terça-feira, 30 de abril de 2013

Chute na bunda daquela puta!



Realmente, eu não estava muito arrependido de ter chutado aquela vagabunda no rabo, eu havia percebido que seria melhor para nós. Analisemos os comparativos e vejamos se faz sentido: ela era uma católica ferverosa, não bebia, fumar muito menos, drogas menos ainda, fazia eu trabalhar pra pagar as contas e ela nada fazia, além de assistir TV e comentar da novela. Eu era um libertino, adorava a noite, alcool, fumo e de vez em quando umas drogas recreativas e outras drogas nada ortodoxas, e trabalhava feito uma cadela no cio para manter aquela casa e os pequenos luxos dela. NADA CONTRA, NADA MESMO, mas a questão é que ela queria controlar a minha vida. Não me deixava mais beber e nem cair na noitada e porra, naquela altura da minha vida eu precisava daquilo! Tive que chutar o rabo dela, na verdade ela nem era uma puta mesmo, puta é modo de dizer. Me sentia bem mal de ter chutado ela, mas foi necessário. Se ela tivesse ficado na maciota, poderíamos ter nos dado muito bem, muito bem mesmo.

Só nos dávamos bem na cama na verdade, ela era como uma leoa com a buceta molhada, e eu, nessa altura, ainda jovem, metia como um touro, tinha força e principalmente folêgo. Ela, apesar de ser religiosa, na cama se libertava, liberava tudo e parecia uma tigresa, era selvagem pra caralho. Enfim, nem só de sexo vive um casamento, tive que chutar o rabo dela, mas me senti mal, mal de ter chutado um rabo tão bonito como aquele, que havia me trazido tantas alegrias. Ela chorou por exatos 17 dias seguidos, e para cada lágrima que ela derramava eu tomava uma dose e tentava fingir que não estava vendo nada... Foi foda, mas passou!

Zaratustra

Solidão, cachaça e véspera de feriado



Meu nariz coçava desenfreadamente, mas eu não me preocupava. Devia estar gripado, ou com rinite, sei lá, mas na verdade eu estava com preguiça de assoar ele, preguiça de me levantar da cama e pegar o papel higiênico. As formigas percorriam os cantos dos móveis do meu quarto, eu olhava e também não me preocupava muito. Na verdade eu estava era bem tranquilo. Naquela véspera de feriado eu bebia cachaça 51, e puta merda, como aquilo era ruim. Eu até conseguia beber bem vodka pura, ou com qualquer outra coisa, mas parece que aquele gosto puxado pro cítrico que a cachaça tinha, estava me fodendo os rabo. Ouvia algumas músicas dos anos 80, tanto nacional quanto internacional, e estava muito bem assim. Eu sabia que a preocupação das pessoas era de sair, se arrumarem, pensarem nas baladas e nos rolês, mas eu pensava "porra, não tem nada lá fora. Tenho comigo alcool e sossego, preciso de mais?"

Aumentei o som, ignorei os toques do celular, me deitei, com minha cachaça e minha solidão e tive uma das mais agradáveis vésperas de feriado da minha vida!

Zaratustra

terça-feira, 23 de abril de 2013

As alucinações!



Minhas ideias não estavam sendo boas naquele mês de setembro. Parecia que eu estava mais no fundo, mas eu, que sempre fui um alcoolatra consciente, estava me metendo em buracos e tendo ideias que não faziam mais o menor sentido. O grande sentido do alcoolismo é beber e ficar de boa, beber e dormir, e quando sair de casa pra beber, que ao menos não percamos a carteira ou o celular, se gastamos dinheiro pra porra, isso parece ser o menor dos malefícios, mas perder carteira ou celular realmente me fodia, e estava indo bem nesse sentido. Tinha meus apagões, mas os bons deuses do alcool cuidavam de me colocar na cama certa e de estar ainda com as minhas coisas intactas no dia seguinte.

Mas enfim, como eu dizia, minhas ideias não estavam sendo nada boas naquele mês de setembro, conhecido como mês nove, e na verdade nem sei porque escrevo isso, acho que é só mais uma das minhas péssimas ideias. Havia voltado a beber e a me drogar sozinho faziam cerca de dois meses, depois de me manter careta por um bom tempo. Estava de volta à fase de experimentação, me sentia um adolescente de novo, quando toma o seu primeiro drink e se sente mais homem, se sente com o pau maior de todo o universo, e sim, naquele mês me senti pauzudo, estava no topo do mundo. Tradicionalmente, sempre houve a vodka e a cocaína, e sim, às vezes brincava com maconha também, mas era sempre coisa leve. Mas naquele mês de setembro, decidi chegar aonde poucos haviam chego, decidi colocar tudo no seu limite, que em tese, era seu devido lugar, uma vez que minha vida foi feita pra ser colocada a prova, sou apenas uma cobaia social, testando os limites do ser humano, mas isso é outro assunto que não cabe nesse texto.

Além de vodka, cocaína e maconha, inclui vicodin, rivotril e oxicodona, além de cogumelos e LSD. Costumava usar isso quase ao mesmo tempo, na real eu deixava a maconha como um "curador da ressaca", mas misturava todas as outras coisas. Repito, estava com péssimas ideias, pois eu jamais imaginaria as consequências que essa mistura trariam para meu corpo, e principalmente para minha mente. Em tese eu sabia, mas repito, gostava de testar meus limites, o flerte com a morte me atraia sempre.

Os efeitos eram muito semelhantes, quase sempre, pois quase sempre usava a mesma quantidade. Mas naquele dia eu havia decidido dar um aumento na dose, sempre sozinho claro, uma vez que estava chapando sozinho naquele mês, e que repito pela vigésima vez, havia sido uma péssima ideia. Comecei pelo alcool, claro, depois um pouco de cocaína, vicodin, rivotril, ai o LSD, passei pela oxicodona e fechei com os cogumelos. O efeito foi algo muito rápido. Não eram aqueles efeitos de cinema, de ver pessoas moles, falando em câmera lenta, era uma coisa muito pior. Juro que eu vi uns seres, tinha asas de dragões, orelhas de duendes, tamanho de cachorro, como um pastor alemão e aspecto de borboletas, mas falavam comigo como se fossem malditos psicólogos. Só que eles falavam em latim, e meu latim é péssimo, entendia no máximo um exevo ou um cogito, mas eles pareciam bem atônitos, pareciam querer me passar uma mensagem urgente! Revirei todo meu quarto em busca de um dicionário de latim, mas nada... Minha internet não conectava por algum motivo que só as borboletas-duendes sabem, portanto eu realmente estava fodido!

Ingeria mais um pouco de cocaína, na busca de ficar um pouco mais lúcido, para achar o maldito dicionário de latim, mas os esforços foram em vão, uma vez que na pira do pó eu usava mais LSD e tomava mais vodka pra limpar o gosto forte de cal na garganta. Me sentia como no filme "Medo e delírio em Las Vegas", tudo parecia muito colorido e animado, e juro, por um momento eu peguei quatro facas de cozinha, das bem afiadas, e as voltei contra meu próprio corpo, as alucinações iam me matar, mas as borboletas-duendes pareciam reprimir essa minha atitude. E graças aos bons Deuses dos degenerados que eu estava com as facas na mão, pois nesse momento apareceram uns seres, era uma mistura de harpias, com ursos e leões, esses não falavam nada, mas atacavam as borboletas-duendes com uma força descomunal, dilacerando os frágeis corpos delas de cachorros. Eu ouvia os gemidos delas, atirava as facas, mas só acertava objetos, e isso me enlouquecia ainda mais "será que estou cego, será que é tudo mentira?" eu pensei, mas senti a mordida de um desses seres leão-urso-harpia, e olhei o sangue sair da minha mão! Eu gritei, mandei mais um pouco de LSD e vodka, além de comer mais uns três cogumelos. Me senti seguro pra isso, uma vez que senti a mordida daquele ser, e poderia jurar que era tudo verdade.

As borboletas-duendes se multiplicavam, rondavam minha cabeça, mas eu via elas pouco a pouco serem destruídas pelos ursos-leões-harpias, e me sentia bem mal por aquilo. Decidi acreditar em Deus, cheirei mais umas linhas e bebi mais vodka, além de acabar com o estoque de cogumelos. Me ajoelhei, e enquanto aqueles seres ferozes me mordiam, e eu sentia o sangue escorrer pelo meu rosto, eu rezava de forma fervorosa, como nunca antes, mas sem usar o termo "Deus" e sim "Força Superior". Sim, deixei o ateísmo de lado, e como num passe de mágica, apareceu uma árvore animada gigante no quarto, que portava uma varinha grande também, que tinha na sua ponta a imagem de um sapato dourado. Ela simplesmente encostava a varinha nos ursos-leões-harpias e eles sumiam, deixando nada mais do que ar no local. Parecia que ela os "chutava" dali, e tudo ficou um pouco mais calmo.

Matei o resto do LSD, cheirei o resto da cocaína e tomei mais umas pilulas, mais vicodins e oxicodonas na verdade. As borboletas-duendes ainda tentavam falar comigo, mas suas palavras em latim me incomodavam tanto que eu corria pelo quarto, gritando, em busca de um pouco de sossego. Honestamente, não sei o que aconteceu direito depois que a àrvore gigante fez a limpeza no quarto, só sei que eu corria pra porra em circulos. Caralho, que noite!

Zaratustra

O inferno é um cubículo



Quando abro essa garrafa de cachaça examente às 7h15 duma manhã de terça-feira eu finalmente percebo que sim, existe algo errado. De volta ao inferno, trancado sozinho num cubículo, tendo como companhias garrafas e textos. Penso nos grandes heróis da literatura mundial, que se isolaram e foram de uma certa forma esquecidos pela sociedade. Essa mesma sociedade que dia após dia cansa de lutar pelos trastes e degenerados presos em cubículos, e que são alimentados somente pelos seus péssimos textos, que acabam se tornando repetitivos, assim como suas vidas, os infernos nos cubículos. E por mais que tentamos achar algo prazeroso o suficiente para preenchermos nossas vidas, para tentar sair do cubículo e principalmente do inferno, nós, somente nós, sabemos que esse inferno todo é o que acaba salvando-nos do suícidio. Quando esvaziamos uma garrafa e escrevemos péssimos textos, sentimos que de uma certa forma somos exemplo para pessoas que ainda não entraram, somos apenas imagens, como placas, que mostram para não entrar nisso, não se trancar em cubículos, não escrever textos repetitivos e muito menos começar a beber às 7h15 duma terça-feira. Sim, destinados ao inferno cumprimos o nosso papel social, e de uma certa forma isso nos reconforta. Assim como nossos textos chatos e repetitivos e o alcool entornado em cubículos, e as garrafas vazias depois de um apagão ao meio-dia, e as vagabundas que nos chutaram, tudo isso nos reconforta e nos alimenta ainda mais para não sair do inferno, e muito menos se destrancar do cubículo.

Zaratustra

domingo, 21 de abril de 2013

A asiática e a punhetinha em público



Eu tossia pra caralho naquele domingo a tarde. Imaginei que era consequência dos dois maços de cigarros diários que eu fumava há cerca de dez anos. Sim, eu havia chego nos 30 e ainda estava solteiro, filhos muito menos, graças a Deus, porque eu sabia que os meus filhos seriam piores do que eu sou, e isso me deixaria mais deprimido do que eu estava naquela tarde de domingo. Apesar de toda a tosse e de estar cuspindo sangue (talvez pelas drogas, mas isso é outra história, nem vale a pena contar), eu permanecia fumando cigarros atrás de cigarros, sem medo das possíveis consequências à minha saúde.

O dia prosseguia um lixo, e sim, eu ainda por cima tinha que cagar mole de novo, assim como eu fazia há cerca de dez anos, sempre cagava mole, acho que eu comia muito mal e bebia muito, porque a minha merda era o meu retrato exato, não somente um pedaço de mim: suja, mole e afundando (no caso dela na água né). Caguei bem fedido naquele domingo a tarde, mas nem me preocupei com isso, acho que minha saúde ainda estava pior e acho que dos 40 eu não passava, e honestamente, não é uma cagada mole que vai me fazer parar com as merdas que eu fazia, sim, mesmo com 30 anos eu ainda não havia criado o juízo que minha mãe me disse que algum dia brotaria.

