domingo, 30 de junho de 2013

Notas de um jovem frustrado



Eu tinha um litro de alcool para matar e muita vontade de desabafar com qualquer coisa que não fosse um ser humano. Os erros estavam se tornando repetitivos, ao menos comuns, e isso pra mim não valia a pena ser exposto para uma outra pessoa que não eu mesmo. Pois bem, tudo se tratava de desabafos. Não perdia mais tempo em textos reflexivos, em tentar salvar a humanidade ou expor uma ideia filosófica nova, uma vez que isso pra mim se tornava cada vez mais e mais desnecessário e inútil. As tremedeiras, as bebedeiras, os pensamentos ruins, tudo aumentava, as vontades cresciam mais do que eu podia suportar e isso dificultava muito as coisas pra mim. Tudo não passava de um chororô juvenil e sem sentido algum, um mimimi que eu sempre repudiei, mas porra, será que meu drama era demais mesmo? Será que eu estava exagerando, sendo muito moleque e rejeitando qualquer tentativa da maturidade se adentrar no meu ser? Os verdadeiros homens tem maturidade pra lidar com as coisas, mas ao mesmo tempo, os verdadeiros homens assumem seus erros, e tem respeito aos seus pontos fracos e ao que pensam e sintam. Não tem medo de zerar uma garrafa de vodka, apagarem e fazerem merda. Caralhos, a vontade de matar essa garrafa deve ser respeitada, o seu interesse deve prevalecer ao interesse de manter um bom emprego, ou de ser bonito, ou bem visto socialmente, ou de ter amigos, ou família ou inimigos, ou um teto e dignidade. Se o homem quer beber, ele tem que beber, sem pestanejar! E ultimamente a filosofia era essa, eu queria beber eu bebia, mesmo que fossem às 6h da matina, ou ainda, às 22h da noite. Pra mim era indiferente essa porra toda, o tempo era relativo demais, eu somente queria que EU me respeitasse acima de tudo, acima de qualquer outra coisa, pessoa ou  status.

O rótulo da garrafa dizia "Evite o consumo excessivo de alcool", mas os fabricantes não sabem pra quem são feitas essas garrafas. Eles não sabem, que pena, eles não sabem! Somos os jovens, os frustrados, os bonitos e feios, os pobres de dinheiro e ricos de transtornos psicológicos, as pedras nos sapatos dos pais e de si mesmos, os isolados, os ruins de alma e os comedores de putas. Não temos nada, não queremos nada e o suicídio soa chato. Pensei em comprar meus três metros de corda, da bem resistente, mentir na loja que iria fazer rapel, me pendurar numa barra de ferro e colocar fim em tudo isso, tudo isso que somente eu sei, e que somente eu vou saber, só eu sei o que tenho que passar, os problemas de adultos que eu tenho que resolver, a questão de ter um bom teto, dar comida e abrigo pra quem você gosta. Aquilo me pesava demais, eu via os jovens da minha idade de carro importado e os pais bancando as contas, as roupas, os cursos, as baladas, os pãezinhos pela manhã, o controlar da prefeitura, as multas de estacionamento, os óculos da Rayban. Eu nem carteira tinha, não tinha porra nenhuma, bancava a casa e o resto gastava em alcool, mesmo sabendo que morreria daquilo, assim como meus parentes morreram, sem poderem doar nem o fígado, nem os rins e às vezes também o estomâgo, todos mortos pelo mesmo motivo, todos carregando o mesmo fardo, e comigo não seria diferente, eu seria somente mais um a carregar um grande peso nas costas num momento errado da vida. E eu reclamava dos meus quinze anos, como eu era ingênuo, como eu era ingênuo! Queria eu hoje estar com quinze, beijar menininhas, estudar pras provas e ter férias duas vezes por ano, além do futebol e do video-game pela tarde. Mas eu não tinha isso, eu só tinha frustrações e realidades cinzas e nada me tirava dali e nada queria me tirar dali e tudo somente me afundava ainda mais ali, por mais que eu tentasse sair, por mais que eu tentasse ser um cara comum, isso era utopia, isso não aconteceria nunca.

A bebida estava já no fim, eu estava ficando com sono, acho que apagaria fácil naquele domingo às 11h da manhã, acho que o sono viria, juntamente com a dor de cabeça por causa do alcool. Mas o alcool era o remédio, o remédio pras frustrações, e pras pressões, e pros erros dos pais, e pros meus erros e também pelos meus acertos que me levaram aos erros, e como todo remédio tinha seus efeitos colaterais. O vômito sai, a dor de cabeça passa, mas as frustrações ainda latejariam por muito tempo naquela cabeça jovem e doentia.

Zaratustra

sábado, 29 de junho de 2013

Santa do pau oco!



A única coisa que aumentava durante aquela crise econômica era a minha barriga. Mentira, e minha vontade de beber e também a de trepar. Havia sido demitido faziam uns 4 meses, a grana estava só diminuindo, e sim, minhas dívidas aumentavam, e os preços dos itens básicos no mercadinho do lado de casa. Ao menos a vodka ainda estava bem barata e isso ainda me animava. Enfim, muitas coisas aumentavam além da minha barriga. Mesmo desempregado eu prosseguia deteriorando, e ficando mais feio, e mais acabado e mais gordo e mais barbudo e com mais e mais problemas de ereção. Nada parecia se encaixar, o mundo finalmente entrara num colapso financeiro grande o suficiente pros Yankees ficarem cagadinhos de medo, os brasileiros ficarem amiguinhos de todos e os europeus se sentirem menos piores, principalmente a Grécia, que percebeu não ser a única na merda. Os empregos estavam diminuindo, e eu, a partir do terceiro mês de desemprego havia desistido de procurar, uma vez que o desemprego também aumentava e eu tinha a ficha suja, principalmente com crimes à ordem, badernas em bares, brigas e tudo mais que um alcoolatra costuma fazer... Ahh sim, fora as vezes em que fui preso por dirigir embriagado, e essas foram muitas vezes. Estava sem perspectiva, inerte a tudo e a todos, me restava ficar em casa bebendo e torcendo pra sorte sorrir pra mim, pra que o governo me desse uma bolsa-auxilio, eles bem que podiam inventar o "Bolsa-Alcool", isso seria muito bom pra mim. Acho que meu sonho, nessa altura, era ser pago pra beber, mas na crise em que estavamos, sabia que isso era utopia.

Era cerca de 15h naquele sábado, honestamente nem sentia mais o rosto de bêbado. O alcool exalava pelos meus poros como o pólen de uma flor, o cheiro era bem forte, minha expressão entregava que eu estava mesmo alterado pra caralho, que eu não estava nada, mas nada, mas nada mesmo sóbrio. Resolvi que ia sair pra tomar um ar, mas antes eu precisava de um banho bem gelado. Joguei minhas roupas na lavanderia, coloquei Raimundos pra tocar, enquanto eu berrava a letra de Nariz de Doze me sentei no vaso, dei uma cagada, limpei o cu, dei a descarga, lavei as mãos, entrei no chuveiro, regulei a temperatura, nem muito frio, nem muito quente, mais para o quente na verdade. Lavei o cabelo, sempre começo pelos cabelos, depois enxaguei, deixei a espuma cair pelo corpo. Peguei o sabonete, limpei o corpo, depois o rosto, juntamente das orelhas, depois o pau, juntamente com as bolas, e por fim o rabo. Sai, me sequei, coloquei a toalha na porta pra secar. Vesti uma cueca azul, estilo boxer, coloquei uma camiseta preta, uma calça jeans, uma meia cinza e meu tenis Nike, também cinza. Passei desodorante, me olhei rapidamente no espelho. Peguei minha carteira e sai de casa, ia tomar um ar, era isso. Aproveitaria e iria ao mercado, comprar uma garrafa de vodka.

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O mercado estava razoavelmente cheio. Merda, eu havia esquecido que era o sábado do pagamento, e aquelas famílias imensas com três ou quatro filhos se amontoavam nas sessões como a do arroz e a do óleo de cozinha, e a dos salgadinhos baratos e de bolachas. Eu queria ir logo pra sessão de bebidas, mas por alguma lei que eu não sabia a qual, em todos os mercados essa sessão estava quase que escondida! Parecia que eu ia alugar um filme pornô! Malditos os parlamentares que ficam esboçando leis inúteis... "Proteger as crianças do alcool", eles diziam no horário político. Balela! Conversa furada de pessoas furadas e burras. Meu Deus, sai pra tomar um ar e estava me irritando já. Enfim, cheguei na sessão de bebidas, e tudo parecia bem mais vazio. Acho que as pessoas, por causa da crise, haviam cortado o alcool das compras mensais, julgavam o alcool como superfluo, sendo que pra mim era como arroz! Precisava ter sempre. Havia uma mulher escolhendo cervejas caras. Ela usava um vestido decotado pra caralho, e curtinho, e tinha cabelos longos, até a bunda. Meio ondulados e castanhos. E seu vestido era de um azul turquesa bem forte, e quando ela olhava as cervejas de baixo seus peitos quase pulavam do vestido. E tinha um rosto bem bonito e desenhado, e coxas bonitas, mesmo não muito firmes, e sim, um belo rabo que fechava bem o pacote todo. Caralhos, eu estava apaixonado hahaha. Passei por ela, dei uma leve olhada. Ela segurava uma garrafa de Stella e outra de Heineken. Olhava compenetrada, meio que pensando em qual levaria. Peguei minha vodka (a mais barata com certeza), e lhe disse de forma bem gentil.

