirei algumas linhas gordas, as restantes deixei em cima da mesa com a gilete, mentira, eu usava uma bandeja, nada de mesa, uma bandeja de prata e uma gilete. Depois de estar bem chapado do pó e das Bohemias, dei conselhos pra estranhos na internet e pensei em abrir uma rede de fast food. Somente planos de alguém cheirado, somente isso.

Zaratustra

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A despedida de solteira



Uma festa na Augusta era tudo o que eu queria e tudo o que eu não queria ao mesmo tempo. Porra! É incrível como as pessoas gostam de me arrastar pro caminho do mal. Mas não era culpa dela. Thais era somente mais uma das minhas amigas de trabalho que gostavam de sair comigo pra beber umas e outras de vez enquando, e o fato é que ela estava pra casar, e estava organizando uma "despedida de solteira". Coloquei entre aspas porque não era bem uma despedida de solteira, uma vez que não tinham somente mulheres, nem gogo boys, nem nada que vemos naqueles vídeos do xvideos, em que senhoras de meia idade chupam paus de garotos bombados em ambientes como o clube das mulheres. Era simplesmente um rolê comum com seus amigos de sempre, antes de se despedir da vida boa, quer dizer, da vida em geral, pois quando casamos jogamos os nossos sonhos no lixo (me desculpem os casados, talvez eu seja traumatizado demais pra isso, e por isso que fico de chorôrô, culpa da minha ex, a Angélica, mas isso seria assunto pra outro texto...) O que quero dizer é que a vida de casado é bem diferente da de solteiro, existem mais responsabilidades, você passa a foder somente uma pessoa, e tem que aceitar isso de bom grado, fora a convivência, que é o que mais destrói, como quando você está tomando banho e sua mulher entra pra dar aquela mijada matinal, sem nem se preocupar se passou a maquiagem no rosto. É foda, mas se isso é o que a maioria faz, deve haver algum sentido não é mesmo!? Sim sim, o óbito do ser humano é nossa única certeza, e o casamento, que possui muitas semelhanças com o óbito, acaba sendo quase inevitável na nossa sociedade, exceto pra gênios como Bukowski, que casam aos 65, já sabendo que a morte está próxima mesmo.

Pois bem, seria num sábado à noite, num barzinho em que tocava de tudo, tudo mesmo, e por isso que ela queria lá, pois possuia amigos ecléticos demais, desde funkeiros (que NÃO é meu caso) até os rockeiros (que É meu caso), passando também pelas vadias de vestidos curtos que gostam de sertanejo "universiótario", isso sem falar nos pagodeiros, que não podem ver uma mesa e começam a batucar, e a encher o saco com seus porres de cerveja Brahma (sempre de 600ml) e a maldita mania de palitar os dentes pra parecer um pouco mais homem e safado. Era gente demais, tanta gente que eu estava longe de conhecer todos, eu diria que conhecia 1% da festa (a Thais), mas não, isso seria humilhante até pra mim, que acabara de operar das hemorróidas (o que foi sim, de fato bem humilhante, abrir o cu pra um cara de branco catucar lá e tirar um "bolinho" de sangue e pus), eu ainda não era o cara mais anti-social do rolê, ainda tinha alguns amigos... Vamos dizer que eu conhecia uns 5% da festa, o que é um bom número. Amigos demais significam inimigos demais (já dizia um filósofo famoso, no caso eu), e por isso me satisfazia em não ser tão popular. Ahhh, esqueci de falar que o nome do bar era "Pecado", nominho sugestivo pra caralho, mas na real pecamos todos os dias, não faz diferença nenhuma o bar ter esse nome. Precisei me manter sóbrio até o horário da festa (21h), o que pra mim sempre foi um esforço enorme. Mas consegui me manter, e, como de praxe, eu sóbrio sou chato pra caralho, por isso nem vou falar o que fiz naquela tarde (além de jogar Pokemon a tarde toda... Mas o resto é segredo).

Eram mais ou menos 21h quando fui tomar banho. Peguei meu melhor jeans, minha camiseta do Frank Sinatra (esse cara é um gênio... acho que todo cara que bebe whisky puro enquanto canta merece ser taxado de gênio, assim como o Jim Morrison, que era um pouco menos recatado e tomava direto da garrafa), coloquei meu sapato social. Pensei em colocar meu chapéu de mafioso, mas o astro da festa seria ela, não tem porque eu tentar chamar mais atenção, até porque ficaria de canto com meus 5% de conhecidos. Desenhei bem a barba, se existe algo que eu prezo é a barba. Uma barba é o sinal maior de virilhidade do homem, sem a barba o homem parece só mais um moleque que toma leite Ninho de manhã e come pão de leite com manteiga no café da tarde enquanto assiste desenhos na TV Cultura (me desculpem os homens sem barba, é somente a minha opinião). O cabelo deixei bagunçado mesmo, não faço questão de gel nem nada do tipo, gosto dele natural. Pois bem, eu estava bem alinhado pra ocasião, eu achava que a Thais era uma garota bem bacana, e que merecia uma festa à altura dela, por isso que queria estar "top", como dizem os jovens hoje em dia.

Morava ainda ali no meu ap. perto da estação Paraíso do metrô, eram cerca de três quadras, "puta merda, eu moro bem pra caralho", pensei eu todo orgulhoso e pimpão quando sai de casa pra poder ir pra festa. Não tinha carro, mas isso nunca foi problema, eu pagava barato no ap, nas urgências usava taxi e sempre tinha o metrô por ali, não precisava me meter em 60 prestações por puro status social. Já disse isso em um texto e repito: me falaram que com carro eu pegaria mais mulher, e sim, eu pegaria mais mulher, mas sinto lhes informar uma verdade. Mulher = Dor de Cabeça, e dores de cabeça eu já tenho várias (vodka, cigarro, o trabalho de 10h ao dia, as contas, os problemas com a família, o aumento da passagem pra 3,20, o retorno pra 3 reais, o Cidade Alerta, o Instituto Royal, o Rei do Camarote e afff, só de lembrar já me canso), portanto não preciso de mais dores de cabeça, já estou tentando com muito custo eliminar as minhas atuais. Peguei o metrô da linha verde e em menos de cinco minutos cheguei na estação Consolação. Nisso eram umas 21h45. Na porta da estação, encontrei uns hipsters tatuados e cheios de piercings cheirando umas linhas de cocaína. "O de praxe, o de praxe", pensei ao chegar à Sodoma.