Apesar de toda tosse, decidi sair naquele domingo a tarde, sempre sozinho claro. Sim, solteiro, sem filhos, com 30 anos e sem amigos. Na verdade eu tinha amigos, mas eles me julgavam tanto que decidi abortar todo e qualquer rolê que eu fazia com eles. Além do mais, estavam todos com suas esposas, casados e cheios de filhos e faziam churrasquinhos caretas no sábado a noite e caretice me incomodava pra caralho. Preferia sair sozinho, geralmente ouvindo meu Ipod, algo bem pesado e melancólico, algo mais pro grunge, um Nirvana ou um Alice in Chains ou ainda algo mais nacional, um Los Hermanos caia bem enquanto eu andava pela paisagem cinza daquela maldita cidade chamada São Paulo. Mas nesse dia ouvia Heart-Shaped Box do Nirvana e procurava um barzinho simples na Brigadeiro, a fim de beber e beber e ver o que acontecia. Prosseguia minha caminhada e cantarolava como louco a letra da maldita música

She eyes me like a Pisces when I am weak
I've been locked inside your heart-shaped box for weeks
I've been drawn into your magnet tar pit trap
I wish I could eat your cancer when you turn black

Sim, na verdade eu queria comer o cancer das pessoas que eu gostava, mas repito, isso era outra história. Cheguei num bar que parecia atrativo. As pessoas lá ainda estavam bem pra um domingo, cerca de 17hs e o som era agradável, não tocava um Pink Floyd, mas ao menos rolava um Seu Jorge com Edi Rock, mesmo não sendo um bar de rap, enfim, me parecia um bom lugar.

Sozinho, entrei e me sentei, e claro, pedi uma Skol

- Campeão, me vê uma Skol! - pedi solicito.
- Claro parceiro, claro! - ele também foi solícito.

Minha breja chegou e minha seca de alcool acabou, assim como acaba uma transa de forma rápida com uma daquelas putas caras que te fazem gozar em cinco minutos e depois te mandam embora e ainda por cima cobram o preço de uma hora, ou seja, bebi bem rápido mesmo aquela primeira garrafa.

Assim que chegou a minha segunda garrafa, eu vi uma asiática sozinha no bar. Ela era meio gordinha, meio redonda, assim como a maioria das asiáticas, mas caralhos, eu sempre tive queda por asiáticas, e sim, me apaixonei por aquela merda assim como uma mulher se apaixona pela homem que lhe tira a virgindade, ainda mais se ele demora pra gozar. Aquele cabelo grande e liso, aquele rostinho bunitinho, o corpinho pequeno e bem desenhado (mesmo sendo meio redondo), e aquela carinha de "papai não me deixa transar", realmente me atrairam. Eu era só um cara veiaco e com a cabeça de um adolescente, então pensei que poderia sentar com ela e ver que merda que daria! E foi isso que eu fiz, me aproximei dela.

- Posso me sentar aqui? - perguntei com uma sobriedade incrível.
- Claro, tanto faz... - ela respondeu com uma displicência enorme.

Confesso que no começo apenas bebia minha breja, ela bebia algo mais forte, acho que era maria-mole. Por fim tive coragem de tentar algo, afinal, se fosse pra não tentar eu ficava em casa, batia punheta, mas nem queria bater punheta nesse dia, meus braços serviam apenas para levantar copos e garrafas e decidi que era isso que eu ia fazer daquele dia em diante!

- Cê tá bem? - eu perguntei, meio sem saber o porque eu havia perguntado.
- Tô... na verdade não. Tô fudida, por isso estou aqui bebendo maria-mole! 
- Como que você chama?
- Nati... E você?
- Meu nome é Carlos, prazer... Que que aconteceu Nati?
- Ahhh, problemas com a família, trabalho... Acho que meu pai me odeia, não nos damos nada bem sabe? Tá tudo muito foda e difícil de encarar!
- Saquei! - eu disse, já visando seu problema com o pai, uma vez que toda mulher que tem problema com os pais acaba sendo uma transa fácil - mas não fique assim! Ao menos você tem alguém pra beber agora! - levantei meu copo de breja e dei um sorriso. Ela sorriu de volta, e sim, isso me deu esperanças com ela.

Prosseguiamos bebendo bastante, eu nas brejas e ela nas marias-moles. Começamos a conversar, ela gostava de grunge e de literatura marginal, e sim, me apaixonei ainda mais por ela e me sentia bem por isso. Discutimos Bukowski e Dostoievski principalmente, mas ela tinha uma paixão platônica por Kafka e acabei falando um pouco dele com ela.

Ela já bem bêbada, eu também, ela senta do meu lado. Que fique claro que não haviamos nos beijado ainda! O bar estava cheio, já eram cerca de 19hs, e o pessoal começava a chegar depois dos rolês monstros de sábado para se manterem bêbados. Ela meteu a mão nas minhas calças jeans, abriu o zíper, levantou a cueca, e de forma reservada começou a me masturbar. Mantive o silêncio, na verdade estava com medo que alguém visse, devem ter visto, mas nem falaram nada. Eu fazia caras e bocas, e ela nem perto do meu pescoço chegava. Não entendia a atitude dela, mas me deixava levar, e sim, ela tinha uma força na mão esquerda que era descomunal! Bombeava meu pau como se fosse uma maldita lâmpada mágica, com vontade de que saisse um gênio dali, apesar que ela sabia que sairia no máximo porra, e sim, isso aconteceu, cerca de dez minutos depois que ela começou. Juro que avisei ela

- Eu vou gozar! Vou gozar porra!

Ela não respondeu, ela queria isso. Gozei na mão dela. Ela, com a mão direita, guardou meu pau debaixo da cueca de novo. A mão esquerda, cheia de porra, ela lambeu como se aquilo fosse mais uma dose de maria-mole, não deixou rastros daquele líquido branco e pastoso. Foi sensacional! 

Sem que eu pudesse falar ou tentar alguma coisa, ela se levantou, pagou sua conta e foi embora, sem nem ao menos se despedir de mim... Mas a tarde havia valido a pena, eu sabia que nunca mais ia dar essa sorte. Resolvi ficar por ali, bebendo brejas e sentindo meu pau mole e anestesiado por aquela punheta em público que havia melhorado meu dia!

Zaratustra

sábado, 20 de abril de 2013

Nem sempre é um rolê monstro...



Eu caminhava debaixo daquele puta sol às malditas 8h15 da manhã. Estava ficando sóbrio, só que na verdade eu nem queria, eu queria continuar bêbado. Sim, queria ficar bêbado pela merda de rolê que eu havia feito no dia anterior. Estava com medo de pedir uma cerveja essa hora da manhã no buteco, na real, estava com vergonha de pedir uma cerveja nessa hora, eu sabia que iam me olhar com cara de repreensão e essa cara definitivamente eu odiava! Tomei a coragem de passar num mercado, daqueles que são 24hs, famosos. Peguei quatro latinhas de Budweiser, fui no caixa e passei as compras com uma sobriedade que nem eu mesmo acreditava, acho até que a moça do caixa achou que eu beberia aquelas merdas mais tarde, talvez num churrasco entre amigos, mas na real não haviam amigos e muito menos churrasco, e somente eu sabia que estava sedento para devorar aquele alcool antes das 9h duma manhã de sábado.

Saí do mercado, sentei numa praça em frente, abri a breja e acendi um cigarro. A policia passava, atônita, provavelmente iriam pegar uns bandidos, e sim, eu sei que estava fazendo coisas legalizadas, afinal de contas, um homem pode beber às 8h15 sem ser importunado caralhos! Eu pagava meus impostos e bebia minhas brejas pelas manhãs, e tentava, infelizmente, recordar o rolê do dia anterior, mesmo sabendo que aquilo me deprimia, eu tragava o cigarro e recordava de tudo, e honestamente, sempre que eu recordo do rolê todo é sinal que boooom mesmo ele nem foi... Enfim, a cerveja descia como água naquele fígado danificado enquanto eu lembrava de tudo.

Era uma noite comum de sexta-feira. Eu obviamente não poderia parar em casa, na verdade eu estava bêbado desde quarta à noite, mas isso é outra história. Haviam uns caras que eu acabara de conhecer, do meu trabalho novo. Pareciam ser caretas, mas tinham boa conversa, falavam algumas merdas e sim, eu era com certeza ABSOLUTA o cara mais doido do grupo. Havia um cara, era meio que o principal do rolê todo, se chamava Juninho. Ele parecia ser o mais bêbado, e me chamou pra um rolê entre a alta classe, no bairro dos Jardins. "Bucetinhas limpas de garotas ricas... Nada mal!" pensava de forma inocente, ai como eu sou um cara ingênuo, achando que essas bucetas são mares de alcool em que se entra sem ao menos ter um barco! Mas eu não sabia que essas bucetas são carissimas e que não basta falar meia dúzia de groselha pra foder... Enfim, marcaram um rolê de burguesia, pensei "caralhos, claro que vou!" mesmo sabendo que tudo lá dentro seria caro pra porra.

Chegamos no tal local. O que me foi prometido era o seguinte: vai ter um grupo de pagode, dps DJ de eletrônica, depois dupla sertaneja e por fim um sonzinho black. Parecia suave "se eu beber bem no pagode, o resto eu encaro com uma mão nas costas" pensei, sendo ingênuo de novo, que caralhos, parece que tenho malditos nove anos de idade! Pois bem, entramos no rolê, eu, é claro, fui direto no bar. Analisando o custo benefício dos drinks, verifiquei que eu teria que beber absinto. Estava tudo caro pra caralho, acho que os donos achavam que o maldito dinheiro dava em porras de árvores, assim como o corrimento dá em bucetas de putas. Mas não era assim, pois rico certamente eu não era. Pois bem, me meti direto no absinto. Estavamos em seis, sempre tem o grupinho da brejas, não os condeno, mas penso que balada precisa de algo a mais do que breja. O pior foi um tal de Fabinho, que pediu uma maldita garrafinha de Smirnoff Ice. Eu não controlei meu riso, foi algo espontâneo, tão espontâneo quanto uma gozada precoce no rabo de uma puta rabuda! Saiu como água aquela merda de riso (assim como sai como água a porra no rabo de uma puta rabuda).

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
- Que foi mano? - Fabinho deu de louco e perguntou.
- Cara, cê tá bebendo Smirnoff Ice mano! Que coisa de viado, sem maldade - sempre uso o "sem maldade" no final.
- Man, é o que eu curto. - ele retrucou.
- Paaaaraaaa mano, seu fígado é de apartamento! - eu disse com um ar de deboche.
- Cê nem me conhece mano, fica na sua - ele foi agressivo.
- Bom, verdade, nem te conheço, mas ao menos sei o que você bebe... - aí comecei a pagar de bêbado chato - bate aqui no meu fígado! Bate! Essa porra foi criada nas ruas, bebe qualquer coisa! De brejinhas a alcool Zulu! - levantei o copo de absinto e dei uma golada.

Ele me olhou feio, até porque todos riram dele, mas ele tinha que ter vergonha e enterrar sua cara na areia, afinal Smirnoff Ice é bebida de mulher ou de viado, e ele não me parecia nenhum dos dois (a não ser que fosse viado né?).

O show de pagode prosseguia sendo um lixo, mas eu tentava curtir, de verdade, tentava mesmo. Nós pouco nos falávamos, haviam os caras nas brejinhas, o viadinho na Smirnoff Ice e eu no absinto. Me incomodava PRA CARALHO o vocal do grupo ficar dando discurso, entre músicas ele filosofava e isso me roia os culhões, de verdade. Eu mandei ele tomar no cu, se foder, parar de falar, calar a boca, mas ele parecia mais interessado em groselhar pra pegar as vadias de lá. Falando em vadias, eu juro que tentei chegar em uma ou outra garota do rolê, mas isso era impossível. Percebi que os caras que pegavam alguém era porque eram bombadinhos, burros (me desculpe o preconceito, mas não consigo pensar diferente) e ficavam elogiando aquelas putas por pelo menos 30min. e isso eu não faria mas NEM FODENDO sim, NEM FODENDO MESMO que eu iria groselhar tanto por uma boceta! Nos meus outros rolês era bem mais simples, só chegava com a barba fedida e elas caiam em cima de mim como se eu fosse um maldito bolo de dinheiro sujo! Mas lá elas gostavam de ser paparicadas e eu, honestamente, queria que elas se fodessem, e nem passava mal de pensar nisso, se elas morressem seria excelente, mas eu sabia que morrer não iriam (acho né) e por isso eu ria dos bombados que davam em cima daquelas vagabundas em troca de beijos fáceis e quem sabe uma noitada numa boceta.