- Leve a Stella. Acho que combina mais com você.
- Porque você diz isso? - ela perguntou
- Acho que Stella tem um gosto melhor pras mulheres do que a Heineken. Não tenho argumentos, mas tenho anos de alcoolismo, isso deve servir de algo hahaha.
- Pode ser hahaha Cê bebe muito? - ela perguntou, agora sorrindo de leve.
- Levo a sério o alcool. Não bebo por prazer ou por esporte, mas sim porque alcool é um estilo de vida. Não é fácil ser alcoolatra! E você, bebe muito? - eu perguntei, e agora eu sorri.
- Bebo nada. Essa cerveja nem é pra mim, é presente, por isso que estava na dúvida - fiquei perplexo - Eu sou uma religiosa, frequento a igreja e não bebo.

Minha cara entregou o meu espanto de imediato. Como uma mulher daquelas, com um vestido daqueles, e uma cara de quem chupa a porra e engole, poderia ser crente? Fiquei quieto, sem reação...

- Ok, tenho que ir - sai de leve, ainda com cara de espanto.

Ela ficou me olhando de longe, sem entender porra nenhuma. Eu passei no caixa, e a fila infernal nem me incomodou, uma vez que tinha conhecido uma mulher daquelas e que era crente! Onde o mundo foi parar, onde ele foi parar? Me questionei enquanto pagava minha garrafa de alcool.

E depois desse fato bebi muitas vezes, muitas mesmo, e ainda assim não acredito que conheci uma santa do pau oco como aquela. Nem todo alcool do mundo me faria esquecer desse fato.

Zaratustra

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Um pouco de poluição e mais um conto



Eu ainda bebia muito pela manhã quando o telefone tocou insistentemente com seu BRIM BRIM BRIM extremante chato. Merda, era mais uma ligação da cobrança do banco, mais uma conta que eu não paguei e que jamais pagaria, e nunca pagaria mesmo. Ia deixar essa porra caducar e ver se meu nome limpava. Os olhos coçavam, eu estava com sono, eu bebia, e sorria e Carlinha ainda estava comigo, mesmo eu com o defeito do alcool, sim, apesar de tudo ainda estava com ela, e bem. Pois é, eu tinha qualidades muito boas, não era pauzudo, mas isso não é tudo num homem, eu só bebia de ruim, de resto era um cara bem decente. E aquela garrafa de Contini insistia em continuar cheia e por mais que eu bebesse ela não acabava. Fui tomar um ar poluído no centro da cidade...

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Saí do meu ap, morava ali na Alameda Lorena, morava bem pra caralho, do lado da Augusta, do lado da tabacaria que eu tanto gostava, em que eu comprava charutos. Desci a Brigadeiro, ou foi a Augusta, ou foi a Frei Caneca? Sei lá, estava bebendo Contini e não sabia de nada... Desci ALGUMA rua, e isso que importa, e cheguei ali no centro, ali do lado do metrô República. O ar estava poluído, e disso que se trata o texto, de poluição, por isso que eu ressaltei o ar poluído. Encontrei um brother que trabalhava por ali

- Giba! Quanto tempo man! - dei um abraço, sim, e foi efusivo.
- Porra Carlos! Cê sumiu mano?!
- Pois é mano, sai do telemarketing graças a Deus... Tô fazendo milhões na minha área hahahaha
- Aí sim ein. Eu tô nessa merda ainda, mas agora sou supervisor, mando nos filhos das putas e nas filhas das putas que ganham 600 contos ao mês hahaha
- Sucesso ein, seu filho da puta do caralho! Vamos tomar uma qualquer hora dessas?
- Vamo agora?
- Mas cê tá trampando seu viado hahaha
- Foda-se o trampo.
- Certeza? - tentei segurar ele ainda
- Claro! A vida é curta, e outra, sempre bebo durante o trampo hahaha
- Cê que sabe man hahahaha

Fomos num barzinho ali na Conselheiro Crispiano. Porra, encontrei ele na Sete de Abril por mero acaso, juro, mero acaso, ele tava fumando um cigarro, eu tava parando de fumar e a vida me parecia muito boa sem cigarros, somente charutos, isso é muito bom. Sentamos do lado de fora do bar, uma vez que ele era fumante e quando bebia fumava mais e mais e mais e mais e não podia entrar no bar, por causa da lei anti-fumo e talz, e o Serra havia fodido com a raça dele, sim, os fumantes que fumam todos os dias eram mais caçados do que judeus na Segunda grande guerra, ou ainda, mulheres que eram bruxas na época da ascensão do cristianismo, ou ainda, os árabes durante as sete principais cruzadas, acho que me meados dos anos 1.100... Sei lá, só sei que ele era caçado, por isso sentamos do lado de fora e ele já acendeu um cigarro, antes mesmo de pedir a breja. A poluição só aumentava, era a fumaça dos carros, que faziam fila na rua ao lado e ainda dos fumantes às 15h no centro. Pedi uma breja, pensei antes, resolvi que ia de Original, ele concordou e estava tudo certo.

- Grande, me vê uma original e dois copos! - gritei pro garçom, que sim, não era do norte, acho que ele era de São Paulo mesmo.

Ele trouxe a breja, lhe dei um tapinha nas costas em agradecimento, ele sorriu, sei lá porque, mas sorriu e acho que a mulher dele devia estar prenha e isso que devia ter deixado ele feliz. Fora que ele não bebia e não batia na esposa, acho que a vida dele ia bem... Divaguei! Servimos os copos, brindamos e bebemos. Porra, puxei assunto, sou expert nisso.

- Man, cê ainda está com a Fabi?
- Tô porra nenhuma - ele jogou a fumaça do cigarro pro lado, fumante educado - tô solteiro! Hahahaha vamo pra noite man!
- Mano, até posso ir pra noite, mas sem mulheres... Estou sério com uma garota...
- Merda! Chave de buceta, só pode! Que porra de garota é essa? - ele ainda jogava a fumaça pro lado.
- Nem é isso cara, ela é bem legal mesmo, nos damos muito bem e isso está virando e está sendo bacana e estamos gostando por enquanto.
- Porra, achei que você seria o solteirão convicto hahahaha.
- Também achei, também achei...

Muitos carros trafegavam, meu pulmão chorava e ainda rolava muita poluição lá no centro e caralhos, não tinha como evitar, estávamos poluidos e isso era tudo e não restava mais nada a fazer, a não ser beber. Acabou a breja, não que eu queira esconder as coisas, longe disso, mas o assunto estava enfadonho mesmo, sério. Resolvi pedir uma dose de vodka pra mim, ele continuava nas brejas, ele ia trabalhar e eu não.

- Preciso voltar pro trampo mano! - ele disse, ainda fumando, acho que ele fumava uns 3 maços por dias, ele apagava um cigarro acendendo outro, isso ia foder ele, ele morreria de câncer no pulmão.
- Ok, eu tenho que beber em casa hahahaha isso é melhor pro meu bolso.
- Vamo embora.

Lembro que bebi a dose de vodka enquanto misturava com o Contini que eu levei e puta merda, aquilo me bateu como um furacão bate numa cidade. Fiquei alterado, apaguei, dei de bêbado fraco, sim, dei de fracasso, mas ok. Acordei na minha cama com mais um conto escrito e pra mim estava tudo bem ^^

Zaratustra

A dor engarrafada



Dizem que gosto de chorar e de sorrir e tudo mais por causa do alcool, e falar merda, e ver coisas e ligar pros amigos e tudo mais, e pensar na vida e nos protestos, e na Copa das Confederações, e também no vinagre, e também no filho da puta do meu pai... Mas é mentira. Querem minha dor, bebam, bebam minha dor, se embriaguem e vejam se é bacana, vejam se é bem legal isso. Seus putos! Não sabem o que é trabalhar de ressaca, não sabem o que é passar fome, e dormir na rua e chorar ao ver a mãe passando fome, e beber mais e vomitar sangue e cagar sangue e sentir dor no fígado e gritar de angustia. Porra!

Bebo e me sinto ao menos anestesiado com todas as responsas que eu tenho, com tudo o que carrego, com esse fardo, e tudo mais. Merda, merda, e vocês pensam que eu sou um alcoolatra dos que celebram... Não! Eu sou o alcoolatra solitário, o alcoolatra que fode as coisas, que fode namoros, que já fodeu um casamento, o alcoolatra sem pai, o alcoolatra que fode amizades e repito, sempre repito, o alcoolatra que fode os namoros, sim, os namoros, muito bons, mas eu sempre fodo. Tenha 22 anos, more com sua mãe, veja ela passar fome, veja ela sofrer. Se você não beber, digo, se você não se embriagar, parabéns, você tem culhões! É muita coisa pra resolver, muito gasto, muita conta que não era minha. Porra, é tão dificil ser normal? Merda, queria beber com os amigos, ou comprar carros importados, ou traçar a vadia da facul. Não tive isso. Foda-se.

Zaratustra

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Medo de se apaixonar? (Parte 2)



Sim, sim, sim, sim... Ela era foda! Se eu comecei o texto assim, é sinal que ela era diferente. Porra Carlinha, você era acima da média, e eu não podia mudar isso, não podia te deixar abaixo da média. Merda, havia me tornado mais um daqueles românticos, estilo Rimbaud, ou Augusto dos Anjos, ou ainda, o próprio Carlos Drummond, ou ainda, o gênio Vinícius de Moraes. Porra! Eles eram geniais, eu bebia, eu não era nada, e ainda assim Carlinha falava comigo, como se namorassemos, mesmo que não namorassemos. Carlinha, Carlinha, sou durão, aprendi isso, mas você estava me amolecendo. Eu já nem era sombra daquele bêbado que fodia as putas e gozava dentro, claro, das camisinhas. Eu era mais importante, eu segurava as garrafas e bebia na maciota e tentava não apagar e me lembrar do seu sorriso bobo com as minhas piadas e do seu olhar meigo com qualquer coisa que eu dissesse. Merda! Sim, eu era a vítima, você a criminosa, eu estava de joelhos e você controlava tudo. Foda-se. Paixão é isso. Eu queria estar ali, apaixonado, mesmo sem lembrar das datas, ou de quando te paguei um chocolate, ou de quando transamos... Não lembrava o dia, mas sim, havia sido sensacional. Carlinha, estava amando alguém, e sim, era você. Foda-se.