No local fui logo abordado pelo segurança. Me revistou igual ele revista o cu da mulher dele (o que quero dizer é que ele não come a mulher dele no cu, nem enfia um dedinho lá de vez enquando, o que quero dizer é que ele não revista a mulher dele no cu, ou seja, ele não me revistou), na verdade deu uma apalpada aqui e outra ali, se eu estivesse armado ele perceberia, mas acho que nenhum imbecil entraria armado numa balada, é muita betice, é coisa de moleque. Mas se eu estivesse com droga até não querer mais, ele nunca pegaria, eu poderia entrar com mais cocaína do que o Al Pacino no Scarface que ele só perceberia se eu tivesse com o nariz esbranquiçado, caso contrário deixaria passar. Enfim. Peguei minha comanda, vi que a consumação mínima eram 30 pratas, "Não é um lugar tão chique assim, até que está bem barato", pensei enquanto subia umas escadas olhando pras vadias do lugar com tanta fome que comeria uma zebra (ou uma vaca), e pude sentir a música aumentando conforme eu chegava no "pico" do local.

Chegando lá, fui abordado por Thais, que estava linda com seu vestido azul piscina (mentira, ela parecia uma piscina, e das grandes. Desculpa Thais, mas você é gorda, mas ainda assim bem apetitosa hmmmmmmmmm, que delícia cara!), que já veio me abraçando enquanto segurava seu copo de vodka com energético.

- Carlos! Você veio!
- Sim! Eu vim! - eu disse, retribuindo o abraço dela.
- Que bacana! Conheça minhas amigas.

Nisso ela foi apresentando uma por uma, eram garotas de todos os tipos, que mal me recordo os nomes, no geral nenhuma delas me atraiu, sou um cara que julga demais por estereótipos, e todas pareciam chatas PRA CARALHO e patricinhas PRA CARALHO e frescas PRA CARALHO, e tinham aquele rosto de quem foi criada a base de leite Ninho e com os pais pagando bons planos de saúde e levando no hospital a cada dor de cabeça... Fora o lance de ser criada em apartamento fechado com tudo dentro, e ter o quarto todo rosa e pintado com a decoração da Barbie ou da Hello Kitty, e terem tudo na mão ao abrir o berreiro, fora ainda a empregada negra que dava Biotonico Fontoura pra fazer ela comer os vegetais e os legumes (e que hoje a vadia não come). Me desculpe quem foi criado assim, sei que vocês não tem culpa de terem nascido em berço de ouro, mas a revolta de alguém que se fode pra pagar uma garrafa de Natasha é alta demais pra ser mantida em silêncio! Chamem de preconceito, mas me desculpem, acho que as pessoas tem que passar a imagem de acordo com as suas personalidades, caso contrário vamos todos usar roupa social como uniforme e fodam-se as convenções sociais. Enfim, estava cansado de ver rostos semelhantes na minha frente. Me sentei à mesa (minto, era um sofazinho, muito comum hoje em dia nas baladas), chamei a garçonete, uma morena alta, linda.

- Chuchu, me vê uma vodka com coca, por favor - e lhe entreguei a comanda.

Enquanto ela anotava o meu pedido, eu a olhava como um cão olha o frango girando no forno na padaria, com excessão da língua pra fora (mentira, eu coloquei a língua pra fora em alguns instantes, mas retornei ela à minha boca antes que ela percebesse tal ato doentio). Ela me olhou com uma cara estranha, saiu da mesa e foi buscar meu pedido, que chegou rápido pra caralho. Agradeci ela somente com o piscar do olho esquerdo e dei a primeira golada, ela havia caprichado, por Deus, do jeito que eu gosto (80% vodka, 20% coca), e me senti no paraíso. Nisso, Thais se sentou ao meu lado, junto com dois outros amigos meus, o Dudu e o Vinicius.

- Ai Carlos, eu vou casar, o que eu faço? hihihi Aiinnn, tô tão nervosa hihihi - ela me disse e ria com a mão esquerda na boca.
- Se mata hahahahaha - eu disse e dei outra golada no drink (puta que pariu, aquilo estava mesmo bom!)
- Aiiinnn seu bobo hihihihi... É sério, tô nervosa, será que escolhi o homem certo?
- Olha Thais, falando sério agora. Você só vai saber se escolheu o homem certo com o tempo, não dá pra saber assim, de cara. Só o convívio entre vocês que vai dizer isso. O Beto me parece um bom sujeito, apesar de eu mal conhecer ele, me parece ser trabalhador.
- E é sim Carlos. - Dudu, um dos amigos de Beto, me disse.
- Pois é, se Dudu está falando não tem engano.
- Eu também mal conheço o cara, mas ele me parece boa praça - Vinicius se pronunciou, enquanto tomava sua dose de whisky.
- Eu sei meninos, mas é que eu sempre fico com um pé atrás por causa do Carlos... O lance da Angélica e tudo mais... Não quero que isso aconteça comigo - Thais pediu desculpas e encostou a mão no meu antebraço, em sinal de carinho.
- Relaxa Thais, eu já superei. Mas não pegue as minhas histórias como padrão, você sabe que eu tive culpa no meu divórcio também... Mas puta merda, que assunto chato - eu disse, olhando com cara de cu pros três que estavam à mesa - vamos falar de coisa boa! Bebam mais!
- Vamos falar de coisa boa, vamos falar de TekPix - Vinicius me lançou a piadinha marota e levantou seu whisky como se brindasse sozinho.

Thais e Dudu entraram na brincadeira, pegaram seus copos de vodka com energético e brindaram. Eu, pra não ficar de fora, levantei meu copo e brindei, seguido de um gole de todos na mesa. Começamos a falar das trivialidades da vida, eu disse que estava mudado, que trabalhava 10h por dia, fazia exercícios, e que estava "de bem com a vida" como dizem. Thais me olhou diferente naquele momento, mas desconsiderei, éramos amigos há muito tempo, devia ser o efeito do meu drink batendo. Dudu ainda tretava com seus pais e queria fazer medicina, e mesmo com 25 anos insistia em fazer seu cursinho no Anglo regularmente. Vinicius continuava o mesmo, fumava maconha demais, mas ganhava uma boa grana com seu estúdio de tatuagens na zona norte, e a vida dele prosseguia de forma bem honesta ao lado da sua namorada, uma gata toda tatuada e com seios lindos (não que eu estivesse cortejando ela, é proibido elogiar uma mulher?). Rimos demais por alguns instantes.

Quando eu já estava no meu terceiro drink, acho que Thais estava no seu quarto, ela na vodka com energético e eu na vodka com coca, e os caras estavam mais na maciota, nessa altura já nem bebiam mais. Por alguns instantes, Thais foi fazer uma social com os outros convidados da festa, e eu saí pra ver o movimento do local. Detalhe que já havia tocado de tudo, e sim, nesse momento tocava rock, a música de fundo era Break on Through to the Other Side, do Doors.