Pois bem, graças aos bons deuses o show de pagode acabou, eu estava já na minha dose X de absinto (na verdade nem lembro que dose eu estava), e começou o show de eletrônica e eu me divertia bem mais. A música era ainda um lixo, mas era com certeza melhor do que pagode, e mil vezes certeza que era melhor do que os discursos do filho da puta pagodeiro. Eu bebia absintos e me sentia bem, mas ainda não estava do jeito que eu achava que o rolê deveria estar "caralhos, já que estou aqui, que continue bebendo!" eu pensava e bebia absinto puro, e repito, o FILHO DA PUTA ainda bebia Smirnoff Ice, e isso me incomodava. Pensei em mandar ele tomar no cu, mas me segurava.

O eletrônico acabou mais rápido do que acaba minha vontade de parar de beber, e eu esperava agora o sertanejo "minha chance de furar essas bucetas burguesas" pensava com um sorriso nos lábios, já meio moles e um absinto na garganta. Mas para minha surpresa subiu outro grupo de pagode, que, eu juro, TOCAVAM AS MESMAS MÚSICAS DO GRUPO ANTERIOR!  E não bastava só isso, o inferno parecia ser um lugar bom perto daquele rolê lixo, sim, isso porque o vocalista TAMBÉM FICAVA GROSELHANDO ENTRE MÚSICAS e por mais que eu mandasse ele calar a boca e se foder, ele continuava naquele rito de merda, e sim, pensei em ligar para o meu pai, iria pedir pra ele colar no rolê e me estuprar, e depois eu estuprava o cu peludo dele, e a gente revezava, ele me comia, meu cu, ainda peludo e eu comia ele, porque isso me parecia ainda melhor do que estar ali naquele momento!

Não resisti e pedi arrego. Não sou de arregar rolês, mas realmente estava foda aquela merda toda. Me despedi de todos, dei um tchau geral pras putinhas burguesas atenciosas por atenção e fui pra minha casa, onde TOCA O QUE EU QUERO E EU QUE FAÇO AS PORRAS DOS DISCURSOS!

Zaratustra

Is this the end???



O gosto de cal persistia na minha garganta, meus dentes estavam moles haviam malditos três longos dias, e sim, ainda estava deitado no sofá, em estado de pós-depressão de cocaína.

Eu bebia, sim, bebia, e assoava o nariz de forma furiosa. O sangue escorria, descia, passava pelo bigode, me sentia encruzilhado, mas a veia que estourava no nariz ainda tinha suas necessidades (como mandar uma cocaína, mas manterei segredo até a primeira dama descobrir, o que será rápido, uma vez que ela pegou uma linha em cima de um espelho e você disse que era só um reflexo empoeirado de ti!)

Eu lembro de que toda cocaína que eu cheirava, eu ainda tinha boas ideias. Era 1.5g que dava pra uma hora. Eu cheirava 15 malditas linhas em uma maldita hora! O coração disparava, era doido. Socava a parede, gritava, gemia e sim, ainda bebia. A cara pesada pelo alcool, a arcada dentária danificada pelo pó, me trancavam e eu estava bem ali, trancado.

Gastara cerca de 30 reais ao dia, não era muito, mas garantia minha estadia no inferno. Me afastei de tudo e de todos, família, amigos, conhecidos... Honestamente, foi como se eu tivesse morrido, dei perdido em todos. Inventava boas mentiras, dizia que não poderia ir aos nossos encontros, por qualquer motivo vazio de merda, e não restava nada mais pra eles, além de acreditar e pararem de falar comigo.

Até insistiram, no começo, mas eu conheço o ser humano, sim, apesar de toda a cocaína no meu cérebro e sangue, eu sei que o ser humano desiste das coisas mesmo sendo família ou amigos, pois na real, nenhuma vida é mais importante do que a sua própria.

Cheirava 15 linhas de manhã, o coração disparava, o nariz escorria muito, eu batia na parede e gritava. Bebia meio litro de vodka, logo depois, após isso, o coração acalmava. Dormia pelas tardes e a noite repetia o processo.

Era um bom nível de morte ao dia, todos os dias "3g de coca e 1 litro de vodka todos os dias... Is this the end???" eu me perguntava, mas eu sabia que morrer eu não iria. Sofria, chorava, xingava, mas a morte infelizmente não iria vir. Eu admirava aquelas linhas sobre meu caderno, sim, o mesmo caderno em que eu escrevia minhas coisas tristes outrora. Colocava a garrafa de vodka no fundo, olhava, ria e caia na cama, chapado, e digo, a pior parte era não sentir os dentes. Passava a língua e nada, assoar o nariz e sair sangue ok, mas não sentir os dentes era uma merda!

Me isolara faziam uns 4 longos meses. Todos haviam sumido. mas na real, eu estava bem acompanhado. Cocaína, vodka e boa música. O nariz sangrava, os dentes dormiam, o fígado gorfava e chorava, mas ainda estava melhor do que acompanhado dos hipócritas filhos das putas!

Zaratustra

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Gorfo no rosto e briga!



Eu tirava aquela meleca do nariz como se fosse um maldito esporte olímpico, construia pequenas bolinhas, atirava elas para o alto, na verdade sem me interessar aonde cairiam. Sim, meu dia estava realmente bem entretido, o tempo passava de forma tranquila. Senti que a vodka do dia anterior havia batido no meu estomâgo de forma implacável, sabia que ia dar uma das cagadas moles e que federiam o meu banheiro. "Coitada da empregada, coitada!" pensava, tinha pena da dona Lourdes, mas pensava nisso e corria ao banheiro, já abaixando as calças, óbvio, sentindo que aquela merda iria escapar a qualquer momento do meu cu. Foi Deus, sim, passei a acreditar em Deus por um momento, pois logo que sentei na privada não consegui segurar, e aquela merda saiu feito água, meu cu parecia umas cordas vocais, as pregas tremulavam como bandeiras em dia de muito vento, e saia aquela merda como se fosse um espirro sujo. "Ahhh, bem melhor", senti a barriga mais leve, me senti aliviado, apesar que depois desta cagada, senti uma assadura no cu pesada. Para melhorar a assadura, resolvi entrar no banho "Já que estou aqui, porque não?" E entrei no maldito banho. Meu estômago ainda chorava, mas eu sabia que merda não sairia dali. Limpei muito bem o corpo e ainda melhor o cu, para evitar qualquer tipo de assadura incômoda que iria me foder por dias e mais dias.

Estava completamente limpo e com o estômago pronto pra mais um porre. Não tinha ninguém a fim de sair naquela quinta feira a tarde, uma vez que estavam todos nos seus malditos empregos e somente eu mamando nas tetas do governo, vivendo de seguro desemprego e na maciota. Coloquei um jeans preto, uma botina meio de rock e uma camisa do Megadeth. Decidi sair de casa, rumo a um boteco qualquer que tivesse aberto e tocasse uma boa música brega.

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Andei por uns bons 20 minutos "ainda bem que limpei bem o cu, senão a assadura estaria fodida", pensava enquanto puxava aquele cigarro bem pra dentro do pulmão. Cheguei num lugar que estava tocando Amado Batista, haviam somente pessoas feias lá dentro. Percebi que ali seria um bom lugar para tomar meu porre e poder cagar mole no dia seguinte. Me sentei no balcão e fui um pouco canalha com a atendente de belo rabo que lavava copos por ali.

- Chuchu, me dá uma Skol? - pedi, sorrindo e piscando o olho direito pra ela.

Ela, emburrada, colocou a garrafa e o copo em cima da mesa, me olhando com cara de desprezo. Pensei que eu nem queria aquele rabo maravilhoso dela, estava de boa, e me servi, colocando um pouco do líquido da garrafa no copo e matando tudo numa única golada. Servi outro copo e fiquei observando o movimento no bar. Tudo parecia bem tranquilo, bem tranquilo mesmo. Passava jogo de futebol, acho que era Liga Europa, e sim, um infeliz ainda ouvia Amado Batista, acho que aquele filho da puta tinha a discografia inteira daquela merda! Mas sem estresse, bebericava minha breja e estava na maciota mesmo.

Um sujeiro mal encarado entrou no bar e sentou do meu lado no balcão. Era um cara do norte, com orelhas de abano e rosto bem feio mesmo, mas parecia bom de fígado.

- Uma dose de pinga pura! - ele exclamou, apontando pro balcão em sua frente.

A atendente de belo rabo atendeu ele, colocou uma dose de 51 pra ele, e estava menos emburrada, talvez porque ele tivesse quase dois metros de altura e fosse bombado, mesmo que fosse feio pra porra. Mas a última coisa que eu iria me importar era isso, ela que dê mole pra quem a buceta dela piscar, estava de boa. Eu bebia minha breja, ele a sua pinga e o ecossistema parecia bem heterogêneo com isso tudo, estava tranquilo com a situação toda.

Acho que aquele filho da puta estava já no seu copo de número 11, era coisa pra porra, e eu, como bebia de forma tranquila, estava na minha nona garrafa de breja. De repente, como se fosse no filme exorcista, eu vi que o grandalhão ia gorfar. De ínicio, ele colocou a mão na frente da boca... Depois ele virou em minha direção e liberou todo aquele líquido que cheirava a cachaça bem no meu rosto! O instinto me fez limpar um pouco com a língua, mas senti que isso era nojento, e que eu ia acabar gorfando também, por isso parei com esse ato degradante. Peguei um guardanapo, tentei limpar o rosto enquanto ele limpava a boca gorfada com as costas da mão. Mas não adiantou, eu estava um traste de nojento, pra sair o cheiro daquilo da minha roupa e do meu rosto demorariam dias! Sem muita conversa, me levantei, peguei ele encurvado limpando o gorfo e dei um soco potente de baixo pra cima  no seu queixo. Ele, já tonto, caiu no chão.

Foi quando ele ficou de pé que percebi a merda que eu havia feito. Aquela porra era enorme, certamente me quebraria em dois, fácil fácil... Me praparei para o pior. Ele segurou minha cabeça e começou a me socar no nariz de forma bem violenta. Já no terceiro soco eu senti a minha veia nasal estourar, e no quarto soco o sangue chegou na boca e pude apreciar seu sabor. Depois de apanhar muito na cara, consegui me desvencilhar dele, e como um ninja lhe disparava socos no estômago e esquivava os golpes dele. Mas parecia que por mais que eu batesse nele, nada fazia efeito. Tive azar de ele acertar dois socos certeiros no meu estômago. Senti o sangue subir, passando pela minha garganta e sendo cuspido por mim no chão daquele bar brega, que aliás, agora, tocava Waldick Soriano. "Desisto, vou morrer assim" pensei e tentei escapar. Mas o grandalhão me segurou pelas pernas, me derrubou no chão. Estava de bruços, achei que aquela porra ia me estuprar, e sim, eu sei que meu cu não ia sobreviver depois de um estupro daquele. Mas ele resolveu socar minhas costas. Eu ainda cuspia sangue quando consegui rastejar pro lado de fora do bar. Caí como um saco de bosta na calçada, achei que ele ia me pegar de novo, e estava certo, mas uma voz salvadora me ajudou.

- Deixe ele pra lá, continue bebendo!

Era a atendente do rabo bonito. Ela havia me salvado, com certeza. O grandalhão pediu mais uma dose de cachaça e me deixou fugir, ao menos minha dignidade ainda estava intacta, meu cu ele não tinha comido e pra mim estava bom assim.