Zaratustra

As putas do centro de SP



Estavam todas perfiladas, ali, em frente aos hotéis sujos, e com ratos e aranhas e formigas e velhos tarados e escorpiões, e com porras nos lençois, porras de outros caras, que não eram eu. Quartos minúsculos como o meu, e também (imagino) infernais. Uma hora de foda por uns 50,60 reais. A apatia na cara delas me brochava, meu pau não ficaria duro jamais. Mulheres sem vida, com corpos até que bem desenhados, mas rostos de fracasso e de tristeza e de tudo que possamos chamar de "lixo humano" e de "cheiro de merda" elas eram isso, prostradas, esperando clientes e respostas e dinheiro pra bancar o leite dos 2,3,4 ou 5 filhos que estavam em casa, esperando um milagre. Vi elas, aguardando, me olhando com um olhar de buceta molhada, mas falso, elas tinha a buceta seca, não me achavam bonito, ou feio, ou qualquer coisa, não me consideravam, é isso, elas não me consideravam, isso fazia a buceta secar. E meu pau não subia. Elas me chamavam, mas eu percebia a falsidade e simplesmente passava reto. Por todo lado elas estavam. Rua Aurora, Vieira de Carvalho, Avenida Liberdade, na Barão de Iguape, na Barão de Itapetininga, no Largo do Arouche, na Avenida São João, em que rolavam também uns shows nas cabines, para punheteiros dispostos a gastar 5 pratas em 25 minutos de strip. Eu já não tinha culhões pra isso, isso me fodia. Preferia ir pra casa e beber sozinho. Fiz isso e me senti digno!

Zaratustra

Problemas paternos (Parte 2) - No que tange ao financeiro



Não sei se ele bancou meu parto, ou se foi pelo SUS. Foda-se. O básico eu tive, o leite materno, esse não faltou, comida no prato, isso nunca faltou, jamais passei fome, e isso é uma vitória num país miserável como esse. Desde criança, nunca ganhei roupas. Reaproveitava as do meu irmão mais velho (que fique claro que ele NÃO tem culpa disso). Nada contra, mas porra pai, reaproveitar a cueca é foda! Custa gastar uns 10 reais em 5 cuecas P de criança? Custa? Foda-se. Brinquedos, também eram reaproveitados. Ele nunca bancou meus carrinhos, meu triciclo, ou ainda, um daqueles carros elétricos do Batman, com duas velocidades. O triciclo que eu tinha não tinha a roda traseira esquerda (ou direita? Tanto faz!), pois era reaproveitado também, meu irmão usou até quebrar, aí passaram pra mim quando ele cresceu... (Que fique claro de novo, ele NÃO tem culpa disso). Custava muito um triciclo novo? Sei que era meio caro, mas filho é gasto, não tem jeito... Aliás, até tem, é só dar as coisas usadas que ele usa, o problema é quando ele cresce né?! Filho da puta! Nunca ganhei nada no Natal, nada no Aniversário, nada na Páscoa. Me acostumei, mas é difícil pra qualquer um isso, não é mesmo? Porra. Foda-se.

Ele não bancou minha escola. Estudei na pública. Não era questão de grana, isso meu pai tinha até que de boa, daria pra bancar uma escola, talvez desse uma apertada, mas filho é gasto, faz parte... Lembro que na época custava R$ 151,47, isso o ensino infantil, o fundamental eu não sei, e nem o médio. Custa bancar uma boa escola, algo melhor do que os banheiros com mijo no chão, as paredes pixadas e os moleques com cara de favela, me olhando como playboy fora do lugar, como presa fácil, como o filhinho da mamãe? Custa, custa sim, seu filho da puta, isso custa pra caralho, isso custaria suas linhas, aposto que em um bom fim de semana de cocaína você gastava isso, né seu puto, viado do caralho, isso dava umas 5~7 gramas de pó, do bom, e isso pra você era mais essencial do que os filhos... Foda-se também, me tornei durão, aprendi a bater de frente com os favelados, aprendi seu linguajar, comecei a ouvir rap nacional, Racionais, Facção Central, Realidade Cruel, Detentos do Rap e tudo mais. Eu me tornei um deles, aprendi a bater nos magrelos filhos das putas, que eram jogados no ensino público, assim como eu fui. Minha educação, na escola, ainda era boa, uma vez que eu ainda queria notas boas, eu queria ser o melhor, sim, seu filho duma puta do caralho, você me fez querer sempre ser o melhor em tudo, de oito matérias eu tirava em cinco a nota máxima, um 10 BEM GRANDE, e mesmo assim, você fazia questão de criticar meu 7 em Ed. Artistica! Precisava disso? Sério, pra que isso? Sério, isso não entendo, não entendo até hoje, quero mesmo entender. Cê tinha 5 matérias pra falar "Porra filho, parabéns, cê tirou 10!" E três pra criticar, sendo que duas delas eram 9! Nunca gostei de artística, eu só não era bom nisso pois eu não queria. Sério, pra que isso?! Queria que eu te odiasse né, seu filho da puta do caralho! Pois bem conseguiu. Foda-se.

E a faculdade? Vixi, se for falar disso tenho que me controlar pra não pegar uma arma e atirar na cabeça dele, sim, dele mesmo, o protagonista de já dois textos, e de tantos outros mais, sim, o maior filho da puta da Terra, sim, meu pai. Me lembro que da minha sala, a maioria das pessoas era bem humilde. Os pais eram meros assalariados, ganhavam pouco, e se esforçavam pra pagar a faculdade dos filhos. A minha? Hahahaha a minha? Ele me disse que bancava a faculdade mais podre que tinha na área, eu não queria ser um fracasso. Entrei numa faculdade foda, sem ele me ajudar em nada, sempre, sempre, sempre fiz tudo sozinho, sempre conquistei tudo sozinho, e ele ainda criticou, disse que eu "poderia ter entrado numa melhor" Sério, pra que isso? Custa dizer "Olha, parabéns filho... Me desculpa não te bancar, mas cê se virou bem!" É muito difícil isso? Sério! É mesmo díficil reconhecer as coisas... Sim, poderia ser melhor, mas não dá pra ser perfeito, juro que não dá pra ser melhor do que eu sou, sério, juro que não dá! Se você espera algo melhor, faz outro filho, faz outro agora, nesse momento, vai lá meter na sua esposa, goza dentro, goza com muita vontade, solta o melhor espermatozóide que você conseguir, o gênio, o próximo Bill Gates ou Eike Batista ou Silvio Santos. Não dá mais, sério! Foda-se.

Não bancou meu aparelho nos dentes, isso na adolescência, e na maturidade também, eu banquei, eu arrumei meus dentes, eu arrumo tudo, EU EU EU EU EU EU EU EU sou foda demais, porque sempre me viro, porque sempre sou o melhor no que eu faço, sempre sou o centro, sempre sou elogiado. Muito obrigado, agradeço meu pai, agradeço ele, pois ele me tornou foda, a partir do momento em que me tratou como um lixo! Foda-se.

Zaratustra


terça-feira, 25 de junho de 2013

É tão difícil assim de compreender o mundo?



Havia trabalhado 11 horas, ou melhor, havia perdido 11 horas. Não que eu não gostasse do meu emprego, ou que eu ganhasse mal (claro que não ganhava muito mais do que a média), ou ainda, que tivesse problemas com meu chefe, como se ele fosse um filho da puta sanguessuga, longe disso, longe disso pelo amor de Deus. Sim, tentava enganar Deus, e sim, ainda reclamava de trabalhar demais. A questão é que gostaria de estar bêbado, bêbado pra caralho. Isso faz parecer os dias menos enfadonhos, menos aborrecedores, menos tudo que tem de ruim, tirando as ressacas e os problemas no fígado e as crises familiares pelo alcoolismo. Pensei em largar o emprego, afinal, eu estava com sorte no poker, além disso, a geração atual é a da maconha, o que fez com que a cocaína se desvalorizasse, portanto estaria bem na maciota mesmo. Todos falam da maconha, o preço dela aumentava e aumentava, era a moda da garotada, fumar maconha e ficar com fome, e falar merda e dar risada e dormir bastante. Eu curtia a pilhação toda, e isso era fora de moda pra caralho, o que de uma certa forma era bom, uma vez que tinha muito produto pra pouco consumo. Por isso estava bem tranquilo. Invejava as mulheres que fodiam com os famosos e posavam nuas depois, ou que beijasse jogador de futebol e logo logo estavam em programas de variedades. Porra! Isso é óbvio, eu preferia ter uma boceta, é muito melhor ter uma boceta do que um pinto, um caralho. O homem já nasce com uma desvantagem monstruosa! Meu caralho não me serve de muita coisa, não é o "chamariz" da coisa toda. Ele só fode a mulher depois de muito esforço da minha parte, e claro que não ficarei rico nunca se depender dele. A boceta é certamente uma puta moeda de troca, uma coisa que ludibria e engana a tudo e a todos, uma vez que são os homens que estão no poder. Sabendo dar pro cara certo, ou mesmo sem dar, só instigar mesmo, as mulheres conseguem carros, jóias, apartamentos em coberturas, casas de veraneio e a porra toda. Agora eu? Eu seguia trabalhando 11 horas ao dia, uma vez que eu não tinha boceta, nem tive quem bancasse minhas coisas, nem meu futuro estava garantido, com sorte meu fígado aguentaria ainda uns 20 anos sem chiar muito, tirando os vômitos ensanguentados e as úlceras, que estavam ficando constantes, mas sim, eu não tinha nada além disso. Queria estar bêbado, assim eu aceitaria com mais cautela o fato de que as bocetas cheiram a dinheiro e vice-versa. Puta merda, é tão difícil assim de compreender o mundo? Me perguntei, procurei uma garrafa, achei, era um Corote de cachaça, havia pago R$1,50 em meio litro daquilo. Dei um trago e telefonei pra uma vadia que me cobrava 200 reais a hora. Mandei ela tomar no cu, liguei só pra dizer que ela tem uma boceta que faz o trabalho do cérebro e que isso me deixava macambúzio. Porra, puta merda... É tão difícil assim de compreender o mundo?