We chased our pleasures here
Dug our treasures there
But can you still recall the time we cried?
Break on through to the other side
Break on through to the other side

Ouvia aquele som e pensava em "Querer passar pro outro lado" (super clichê, mas me desculpe, preciso de alguns clichês pra preencher minha vida, não consigo ser sempre original), e era isso que eu fazia, eu rondava por alguns locais da festa buscando ver novas pessoas, ver o que eles faziam por ali. Cheguei num grupo de amigos que percebi debater sobre política. Não prestei atenção no que eles falavam, mas vi que tinham esquerdistas demais, e esses radicais barbudos acabam se tornando tão cegos quanto os fanáticos religiosos, é aquele lance de que quem vê "a luz" demais, acaba ficando cego. É bom não se afundar nisso, é bom ver os outros lados e não colocar Marx no pedestal com o pau duro esperando pra ser chupado por qualquer garoto que fuma um e usa camisa do Che Guevara (com o desenho com a concepção do Andy Warhol, só pra ficar mais fresco).

Continuei bebendo meu drink, o rock já havia acabado, mas fui ao êxtase quando tocaram o garboso Sinatra, com sua maravilhosa canção I've got You Under my Skin.

I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart that you're really a part of me
I've got you under my skin.


Dancei sozinho na pista, enquanto as pessoas me olhavam com uma cara de "Quem é esse retardado?" Eu honestamente não dei a mínima, não é em qualquer balada que tocam a música do gênio, por isso aproveitei e já pensei em voltar ali qualquer dia em que tivesse ânimo pra sair de casa.

Voltei à mesa de Thais, e nessa altura ela já estava bem bêbada. Ela "tropeçou" (vou usar o termo tropeçou pra falar que ela se jogou em mim, como uma vaca quando corre pro abatedouro só pra ter o prazer de apanhar de vara), e nisso me abraçou com força.

- Ai Carlos hihihi, eu estou muito bêbada! - ela riu de novo, com a mão na frente da boca.
- Percebi! Hahahah, vem cá, senta aqui. - eu disse, já levando ela pro sofazinho.

Depois que ela estava sentada, eu continuei bebendo, eu jurei que iria estourar naquele dia, por isso bebia como uma esponja... Ela, meio zonza, estava sem forças pra beber, mas não tirava a mão esquerda de mim, e passou pela minha perna, até que chegou no meu pau. Olhei pra ela espantado (olha eu sendo beta!), ela me olhou e molhou os lábios. Eu olhei e sorri. Peguei ela pelo braço, fomos ao banheiro. Entramos, e todos olharam o casal entrar correndo, mas eu não liguei a mínima pra isso, coloquei ela num reservado do banheiro, apoiei ela contra a parede, abaixei a calcinha, levantei o vestido e meti com tudo, ali mesmo, sem pensar em nada, sem pensar em traição, ou na nossa amizade. Eu não dava a mínima, e tudo o que passava na minha mente era "Foder, foder, foder", e foi isso que eu fiz. Ela gozou a primeira, e quando ela gozou a segunda eu gozei também, e caiu porra na calcinha que estava no chão, acho que a buceta dela não foi capaz de segurar a minha porra, mas foda-se, isso não importava naquele momento (e acho que nunca importou, não é mesmo!?).

Ainda no banheiro, enquanto recuperávamos o fôlego, ela me disse, em alto e bom som.

- Carlos, obrigada. Você me deu a despedida que eu queria. Estou pronta pra casar!

Sorri de leve, mas me senti tão foda que pra mim o rolê acabou por ali. Porra, às vezes o errado pode estar certo, e é bom ouvir elogios de vez enquando. Foda!

Zaratustra

domingo, 17 de novembro de 2013

Pensamentos ruins



Passei o dia todo com pensamentos ruins me rondando
Não eram mulheres,
nem problemas
nem coisas boas
Eram somente pensamentos ruins
Me senti um lixo
um esgoto a céu aberto
A vontade de bater a cabeça contra a parede
crescia
E
a vontade de fazer bobagem também
Será tão difícil assim
ter vontade de viver
Ou ainda
Querer ser melhor do que antes
Merda
Sou inconstante demais
pra essa porra
que chamamos de vida
Oscilo pra caralho
E não ligo de me arrepender do que eu faço
ou de chorar nos cantos
dos quartos vazios
Ou de abrir uma garrafa
e outra depois
E vomitar no chão
e limpar só quando eu quiser limpar

Estava pensando em voltar a beber todos os dias
chorei quando pensei nisso
Me senti um fracasso, a ideia estava forte demais
Ouvia Alice in Chains de novo, com mais frequência
Os maçaricos queimavam minha mente
com suas chamas
e
ideias luminosas destroem
a vida quando se está
bem
Mas isso não me interessava
eu queria beber de novo
como antes
ou ainda
ainda mais
e
mais e mais
Ouvia Anathema de novo
Ainda com mais frequência
e sentia o gosto da vodka
na minha boca
e lembrei das minhas caretas
quando
ela descia pura
e rasgando a garganta
Eu era apenas mais um derrotado
me senti um lixo
largado pelos cantos do quarto vazio
ao lado do
vômito
da semana passada

O alcoolismo seria uma luta eterna
eu não tinha culhões pra isso
não iria conseguir largar
certeza
certeza que não iria
largar
Só iria adiar e adiar ainda mais
a volta à bebedeira diária
Estava difícil me manter motivado
a não beber
As cortinas gritavam
a Morte cuspia na minha cara
Eu era mais um fracasso
Que voltou a ouvir Nirvana com frequência
e ainda com mais frequência
do que antes
E lia os marginais
achando que o caminho era se manter bêbado
Eu berrava de ódio, eu era aquilo que queria ser
Ou não?
Eu não sabia o que ser, além da vontade de beber

Não estava a fim de sair naquela tarde
ou de falar
ou ver pessoas
ou comer comidas caras
Simplesmente queria beber
e sentir ressaca de novo
E acordar com o corpo cansado
e
ressecado
Era assim tão difícil me manter motivado?
Sim, era
Chorei mais um pouco
pensei em beber
Mas naquele dia não
Esperava que o amanhã fosse um pouco mais brando comigo
e que eu parasse de culpar Deus pelas coisas
(uma vez que eu era ateu, isso não fazia sentido)
As cortinas ainda berravam quando
me deitei
dormi
E com muita sorte
O amanhã foi sim mais brando
Nunca mais acordei
tudo agora fez sentido
Fugi daquilo que me prendia
O alcool já não era problema
a morte foi a solução

Zaratustra

Algumas exigências...