Me arrastei na calçada até o fim do quarteirão, deixando um rastro de sangue, vindo do meu estômago e dos meus dentes, que sangravam mais do que mulheres de chico. Com muito esforço me levantei, consegui andar com muito sacríficio de volta pra casa. Entrei, tomei outro banho, estava realmente fodido! Não parava de cuspir sangue! Abri a geladeira, peguei uma breja, engoli rapidamente, senti o gorfo vir, mas senti alívio nos dentes "ao menos os dentes parecem melhores" pensei e bebia mais. O que me recordo depois disso foi ter acordado no meu sofá todo ensanguentado. Percebi que era melhor deixar as pessoas gorfarem em mim daquele momento em diante.

Zaratustra

terça-feira, 16 de abril de 2013

Estresse, discussão e "a culpa é do alcool"



Não sei exatamente porque eu insistia em me meter em festas, em eventos sociais, em relacionamentos. Estava difícil de compreender o porque eu fazia isso, uma vez que eu não estava a fim de falar com ninguém, eu já não via sentido algum em me preocupar com as pessoas, e muito menos ter algum tipo de afeto. Parecia que eu vivia 24hs na falsidade, e isso me irritava, me rasgava os culhões. Eu prefiria ficar deitado na minha cama o dia todo, olhava para o teto e ficava ouvindo música. Às vezes eu lia alguma coisa, mas claro que não lia essas coisas falsas, somente as verdades de Ernest Hemingway, Charles Bukowski, William S. Burroughs entre tantos outros.

Mas como eu era um COMPLETO IDIOTA, eu insistia em me manter informado, entrava na internet, via sites de notícias, redes sociais, enfim, de uma certa forma eu ainda me mantinha informado sobre o ser humano e sobre tudo o que ele pensava e/ou fazia. Mas pra que, CARALHOS, pra que!? Se eu ficava somente cada vez mais e mais estressado com aquela merda toda. "Se o jeito é esse, vamos tentar sermos melhores né, vou dar soco na faca de ponta até essa merda quebrar!" insistia, repito, insistia em respirar o ar da falsidade. Tocava O Pouco que Sobrou do Los Hermanos

Eu não sei por onde foi
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar
O pouco que sobrou
Eu tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
E a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé
Me abandonou

Uma das manchetes falavam de mais um atentado terrorista que assolava os Estados Unidos. "Toda essa comoção, fotos de pessoas chorando, pêssames nos jornais, homenagens, investigações do FBI e o caralho todo, por mortos? Os Estados Unidos só pagam o preço de quem tem muito dinheiro, a falta de segurança! Oras, eles foram filhos das putas o século passado inteiro, agora estão colhendo os frutos por isso porra! AHHHHH!" Eu respirava fundo, mas o estresse não passava. Eu sabia que eles mereciam aquelas mortes, na verdade eles mereciam mais e mais mortes, de preferência queda de aviões, atentados em lugares da alta classe, em que morresse muita gente rica, bem rica de preferência, sim, no Brasil morrem centenas e centenas de pessoas nas favelas e todo mundo acha que estão morrendo somente bandidos, mas como já dizia Lênin, o verdadeiro ladrão não é o que rouba o banco e sim o que abre o banco. E sim, eu preferia que morressem 220 loiros de olhos claros com sobrenomes estrangeiros e pomposos em atentados terroristas em aviões, ainda mais nos Estados Unidos, que mataram tanto em guerras, como Golfo, Iraque, Afeganistão, Vietnã e a Segunda Mundial, do que morrer aqui no Brasil um monte de Silva que vivem entre os ratos e o esgoto a céu aberto e que, se fumam crack e cheiram cocaína e roubam pra sustentar o vício, com certeza é o menor dos culpados disso tudo.

Naquele dia eu tinha que sair, tinha uma "festa" vamos dizer assim, que não podia recusar. Tive que deixar meu estresse de lado e ser falso por mais algumas horas, perguntar pras pessoas se elas estavam bem, sendo que na real tanto faz, na real se elas estivessem todas mortas, ou com cancêr, ou com AIDS, ou viciadas e sem perspectiva, sem dentes e cegos, isso pra mim era realmente indiferente, eu não sentiria tristeza, muito menos pena. Seria pra mim um dia comum, como todos os outros. Pois bem, tomei meu banho, dei uma cagada meio parada, quieta, mas ainda assim importante. Demorei uns bons 20 minutos no banho, ainda irritado com a atenção que um maldito atentado terrorista tem! Me vesti com uma camiseta de uma boa banda, Judas Priest, na real eu não era muito fã, mas merecia respeito. Saí e fui rumo ao local da "festa", que ficava a uns 15 minutos a pé do meu ap ali na Alameda Santos. Ah sim, antes que me esquecesse, levei uma garrafa de vodka, Orloff.

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Cheguei no local da "festa" sim, sempre com as aspas, uma vez que era mais uma reuniãozinha mesmo, nem música tocava. Mal cumprimentei o anfitrião e fui direto pra cozinha. Eu precisava beber. Nos últimos tempos estava bebendo pouco, e talvez por isso estava estressado. Na cozinha tinham várias garrafas de vodka, algumas de Contini e uns refris, além de incontáveis brejas. Me servi de um drink composto por 70% de vodka e 30% de Contini, além de pegar uma latinha de cerveja. Decidi que ia beber aquilo a noite toda, sempre que eu pegasse um drink, seria a combinação dessas três coisas. Ainda na cozinha fui abordado por um amigo meu

- E aí Carlos, como você está mano? - Luis perguntou meio sério.
- Eu estou bem mano, bem... Cê tá sério mano.
- Nada, é falta de alcool hahaha
- Ah sim. Pois beba então, porra! - eu disse levantando o copo e a lata pra cima
- Demorou, caralhos!

Luis montou um drink de vodka com coca (na real tinha mais coca naquilo), ele estava na maciota, estava tentando largar a cocaína e sempre que ele bebia muito ele cheirava muito e isso deixava ele mal depois. Eu até brincava com drogas, já brinquei de forma errada e irresponsável, mas estava há um mês limpo e me manteria, não estava bem pra mandar uma linha naquele dia, eu sei que ia só me estressar mais. Enfim, fomos pra sala, aonde rolava umas conversas chatas. Eu honestamente só observava tudo e de tempos em tempos ia pegando o meu "drink" na cozinha.

Já era a sétima vez que eu voltava da cozinha com um copo na mão e uma breja em outra, mas ainda me sentia bem, sim, estava meio tonto, isso é óbvio, uma vez que estava ingerindo alcool caralhos, era impossível ficar 100% sóbrio! A discussão na sala dessa vez era sobre amor, e repito, SOU UM COMPLETO IDIOTA, só pode, pois insisti em abrir a boca e me arrependi profundamente.

-Ahhh os homens hoje em dia são foda... Não acho um que presta hihihi - Renatinha disse inconformada, mas com um risinho no final
- Que isso, as minas que só ficam com os babacas - Luis, estando sóbrio, disse.
- Os que prestam estão namorando! Aí fode tudo né meu?! - Valéria participava da conversa.
- Eu presto! Sou um cara bacana, que trabalha e razoavelmente bonito hahaha - Luis disse com um ar de garanhão.

Eu ainda assistia a tudo, com um sorrisinho no rosto e bebendo, sim, eu bebia pra ver se aquela porra começava a fazer algum sentido, mas não, ainda não fazia sentido algum. Eu viajava em pensamentos, acho que eu preferia estar em casa lendo Hemingway, bêbado, ouvindo uma boa música e depois escrevendo groselhas e pensamentos. Mas enfim, estava ali, me restava ao menos beber!

- Ahhh, mas você é meu amigo, seria no mínimo estranho hihihi - Valéria disse com um ar de friendzone.
- Caralhos... por isso que tá foda hahaha. Friendzone! - Luis levou na brincadeira, mas eu sabia que aquilo havia irritado ele.
- Concordo com a Valéria hihihi - Renatinha disse com um ar de friendzone também.
- Posso falar o que eu acho? - eu disse, já pensando "Carlos e suas ideias de gênio..."
- Fala aí mano! - Luis me incentivou, dando tapinhas nas minhas costas.
- Vocês perceberam a falta de sentido nisso tudo? Perceberam o quanto isso é inútil, o quanto discussões como essas não fazem sentido algum, que por mais que discutamos isso, as coisas vão ser sempre iguais? O fato é que as mulheres reclamam dos homens, os homens reclamam das mulheres, e ninguém mais fica sério com ninguém, na real por medo de não dar certo e se frustrar e ficar chorando de noite e depois ter que beber pra esquecer, e medo de perder a sua liberdade, medo de não poder ficar com qualquer bêbado ou bêbada por aí.

Eles olharam estranho pra mim, mas já que havia aberto a boca eu não ia parar mas nem fodendo, estava desabafando.

- O que quero dizer é que as mulheres sempre vão ficar sim com os babacas, pois elas gostam de quem as despreza, e esses são os babacas, e os garotos bons, que prestam, como o Luis aqui - dei um abraço lateral nele - vão sempre gostar de garotas razoavelmente bonitinhas como vocês duas, e vai gostar mais ainda porque não conseguem pegar. Mas uma garota mais feia, caras bacanas como o Luis - dessa vez só apontei pra ele - não querem nem fodendo, portanto, sempre vai ter alguém reclamando de amor. Pra que tentar ganhar um jogo que se perde sempre? Amor não vale a pena!

Respirei, dei uma golada forte na breja, matei a latinha, amassei ela e atirei ela no chão de forma violenta. Matei o copo quase cheio de vodka com Contini, decidi que ele eu não ia atirar, os cacos poderiam voar. Me olhavam perplexos, mas na real aquilo não me incomodava nada.

- Acho que você bebeu demais Carlos hihihihihihi - Renatinha não levou nada do que eu disse a sério.
- Brother, cê tá ruim ein hahahahaha

Valéria me olhou rindo e também concordou com os dois. Percebi que era melhor ter ficado quieto, uma vez que a minha verdade é a mentira deles. As pessoas são hipócritas porque querem, e não porque são ignorantes. É mais fácil discutir as coisas que não tem solução, que não mudam nunca, como os relacionamentos, de uma forma hipócrita. Não podia culpar eles, o errado ali era somente eu. O que me restava era ir pra casa, e foi isso que eu fiz.

- Hahaha verdade, acho que eu bebi demais. Melhor ir pra casa. - eu disse, me despedindo deles.

Cheguei em casa, joguei a roupa pra lavar, fiquei somente de cuecas, montei uma dose de vodka com coca, acendi um cigarro, liguei o som, ainda tocava o album Ventura dos Los Hermanos, agora tocava De Onde vem a Calma. Ri da ironia do nome da música com a situação toda, deitei na cama e me senti aliviado e vivo de novo!

Zaratustra

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Transa com a mulher em apagão



Era uma maldita quinta-feira em que eu estava entediado em casa. Não tinha nem ânimo pra beber, muito menos pra fumar. Simplesmente assistia qualquer merda na TV (acho que era futebol, sempre vejo futebol quando nao quero pensar). Meu telefone tocou, atendi com a esperança de um jovem virgem quando vê os peitos da sua namorada de quinze anos e acha que vai alcançar a buceta.

- Opa e aí Renatinho!
- Fala Carlos, beleza?
- Beleza mano, beleza... Que que cê manda?
- Esquema! Hahahaha brinks brinks... Mas na real queria ir pegar um esquema. Vamos?
- Claro! - disse entusiasmado.
- Me encontra no lugar de sempre.

Coloquei uma roupa qualquer e fui correndo ao ponto de encontro. O esquema seria todo pra ele. Ele estava com 100 reais nesse dia, disse que precisava de droga pros rolês de sexta e sábado. Eu iria só fazer companhia. Chegamos no tal lugar marcado, fomos direto na biqueira. Encontramos lá um outro amigo (isso é recorrente pra viciados como nós hahaha), era o Alberto, conhecido como Beto.

- Porra Beto, e aí?! - dei um abraço efusivo.
- Carlos, o louco! Como cê tá mano? Suave? - ele retribuiu o abraço.
- E ai mano, beleza? - Renatinho foi mais frio e só deu um aperto de mão.