Zaratustra

sábado, 22 de junho de 2013

Reflexões bobas e problemas de saúde



O lenço que usei pra cobrir a minha boca enquanto eu tossia ficou ensanguentado. Merda, minha tosse fodida estava progredindo, talvez eu tivesse tuberculose, sei lá, só sei que meu fígado insistia nas pontadas, tinha dores de estômago frequentes, fora dores nas costas, e os olhos que as vezes coçavam de forma excessiva, ou ainda, meu pau que estava todo machucado vai saber o porque, porque eu honestamente não sabia. Tinha certeza que não era DST, ele só estava machucado. Caspa e calvice me pareciam os menores dos problemas. Maldita seja a tosse, maldita.

Naquele sábado havia trabalhado por 11 horas, eu só tinha isso pra dar pro meu trabalho, meu tempo, que aliás é o que tenho de mais precioso. Fora que eu era sugado muito, eu sempre dava muito mais do que podia, e sempre chegava cansado de coisas e de pessoas. Resolvi que iria beber um pouco, mas não havia jantado, e comida nunca tinha em casa, mas foda-se, foda-se tudo, ia engolir algumas doses e ver se esquecia das 11 horas da minha vida que eu tinha perdido. Porra, vivemos para pagar contas, e isso é mesmo um saco, talvez fosse melhor estar morto, ao menos assim eu não pagaria conta alguma. Assim que o primeiro gole de vodka desceu, senti uma dor no fígado tremenda, pensei "Malditos problemas de saúde, devo estar fodido por beber de barriga vazia..." Desconsiderei minha conclusão dedutiva, mas que eu sabia ser óbvia. Continuei bebendo de barriga vazia e pensando nas pessoas. Já não escrevia muitos romances, acho que pequenos pensamentos sempre fluiam bem no papel, eu simplesmente ia jogando as palavras rapidamente e sim, funcionava, sempre passavam a mensagem certa pra pessoa certa, eu não queria enrolar por folhas e mais folhas o que gostaria que fosse dito.

Pessoas agitadas, extasiadas por tudo o que viam e ouviam, isso me incomodava, pois eu era na maior parte do tempo o apático e o alcoolátra e isso incomodava as pessoas, e nos incomodavamos mutuamente e tudo seguia na mais perfeita ordem. Os papinhos eram cada vez mais cinzas e enfadonhos, e tudo o que eu mais queria em toda a minha vida era esconder minha cara e me fechar num quarto, mesmo sem comida, desde que tivesse alcool (vai ver por isso que me fodia, uma vez que tinha o péssimo costume de beber de barriga vazia), e quem sabe, uma boa máquina de escrever e uma caixinha de som pra relaxar às vezes. Enfim, os pensamentos misantrópicos eram, além de repetitivos, muito bobos, e isso estava me estressando.

A tosse não passava, o sangue ainda saia, talvez eu tivesse que fazer transfusão, mas abandonei essa ideia dramática de transfusão e continuei bebendo até que eu esquecesse os problemas de saúde, o trabalho e os pensamentos bobos. Não esqueci, eu sabia que jamais esqueceria, mas naquela noite dormi tranquilo e suando cachaça no lençol branco do meu quarto sujo.

Zaratustra

Um showzinho bacana



Me deixaram do lado daquela garota enquanto tocavam Foo Fighters... Honestamente, não é uma das minhas bandas preferidas, mas aquela banda cover de várias bandas tinha um bom vocalista, isso tornava a música melhor, mais "pra cima", como dizem... Aquela garota jogava os cabelos loucamente, por vezes esbarrava em mim, ela me olhava de soslaio, dava um leve sorrisinho e tentava ajeitar o cabelo enquanto ainda dançava. Eu honestamente tava querendo beber, o pessoal falava pra que eu chegasse nela, talvez tivessemos um bom papo, trocariamos telefones e talvez rolasse uns beijos, uns pegas e uma trepada, mas eu não queria isso. Estava com Carlinha, gostava dela, jamais trairia dela, e isso me motivava a somente beber. O showzinho estava rolando bem, eram vários covers bem cantados, me sentia bem ali. A garota também, apesar de que, não sei ao certo, haviam poucos homens, isso num show que teoricamente é de rock... Dos homens que estavam lá, eu certamente era um dos mais bonitos, ainda era novo, ainda fazia a barba frequentemente, ainda era o que chamamos de magro. O resto dos caras eram velhos tarados, coisa que me tornaria quando envelhecesse, mas isso é outra história. Saí do lado da garota e fui pegar mais um drink.

Zaratustra

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Eu e meus cinquenta e dois anos...



Ainda sinto o sol no meu rosto, de quando eu fazia aquelas caminhadas matinais, em que o tempo estava agradavel, em que havia muito vento, mas o sol ainda não estava muito forte. Tinha muito folego, principalmente ânimo, ainda mais esperanças e vontades, de viver, estar vivo e sonhar. Bons tempos da minha juventude, em que eu podia beber por dias e por mais dias seguidos que meu fígado respondia muito bem, em que eu podia fumar e fumar que nem uma leve tosse aparecia. Agora? Agora eu sou só mais um homem frustrado com cinquenta e dois anos, em que eu lutei tanto e não consegui chegar em lugar nenhum. Não passo de um plano que deu errado, socialmente falando, um plano que tinha tudo pra dar certo mas fracassou de forma ultrajante. Solteiro, sem namoradas, muito menos esposa, tento pensar que sou um solteirão convicto, mas não sou, uma vez que dinheiro não tenho, saúde também não e mulheres muito menos. Sim, eu tive várias mulheres na minha vida, muitas eu simplesmente joguei fora, outras eu tentei e não consegui nada, mas a maioria delas eu perdi por causa do jogo, das drogas e principalmente do alcool. O alcool acabava por foder tudo o que eu meramente tentava construir, destruia todas as bases sólidas que possam existir em qualquer relacionamento saudável, as mulheres não me suportavam, não suportavam meu bafo, nem meus apagões, que estavam a cada dia mais frequentes... Merda, aonde foi que eu havia chego, além de não ter chego em lugar algum? Quanto aos filhos: eu tinha uma filha, ela mal falava comigo, eu sabia que eu tinha sido um péssimo pai, portanto aceitei quando ela casou e foi pra fora do país. Fazem uns 4 anos que não a vejo, e pelo menos uns 10 que não vejo a mãe dela. Eu e meus cinquenta e dois anos... Respiro o fracasso, me sinto tranquilo e aguardo a minha morte.

Zaratustra

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Eu e meus apagões, eu e meus apagões... Merda!



Merda, merda merda! Odeio esse alcoolismo do caralho, sempre me fode, sempre me fode, sempre me fode, sempre me fode. Sento e choro, choro pelo que eu perco, sento e choro pelo que passa pela minha vida e eu não vejo, e eu não sinto e muito menos passo pelo qual. Merda de alcoolismo do caralho, filho de uma puta, filho de uma vadia, ele sempre quer me foder, ele sempre me segura e sempre me fode, alcoolismo filho da puta! Apaguei e tinha um encontro marcado com a garota que eu gosto e um rolê com os brothers que eu amo... Merda, eu e meus apagões, merda de apagões, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda, merda de alcoolismo que sempre me fode, que sempre me fode com as garotas, que sempre me fode nos empregos, que sempre me faz perder tudo e todos. Buceta! Preciso parar de beber, preciso largar tudo, preciso parar com essa vida de merda e criar algo sério e largar tudo e ser feliz, merda, merda, merda, merda, merda, merda!

Zaratustra

Vadias, ricas e mimadas!



Parece uma doença, parece uma maldita doença. Entendo os motivos do homossexualismo entre os homens crescer tanto. As mulheres hoje em dia não são mulheres, muito menos garotas, eu diria crianças, mas considero a grande maioria delas com 13 anos de idade mental. Sem brilho nos olhos, tristes, sem amor próprio, muito menos auto-estima. Reclamam de serem feias, ou gordas, ou sem amigos, ou ainda, "a garota que é zuada, que só anda com homens"... Caralhos, mulheres fracas e sem atitude, que honestamente eu não entendo agirem de tal forma infantil. Reclamam de tudo, da vida, do trânsito e da falta de transar com o carinha mais popular. São vadias, são ricas e são mimadas, nada além dessa casca. Acho que todas essas adolescentes tem que aprender que a vida é muito mais do que podemos enxergar, do que podemos lutar e alcançar. A vida tem um sentido muito maior do que um Iphone 5, do que os protestos pelo aumento da passagem, do que a roupa de marca que vendem no shopping. Acho que o problema de auto-estima, é abastecido desde o ínicio da vida da garota, pela mídia que valoriza determinado tipo de beleza e pelos pais que exercem uma enorme pressão sobre essas garotas, sobre a aparência dessas garotas. Honestamente, são todas muito fracas, e por mais que sejam lindas, se não tiverem confiança em si mesmas não me atraem. Prefiro alguém consciente e que sabe o que quer, que sabe se valorizar como mulher, que não seja vadia, nem rica e nem mimada.