Ela tem que ser bonita. Sim, esse papo de "beleza interior" é meu pau. Tem que ser bonita e tem que ter um corpo bacana, nem muito gorda, nem muito magra, eu diria no ponto. Não pode ser muito magra, eu tenho medo de quebrar elas no meio, elas são muito finas e parecem varetas de pipa. Cabelos são indiferentes, podem ser longos ou curtos, apesar que prefiro os longos, e quanto à cor, não sou muito fâ de loiras, mas dependendo da situação posso deixar passar. Não me importo com aparelho nos dentes, ou dentes não alinhados, ou amarelados, desde que estejam todos na boca. Covinhas nas buchechas na hora em que sorri são um "plus", acho muito sensual isso. Seios, bunda e coxas, quanto maiores melhor, mas sabe como é, não exijo um corpo de uma beleza escultural. Só não pode ser feia, só isso.

Não me importa se ela não gostar de rock, se ela gostar de sertanejo universitário... Só não pode ser funkeira ou pagodeira, isso infelizmente não dá pra suportar, não dá mesmo. Podemos revezar, uma semana eu vou no sertanejo, noutra vamos no show de rock e assim nossa vida seguiria de forma bem honesta. Não há motivos pra se desesperar. Não pode escrever errado, se escrever "faser" ou "quizer" ou "voçe", a relação nem começa. Me desculpe ser tão chato, mas analfabetismo eu não suporto, me desculpe. Tem que ler uma coisa ou outra de vez enquando, se ela ler os marginais seria melhor ainda, mas lendo um pouco de filosofia e sociologia já está bom.

Curso superior é primordial, ou formada ou cursando, preciso de ao menos isso, preciso de alguém que se esforce na vida, não precisa ter um emprego foda, mas esse lance de mulher submissa pra mim não rola, curto mulheres de atitude, mulheres independentes e de personalidade forte. Não quero uma mulher que concorde em tudo comigo, quero alguém que eu possa bater boca de vez enquando, que possamos discordar das coisas e debater como dois adultos, que somos. Se tiver problemas psicológicos, inevitavelmente vou me apaixonar ainda mais, por algum motivo que não sei, mulheres com problemas me atraem, e isso acontece desde que me conheço por gente.

Mas acima de tudo, acima de tudo mesmo, tem que me apoiar e aceitar as minhas escolhas. Me aceitar alcoolátra, me apoiar quando eu parar de beber, gostar de sair sem saber aonde vamos, gostar de surpresas, não querer ficar em casa no sábado a noite, não reclamar de tédio e lutar pelo o que quer. São pequenas exigências pra ser a próxima "Sra. Carlos Reis".

Zaratustra

Mandar tomar no cu é o fim de um ciclo e o começo de um novo



Até você mandar a pessoa tomar no cu, o relacionamento ainda não acabou. Esse papo de "vamos continuar como amigos", só funciona pro lado da relação que não se machucou com a porra toda. O outro lado, o lado que ficou mal, pode até tentar manter a amizade, mas alguma hora ele cai na real e começa a vomitar verdades que vão machucar, e uma delas é "Vai tomar no cu, sua vadia! Te dei tudo e é assim que terminamos? Vaca!"

Sim, enquanto não houver isso, a relação vai manter "aberta", e de certa forma o lado ruim, o lado que sofreu com o término não vai conseguir tocar a sua vida. É foda.

Zaratustra

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Fênix!



Eu estava pra baixo, eu me sentia um fracasso, a poeira não estava somente no meu rosto, e sim na minha boca, eu não tinha nada além de textos (e muitos por sinal) e um pouco de cansaço pelo novo emprego puxado de 10 horas por dia, e cansaço era bom, sair e trabalhar era bom, ver pessoas era bom, e apesar de estar fracassado, apesar de ser ainda um pequeno lixo socialmente falando, de me sentir sem confiança pra nada, nem pra sorrir e nem pra chorar, eu ainda tinha meus amigos, eu ainda tinha eles, e tinha também os estranhos da internet, que quando falavam comigo me ajudavam, e pra caralho.

Naquela tarde pós depressão por causa da Carlinha, eu estava conversando com um sujeito de um grupo na internet, um grupo de evolução pessoal, diguemos que o nome dele era Gabriel. Pois bem, ele era um cara já experiente, pedi a sua ajuda e ele me ajudou, como um jovem ajuda um velhinho no metrô... brincadeira, velhos não são ajudados mais, a nova geração quer que os velhos se fodam! Pois bem, conversei com ele sobre Carlinha, eu estava mesmo desesperado, como disse no ínicio do texto, tudo o que eu achava que estava certo, estava errado, as mulheres sempre te fazem de trouxa fingindo que você está no comando, e Carlinha fez isso, e quando menos esperamos elas vêm sorrateiras e... te dão o bote! Gabriel e eu conversamos por algum tempo, ele me perguntou se eu estava mal, eu respondi "Sim", perguntou se eu queria ficar assim, eu disse "Não", perguntou se eu controlava meus sentimentos, eu respondi novamente com "Não"... Então ele disse que eu estava ERRADO, que se eu quisesse ser meu próprio dono era mais do que obrigação que eu controlasse os meus sentimentos.

Resolvi que ele estava certo, acabamos tendo pequenas recaídas com o tempo, mas naquela tarde eu decidi que não importa, não importa se estou na lama, ou no lixo, ou no cu de um mendigo, sem confiança, se sentindo um fracasso, eu era obrigado a me sentir melhor, eu era obrigado a pegar outras mulheres, a elevar a minha confiança (de novo), a mostrar pra mim mesmo que sou melhor do que isso, que sou melhor do que um chororô por causa de mulheres que não me amam, que posso fazer sempre melhor do que estou fazendo agora, que posso ser mais inteligente e menos burro, que posso colocar diálogos nos meus textos quando me der na telha... Era mudar pra algo melhor ou esperar a morte me buscar enquanto eu vegetava esperando as coisas se resolverem. Porra. Falar isso era fácil demais, mas precisava de coragem pra colocar tudo isso em prática. Precisa cortar o cabelo, fazer a barba, ficar apresentável, manter os exercícios físicos (ao menos isso eu vinha fazendo), e pegar uma boa tiriça, uma melhor, uma com uma cabeça no lugar e uma inteligência acima da média... Se Carlinha não me queria, eu tinha que achar quem quisesse, e essa seria minha missão, mesmo com todos os revezes apresentados. Foda-se. Fui à luta.

Zaratustra

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Se eu te ver passar...