Eu era mais porra louca, chegava em todos cumprimentando e abraçando e estava de boa nisso, talvez fosse um cara mais efusivo. Falamos com Beto que íamos comprar umas paradas, mas ele disse que tinha achado um outro pico, que a parada de lá era melhor. "Oras, compremos de lá porra!" pensei.

- Só que lá tenho que ir sozinho... Quantos que vocês precisam? - ele perguntou
- Precisamos de 15g.

Beto nos olhou perplexo. 15g era coisa pra caralho, entendi o motivo do susto dele.

- Cara, se a policía me pega com 7g já sou preso... Imagina com 15! Cês tão loucos!
- Mas precisamos mano! É pra dois, se pá três dias de rolês! - Renatinho já acendia seu cigarro atônito, enquanto eu falava com Beto. - Ajuda nóis aí irmão!
- Beleza, mas se der merda eu entrego você Carlos! Foda-se!
- Relaxa, coloca meu nome na boca da porra do sapo, tô de boas mano!

Beto se ausentou, com malditos 100 reais no bolso. Ficamos aguardando, eu e Renatinho. A demora de Beto nos incomodava, mas tentávamos passar tranquilidade. Enfim, depois de longos 30 minutos eu vi ele descendo o morro. "Ao menos vivo ele tá" pensei aliviado. Ele chegou bem próximo e disse.

- Quem vai levar a parada?
- Cê leva Carlos? - Renatinho me perguntou com cara de medo.
- Eu levo! Suave! - respondi solícito.

Beto me entregou um maço de cigarros, era daquele cigarro Red, paraguaio, mas dentro do maço haviam 15g de cocaína. Uma quantidade que daria tráfico, no mínimo, eu ficaria com a minha ficha suja pra sempre, se me pegassem, mas estava de boa.

Nos despedimos de Beto, eu e Renatinho acendemos um cigarro e fomos tranquilos pra casa (ao menos eu fui tranquilo).

Em casa, resolvemos experimentar a parada nova. Mas antes, íamos chamar a garota mais doida da cidade. Seu nome era Letícia, era linda, corpo escultural, bela bunda e seios na medida (o que mais uma mulher precisa ter né?) e curtia beber muito. Na real, qualquer homem comeria ela, mas ali entre amigos ela sempre se fazia de difícil. Anyway, chamamos ela como amigos mesmo, porque sabiamos que ela curtia mandar um esquema pra fuça, até o fim do nariz.

Ela chegou, e chegou causando.

- Cadê a vodka caralho!? - ela gritou
- Cê tá bêbada né Letícia? - eu perguntei já sabendo a resposta.
- Nem nem, tô suave - ela mentiu (que é o que os bêbados fazem!)

Montei três carreiras das gordas. Mandamos. Eu bebia devagar, Renatinho também, e ainda tinha um outro amigo, o Augusto, que bebia só brejas. Mas a Letícia estava alterada, ela bebia sem parar o tempo todo, e isso preocupava a todos. Diabos, ela sempre bebeu bem, mas naquele dia havia algo errado.

Não sei se a droga era forte demais, ou se a vodka bateu errado, mas a Letícia precisava da ajuda do Augusto pra ir no banheiro, e porra, nunca havia visto ela daquele jeito. Eu estava de boa, bebia a vodka, cheirava minha parada, mas como sempre fiz. Meus efeitos colaterais eram ficar de pé e fazer um monte de planos (me sentia o maldito super-homem) e Renatinho também. Só nela que havia batido errada a tal da parada, que aliás, era amarela, só por curiosidade.

Mandamos 1.5g sozinhos, eu precisava de mais, porra, eu sempre preciso de mais, que caralhos! E Leticia também, e Renatinho também e caralhos, quem em sã consciência ia dizer "estou cheio" e perder aquela parada monstra daquela biqueira nova. Eu tinha ainda muitos cigarros e ao menos 5 garrafas de vodka. A noite seguia muito bem, eu estava bêbado e cheirado e não precisava de mais nada pra tornar a noite mais agradável, estava bem feliz, acho que eu tinha descoberto como compensar ausência de família e de felicidade, mas a noite é uma criança e me reservava coisa pra porra.

Leticia estava alterada. Já tinha ido ao menos umas 2.2g entre nós três e as doses de vodka, isso não consegui contar, sim, não consegui, porque aquela puta bebia como uma esponja, eu só via ela empilhar a garrafa vazia e abrir outra, acho que pelo menos umas 8 doses de vodka pura aquela porra tinha tomado, e eu não controlava, "não sou o pai dela caralhos!" pensava e bebia na maciota, Renatinho também, ele só bebia breja na real.

Num determinado momento, Letícia partiu pra cima de mim. Sei que ela pediu pra eu colocar as mãos nos peitos dela e diabos de novo, "seu desejo é uma ordem!" pensei, já colocando as mãos, vindo de baixo e indo pros mamilos e brincando com os mamilos. Fomos pro meu quarto, tentamos transar, estava foda, (literalmente hahahaha) mas sim, meti meu pau lá dentro e bombeei um pouco, isso contava. Paramos, mandamos mais uma carreira e tentamos de novo, mas aquela maldita cocaína não me deixava gozar. Sei que transamos mesmo por uns 10 minutos. Renatinho e Augusto ficavam longe de tudo e me davam a chance de uma boa foda.

Ela ainda bebia feito uma esponja. Lembro na última linha, ela não ficava de pé hahahaha, a minha eu mandei de bouas. Ela cambaleava na cadeira, e eu puto.

- Não vai espirrar sua puta do caralho!
- Relaxa relaxa, sem espirros - ela argumentava.

E realmente não espirrou. Sei que Renatinho tinha que guardar o resto pro rolê dele, de sexta e sábado, ainda haviam 8 capsúlas de 1.5g, acho que pra ele estava de boa, mas a noite já tinha válido a pena. Todos foram embora, inclusive Leticia, que eu tinha certeza que não se lembraria do que havia acontecido naquele dia, e sim, de fato não se lembrou, e ainda ficou tímida com a merda toda! Eu, eu fiquei em casa, rindo sozinho por ter o cheiro da buceta dela ainda na minha mão (culpa de uma siririca que fiz nela) e na minha lingua (culpa de um oral que fiz nela). Sabia que não ia dormir mesmo, lavei a louça, limpei a casa e fiquei vendo futebol na TV (que é o que assisto quando não quero pensar) e sim, não queria pensar em nada naquela hora a não ser na buceta da Letícia!

Zaratustra

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Traste louco entre o fim e o recomeço



"Blarghhhh" Aquele vômito acertou bem em cima do meu pé
"Agora vou melhorar" pensava, mas estava errado
Estava tonto, isso com certeza

Andava pela rua
Me encostava nas paredes
Às vezes caia no chão
Me levantava, e seguia andando
Não sabia pra onde ia
nem de onde estava indo
Ia encurvado, me encostando nas paredes

"Blarghhhhh" Vomitei de novo no meu tênis
"Merda" limpei a boca e respirava aquele gorfo

"Maldito traste que me tornei, maldito" pensava
Estava na transição
Ou eu saia dali ou eu ficava até morrer
estava entre o fim e o recomeço

Deitei no chão mesmo, sem pena
Peguei uns cacos de vidro
Mastiguei, tomei mais uma dose
Era só alcool puro, 92% de alcool
"Entre o fim e o recomeço? Vamos pro fim"
pensei

Mas sabia que não ai morrer
No fim foi só um cochilo
Boca cortada, mas o alcool aliviou

Traste, traste, traste, nada além disso
Nada além disso!

Zaratustra

Uma obra-prima rejeitada!



Tava um frio da porra, e eu vi que já era de noite, quando abri os olhos com aquela dor de cabeça fodida dos infernos. Minhas costas também doiam pra caralho "excelente Carlos, excelente, dormindo no chão de novo!" resmunguei e com muita dificuldade me levantei, cocei o cu, fui rastejando em direção à cozinha, chutei uma garrafa vazia de vodka que estava no chão, praguejei, meu dedinho doeu também na hora. Olhei o relógio, ele marcava 18h27, eu tinha que correr, tinha uma reunião marcada com meu agente.

Naquela altura eu era um escritor em decadência, tinha já 29 anos e só um livro de grande sucesso, intitulado "Flores de inverno" Era um romance idiota, desses que vendem, romântico pra caralho, e as minas gostaram. Na época eu fodia muita mina e ganhei um bom dinheiro, mas ultimamente eu havia mudado meu estilo. Tinha uma obra-prima, mas era extremamente suja, recheada de palavrões e perversões sexuais, mas era o que eu vivia, e o que eu gostava de escrever. Enfim, estava falindo, no ínicio eram vodkas caras e whiskys, agora era Balalaika e olhe lá!

Tomei banho, me ensaboei duas vezes, faziam uns 4 dias que eu não tomava banho "pra que tomar banho se não vou sair de casa né?" e estava com a pele oleosa e tinha uma crosta de sujeira. Saí de lá regenerado, estava beeem limpo. Coloquei uma camisa velha do Iron Maiden, dos tempos de adolescência ainda, um tenis surrado e uma calça jeans, igualmente surrada. Fui na geladeira, peguei uma breja, acendi um cigarro e saí de casa, em direção ao boteco Esquema. Isso já eram 19h, estava atrasado.

Cheguei no local, avistei de longe meu agente puto, provavelmente com o meu atraso... Mas eu estava de boa, somente 32 minutos atrasado. Sentei, acendi um cigarro e tomei a dose dele, desceu como vodka mas eu sabia que era rum. Olhei pra ele e o cumprimentei.

- Bom dia mano...

Ele me olhou de forma perplexa, parecia não acreditar no que via.

- Carlos, tá foda. Cê nem me cumprimenta e já te vejo com um cigarro na mão e virando uma dose de rum. Fora que parece que você acabou de acordar, está com uma cara horrível.
- Fumei porque sou fumante, bebi porque sou alcoolatra e se você não gosta da minha cara, me paga uma plástica chuchu - sorri canalhamente e passei minha mão no queixo dele.
- Cê tá um traste, por isso que tá em decadência! Precisamos de um novo "Flores de inverno", precisamos fazer dinheiro! Para de beber tanto e começa a escrever como um profissional, ao invés de só groselhar por aí! - ele estava mesmo puto com tudo.
- Calma, mano... Calma. E aquele livro que eu passei pra você? Aquilo é uma maldita obra-prima! Já começa pelo título "Entre HPVs, vodkas baratas e drogas" - dei um gole que matou a dose de rum.
- Ahhh sim, isso vende pra caralho né?! É claro que esse lixo que você chama de livro foi rejeitado né Carlos! O que vende é amor, paixão, suspense... Os best-sellers estão falando de mulheres carentes que se apaixonam por caras ricos, e você no seu lixo, que você chama de livro, só fala de noitadas com putas, porres de vodkas, vômitos e drogas... Tem um conto que cê fala que cheirou fluoxetina! Porra!
- É ficção mano, essa com certeza é (apesar que nem tudo era mentira no livro, mas isso era!). Ou, as pessoas tem que abrir mais a cabeça! - traguei o final do cigarro e pedi pro garçom uma dose de vodka pura, da mais barata claro.
- Carlos, imagina um adolescente, imagina se um adolescente compra seu livro. Um rapaz de 16 anos, que está naquela fase difícil da vida - o garçom interrompeu, serviu minha dose - ele vai ler essa merda e vai fazer tudo o que você fala na porra do livro. Imagina os processos! - ele levantou as mãos de perplexidade.
- Bom, os pais que cuidem dos filhos! - bebi a dose e acendi mais um cigarro - Eu não vou escrever de outra coisa, que se foda. Eu escrevo a minha realidade, não vou mudar meu estilo de escrita pra agradar as pessoas e ficar rico!
- Ok, foda-se! - ele se levantou - Quer saber, você que se foda, uma hora vão te encontrar morto no seu apartamento, uma vez que você se isolou e só bebe o dia todo, e eu não ligo, cê tá buscando isso. E tá aqui dinheiro pra pagar a conta, seu traste!- ele jogou uma nota de vinte e uma de dez reais em cima da mesa e saiu.