Zaratustra

domingo, 16 de junho de 2013

Pontadas no fígado e a tentativa de ter ideias para escrever



Ouvia Nirvana, o CD ao vivo "Live at Reading". Bebia a tradicional vodka com água e navegava pela internet, cada vez mais embasbacado com o que via e procurando alguma ideia pra escrever sobre. Confesso que não achei nenhuma, sei lá, pensei em falar da criminalização do vinagre ou sobre o aumento da tarifa do transporte, mas estava mesmo cansado disso tudo. E outra: meu fígado dava pontadas, pequenas pontadas, umas 5 por segundo, aliás, umas 3 a cada segundo, e isso estava me irritando. Certamente eu não falaria sobre nada muito profundo naquele texto, que seria o meu próximo mas jamais o meu último. Enfim, sem ideias, com o fígado latejando e pior, no site de notícias eu prestava mais atenção nos anúncios do que nas notícias, uma vez que todas eram enfadonhas. Estavam vendendo um Opala por R$8.500... Pensei em comprar, parcelar em 36x e ser feliz. Lembrei que minha garrafa ainda estava pela metade. Iria matar ela naquela noite.

Zaratustra

De certa forma errado, o Traste!



Acendi meu cigarro e olhei para a paisagem cinza da avenida 23 de maio. Traguei, traguei e traguei ainda mais. Fernandinha estava sentada no meu sofá, ela bebericava vinho. Eu, de cuecas, fui em sua direção e lhe dei um beijo francês. Bebi um gole do vinho, fui na cozinha e peguei a garrafa de whisky barato, acho que era Natu Nobilis. Voltei pra sala, ela me pediu um cigarro, dei. Bebi o whisky direto da garrafa. Ela bebia vinho vagarosamente, inclusive servindo ele numa taça. Não queria ficar bêbada, mas eu queria, e muito. Ela era vegetariana, eu adorava bacon. Haviamos trepado, vi o arrependimento no olhar dela. De certa forma, eu era o errado, ela a certa, a religiosa e eu ateu! Bebi ainda mais whisky e voltei pra sacada, admirando a paisagem cinza da avenida 23 de maio. Não tinhamos assunto, por isso não conversavamos. Eu bebia rápido, ela devagar. Eu era alcoolatra, ela bebia socialmente, em festas e eu bebia sozinho! Traste. Eu era um traste, ela uma dama. Meu bafo de whisky a espantou do meu sofá, ela saiu pegando um último cigarro e colocando na bolsa. Me deu um beijo no rosto. Senti que nunca mais a veria. Voltei pra sacada, acendi outro cigarro, sentia a fumaça dos carros da avenida entrar no meu pulmão. Constatei que estava errado por fazer o que era certo. Bebi mais whisky.

Zaratustra

Mexer no cabelo e FaceBook



Ela estava deitada de bruços na minha cama, estava do meu lado direito. Eu a olhava o tempo todo, parecia doente, mas eu só queria aproveitar o nosso tempo juntos, que era escasso naquela altura, uma vez que eu trabalhava pra caralho e ela também. Olhava seus traços no rosto, observava com um sorriso bobo no rosto. Ela mexia no celular, acessava o FaceBook, estava concentrada. Eu? Eu simplesmente mexia em seu cabelo, ainda com o sorriso bobo, ainda feliz por estar ali. Estava realizado. Ela mexia no celular, me tratava com indiferença, mas eu sabia que minha mão direita acariciando o lado esquerdo do seu rosto e seu cabelo era muito mais do que qualquer coisa comum. Ela estava nas nuvens e eu também.

Zaratustra

Um casal jovem, uma noite monstra e a loucura



Estava casado com Angelica fazia pouco mais de um ano. Honestamente, amava ela, de verdade, me sentia muito bem com ela. Claro, tinhamos nossas briguinhas, mas como todo casal iamos nos ajeitando aos pouquinhos. Faziamos dezenas e dezenas de planos, planejavamos nosso futuro, não queriamos filhos ainda, afinal, ambos tinhamos 19 anos, e somente o fato de termos casado, já foi algo muito maduro e inconsequente para nossa idade. A grana era sempre curta, sempre muito bem contada. Faziamos as compras do mês, pagavamos as contas, que eram muitas, água, luz, telefone, internet, TV por assinatura, o cursinho de inglês dela, as aulas de ballet dela, o cursinho pré-vestibular, também dela, o aluguel e caralhos, me sinto incomodado só de pensar em quantas contas pagavamos mensalmente. A grana que sobrava depois disso, era escassa, portanto saimos bem pouco aos fins de semana, a gente preferia ficar em casa, ver um filme, fazer uma comidinha diferente, um bom ensopado de peixe as vezes, filé de merluza claro, que era o peixe mais barato que tinha. Não estavamos no céu, mas estavamos longe do inferno, isso com certeza. Viviamos de uma forma humilde mas bem honesta, eramos um casal ainda muito jovem, ainda com o brilho nos olhos, ainda com esperanças no casamento, e isso nos alimentava dia após dia.

Naquele sábado eu estava de folga. Ela ia trabalhar pela manhã, e a tarde iria assistir o jogo de futebol dos amigos da empresa. Marcamos de sair a noite, tinhamos pego uma graninha a mais naquele mês, pois eu havia feito hora extra o mês anterior inteiro no trampo, o que havia me rendido um ganho de cerca de 200 reais a mais do que eu costumava ganhar. Pensei em levar ela pra comer um rodizio de comida japonesa, esbanjar mesmo, comer até nos empanturrar, beber a vontade, e com alguma sorte, ainda chegariamos em casa e dariamos uma boa foda. Naquele sábado, estava de bobeira em casa, aproveitei pra limpar tudo, da cozinha ao quarto, passando pela sala e pelo banheiro. Ficou tudo muito arrumado. Durante a tarde, relaxei a mente, li um pouco de Nietzsche, naquela altura lia "Aurora", e isso me mantinha um pouco são ainda. Por volta das 18h, Angélica me ligou:

- Oi amor - eu disse
- Oi amor, tudo bem? - ela me disse
- Sim sim. Arrumei a casa, tava de bobeira mesmo. E hoje a noite vamos gastar minhas horas extras ein hahahaha
- Puxa amor, que legal que você arrumou tudo. Então, vamos sim, mas vai rolar um after do jogo. Acho que chego em casa no máximo umas 21h ok? É rapidinho.
- Hmmm... Beleza. Onde vocês vão? Só pra saber mesmo.
- Um barzinho ali na Barra Funda. Bebo umas brejinhas e volto pra casa.
- Ok amor. Se divirta. Te espero aqui pra sairmos mais tarde então.
- Beleza amor. Beijos.
- Beijos.

Desliguei o telefone bem tranquilo, bem tranquilo mesmo. Confiava nela, sei que ela não me trairia, eu a comia até que bem e era um sujeito bem bacana. Via a felicidade de estar comigo no rosto dela. Enfim, voltei ao meu livro. Pensei em ver um filme, mas decidi que não. Joguei um pouco de video-game e tudo andava bem tranquilamente, nem me preocupava.

Recebi uma ligação, acho que eram umas 19h40, sim, mais ou menos esse horário. Era um dos meus amigos de longa data, o Luis.

- E ai brother! Suave suave? - ele estava bem empolgado.
- Sim man, tranquilo, maciota.
- Owwww, to indo com o Pedro pra Augusta man! Vamos beber e falar merda? Quem sabe role um cigarro proibido hahaha
- Porra man, vou sair com a Angelica hoje, gastar as horas extras que fiz no mês passado hahaha
- Ahhh velho, cê só sai com ela agora... Esqueceu dos amigos?
- Não é isso... Casamento man, casamento é isso mesmo. Tenho que dar atenção pra ela, senão tô fodido. Outro vem e come.
- Caralho. Beleza man, respeito isso. Mas qualquer coisa liga nóis hahaha
- Beleza velho, té mais.

A proposta do Luis era muito boa, mas estava mais a fim de ficar com Angélica, fazer o rolêzinho de casal, dar umas risadas, uns beijos, e repito, quem sabe uma boa foda. Por volta das 20h30, ela me ligou outra vez.

- Oi amor - eu disse
- Oi amor - ela disse - então, vou dar uma atrasada... O povo tá enrolado aqui, não sei que horas eu saio.

Percebi que ela estava bem bêbada

- Porra, e nosso rolê?
- Hmmm não sei amor... - ela disse
- Bom, beleza. Luis me ligou, me chamou pra sair. Se você não estiver aqui até as 21h30, saio com ele e que se foda. - fui ríspido
- Eu vou, eu vou sim.
- Beleza.

Desliguei o telefone e me agitei. Liguei o som no talo, tocava Metallica, mais especificamente o album Kill Them All. Os riffs de guitarra me agitaram. Fui tomar um banho, óbvio que ouvindo o som, ainda no talo. Coloquei uma roupa estilo roqueiro, uma camisa do Metallica, fechei a cara e sai de casa. A noite estava no começo, e eu mal sabia que ela seria muito longa.