Se eu te ver passar, é melhor que você passe reto por mim, sim, como dois estranhos, eu não quero nem ao menos cruzar meu olhar com o seu, e nem ver seus pés, nem os braços ou pernas, ou seios, muito menos, repito, muito menos sua face. Se eu te exclui e te bloqueei no FaceBook, é bom que você entenda que eu te quero morta (sem dramas, não sou do tipo assassino passional, digo morta pra mim, a sua vida tem que continuar sem mim e vice-versa), apesar de que pra você é mais fácil, pra você tudo acaba sendo mais fácil, e vão ter mais umas mulheres na minha vida, podem existir mais uma ou mais mil, mas caralhos, como é possível isso, como é possível eu não querer mais nada com as outras (que sim, são superiores à você), e ficar igual a um cachorrinho babaca, boquiaberto, quando penso em você, quando sei que te perdi e nunca mais vou te recuperar? Merda.

Se eu te ver passar, espero que seja a última vez que nos encontremos, eu não quero mais me recordar dos nossos momentos juntos, nem de tudo o que fizemos ou deixamos de fazer, nem das expectativas que eu criei em cima de você (de forma ingênua e tola, claro), e não me venha com o papo de que fui avisado, não me venha com esse papo. Kafka disse uma vez que o ser humano não é uma ciência exata, e por mais que pensemos em algo, infelizmente podemos perder o controle sobre tudo. Talvez isso seja somente durante essa noite, talvez seja para sempre, honestamente eu não sei, pode ser um lapso de carência, ou um leve distúrbio psicológico, mas caralhos, eu volto a me perguntar: como, como posso ser apenas um cachorrinho boquiaberto quando penso em você? Merda.

Se eu te ver passar, e eu olhar nos seus olhos, não se espante se eu fixar meu olhar no seu com um pouco de raiva e um pouco de amor. Isso acaba sendo o natural. Mas não se preocupe, isso não é culpa sua, a questão é que você está me atrapalhando em outras coisas e você precisava saber disso. Obrigado por ouvir Carlinha, tchau.

Zaratustra

Ratos



Os ratos se amontoam no quarto ao lado da máquina de escrever
Me assistem desmoronar conforme os dias passam
Torcem pra que algo aconteça
Mas não
Nada nunca acontece
Nada nunca vai acontecer

E os ratos continuarão a ver
Mais um corpo
Entre as cortinas e as paredes
Que continua escrevendo
As mesmas palavras, dos mesmos modos
Existem ratos internos
Eles querem sair, mas eu
evito
Eles me alimentam
Com as mesmas coisas
de duas ou três noites
atrás
E as mulheres
de um ou dois anos atrás
São perseguidas pelos ratos
Os de dentro de mim e também os de fora
Mas nada altera o percurso
do sentido do fracasso

Os ratos se amontoam no quarto... Ao lado da máquina de escrever
Me assistem ruir e falhar enquanto os dias seguem
Torcem pra que algo...
Algo aconteça, mas não
Nada vai acontecer, nada vai mudar, nada nunca vai mudar
Serão somente mais ratos
Amontoados em outros ratos
Tentando fugir de dentro de mim
Tentando realizar os sonhos frustrados
por mim
E ainda assim eu insisto pra que fiquem
Caso contrário a solidão será minha única
compania

Zaratustra

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uma luta sem vencedores



Com um pouco de dificuldades ainda era permitido olhar e sentir as coisas que me rodeavam. Não, eu não estava nada certo, isso com certeza que não, mas no fim o certo e o errado acabavam sendo a mesma coisa, o mesmo tom das coisas, o mesmo lance... sacou? Se sim parabéns, caso contrário sinto muito. E quanto mais eu saia, menos eu queria sair, quanto mais eu dormia, menos eu queria dormir, e quanto mais eu bebia, mais e mais eu queria beber. Sim, tudo estava demasiado fodido. A falta de palavrões no meu texto me incomodava (mais do que a falta de sentido das frases, sempre inconstantes claro), mas nada mais me irritava, ou me irritou como aquela situação de merda. Porra, não seria muito mais fácil se isso me fosse encaminhado por email com pelo menos uns 2 anos de antecedência!? Com certeza, mas a vida me fode, sim, ela me rasga os culhões, eu e ela sempre brigamos e eu sempre perdi, mas sempre mesmo! O máximo que consigo é dar umas porradinhas de leve no rosto dela enquanto ela arrota na minha cara. Merda. Estou sozinho numa luta sem vencedores, e a única coisa que me resta é ver o mundo ruir na minha frente e tentar escrever alguma coisa pra me manter sóbrio da bebida e anestesiado da realidade, que nesse caso é cruel.

Zaratustra

Ainda não era a hora, somente isso e nada mais



Olha, não é que eu não estivesse pronto pro casamento. Eu via todos os meus amigos de infância casando e tendo filhos e batia alguma coisa do tipo "serei o tio do rolê, certeza que serei!", mas não que me sentisse mal, somente era uma nova sensação que eu estava aprendendo a lidar.

Chegaria a hora em que eu arrumaria uma boa esposinha, que cozinhasse meus filés de frango e cortasse a minha salada e lavasse minhas roupas, e me levaria ao médico no caso de qualquer enfermidade, além de manter a casa limpa, sem as costumeiras baratas de um solteirão convicto. Sim, ela ainda teria quadris largos o suficiente pra parir um filho meu, sim, o pequeno Carlos, e trocar a fralda, e vê-lo crescer e aprontar todas na vizinhança, e eu seria o pai legal, ela a mãe chata, a que colocava de castigo enquanto eu ensinaria ele as mais diversas putarias pra ele utilizar com as garotinhas da escola... Sim, e eu me manteria bem com ela, dormiria todas as noites em casa e quase todas as noites no colchão (exceto quando brigassemos, aí eu rumaria ao sofá), e seria um bom marido, daria carinho, amor, atenção, segurança e honestidade, e fugiria das tiriças que importunam os homens casados e sérios. Mas ainda não era a hora, somente isso e nada mais.

Zaratustra

domingo, 10 de novembro de 2013

Dando um novo tempo nos relacionamentos



Mobílias e paredes manchadas pelo passado que ainda me perseguia, que me assolava e me fazia escrever coisas repetidas para pessoas repetidas. O caminho do céu e do inferno passando pela mesma estrada difícil e árdua, e eu sabia que nada daquilo fazia tanto sentido quanto parecia. Esse lance de sobriedade me deixava triste às vezes mas graças a isso eu havia voltado ao estado inicial das coisas. Não senti um retrocesso, e sim um aprendizado, foi um aprendizado pra entender que o que sempre foi melhor para mim esteve no passado.