"Cara estressado", pensei, jogando a fumaça azulada pra cima. Sim, eu não estava rico, mas ainda vendia alguns textos sujos e ainda tinha dinheiro guardado do "Flores de inverno" (pra ver como aquela merda vendeu). Terminei minha dose de vodka, paguei a conta, ainda me sobraram 6 reais. Aproveitei e comprei mais um maço de cigarro e fui pra casa, abrir mais uma garrafa e tomar mais um litro no decorrer daquela madrugada.

Zaratustra

segunda-feira, 8 de abril de 2013

As montanhas do Scarface!



O despertador me fodia com aquele "brim brim brim" maldito. Abri os olhos, mandei o despertador tomar no meio do seu cu! Era cedo pra caralho (umas 14h) e ele tocava sem querer. Abri os olhos, vi que eu tinha em cima da mesa do meu quarto uma montanha monstra de esquema... E sem aquelas viadagens de gente que pegava uma colherzinha e dava um tirinho de bicha. Levantei, com sono, é claro, e fome, mas resolvi isso numa montanha que eu tinha. Afundei ali, com tudo, afundei e respirei com tudo, sem viadagens... Puxei com tudo, sem espirrar, espirrar ou soprar era pros fracos. E metia o nariz ali e brincava!

"Caralho, os melhores 200 contos por mim já investidos!" Admirava as montanhas do Scarface, amarelas, sabia que eram fortes, mas estava feliz por pagar 10 reais em 1,5g, mesmo que aquilo fosse só xelocaína... Enfim, eu havia acordado, estava sem fome e pronto pra um belo rolê! Eram 15h de uma quinta feira...

"Pra quem ligar, pra quem?" pensava e montava mais linhas, sempre tirando das minhas montanhas amarelas, acho que a diferença dali pros Andes é que ali cê queimava o nariz e nos Andes não, mas de resto era igual... Pegava um cartão e montava umas carreiras gordas, e de brinks afundava a porra do nariz ali, e respirava fundo, como na porra de um exame médico. Liguei pros meus amigos desempregados, Luis e Fabiano, queria um rolê, sabia que não ia dormir tão cedo (malditas montanhas hahahahaha).

- Alôôôôôôô Fabiiii!!! Fala meu velho, cê tá bem? - disse, já chapado.
- Suave mano, suave... Que que você manda aí meu bom?
- Quero chapar! É isso! - fui direto.
- Cola aqui... o Luis veio também... Aquela puta da Alice está aqui também!
- Nããããão manoooo!!! Minha ex? - eu estava espantado.
- Isso, ela mesmo hahahaha - ele disse de boas.
- Caraio... Estarei aí! Precisa de drinks?
- Cara, me tráz duas garrafas de vodka... Esquema eu tenho de sobra.
- Beleza mano, abraços! - desliguei o telefone e rumei ao mercado.

Passei no mercado, comprei duas garrafas de Orloff, "menos 40 conto" mas imaginei que valeria a pena né, afinal o Luis era o mais Tamanduá de todo velho oeste, a casa dele devia estar recheada.

Cheguei na porra do rolê e ainda eram 17h, ou seja, ainda era horário comercial, mas foda-se, eu estava desempregado e queria que todo mundo fosse se foder, principalmente os que trabalhavam! Toquei a campainha e fui atendido por quem? Alice!

- Errr... Oi Carlos...
- Oi Alice - ela estava tímida, mas eu lhe beijei no rosto.
- Entra aí - ela me convidou.

Entrei, de boas. Todos me cumprimentavam, afinal, eu era Carlos, o louco, conhecia todo mundo, todos me adoravam e me elogiavam "Carlos, cê é foda... Carlos, o mito!.. Carlos, valeu naquela noite!" Eu não sabia o que aconteceu com o cara, mas agradeci o elogio.

Na sala tinha uma montanha amarela. Meu nariz coçou muito e isso me fodia, queria enfiar as narinas ali. E cheguei no Fabi, perguntei qual que era.

- E essas montanhas de Scarface mano, qual que é?
- É tudo nosso mano, os caras que tão com medinho, mas vai lá, afunda lá o nariz mano! - ele me incentivou.

Parti com tudo, como uma criança parte pra cima de uma porra de um tobogã. Mergulhei ali, respirava com tudo e me sentia feliz. Puxava aquele pó como puxava o ar pra respirar, e estava muito, mas muito de boa assim.

Alice queria me foder (óbvio), e enquanto eu me divertia ela chegou pra querer fazer um maldito de uma porra de um questionário em mim.

- Carlos, tá trabalhando?
- Não! - afundei na montanha na narina esquerda.
- E a família, como tá?
- Falo pouco com eles. - afundei a narina direita na montanha.
- Os amigos?
- De bouas!!! - afundei a narina esquerda na montanha amarela.
- E... cê tá namorando? - pergunta fatal.
- Nem nem... namoro só isso - apontei pra montanha e afundei a narina direita na montanha amarela de Scarface.

Ela me pareceu triste. Ela disse que eu tinha muito futuro, mas sabia que eu tinha trocado minha vida pelas drogas e pelo alcool. Sei que bebi uma dose grande de vodka e afundei meu nariz na montanha, aí bebi mais ainda, e bebi mais e mais e bebi muito e me afundava nas montanhas de cocaína amarelas, e estava de boa assim. Minha ex-mulher assistia a tudo, não sei se ela tinha pena ou se queria que eu me fodesse, mas estava de boa.

O Luis me olhava com ar de pena, ele estava careta. Não julgava ele, eu estava errado, mas aquela montanha não descia, e eu cheirava pra porra mas não mudava nada. Eu via Luis chegando com mais pacoteiras e jogando ali em cima, na real, aquela porra nunca ia acabar, e o povo estava careta, ou seja, só eu ia matar aquela montanha, e bebia a vodka barata e me sentia bem, mas ainda triste.

Acho que cheirei uns 10g, cai no chão e desmaiei. O Luis me acordou, falei umas paradas sem sentido.

- Mano, não paga de Whisky Ballantines! - eu disse sem saber o que dizia.

E caí de nariz na porra da montanha! Achei que ia morrer ali, porque estava caído, e ar, com certeza não entrava. Luis me puxou, me deitou, e no dia seguinte ainda tinha a porra da montanha. Cheirei de forma consciente e naquele dia o meu dente pré-molar caiu... Mas não chorei, estava fadado a isso!

Zaratustra




Brejas, peitos e quase morte



Era mais um sábado em que eu estava desempregado, em que eu bebia muito e não tinha noção do que fazia com a porra da minha vida. Até que eu tinha um bom dinheiro, amigos eu tinha também, mas ainda não estava feliz. Fazia terapia, mas ainda estava me sentindo um lixo de ser humano, e por isso bebia pra caralho, tentava esquecer do lixo que eu era. Meu nariz foi apelidado de Tamanduá Bandeira, estava realmente foda o rolê...

Havia um churrasco na casa de um amigo meu, amigo careta aliás, mas haveria brejinhas, e me senti tentando a ir lá. Sei que teria vodka, mas eu nem ia beber na real, estava careta de vodka, sabia que ia me segurar, e sim, estava me segurando, ainda mais no início do rolê!

Conheci nesse rolê - esse churras careta - algumas pessoas interessantes. Havia uma garota sensacional, chamada de "Mari". Eu sabia que não ia comer, afinal eu estava bêbado de breja, mas consegui trocar meia dúzia de groselhas com ela, ela tinha uns peitos bonitos, isso mantinha meus olhos bem ocupados na real, e sempre que dava uma golada na breja meus olhos passeavam naquele par de seios. Havia um cara gente fina lá também, veiaco já, acho que ele tinha 32 anos. A história com ele se desenrolou de uma forma foda.

O nome desse cara era Marcelo, chamavam ele de Tchello. Ele me disse que era viciado em cocaína, foi dos 16 aos 24 anos, e havia largado, me senti motivado, bem, na real, vi que eu poderia largar também... Eu e ele bebíamos brejas, o resto estava louco de vodka, e prosseguiámos bem assim, sempre, mas sempre eu dava uma olhada nos peitos da Mari, isso me fazia me sentir melhor.

Bebíamos muito, muito mesmo, eu estava alterado, a breja estava batendo errado. Saímos pra fumar um cigarro. Estava do lado de fora, fumava cigarros e bebia brejas, estava mesmo de boa, e sim, ainda olhava pros peitos da Mari, ela não bebia nem fumava, mas seus peitos me confortavam, sim, nem fodendo que eu tiraria os olhos dali.

Um amigo meu passava, coçava o nariz de forma furiosa... Era o Renatinho, "na pira, com certeza", pensei e traguei aquele Marlboro vermelho com vontade. Ele colou em mim.

- Mano, me arruma três contos?
- Pra que brother? - bebi a breja, estava suave.
- Com mais três contos eu consigo comprar uma paranga! - ele ainda coçava o nariz.
- Mas é paranga mesmo né? Não é pedra?!
- Isso, sem pedra, eu parei!
- Ótimo! Isso vai ser o melhor pra você! Eu tenho o dinheiro, mas se é paranga eu quero também... Vou lá com você!
- Demorou! - ele estava entusiasmado.
- Eu também vou! - disse Tchello de forma espontânea.

Estavámos nós três, num rolê na madruga, num lugar que não conhecíamos, loucos de brejas, e sem medo de morrer. Chegamos num lugar escondido, haviam dois caras bem mal encarados. Chegamos bem perto deles, nos cumprimentamos.

- Querem um cigarro? - ofereci o Marlboro vermelho.

Eles aceitaram, pediram pra gente ir na frente, entrar numa rua deserta, sem saída que lá no fim eles nos davam a paranga. Ok, eu e o Tchello íamos de bouas, mas Renatinho estava apreensivo... Estavámos quase entrando na porra da rua, Renatinho cochichou conosco

- Vamo embora.
- Porque? E a paranga? - questionei.
- Foda-se a paranga mano... Esses caras querem me matar... E se a gente entrar aí eles matam nós três. Melhor vazar. - ele disse da forma mais tranquila do mundo.

Tive medo na hora, até porque olhei pra trás e vi os caras mexendo na cintura, sabia que eles estavam armados, sabia que eles iam atirar na gente pelas costas, eu ia morrer de graça, pois sabia que a dívida de droga era do Renatinho e não minha. Sempre que eu comprava droga era a vista, mas o Renatinho era viciado, ele nunca pagava as pedras que ele fumava. O coração disparou, mas viramos e fugimos dos filhos das putas.

Voltei pra casa do meu amigo careta, eu e o Tchello... Olhei pros peitos da Mari, me senti vivo de novo. Sentei com eles, tomei mais brejas, matei meia garrafa de curaçau blue e depois absinto. Dormi no chão, sonhando com os peitos da Mari e não com a minha quase morte.

Zaratustra

Sem sentido #11



Encostei minha cabeça sobre o colo dela. Ela me acariciava, mexia no meu cabelo com a mão de forma leve e lenta. Senti uma gota, era uma lágrima dela, que desceu de forma tímida por aquele belo rosto... Teríamos problemas dali em diante, nossa vida nunca mais seria a mesma. Contive meu choro, eu não podia demonstrar fraqueza pra ela num momento tão difícil!

Zaratustra

domingo, 7 de abril de 2013

Boa música, bom whisky e bom cigarro!



Era mais uma tarde solitária de terça-feira. Estava em casa inquieto, resolvi começar a beber. Havia parado com a vodka, mas o resto estava ainda liberado. Dei uma passada nos meus cds, resolvi pegar Dirt do Alice in Chains "que façamos dessa tarde solitária uma tarde um pouco mais mórbida", pensei. Mas antes de dar o play, resolvi beber um whisky. Eu tinha uma garrafa fechada de Jack Daniels e um maço de cigarros, Marlboro vermelho sempre, estava na maciota, de boas, a tarde seria agradável...

Peguei um copo tradicional de whisky, pensei em despejar o líquido malteado ali, mas desisti "só eu que sempre tomo dessa merda mesmo, vou tomar direto no gargalo" e fiz isso, exatamente isso. Retirei o lacre e despejei direto na garganta. Dei o play no CD do Alice. A primeira faixa já é Them Bones, e sim, uma das mais supremas da banda. Enquanto puxava forte o cigarro que havia acabado de acender, cantarolava um pouco do refrão da música

Told you bad dream come true
I lie dead gone under red sky
I feel so alone, gonna end up
A big 'ole pile a them...