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Encontrei Luis e Pedro na estação Consolação do metrô. Via o brilho nos olhos deles, caralhos, e eu também tinha brilho nos olhos. Fazia tempo que eu não saia com os brothers, queria me divertir mesmo. Colamos num bar, ali na "média Augusta", acho que era por volta do número 1.100. Os drinks pareciam baratos e tocava um forrozinho bem mequetrefe. Bebiamos e falavamos merda, colocamos o assunto bem em dia mesmo. Luis estava comendo a melhor amiga do seu chefe. Pedro ainda fumava maconha diariamente e estava comendo duas irmãs gêmeas. Porra, a vida deles tinham belas aventuras, ficava até sem graça de contar da minha vidinha de homem casado e responsável. Mesmo assim contei, falei que ia tudo muito bem e talz, e eles ficaram felizes, e eu estava feliz e por isso bebiamos ainda mais maria-mole.

Acho que por volta das 23h o telefone tocou. Vi que era ela. Porra, ela teve culhões de me telefonar, maldita Angélica, maldita!

- Carlos? - ela disse
- Oi - eu disse
- Onde você está?
- Augusta
- Fazendo o que?
- Bebendo
- Com quem?
- Luis e Pedro
- Quem mais?
- Ninguém mais
- Porque você não está em casa?
- Fiquei de saco cheio de te esperar... Se você pode sair com os amigos pra beber, acho justo que eu possa também ué - eu disse gesticulando de raiva
- Foda-se, volta pra casa!
- Nem vou
- Se você não voltar agora, coloco suas coisas pra fora
- Foda-se - eu disse, bem displicente mesmo.

Enfim, o bate-boca prosseguiu por cerca de 30 minutos, minto, foram 25 minutos mais ou menos. Por fim desliguei na cara dela, alegando que "minha bateria estava acabando", sendo que era mentira, sendo que era minha paciência que estava acabando. "Foda-se, a noite é minha" pensei com vontade de fazer merda. Luis e Pedro me apoiaram na decisão de fazer merda, por isso decidimos entrar nos puteiros do local.

Vinhamos de baixo para cima da famosa rua, entrando em todos os puteiros possíveis. Afinal, pagavamos 10 pratas e ainda ganhavamos uma breja, ou seja, sucesso na certa. Entramos no primeiro puteiro, era um lugar bem agradável, eu diria até familiar. Tinha uma garota no pole dance, ficamos de pé assistindo o show e tomando nossas brejas. Garotas bem bonitas colaram na gente, mas gentilmente demos o fora nelas e saimos assim que a cerveja acabou.

O puteiro número 2 parecia um deserto. Não se via mulheres no local. Lembro que eu vi duas, com um monte de macho em cima tentando foder. Fomos para o balcão, comer uma puta seria difícil, ainda mais num puteiro deserto daqueles. Pegamos a breja e sentamos do lado de um sujeito estranho. O cara até que era bonito, mas assim que abriu a boca vimos que era retardado.

- Cês vão tentar também? - ele disse com ar de segredo.
- Tentar o que mano? - eu disse espantado
- Comer uma dessas putas em casa oras!
- Nem vamos man... Só entramos pelas brejas mesmo.
- Entendo... Eu tô duro de grana, só como uma puta se for no meu ap... Mas tem que ter cuidado hoje em dia né?
- Cuidado com o que man? - eu disse espantando de novo.
- Cuidado com AIDS, gonorréia, sífilis, HPV, hepatite e etc. Essas minas são sujas. Vou foder elas de camisinha.
- Acho uma boa - eu disse espantando ainda - mas tenho que ir mano. A noite é uma porra de uma criança.

Saimos do puteiro 2, rumo ao 3, e no caminho arrumamos um cigarro de maconha pra cada. Claro que fumamos ali na rua mesmo, e foda-se, ali é Amsterdã, podiamos fumar a vonts. Claro que paramos num buteco pra comer um X-Bacon cada, afinal a larica havia atacado. Aproveitei e bebi outra maria-mole.

O puteiro 3 foi o que ficamos mais tempo. Puta lugar bacana, era apertado, sim, era um corredorzinho minúsculo, mas era legal pra caralho. As putas até que eram bem bonitinhas, nada assim "Noooossaaa que puta linda!", mas davam pro gasto. Enfim, dessa vez pegamos nossas brejas e nos sentamos no sofazinho. Logo colaram três putas conosco. Sentaram no nosso colo, deram risada, eu disse que era casado, elas disseram que assim era ainda mais gostoso. Claro que nos chamaram de pauzudos e gostosos, isso é ÓBVIO, mas por nós estava bem de boa que tudo continuasse assim. Decidimos que essas iriamos comer, eu nunca havia traido minha mulher, não me sentia confortável, mas estava irritado e foda-se. Pedro se ofereceu pra pagar no cartão de crédito, estavamos todos quase duros de grana já. Quando vi na máquina o valor de 360 reais me assustei. Porra, 120 conto cada puta. Como eu explicaria pra minha mulher um gasto desses? Torci pro cartão não passar, e sim, os bons deuses do alcool sempre me acompanham e dessa vez não foi diferente. O cartão não passou, e eu e Luis caimos fora. Pedro ficou lá, pagou os 120 contos e foi pro quarto com a sua puta.

Mal eu e Luis haviamos entrado no puteiro número 4 quando recebemos uma ligação. Era Pedro, avisando que seu programa já havia acabado e que queria nos encontrar em algum lugar que não fosse um puteiro.

- Porra man, acabei aqui... - Pedro disse
- Como assim mano? - retruquei
- Ué, gozei na mina brother... Acabou.
- Porra! Parece que cê tem 15 anos mano hahaha mas ok, nos encontre ali na estação Consolação.
- Beleza - ele desligou o telefone.

As putas do puteiro 4 ainda se apresentavam pra nós quando tivemos que sair. Encontramos Pedro de novo, estavamos duros de grana e ainda eram umas 2h30 da manhã. Teriamos que esperar o metrô abrir ainda por cima. Merda! Deitamos na sarjeta e esperamos até as 5h da manhã.

O metrô já estava aberto quando todos seguiram seus rumos, satisfeitos com a noite, a bebedeira, o cigarro proibido e as putas. Me restava chegar em casa e ver que merda que daria com Angélica.

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Cheguei por volta das 5h40, com a cara suja de glitter, cheirando a mulher, maconha e alcool. Excelente, se eu estava fodido antes, imaginem agora. Mal chego na porta de casa e avisto duas malas, imaginei que fossem minhas roupas. Tentei entrar em casa, ela segurou a porta.

- VOCÊ NÃO ENTRA NEM FODENDO CARLOS! PEGA SUAS ROUPAS E SAI FORA! - ela gritava alto pra cacete.
- Eu pago a porra do aluguel dessa merda, entro e saio quando eu quiser porra!!! - eu também sabia falar com violência.

Ficamos brigando, eu pra entrar e ela pra não me deixar entrar... Por fim consegui entrar. Ela pegou minha camiseta favorita, cortou toda. Pegou meu cartão do banco e quebrou em dois. Quebrei o cartão dela e rasguei a roupa do ballet. Ela pegou meu Nintendo DS, um martelo e a porra ficou séria.

- Calma!! - gritei - Vamos conversar!!
- Não tem conversa, vai embora!! - ela disse histérica.
- Ok! Eu vou, mas antes vou dormir uma cota, estou com sono.

Me deitei na cama, mas ela não se daria por vencida tão fácil. Pegou uma jarra de agua e jogou no meu rosto, molhando inclusive a cama. Me levantei puto.

- FODA-SE!! - gritei - Eu vou embora dessa merda.

Me levantei, peguei minhas malas. Quando estava quase saindo de casa, ela vem na porta e começa a chorar.

- Volta Carlos!! - ela chorava.
- Porra nenhuma que eu volto, pra mim chega!

Nisso ela foi na cozinha correndo, pegou uma faca e ameaçou se cortar. Merda, se ela ia fazer isso ou não, eu honestamente não sabia. Que ela era louca eu tinha certeza, mas será que praticaria tal loucura? Preferi não arriscar. Voltei, pedimos desculpas e dormi no sofá, pois o colchão estava molhado demais.

Zaratustra

sábado, 15 de junho de 2013

Honestidade e fidelidade



Eu ia começar a trabalhar fora do país, mais especificamente nos Estados Unidos. Sim, ainda saia com Carlinha. Um dia antes de eu partir, me encontrei com ela, na casa dela inclusive. Bebemos vinho, rimos e tudo mais, tudo o que uma despedida merece. Num dado momento ela lança uma pergunta.

- Você não vai me trair lá fora? Lá nos "States"?

Porra, para mim parecia tão óbvio, mas enfim, tive que explicar pra ela.

- Olha Carlinha, eu te valorizo pra caralho, mesmo, de verdade. Demorei muito pra achar uma garota como você, foi dificil mesmo. Honestamente, vão haver outras mulheres, digo, outras propostas de outras mulheres de lá. Te trair seria muito fácil, mas não farei isso. Não quero te perder, não quero foder com tudo. Porra, eu me dedico pra caralho pra você, isso não é óbvio?

Ela me olhou, com aqueles olhos castanhos brilhantes e redondos. Deu um sorrisinho, me deu um beijo e disse:

- Confio em você. Boa viagem.