Havia desistido dos relacionamentos de novo, seria outro tempo, eu não iria mais falar com mulheres buscando o coito, ou me envolver, ou amizade, na verdade eu não queria me envolver com mulheres de forma alguma, eu estava de saco cheio delas, assuntos cinzas e chatos, mimimis de garotos, inveja, a roupa da fulana que era mais bonita, os hormônios, a TPM e o caralho todo, isso havia me cansado, eu queria era mais trabalhar pra caralho, fazer meus exercícios no fim de tarde, chegar em casa, preparar minha janta, cozinhava geralmente macarrão com azeitonas e oregáno, fazia torradas, colocava no macarrão com azeite, fritava um filé de frango e cortava alguns legumes e algumas verduras pra colocar num segundo prato, e na maioria das vezes essa era minha janta. A noite tomava chás e estudava alguma coisa, ou assistia um seriado, ou ainda, tomava alguma cerveja artesanal com meus amigos de infância, que ao contrário das mulheres queriam somente o meu bem, e não meu mal. Mulheres eram complexas demais, e isso havia me irritado até eu chegar ao ponto de mandar algumas delas tomarem bem no olho do CU, e isso foi ruim, perdi algumas amizades, mas desculpe, esse momento foi necessário. Seria melhor manter distância delas nesse momento. Tinha medo de ficar numa zona de conforto tremenda que não aparecessem mais mulheres, que elas simplesmente sumissem da minha vida, e eu me tornasse um quarentão solteiro, enquanto os filhos dos meus amigos já estivessem ingressando na faculdade, direito, medicina ou economia. Era um risco, mas o risco de me foder por causa delas era outro muito maior, me parecia melhor ideia viver minha vida bem, me dedicar à mim, somente à mim, sem me importar em pegar o máximo de garotas que aparecessem.

Um novo sol nascia naquela segunda feira, e as perspectivas eram boas, eram as melhores. Se da outra vez desencanei das mulheres para me dedicar à bebida, dessa vez iria me dedicar ao meu crescimento, profissional e pessoal. E se aparecesse alguma tiriça? Bom, aí veríamos o andar da carruagem pra saber o que aconteceria...

Zaratustra

sábado, 9 de novembro de 2013

Ressaca de cervejas



Sempre que eu bebia muitas cervejas eu me arrependia depois. Não era pela bebedeira, e sim pela ressaca. Caralhos, a pior ressaca era sempre as de cervejas, minha cabeça queria explodir, eu não tinha motivação pra nada além de beber mais e mais e mais cervejas e isso me deixava macambúzio a beça. Porra, seria bem mais fácil se eu tomasse um porre de vodka barata, gorfasse minha vida e no dia seguinte acordasse com tudo nos esquemas.

Zaratustra

Dia difícil...



Foi no dia em que eu mandei ela se FODER e sair da minha vida que eu tinha chego no que chamamos de plenitude... Ok, isso é só um texto e eu pouco amava ela, mas tudo bem se eu gorfar mais um pouco de cerveja na cama? Ou pintar as cortinas de vermelho? Ou brincar de atirar nas garrafas? Ou ainda, ser feliz como algumas pessoas são? Não julgava por estar certo, e sim por estar errado. Eu mandei ela se FODER, e desde esse dia, não parei mais de correr atrás dela. Dia difícil...

Zaratustra

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Conversa de buteco



Era mais um dia infernal de sol que fazia em São Paulo. Eu continuava desempregado e cheio de problemas (que de momento ainda não eram os financeiros, e ainda de momento, acreditem, não eram as mulheres, e sim problemas com a família (o que eu considero muito pior)), mas ainda assim eu acordava de manhã, e tinha que me levantar, escovar os dentes, tomar banho, fazer a barba, comida, lavar as roupas sujas e sair pra procurar emprego. E foi isso que eu fiz naquele dia. Fui procurar emprego. O foda de sair pra procurar trabalho é quando a gente não consegue. Acho que a derrota doeria menos se eu ficasse em casa bebendo o dia todo, pelo menos eu perderia por não tentar, ao invés de perder tentando. Quando você tenta e perde, seu fracasso parece ser mais amargo. A tarde havia rendido algumas coisinhas, alguns pequenos contatos, mas nada que me animasse de verdade.

Peguei o metrô em horário de pico, com aqueles trabalhadores irritados, suados e fedidos, e eu ouvindo minha música, bem tranquilo. Ouvia Ghost, a música era Year Zero. Eu cantarolava no metrô mais ou menos assim "Belias, Behemoth, Beelzebuss... Asmodeus, Lucifer, Satanas..." Acho que essa música não pegava bem para as velhinhas que me olhavam embasbacadas na condução. Por Deus (hahaha como sou engraçado), será que um homem não pode falar o nome de seis Deuses falsos sem ser importunado!? Bom, foda-se. Desci ali na estação Consolação, eu ainda morava na Augusta, ainda tinha esses pequenos luxos, e isso que me mantinha bem. Desci a Augusta, parei no primeiro boteco que vi, desliguei minha música e falei com o garçom:

- Ei champz, me vê uma Skol! - eu disse levantando o dedo indicador.
- Pódeixar cara!

Me servi de um copo, eram daqueles copos pequenos de boteco manja, daqueles americanos. Dei uma grande golada e fiquei ali, vendo o movimento, pensando na vida, analisando como havia chego no buraco em que eu estava. Já estive em buracos mais fundos, mas parecia que eu estava nesse buraco raso rumando pra um buraco fundo PRA PORRA, talvez o pior dos buracos da história, e isso me deixava bem macambúzio. Não tinha nem mais vontade de sair com garotas, pensei em ligar pra última asiática (mais uma de várias...) com quem estive falando e finalmente marcar nosso primeiro rolê, mas estava me sentindo fraco e cinza e amargo. Seria bacana trepar, mas eu precisava ser um sujeito mais confiante pra arrastar tiriças pra minha cama, e confiança eu não tinha, somente sede, e por isso me servi de mais um copo e dei uma golada gigante.

Do meu lado no balcão estava um sujeito que era feio, mas feio pra caralho. Bem magro, ele usava uma jaqueta daquelas que entregam "sou um motoboy", uma calça jeans bem surrada. Seu rosto era triste, bem fino, e ele não tinha quase todos os dentes de cima da parte frontal, aliás, minto, ele só tinha os de trás, e aquele vão incomodava a minha visão. Nariz meio grande, a cara triste, repito, triste... Estava bem destruído. Ele vira pra mim, de forma completamente aleatória e diz:

- Cara, lá pra baixo está uma bagunça...
- Como assim mano? Aonde? - e dei uma golada, prestando atenção na música...

Reparei que era Alice in Chains, a música era I Stay Away... Fui mal-educado e me virei pro garçom.

- Porra, bela canção champz! É raro achar bares que ficam tocando rock, ainda mais esses que tem cara de serem frequentados apenas por nordestinos de cabeça chata.
- Cê curte um Alice!? - ele me disse com um largo sorriso na boca (ao menos o garçom tinha todos os dentes) - vou até te dar uma dose de cachaça!
- Valeu mano!

Me virei de novo pro sujeito sofrido.