A letra não era exatamente isso, mas sempre canto dessa forma, acho melhor. Enfim, a música se adequava à situação, aquela dor pesada, esquisita, aquela conflito interno, a crise existencial e de personalidade, e pensava em chorar às vezes, mas não conseguia. "Como as pessoas conseguer viver bem com tanta merda acontecendo?" era uma pergunta nunca respondida, afinal eu perguntava sempre só pra mim mesmo, era muito solitário nessa época.

Prossegui minha tarde alcoolátra de uma forma bem agradável até, entre cigarros e whisky, e percebendo que quanto mais bêbado eu ia ficando, melhor ia me sentindo. Sei que isso não é o correto, mas encarava o alcool como um remédio, um "mal necessário", que assim como todos os remédios tem seus efeitos colaterais e quando são tomados em doses excessivas causam problemas para o paciente. Entre groselhas de pensamentos assim tragava meu cigarro e bebia meu Jack "caralho, bebendo direto do gargalo é foda... parece que bebemos mais rápido, economizamos o tempo do refil hahaha"

O som já tocava Down in the Hole... Aquela música sempre batia errado em mim. Me levantei do meu velho sofá e cantarolava a música, de olhos fechados e com a garrafa de whisky numa mão e o cigarro na outra

Down in a hole, feelin' so small
Down in a hole, losin' my soul
I'd like to fly,
But my wings have been so denied
Bury me softly in this womb
(Oh I wanna be inside of you)
I give this part of me for you
(Oh I wanna be inside of you)
Sand rains down and here I sit
(Oh I wanna be inside of you)
Holding rare flowers
In a tomb... In bloom
Oh I want to be inside

Minha ex mulher me disse uma vez que eu tinha muito potencial, mas que estava desperdiçando aquilo tudo por besteiras, estava muito fodido em alcool. Mas tudo o que eu fazia era consequência de como fui construído, fui moldado de uma forma que me deu sim um grande potencial, mas ao mesmo tempo me deu um grande fardo pra carregar... Era como se eu quissesse voar, mas minhas asas tivessem sido cortadas... (ok, gay demais!). Percebi que estava com pensamentos muito emotivos. Outra dose? Claro, porque não!? E entornei o malte mais um pouco na garganta, seguido de uma tragada no cigarro.

Acho que estava já na metade da garrafa e na metade do meu maço de cigarros, estava exagerando naquele dia, mas ainda conseguia somar bem as coisas, meu racíocinio ainda estava bem de bouas, portanto sem preocupação! Preferia beber do que ter que encarar a realidade, e sim, pra mim estava funcionando aquilo, sem aporrinhações e vivendo na solitária.

O telefone resolveu me incomodar com seu maldito toque. Eu estava bêbado "que não seja uma ligação pra entrevista de trabalho, que não seja!" me levantava e dava mais uma golada. Abaixei o som por um momento, atendi

- Alô - com uma sobriedade incrível.
- Opa Carlos e aí! É o Renatinho brother
- Fala Renatinho, beleza? - já não passava mais sobriedade.
- Beleza mano, beleza... Vamos fazer um happy hour aqui, depois do trampo... Quer colar mano?
- Ahhh nem mano, já estou bêbado aqui em casa. Até chegar aí vai ser foda... Nem vou man - em seguida dei outra golada.
- Eita porra! Quando você não está bêbado né hahahaha - ele insistia em falar sempre aquela maldita frase pra mim - Mas quem está aí?
- Ninguém mano! Na verdade estou bem acompanhado: boa música, bom whisky e bom cigarro!
- Cê vai morrer cedo assim, bebe demais... Anyway, de boa, abraços!
- Falou mano! - desliguei o telefone e, porque não, mais uma dose entornei.

Aumentei o som novamente, agora já tocava Junkhead... Ouvia aquilo com os olhos fechados, buscava sentir a música.

you can't understand a user's mind
but try with your books and degrees
if you let yourself go and open your mind
i'll bet you'd be doing like me
and it ain't so bad
what's my drug of choice?
well, what have you got?
i don't go broke
and i do it a lot

Na real, eu havia percebido que estava solitário porque eu buscava isso, essa solidão, esse malefício todo... Eu me afastava das pessoas, não sei exatamente o porque, mas caralhos, era isso o que eu fazia. Não ia em rolês mais, parecia mais fácil ficar em casa vegetando e pensando em me matar, e bebendo whisky e fumando cigarros e ouvindo boa música.

A garrafa estava chegando no final e eu ainda estava suave, suave suave mesmo é claro que não, mas imaginava que eu lembraria de tudo o que tinha acontecido naquela agradável tarde. A solidão nem sempre é boa, mas eu levava ela num estilo supremo, de uma forma que não me fodia.

Dei a última golada na garrafa de whisky e acendi o último cigarro quando tocava Would, sim a última música também, e quando ela bateu me bateu também um sentimento mórbido, uma vontade suicida mas me segurei. Lembro que deitei na cama enquanto ainda tocava a música, e acompanhei a letra, cantarolando bem baixo

Into the flood again
Same old trip it was back then
So I made a big mistake
Try to see it once my way
Am I wrong?
Have I run too far to get home
Have I gone?
And left you here alone

Zaratustra

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Necessidades, necessidades, necessidades...



Porra, a vida é uma merda às vezes. Nós nos fodemos a vida toda para morrer no final. Cadê o sentido disso? Quando crianças temos a escola que nos fode, somos obrigados a entrar naquilo e com muita sorte tirarmos boas notas para agradar os nossos pais e a sociedade, porque na real, aquilo tudo acaba não importando para nós, tirar nota dez em cinco matérias, pra que, pra que? Ser inteligente? Isso não é qualidade, é um maldito fardo, que vai te acompanhar pro resto da sua vida. Seria melhor sermos burros, isso ajudaria, se eu fosse um pouco mais burro eu não estaria aqui escrevendo groselha.

Quando terminamos a escola nos sentimos livres, mas aí a sociedade faz ainda mais pressão e nos ordena a fazermos uma boa faculdade e conseguirmos um bom emprego. Lembro que quando eu era mais novo eu pensava "não vejo a hora de começar a trabalhar pra ter dinheiro" e sim, tenho dinheiro, mas pago um monte de contas, ou seja, seria melhor não ter esse maldito fardo. É necessário sermos bem sucedidos, sermos magros, bonitos, inteligentes, carinhosos, se faz necessário inclusive sabermos amar e tentar amar as pessoas. Porra! Boa sorte, a minha vida eu continuo levando no alcool, no cigarro e na música, boa música, e sozinho, sozinho me sinto até que bem, num quarto escuro, ainda estou bem, me esquivando das necessidades que são impostas. Bem sucedido, pode até ser. Magro eu sou por causa do meu biotipo oras, se eu fosse gordo seria de boa também. Bonito, acho que sim, mas nada que as vadias de hoje julguem "pegável". Inteligente, infelizmente sim. Carinhoso, com minha bebida sim. Saber amar eu sei, mas me aposentei.

Temos a necessidade de casar e ter filhos e ter carro e uma família ao menos decente... Se foder com essa porra toda. Eu prefiro não suprir as necessidades do que suprir e vestir a máscara da hipocrisia social. Casar e ser infeliz, e de fachada fingir que está tudo bem, indo em churrascos na casa de outras familias hipócritas e bebericar brejas fingindo que não sou alcoolatra? Isso mas nem fodendo NEM FODENDO PORRA, nem por um caralho que me rendo a isso. Vou ser sozinho, acompanhado de, repito, alcool, cigarro e boa música, isso vai me manter são perante o resto da sociedade. 

E sim, quando nos aposentamos, que é quando podemos colher o fruto de anos e mais anos de trabalho duro e desenfreado, aí já estamos destruídos e cansados, e começamos a torcer pra morte chegar o quanto antes, pra pararmos de sofrer de artrite, artrose, osteoporose, dentes caindo, pontes de safena, colesterol, diabetes e afff, só de pensar eu já penso em morrer antes de tudo isso acontecer. Necessidades, necessidades para que, uma vez que no fim todo mundo fode e caga do mesmo jeito e quando morrem os vermes comem a carniça com a mesma fome? Acho melhor viver da forma que for mais interessante pra si mesmo e mandar as necessidades sociais irem se foder!

Zaratustra

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Depressão da madrugada




Queria parar com tudo que me faz mal
Mas estava mesmo difícil

Durante as noites eu não dormia
e de dia tirava apenas cochilos
Tudo isso para parar com a vodka
Maldita vodka que me fodeu!

No ínicio estava fácil
nem bebia nada, nem fumava
Depois veio a fase suicida
Mas passei ileso, sem cortes profundos

E agora, agora bebo cerveja todos os dias
Poucas, mas ainda assim bebo
e se quero fumar eu fumo
Parece que só estou trocando de vício
mas é foda, foda demais
Eu diria impossível, isso
impossível parar com tudo
Vou só trocar meus vícios

Será que vale a pena fazer isso?
Vale a pena só trocar os vícios?
Honestamente eu não sei
sóbrio tenho preguiça de pensar nas coisas

Mais uma madrugada depressiva
preguiça de me matar
Mas tudo bem
Vou deixar os ingredientes em casa
pra usar quando puder
E quando morrer não terei vícios
somente virtudes

"Não entre em pânico, não entre!"
Pensei e traguei aquele cigarro
Mas só penso nela, só penso nela
o tempo todo
Saudades da vodka
Acho que nunca vou largar essa merda
perto da desistência de ser abstênio
muito perto mesmo
Levanto, bebo água, mijo e me deito
tento pegar no sono,
Não consigo
Mas ficarei deitado até que isso aconteça

Zaratustra

Verdade esporrádica #19



Percebi que o segredo para pegar uma mulher, seja para algo sério ou somente pra uma noite, é ser canalha, mas mostrar pra ela que você é um bom moço. Ela, inicialmente, cai na sua ideia de bom moço e depois ela se apaixona, você a controla sendo o canalha.

Zaratustra

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Apaixonado pela vodka!



Eu estava bem melhor naquele domingo em que fazia muito sol em SP. Havia largado quase tudo, era elogiado por todos, as mulheres diziam que eu estava mais bonito, honestamente eu não sei se isso era verdade ou somente algo motivacional, mas anyway, estava mais careta do que um monge. Não bebia nada de alcool faziam uns 7 meses, na real, 7 meses e 13 dias.

Fui chamado pra ir no bar com um amigo, o Luis, grande amigo. Fazia muito tempo que não nos víamos. Na verdade, eu não via ele desde a época em que eu ainda me drogava e bebia feito uma esponja. Marcamos ali no Puppy, em frente à TV Gazeta. Era um bom bar, bem frequentado durante a semana, mas aos domingos era dominado pelas moscas, portanto estávamos suaves ali.

- Vai de que hoje Carlos? Vodka com Contini? Hahaha sua mistura fatal... Ou tá na maciota e vai de St. Remy? - ele perguntou me instigando.
- Nem um nem outro brother. Hoje vou de Coca-Cola. Parei de beber - disse, acendendo um cigarro (não havia largado os cigarros AINDA).

Luis me olhou espantado, com a cabeça pra trás, bem assustado com aquilo tudo.

- Como assim mano? Parou meeesmo de beber, é sério isso?
- Parei mano... Tava foda, tava bebendo um litro de vodka por dia e usando muita cocaína. No ritmo que estava ia fuder tudo muito cedo na minha vida, infelizmente tive que parar totalmente. - eu disse com um ar triste.

Não era fácil pra mim não beber, eu adorava aquilo, o alcool era o meu melhor amigo, na verdade foi, por muitos e muitos anos, mas ele estava me fodendo, tive que largá-lo. E assim minha vida ia prosseguindo, eu tentando me acostumar com a ideia de não beber, e o alcool chorando de saudades de mim. Traguei o cigarro e disse:

- Pede ai brother. Brejinha?
- Isso - ele ainda estava embasbacado quando acenou pro garçom - Campeão, me trás uma Brahma e uma Coca-Cola!