Zaratustra

Problemas paternos



Tudo seguia muito bem naquela altura da minha vida, eu tentava ser um cara melhor, tentava largar tudo o que me prejudicava e tentar sorrir um pouco, tentar ver o lado bom da vida, sair do cubículo infernal e olhar o sol dando um leve sorriso. Estava saindo com uma garota, ela era bem bacana mesmo, nos dávamos super bem, bebíamos, metiamos e conversávamos, tudo muito bonito mesmo, e estava feliz de verdade, no que tange a relacionamentos amorosos, como não ficava a muitos anos. Fazia terapia, os progressos apareciam lentamente, mas apareciam, e caralhos, por tudo o que eu passei na minha vida, eu precisava de anos e mais anos e mais anos de terapia fodida. Enfim, em resumo eu estava bem diferente, já não fodia mais as coisas, era bem visto pelos meus chefes, no trabalho tudo ia muito bem, obrigado.

Existiam algumas coisas que me deixavam ainda deprimido e irritado e macambúzio e qualquer outro adjetivo negativo que se possa imaginar. Uma delas, creio que a principal delas aliás, era o meu pai. Nunca nos demos muito bem na verdade. Os gritos que ele bradava comigo na infância ainda ecoavam, e certamente iriam ecoar pra caralho, talvez pelo resto da minha vida, talvez não. Minha única certeza é que eu não perdoei ele por ter sido um pai ruim. Tentamos nos aproximar, eu já adulto, ele já mais velho, e talvez, repito, TALVEZ mais maduro. Sim, ele era uma criança num corpo de um homem, talvez por isso eu nunca tive uma figura paterna, alguém que eu chamasse de pai. Existia um homem na minha casa que chegava sempre tarde, bêbado, drogado e estressado. Não tinha muita segurança pra me abrir com ele, sei lá, falar de uma garotinha bonita na segunda série que eu gostava, aprender sobre a vida, jogar futebol e, quem sabe, ir ao zoológico ver a girafa. Não. Nunca tive isso, acho que essa falta de proximidade durante todos esses anos, essa frieza com que eu era tratado, ou ainda, esse ódio e repulsa com que eu era tratado, tenha cooperado pra que eu veja ele hoje como uma pessoa comum, pela qual não tenho afeto algum, muito menos vontade de ver, menos ainda de abraçar, e ainda menos de falar sobre a minha vida, que sim, ia muito bem. Eu sabia que pra ele talvez fosse indiferente o fato de eu ser um alcoolátra e drogado ou um cara bacana, feliz e trabalhador. Sempre que eu tentava falar com ele, era sempre rápido, sempre do jeito dele, sempre na hora em que ele podia. Caralhos, é pedir demais um dia pra ter uma conversa a dois, entre pai e filho, minto, pai e filho não somos, digo uma conversa de homem mais velho pra homem mais novo... É pedir demais algumas horinhas e ouvidos? Acho que pra ele era, sempre corria, sempre agitado, sempre sem tempo algum pra mim, eu era o plano B dele, alguém bacana, mas atrás de várias e várias prioridades, como ganhar dinheiro, ficar rico, ir pra praia e abrir um quiosque de lanches. Sim, eu não podia contar com ele, ele também não contava comigo e nossas vidas seguiam bem separadas, bem distantes, assim como sempre foi caralhos. Eu na verdade, quando criança, chorava a cada tentativa frustrada de ter uma figura paterna, a cada reclamação de que eu demorava demais pra comer, a cada grito, a cada silêncio e a cada indiferença. Mas sabem como é a vida, uma hora nos acostumamos com as coisas, apanhamos tanto que chorar parece nem fazer sentido, uma vez que choro não muda as pessoas, por isso havia parado de chorar por ele na adolescência e fazia o que eu queria, bebia, fumava e cheirava e ele que se fodesse, pra mim tanto fazia mesmo. Meu olhar era o indiferente agora, e ele, talvez chorasse ao olhar a criação dele, assim como naquele livro Frankstein, em que o criador lamenta por ter criado tal sujeito medonho e assustador. Repito, TALVEZ ele chorasse, ou ele bebia e tentava ficar rico, acho que isso fazia ele me esquecer do outro lado da cidade. Me incomodava com o fato de que meus amigos conversavam com seus pais, pediam carona e eles davam, eles iam buscar os filhos no metrô e levá-los para casa em segurança. Pois é, eu não tinha isso, mas me sentia livre, independente dele, honestamente eu vivia sozinho no mundo, sempre conquistei tudo sozinho, talvez por isso eu tenha falta de modéstia, talvez por isso eu era inteligente e bom em tudo o que fazia. Carregava o mundo nas minhas costas, às vezes ele pesava, mas ia muito bem ainda. Lidava com as minhas frustrações sem uma figura paterna, aprendi a fazer assim, estava acostumado.

Eu tinha que perdoar ele, me aproximar, quem sabe um dia eu conseguiria amar ele, talvez eu amasse ele, repito TALVEZ eu amasse ele algum dia. Mas como, como amar uma figura tão indiferente para mim? Juro que tentei, tentei várias vezes me aproximar, mas não tinhamos assunto, ele só me falava de ganhar dinheiro, comprar casas de veraneio, beber boas bebidas e ser promovido no meu emprego, sendo que eu era sempre o mais novo em todas as funções em que eu exercia. Eu sabia que eu era acima da média, eu sabia que poderia ficar rico se eu quissesse, mas ele me apressava e isso me roia os culhões. Como perdoar ele? Buscava respostas nas pessoas, mas nada de mudar, ele achava que tinha mudado, mas ainda éramos dois estranhos, um de frente pro outro, tentando acreditar que podiamos ser pai e filho. Desisti da terapia um mês depois de ter começado, voltei a fazer o que eu achava melhor. Se ele me ligasse, atenderia, mas ainda assim eu não o amava. Se nada mudar até o dia da morte dele, estarei no seu enterro, acho que vou chorar de alegria, cuspir em cima do caixão enquanto ele desce na cova e chamar ele de fracassado.

Zaratustra

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Uma tosse fodida e os vazios de alma



Por mais que eu bebesse água, minha tosse estava me fodendo mais e mais e mais. Pensei em comprar um xarope, mas essas porras dizem que viciam, que tem alcool e que te fazem mal, principalmente para os dentes. Isso me brochou de uma certa forma, e me fez continuar tossindo como um cão asmático. Talvez isso tudo fosse culpa do alcool, ou ainda, do cigarro que eu fumava passivamente na entrada do trabalho todos os dias. Honestamente eu não sei, e não tinha qualquer interesse em saber a verdade, só queria melhorar o quanto antes para poder voltar à minha vida de exageros.

Naquele dia, havia saído no jornal uma notícia que uma garota que tinha estudado comigo havia se matado. Havia usado a famosa corda, um bom método eu diria, nunca tem erro. Pendurou em uma das bases de sustentação do telhado de sua casa, subiu na cadeira e concretizou o processo, vocês imaginam como né? Enfim. Havia muito tempo que eu não via ela, que eu não falava com ela, mas lembro que ela era aquele tipo de garota que todos os homens gostariam de foder. Que todos gostariam de pegar de jeito, dar carinho, amor e uma boa transa. Sempre foi uma das mais populares, sempre teve muito dinheiro, e sua família parecia ser bem bacana até. Seu pai até que trabalhava bastante, mas parecia ser bem atencioso com ela, e porra, a vida dela no geral parecia ser perfeita. Tinha amigos, beleza, dinheiro, certamente seria rica, se formaria numa daquelas faculdades pomposas em um daqueles cursos pomposos de patricinhas, tipo "Arquitetura e Urbanismo", "Moda" "Design de Interiores" entre outros. Estava fadada ao sucesso. Não conseguia entender exatamente o motivo dela ter feito tal ato doentio. Não percebia isso pelas redes sociais, era sempre alegria e felicidade. Suas fotos eram sempre felizes, com um daqueles sorrisos claros bem grandes.

"Porra, eu poderia me matar, mas isso seria fácil e chato demais", pensava e bebia conhaque, sempre puro, claro. Eu sim tinha meus motivos na época. Mas ela, justo ela, a mais foda de todas? Estranho, mas não impossível. Seus amigos eram sempre falsos e vazios, assim como muitas pessoas. Decerto, ela confiou em alguém que decepcionou ela, e isso deve ter pesado na decisão. Ou ainda, um namorado traiu ela. Sim, essa é a desvantagem de ser bonito. Quando somos feios, e alguém se aproxima de nós, certamente essa pessoa gosta de nós pelo que somos por dentro. Agora quando a pessoa é bonita, nunca sabemos. Geralmente, os caras que chegavam nessa garota, se interessavam pelo seu belo corpo, seu belo rosto e, quem sabe, belo carro importado dado pelo papai. E isso pode ter fodido ela, uma vez que ela se viu como um mero objeto das pessoas. Isso pode ter incentivado a compra da corda. As pessoas estão cada vez mais vazias de alma, não digo nem no sentido espiritual das coisas, mas sim no sentido de que todas as relações (ou a maioria delas), está envolta numa casca de futilidade tão forte, mas tão forte, que, se não ficamos insanos, não sobrevivemos. Prefiro mil vezes mais ser insano, ser visto como "fora dos padrões", e me manter longe da ideia da corda, do que adentrar ainda mais fundo na futilidade e terminar como essa garota, que tinha tudo e não tinha nada.

Ainda tossia muito. Bebi mais água e mais conhaque, bebi tanto conhaque que esqueci da minha tosse por alguns instantes. Mas logo ela voltou. Resolvi ir na farmácia, comprei uma porra de um xarope. Decidi manter minha saúde física intacta, mesmo que essa porra me viciasse, ou fodesse todos os meus dentes, mesmo que fosse um "junkie do xarope". Afinal, depois de uma reflexão tão funda sobre almas vazias, queria ao menos me sentir melhor para continuar a beber pelo resto da tarde.