- Desculpa cara, eu piro em Alice in Chains... É a melhor banda de grunge da história! Me desculpe se você curte Nirvana, mas é minha opinião hahahaha
- Porra cara, não sabia que você curte um rock...
- Sim sim, mas volte a sua história... Você dizia que está uma bagunça ali embaixo.
- Exato, eu estava num barzinho ali embaixo, bebia uma breja de boa - nisso a minha dose de cachaça chegou, eu virei ela e continuei olhando pro sujeito - e aí que chegaram dois caras... Sentaram um de cada lado, me olhando de canto. Percebi que eu estava fodido, aqueles putos estavam mal intencionados, ia dar uma bosta. Mas sou um cara rodado, sei que peixe não é gato - eu não entendi direito a expressão, dei mais uma golada na breja e continuei ouvindo - e cheguei em um dos caras e disse bem baixinho "Olha, se você quiser me enfrentar, vai se foder" Nisso levantei a camisa e mostrei meu 38 pra eles. Caralho velho! Cê tinha que ver, os caras trancaram o cuzinho hahaha
- Oloko man! Mas o que eles iam fazer?
- Tavam de olho na minha moto com certeza! Uma hornet é foda de conseguir!
- Tô ligado, tô ligado... Com licença.

Me virei de novo pro garçom.

- Champz, me vê uma dose de Dreher.
- É pra já cara!

Voltei pro sujeito sofrido.

- Mas e aí cara, como você chama? - ele me perguntou e estendeu a mão.
- Carlos. E você mano? - eu estendi a mão, sendo educado.
- Arnaldo, mas me chamam de Naldo... O nome é feio como a pessoa hahaha
- Hahahahah foda...

Nisso chegou a minha dose de Dreher, virei metade dela. A outra metade ofereci pro Naldo, ele aceitou de bom grado e virou. Sei que vão me julgar "o cara só quer serrar sua bebida", mas foda-se, eu faço o que quero e quando quero, ele parecia ser um bom sujeito, só queria ficar bêbado, e o que existe de errado em querer se embriagar!?

- Mano, você curte um rock? Fecharam um bar muito bom né? Faz pouco tempo eu acho - ele me disse, já se apoderando da minha breja também.
- Sim mano, o nome do bar era Guitar, era um bom bar... Uma pena que fecharam, eu ia lá sempre! - enchi mais um copo de breja, matando a garrafa.
- Era do caralho lá, mas virou bagunça né? A molecada ia lá e ficava fumando maconha e dando narigada em frente ao boteco. A polícia passou lá e fez a rapa, fodeo com os donos e tudo mais.
- Porra man, que merda... - pedi mais uma breja, dessa vez era uma garçonete, eu a chamei de "chuchu" e ela me olhou com uma cara de CU enorme, mas foda-se - eu curtia muito aquele bar. Mas é foda, essa molecada que acha que por dar umas narigadas são os donos do mundo.
- Com certeza cara... E você?
- Eu o que mano?

Nisso ele fez um gesto como se limpasse a narina esquerda.

- Hahaha não cara, eu tô de boas disso já fazem seis meses! Estou limpo já, isso não é futuro... - eu disse já emborcando mais cerveja.
- Olha cara, eu não vou mentir pra você... Eu curto e pra caralho. Me ajuda a dirigir. Eu não moro aqui, só trampo em Sampa, mas moro em Ferraz, pego rodovia todo dia. Preciso estar ligado hahaha
- Bom, com certeza ligado você vai estar! hahahaha
- E você mano, mora por aqui?
- Moro algumas quadras abaixo... Sim, eu moro aqui na Augusta mesmo. É um bom lugar pra morar.
- Porra com certeza! Hahaha e trampa com o que? - nisso ele emborcou mais cerveja.
- Sou publicitário... Na verdade estou desempregado, mas procuro nessa área.
- E o que faz esse trampo aí? Me desculpe a "ingnorância" - ele disse com ar de humilde, achei pior o "ingnorância" do que ele não saber o que um publicitário faz.
- Ahhh comercias, a gente faz comercias dos produtos.
- Sim sim saquei, bem bacana...

A cerveja já chegava no final, virei meu último copo, o dele ainda tinha um pouco, o suficiente pra matar a sede. Me levantei, pedi outra dose de Dreher pra garçonete, chamei ela de "chuchu" de novo, ela mandou eu me FODER com os olhos de novo. Essa dose eu iria deixar pro Naldo. Me julguem! Mas foda-se, a grana é minha!

- Olha mano, eu preciso ir. Mas foi um prazer Naldo! Qualquer hora nos trombamos de novo por aí.
- Valeu Carlos! Valeu as brejas e os drinks. Abraços!

Apertamos as mãos, fui ao caixa, paguei a conta no débito, saí, olhei a multidão de pessoas. Desci até meu apartamento, arrastei minhas pernas até a geladeira, aonde peguei outra dose, dessa vez vodka e continuei bebendo. Botecos rendiam boas histórias, mas nada supera beber sozinho e ficar tranquilo.

Zaratustra

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O incêndio "acidental"



O alcool somente aumentava, ele aumentava e aumentava e eu ria, eu GARGALHAVA com o fato de estar bebendo MAIS do que NUNCA, pelo fato de estar jogando tudo no lixo e CAGANDO em cima! Os cigarros aumentaram também de forma CATASTRÓFICA, o abuso das drogas ficou constante, era raro, aliás, era IMPOSSÍVEL um dia me pegar sóbrio, me pegar em um bom estado para qualquer coisa que não fosse sair de casa e gritar FODA-SE, FODA-SE, FODA-SE!!!! Eu gritava isso como minhas palavras de ordem, e o alcool aumentava e aumentava e ainda aumentava mais, e eu vomitava e bebia mais e bebia de novo, e ainda bebia mais um pouquinho. Moderação: FODA-SE! FODA-SE! FODA-SE! Eu não dava a mínima pro meu FÍGADO DESTRUÍDO, nem pro meu PULMÃO CINZA por causa dos cigarros, e é por isso, e somente por isso que eu quebrei a CASA TODA, isso mesmo, eu quebrei TUDO O QUE TINHA DENTRO DA MALDITA CASA, aos poucos, mas sim, com muita VIOLÊNCIA e com muito ÓDIO de tudo, eram as minhas questões que estavam na parada manja? Ou isso ou o INFERNO não iria parar nunca, ele seria INFINITO! e eu me odiaria ainda mais como PESSOA FRUSTRADA, por não conseguir me impor nos momentos corretos e de FODER COM O QUE EU QUISSESSE FODER... Eles que duvidassem do meu poder, sim, PODER eu tinha. E após QUEBRAR a casa, eu simplesmente COLOQUEI FOGO, sim, eu vi aquela porra toda TORRAR na minha frente, e por isso que eu BEBIA AINDA MAIS, e GARGALHAVA ainda mais, e mais e bebia e ria e pulava e BEBIA! foda-se, foi só um incêndio e ALGUMAS MORTES, mas isso não faria DIFERENÇA, não me faria um cara mais TRANQUILO. Continuei bebendo e MORRI TAMBÉM...