O garçom trouxe nossas bebidas, brindamos, não tinha a mesma graça brindar com refrigerante, parecia pior do que ser chupado com camisinha, parece que seria melhor nem fazer... Mas brindamos, e nossa conversa prosseguia bem, com o assunto de sempre, mulheres oras, que é o que os homens mais falam, mais do que futebol e cerveja, isso é fato!

- ... aí que eu mandei ela tomar no meio do cu dela e sair do meu apartamento! - eu esbravejei enquanto falava de uma mina bêbada que eu tinha comido e depois ela gorfou em cima do meu travesseiro.
- Hahahahaha cê é foda Carlos! Porra, uma vez eu comi uma mina, aí que na hora da foda descobri que ela tava de chico - ele deu um gole na breja - Até aí de bouas, eu não tenho nojinho, mas saiu um jato de sangue no meu lençol... Eu não tive culhões de mandar ela tomar no cu e sair fora, mas fiquei puto, mesmo com ela pedindo desculpas a rodo!
- Mas tem que ver brother - bebi um gole da Coca e traguei o cigarro - ela estava bêbada?
- Tava, tava sim, completamente louca de vodka mano.
- Porra, é a mesma coisa que eu. Fiquei puto, mas já contava que esse tipo de coisa poderia acontecer hahaha isso que fode de mina bêbada.
- Pois é mano, mas já que não comemos elas sóbrias, pois somos zuados demais, temos que ficar com as bêbadas né? hahaha
- Exato mano, exato! - puxei uma tragada forte e joguei o cigarro no chão.

Nossa tarde de domingo prosseguia muito bem, sempre nos demos bem, o papo fluia, mas que fique claro que não éramos gays, somente dois bons amigos que bebiam bastante nos bons tempos. Em determinado momento Luis disse:

- Brother, porque você não bebe cerveja sem alcool? Ao menos é cerveja né?
- Mano - acendi outro cigarro e traguei - isso é zuado demais. Vou filosofar sobre a bebida...
- Caraio, lá vem! - ele disse, puto e interessado ao mesmo tempo.
- Lembra o que eu sempre te disse sobre beber vodka barata? Quando todos falavam "você tem que beber algo decente e mimimi, essa vodka pura tem um gosto horrível e bla bla bla"... Cê lembra o que eu sempre falava? - aproveitei minha pergunta e dei um gole na Coca e traguei o cigarro.
- Sim, você dizia que alcool não é pra ser gostoso, não é pra te fazer bem ou feliz. Alcool é pra ficar bêbado, nada mais do que isso.
- Exato! Cerveja sem alcool é a pior invenção da humanidade, uma vez que tem gosto de cerveja, mas não te deixa bêbado. Oras, se for pra beber algo pelo gosto eu bebo suco... ou Coca-Cola - levantei o copo e dei uma golada.
- Ok, te entendo. Mas ao menos com a breja sem alcool você se sentiria um pouco mais "sociabilizado" com seus amigos que bebem. - ele retrucou.
- Sóbrio? Nem fudendo! Já que é pra ficar careta, que seja 100% - eu estava me irritando e traguei ainda mais forte aquele cigarro.
- Tá bom, tá bom, fica suave... - ele tentou me acalmar.

Mas agora eu estava irritado. Num dos meus lapsos bi-polares loucos, decidi que naquele dia iria tomar um porre, claro, sem beber vodka, pois sei que ela iria me foder. Decidi pelo whisky "já que eu nunca bebo, que quando eu beba tenha um pouco de classe"

- Campeão, me trás uma dose de Black! - acenei pro garçom.

Luis me olhou espantado, ele estava confuso. Uma hora não bebo, uma hora vou de whisky... Caraio... Mas ele me conhecia muito bem e há muito tempo, entendeu qual era a minha pegada.

- Hahaha Carlos, cê precisa tratar sua bi-polaridade mano... - ele disse de forma repreensiva.
- Ou, vai se fuder sem maldade. Vou te mostrar como ficar bêbado! - eu estava me mostrando superior naquele momento.
- Hahaha, quero só ver seu puto...

A primeira dose tomei numa única golada, das grandes. Desceu rasgando, mas me senti homem novamente, me senti vivo. O alcool entrou no meu sangue como uma pica entra numa gorda de 40 anos que mora com 5 gatos. Me sentia jovem, me sentia o super-homem de novo. Pedi a segunda dose na sequência, e a terceira, e depois a quarta. Matei todas numa única golada. Não estava nem tonto.

- Mano, cê tá bebendo muito rápido - Luis alertou.
- Tô suave - traguei aquele que era meu terceiro cigarro já - nem tonto eu tô brother. Acho que não vou ficar bêbado no fim das contas...

Fui pra quinta dose, pra sexta e pra sétima. Essas eu bebi mais devagar, mas ainda assim estava de boa. Confesso que na metade da sexta dose me bateu uma leve tontura, mas coisa leve, bem leve mesmo. Parecia que a única coisa que me deixava bêbado era a vodka, ela era a única que me fazia me sentir bem, que me dava aquela sensação de alegria e felicidade nas suas mais completas formas. Era como aquela garota que amamos. Nós podemos comer outras, mas não vai ser a mesma coisa. Sim, eu estava apaixonado pela garrafa de vodka barata! Isso foi algo assustador, mas compreensível.

- Cara, acho que não consigo ficar mais bêbado... Estou decepcionado. - eu disse em tom triste.
- Relaxa mano, bebe mais, tenho certeza que cê fica bem louco. - Luis tentou me motivar.
- Beleza, vou pedir mais três doses e vemos no que dá.

Bebi a oitava, a nona e a décima dose. Sim, nada de ficar bêbado. Estava meio tonto, isso é fato, mas conversava de boas, compreendia bem o que acontecia à minha volta. Estar "bêbado" daquela forma não era nem sombra de quando eu ficava bêbado de vodka, que quebrava as coisas, mandava todo mundo tomar nos seus malditos cus e me divertia.

Pagamos a conta. Ele foi pra casa dele, eu também resolvi ir pra minha, o dia havia sido um fracasso, quebrei minha contagem de caretice e nem bêbado havia ficado. Para dias ruins não existe nada melhor do que deitar a cabeça no travesseiro e torcer pra dormir logo. E foi exatamente o que eu fiz.

Zaratustra

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A ligação da ex-mulher



Era mais uma agradável tarde de terça-feira em que eu estava desempregado. Vivia no seguro desemprego, chupava as tetas do governo e pegava parte dos meus impostos de volta, fora andar de metrô e trem de graça, o que era sensacional. Bebia umas brejinhas, estava de boa, assistia o programa da Sonia Abrão, ela falava de alguém que tinha morrido e entrevistava a mãe do Fulano, e a mãe chorava pra caralho. Não sei o motivo de assistir tragédias, mas estava de bem com a vida, bebendo e fumando uns cigarros, com as pernas esticadas no sofá e relaxadas.

O telefone insistia em tocar. Inicialmente eu não atendi, mas ele não parava "que inferno, que inferno! maldito telefone que me fode!" Tomei coragem e fui atender.

- Alô.
- Por favor o Sr. Carlos Reis.
- Pois nãããããooo - saquei o que era, os malditos telemarketers
- Falo em nome do banco Itaú sobre uma pendência no seu nome. O Sr. tem ciência dessa pendência? - ela perguntou maquinalmente.
- Sim caralhos, claro que sim!
- Existe uma data prevista pra pagar?
- Sim! No dia em que eu tiver dinheiro porra! - gritei e bati o telefone na cara da menina.

"Porra, que mané pagar dívidas, vou comprar bebida que eu ganho mais", estava voltando pro sofá quando o telefone insistiu em tocar novamente.

- Alô.
- Por favor o Sr. Carlos Reis.
- Ele faleceu meu anjo, faz mais ou menos 30 segundos, tá caído aqui no chão da sala. Quer deixar recado? Entrego quando eu encontrar ele no inferno.

Ela ficou em silêncio. Eu desliguei o telefone e sai rindo da situação toda "hahaha, tomara que tenha aprendido a lição, aquela puta" mas isso não havia estragado meu dia, peguei minha breja, dei mais uma golada e o telefone tocou novamente. Praguejei os atendentes telefônicos, sei que eles não tem culpa disso, eu mesmo já trampei com isso, mas que raça dos infernos!

- EU JÁ DISSE QUE NÃO TENHO DINHEIRO PORRA! - atendi já gritando.
- Errr... É o Carlos? - uma voz feminina perguntou.

Reconheci aquela voz. Era minha ex-mulher Alice. Faziam dois longos anos que não nos falavamos, ela havia levado tudo o que tinhamos, todos os móveis, a vaca levou até meu video-game, só me deixou com minhas roupas e um pouco de amor próprio.

- Sim... Alice? - perguntei
- Isso, é a Alice... Quanto tempo ein hahaha
- Que que você quer? - não queria muito papinho.
- Liguei só pra saber como você está Carlos... Meus contatos me disseram que você tá bebendo muito, é verdade isso?
- Peraí! Como você conseguiu meu telefone?
- Tenho meus contatos... - ela disse com ar de mistério.

"Caralho, eu tenho um amigo Judas... Preciso averiguar isso depois" pensei com uma raiva fodida do filho da puta que passou meu telefone pra essa puta.

- Ok, eu descubro quem foi o filho da puta depois... Repito: o que você quer?
- Nossa, continua o mesmo idiota grosseiro de sempre! Quero saber como você está, temos que superar o que passou, quem sabe possamos ser amigos?
- HAHAHAHAHAHAHA - ri alto pra caralho - Nós amigos? Isso nem fodendo, NEM FODENDO Alice, na real eu quero muito que você se foda. - respondi, pensando em desligar aquela merda, mas desisti.
- Bom, você ainda é imaturo, como sempre te disse... Mas e o trabalho, como vai?
- Tô desempregado, vivendo de seguro.
- E seus amigos?
- Tão bem, a gente sai pra beber às vezes.
- E... cê tá namorando?
- Não, somente transas esporádicas com mulheres bêbadas que não lembram de nada no dia seguinte.
- Tsc tsc tsc Carlos, você tinha muito potencial, para de jogar tudo isso fora. Eu tô noiva e acabei de ser promovida. - ela disse só pra me foder, certeza.
- Bom pra você! Quando casar cê já tem os móveis né? Ou você vendeu tudo pra comprar cocaína?
- Seu estúpido, eu parei com isso... E meu noivo tem um bom dinheiro, ele que vai bancar tudo. E quando você vai parar de beber pra caralho e tomar um rumo? Você tem 26 anos, logo logo vai casar, ter filhos, precisa de uma segurança financeira.
- Caralho Alice, vai se foder! Eu não vou casar, muito menos ter filhos. Posso não ser rico, mas gasto meu dinheiro todo com bebida e me sinto bem assim.
- Você vai acabar morrendo cedo, duro e sozinho!
- Foda-se! - ela havia me irritado profundamente - Eu estava de boa em casa, bebendo brejas e vendo a Sonia Abrão, fumando um bangzinho suave, mas você insiste em querer me deixar pra baixo, assim como nos velhos tempos! Eu não tinha motivo pra tomar um porre hoje, mas parabéns, agora eu tenho, sua vadia sanguessuga do caralho!
- Grosso! Tomara que você se foda mesmo, aliás, certeza que isso vai acontecer! E digo mais...

Nesse momento desliguei a porra do telefone, eu não era obrigado a ouvir aquela merda toda dela. Eu ia ficar em casa de boa, ia assistir minhas tragédias na maciota, mas ela tinha que me foder, tinha que me fazer sentir mal. Resolvi que ia tomar o porre do século naquele dia, precisava dar um jeito naquela raiva misturada com tristeza. Enquanto me arrumava pra sair o telefone não parava de tocar. Quando estava pronto peguei uma lata de breja, acendi um cigarro e saí de casa sem saber exatamente aonde iria, mas com vontade de sobra de beber. Fechei a porta, traguei meu cigarro e pensei "vagabunda sanguessuga!"

Zaratustra