Zaratustra

domingo, 9 de junho de 2013

Um bom texto



Um bom texto pode acontecer ao acaso.
Pode ser prosa ou poesia.
Pode estar bêbado, sóbrio ou simplesmente indiferente.
Um bom texto é simplesmente bom.
Sem necessidades
Sem apelações baratas.
Pode ter métrica ou ser completamente aleatório
Pode ser sujo ou limpo
Pode ter lágrimas de dor
Ou risadas de alegria
Pode ser uma noite épica
Ou uma noite triste
Pode existir, ou pode não existir
Podemos chorar, podemos rir
Um bom texto pode surgir de repente
Antes de dormir
Ou ainda, durante a palestra sobre armas
Um bom texto pode nos salvar da loucura
Ou pode nos colocar nela
Pode nos drogar, como pode nos abster
Pode surgir entre punhetas sujas
Ou pensando no grande amor de nossas vidas
Podemos estar apaixonados
Ou no inferno, no cubículo
O bom texto sempre surgirá
Pode ser uma correnteza, pode ser um lago, parado
Os dedos podem digitar um bom texto
Ou ele vaga entre nossos pensamentos, nunca externado
Um bom texto pode nos afogar em tristeza
Um bom texto pode nos encher de felicidade
Sendo um bom texto
Passará nossa mensagem
Para os loucos, para os ricos, para os sãos
para os alcoolatras e degenerados, e as putas loucas
Um bom texto, só precisamos disso
Precisamos de um bom texto e sobreviveremos

Zaratustra

Recuperar a sanidade



Quando os manicômios fecham e o governo insiste em nos cobrar impostos elevados, e olhamos o gorfo social ir e voltar em conduções lotadas de pessoas e vazias de esperança, não nos resta muito a fazer. Calçar os tênis, colocar uma bela camiseta azul, passar desodorante e fazer protestos. Protestar até que os manicômios reabram e possamos recuperar a nossa sanidade.

Zaratustra

Ressaca e arrependimento alheio



Os lençois estavam revirados, travesseiros jogados. Ela dormia muito bem. Sentei na cama, de ressaca. Coloquei as mãos na cabeça, apoiei os cotovelos nas coxas "ressaca dos caralhos", pensei, bem irritado. Vi ela dormindo. Sorri. Sabia que ela iria se arrepender quando acordasse.

Zaratustra

Sem sentido #14



Gengivas sangram. O cuspe sai vermelho. As paredes, manchadas, são o meu reflexo. O fígado dói, mas foda-se, era só um dia ruim. Ouvia o rádio enquanto pegava no sono.

Zaratustra

Marteladas do vizinho



Marteladas do vizinho. A lata vazia e amassada de cerveja estava em cima da mesa. Tudo estava escuro naquele dia. Dentes amarelos e palavras vazias. Só tenho isso. Deus queria mais, por vezes ele havia me fodido. "Foda-se Deus", pensei. Isso que se ganha por chutar Deus nas bolas: marteladas, latas vazias, dentes amarelos e palavras vazias. Insanidade.

Zaratustra

Sem sentido #13



Eu era um corvo branco. Voava entre desertos e cidades. Falava com os ratos e as moscas. Buscava carniças vivas. As comia gentilmente. Invadia os ninhos. Matava os filhotes dos colibris, com pequenas bicadas. Tomava o ninho pra mim e chocava os ovos restantes.

Zaratustra

Sem sentido #12



Segui o coelho. Não achei. Procurei de novo, o vi girar, num microondas. Cuspia no timer. Ele saiu correndo. Carregava uma ferradura. Eu era um lixo. O coelho me olhou nos olhos. Pisquei. Ele veio e me abraçou. Sorri. Peguei a faca. Cortei a pata traseira esquerda dele. Teria sorte, e ele azar, pois saiu correndo com três patas. Acho que morreu. Foda-se.

Zaratustra

Uma grande noite!



O cheiro da boceta dela ainda estava no meu pau. Ele coçava um pouco, "Será que peguei gonorréia?" pensava, ainda assim com um sorriso no rosto. Ela tinha uma boceta bem apertada, e por Deus, meu cabaço se sentiu acolhido ali dentro. As latas de cerveja estavam esparramadas pelo chão. Olhei, dei outro sorriso, e fiquei deitado. Que grande noite! Me senti realizado pela primeira vez em anos. Foda-se a zona, a bagunça, o cheiro de sexo no quarto e o lençol sujo de porra. Ali, somente ali, deitado, me senti o super-homem. Olhei pro teto quando ela chegou.

- Lindo, tô indo embora ok? Obrigada pela grande noite.
- Eu que agradeço linda... - olhava pras pernas dela - Venha mais vezes e me faça menos frustrado.
- Hihihi, podeixar lindo!

Ouvi a porta se fechar. Me levantei, coloquei Pulled Up do Talking Heads no último volume e me senti feliz! Bebi outra breja, me sentei nu no quarto. Respirei mais um pouco do cheiro de sexo do quarto e do cheiro da boceta dela, que exalava do meu pau. Deitei e sorri de novo.

Zaratustra

Os ricos frustrados e sozinhos



Eu bebia. Olhei pro monitor, percebi que a tela estava em branco. Percebi que eu sempre começava meus textos com a frase "Eu bebia". Certamente havia perdido a criatividade, mesmo bêbado, mesmo sóbrio, eu não conseguia escrever nada, nada mesmo. Tentei de novo, e nada de novo. "Merda, merda!" Sentia que aquilo já havia acontecido várias vezes antes, e isso me fodia os culhões, me roia, me irritava. Eu queria que tudo fosse mais simples, que as ideias saissem como poesia da minha cabeça doente. Mas o fato é que eu não havia me tornado um gênio da literatura. Sim, eu tinha bons textos, mas esse negócio de escrever é pra gente muito intelectual, e não para alcoolátras como eu. Me senti um fracasso. Respirei fundo, acendi um cigarro, traguei ele como a minha vida, que vai embora assim, rapidamente, sem que eu perceba. Olhei de novo para o monitor. Precisava de palavras difíceis e que fizessem algum sentido. "Porra!" Praguejava, percebia que isso não iria acontecer tão cedo, talvez nunca, ou ainda, talvez acontecesse numa hora em que eu não pudesse escrever nada, ai perderia a ideia e me foderia.

Levantei da cadeira, desliguei o computador. Fui na cozinha, peguei uma cervejinha e deitei no sofá, fumando cigarros atrás de cigarros. Queria ficar na maciota, estava cansado de me matar pra escrever. Iria relaxar, e que se fodam meus textos. Deveria parar com isso, uma vez que a qualidade estava decaindo, e eu estava me sentindo incomodado. Precisava desabafar, mas como? Como reclamar de tudo o que eu queria, se não fosse utilizando textos? Foda-se, eu ia voltar pro telemarketing, ganhar 600 conto por mês, voltar pra casa da minha mãe e me afundar no fracasso, bebendo todos os dias e dormindo nas sarjetas. Estava revoltado.

Prosseguia bebendo minhas brejas, uma atrás da outra, claro, e foda-se meu fígado, que doia há duas semanas, e foda-se minha úlcera que latejava cada vez mais. A campainha tocou. Me escondi debaixo das almofadas do sofá. Tocou novamente, permaneci escondido. Estava muito macambúzio para ver pessoas, e principalmente para interagir com elas.

- Carlos! Carlos! Sei que você está aí! Me atende porra! É o Felipe!

"Merda, merda, merda" Precisava atender, mas não queria. Não que o Felipe fosse alguém especial, mas ele sempre tinha boas ideias pros meus textos, nos dávamos muito bem quando conversávamos. Levantei com muito esforço meu rabo gordo do sofá, óbvio que praguejando a sociedade, mesmo sem ter motivo. Abri a porta com a cautela de um francês.

- Oi Felipe.
- E aí mano! Beleza? - ele perguntou e já veio me dando um abraço.
- Beleza cara. E por aí?
- De boas, de boas.

Ficamos um olhando pro outro, com caras de idiotas. Percebi que teria que ser gentil, ao menos daquela vez, e pedi pra ele entrar em casa. Ele entrou e foi direto na geladeira, pegou uma breja e foi pro sofá. Nos sentamos, acendemos um cigarro cada, eu fumava Marlboro vermelho e ele fumava Lucky Strike, mas isso nunca foi problema.

- Percebi que você está meio isolado Carlos. Tá tudo bem?

Sempre a mesma pergunta... "Claro que nada está bem, mas não adianta ficar chorando por aí, em redes sociais, como os ricos e frustrados fazem quando passam o sábado sozinhos e chorando em seus apartamentos luxuosos, com os cus cheios de dinheiro e a alma vazia de esperança", pensei, e dei a resposta óbvia.

- Tá tudo bem, tá tudo bem...
- Não me parece, mas se você diz, ok.

Ficamos mais um tempo quietos, olhando um para o outro, sem saber exatamente o que fariamos. Ele me fitava com um olhar de culpa e pena, e eu simplesmente era apático, como sou na maioria das vezes.

- Mais alguma coisa brother? - perguntei, torcendo para que a resposta fosse não.
- Na verdade não... Só não quero que você se torne uma daquelas pessoas frustradas, ricas e solitárias.
- Man, eu nunca vou ser rico, pois bebo tudo o que eu ganho. Então fique tranquilo, passarei minhas noites de sábado bem acompanhado, com boas doses e bons livros.
- Beleza. - ele me disse, já se despedindo de mim.

Fechei a porta, respirei fundo. Peguei mais umas latinhas de cerveja e fui pro quarto, tentar escrever um texto sobre os ricos frustrados e sozinhos.

Zaratustra