Zaratustra

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O que não te quebra te faz!



Brincadeira interessante esse lance de ficar na internet batendo boca com desconhecidos. Não, isso não era interessante, eu me daria por satisfeito o dia em que as pessoas parassem com a choradeira por bobagens (nisso me incluo, sempre que fico chorando por bobagens me dá vontade de vomitar!), a sensação de fracasso acaba sendo demais quando isso acontece, e quanto mais eu bebo menos eu quero parar. Isso se torna um circulo vicioso, é como uma grande espiral de sensações que agem num efeito dominó fudido, tenho que gritar com o mundo quando algo que incomoda, e minha boca sempre me fode nisso, ela sempre me fodeo. Mas não se preocupe, eu sempre acabo saindo das situações em que me meto, a mesma sagacidade que tenho com as palavras pra entrar em bueiros, eu tenho com elas pra SAIR desses bueiros, mesmo que seja difícil, ou quase impossível... Digo mais: sempre que quebro as coisas acabo consertando elas, e isso sou expert, expert em resolver problemas que eu mesmo consegui, em foder e "desfoder" as coisas. Acho que a graça da sarna acaba sendo a coceira, e essa coceira que te instiga a não ter a sarna, mas ser saudável demais acaba se tornando monótono e chato, mais chato do que os velhos que pegam lugar comum no trem, ao invés de sentarem no preferencial. Merda.

Não adianta, minhas palavras já não me agradam mais, sou um escritor na zona de conforto que tem preguiça de escrever diálogos. Só isso, eu só sou isso e nada além disso. Precisava me libertar disso, jogar uma água na minha cara e tomar vergonha (e não mais vodka!), e parar de chutar as lixeiras no chão e parar de pedir pras vadias da rua me chuparem, só porque estou bêbado não significa que posso passar por cima dos outros, não é mesmo? O dia seguinte de um porre não é muito bom, a dor de estômago é demais, demais mesmo, fora a sensação de fracasso, que é ainda maior do que a dor de estômago. É mesmo assim tão difícil tomar um rumo? Sim, é sim, eu sei disso, e é por isso que vou dar uma guinada na minha vida, sair dessa estagnação e ser meu próprio chefe! Foda-se tudo sem arrependimentos, e a brincadeira com certeza vai ficar ainda mais interessante...

Zaratustra

domingo, 3 de novembro de 2013

34 cervejas



Você acha que a sua vida está difícil? Isso é porque você ainda não olhou na minha geladeira. Acabaram as cervejas, e eu moro longe demais de um lugar em que eu possa pegar mais. Não tem vodka, e nem mais Jurupinga, nem o vinho, que eu sempre odiei, nem isso tem. Puxa vida, eu juro por Deus que eu poderia tomar hoje umas 34 cervejas bem geladas, e mandar todo o resto se foder, mas me faltam as latinhas, e um homem, por enquanto, não vive apenas de vontade, ele tem que ter atitude, coisa que de momento eu não tenho. Eu não ligo a mínima, mas somente hoje, eu beberia sozinho 34 cervejas e a noite estaria ganha, com certeza!

Zaratustra

sábado, 2 de novembro de 2013

Mundo confuso esse ein!



Desapareço no meio dos animais
Dessa selva maldita
Meus textos já não cabem mais
Em meros papéis manchados
Que cobrem a minha mesa
De tanta sujeira
Que já é decorativa
O lixo faz parte da decoração
E mesmo que eu respire fundo
Ainda não sinto nada
Além do cheiro do ópio
E do frio da madrugada
Rodeado pelas plantas carnivoras
Não me resta muito além de tentar
Tentar parar de tentar
Pegar uma garrafa de alcool
E beber
E ver o que vai acontecer daqui pra frente
Nessa sujeira
Nesse mundo confuso e eterno
Viva os políticos corruptos
Que nos fodem todos os dias
Foda-se
Mundo confuso ein!

Zaratustra

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

E daí, e daí, e... daí!?



Um cachorro do mato quando pega a sua presa consegue correr mais rápido do que um homem quando foge de uma mulher no escuro, com as calças nos joelhos e o pau ainda balangando pela foda que estava sendo dada na amante, uma empregadinha "gotosa" do apartamento do vizinho, 21 aninhos, toda trabalhada na delícia, com tudo durinho e em cima, com a barriguinha sarada e aquele olhar de "puta que almeja algo mais", como fazer faculdade, ou ser uma grande advogada, e o homem só dando risada disso tudo, pensando "Toma, toma esse processo no seu cu, sua puta, SUA PUTA, SUA PUTA, SUA PUTA!!!!" E ela gemendo como uma vítima de um cachorro do mato. E a mulher do cara, a mulher dele, o que acontece? Geralmente ela fica sozinha em casa bebendo e chorando, e se torna uma divorciada de meia idade que fica torcendo pra qualquer um chegar nela e falar "Quero te comer... MILF!" Mas não, isso não acontece.

Na moral, prefiro fugir sendo um cão do mato, ao menos a chance de sobreviver são grandes, uma vez que o divórcio sempre te tira tudo o que você tem e o que você não tem. Mas e daí? Isso não é nada perto dos problemas do mundo, e das tarifas e o IPTU, e o viral da girafa no FaceBook, mas isso pra mim é indiferente, prossigo com o vento na cara e as garrafas na mão, esperando algum dia pegar uma tiriça de buceta acolhedora e boa conversa. E daí? Isso também não vai acontecer, mas foda-se, a esperança acaba sendo a última que morre não é mesmo? "Sim, a questão meu jovem" - Deus me dizia lá do alto - "é que ela já morreu... não te resta mais nada, mas e daí? Quero que você se foda e meu pau sagrado cresça... Sabe comoé, tô dando ideia na Afrodite hehehe" E os dentes amarelos dele me incomodaram, mas então minha mente ficou ainda mais iluminada. Pensei "E daí?" E comecei a beber e a única coisa que vinha na minha mente naquele dia de alcoolismo pesado era "Foda-se", essa é a única palavra que você pensa quando bebe como uma esponja, e foi por isso, somente por isso, que resolvi arrumar confusão com o garçom, peguei na bunda da namorada de um bombado e gorfei na mesa, além de me masturbar em público e ver a porra cair perto da mesa de uma madame. Fui expulso, apanhei, tive dois dentes quebrados... Mas ai eu que pergunto agora: e daí?

Zaratustra