segunda-feira, 8 de abril de 2013

As montanhas do Scarface!



O despertador me fodia com aquele "brim brim brim" maldito. Abri os olhos, mandei o despertador tomar no meio do seu cu! Era cedo pra caralho (umas 14h) e ele tocava sem querer. Abri os olhos, vi que eu tinha em cima da mesa do meu quarto uma montanha monstra de esquema... E sem aquelas viadagens de gente que pegava uma colherzinha e dava um tirinho de bicha. Levantei, com sono, é claro, e fome, mas resolvi isso numa montanha que eu tinha. Afundei ali, com tudo, afundei e respirei com tudo, sem viadagens... Puxei com tudo, sem espirrar, espirrar ou soprar era pros fracos. E metia o nariz ali e brincava!

"Caralho, os melhores 200 contos por mim já investidos!" Admirava as montanhas do Scarface, amarelas, sabia que eram fortes, mas estava feliz por pagar 10 reais em 1,5g, mesmo que aquilo fosse só xelocaína... Enfim, eu havia acordado, estava sem fome e pronto pra um belo rolê! Eram 15h de uma quinta feira...

"Pra quem ligar, pra quem?" pensava e montava mais linhas, sempre tirando das minhas montanhas amarelas, acho que a diferença dali pros Andes é que ali cê queimava o nariz e nos Andes não, mas de resto era igual... Pegava um cartão e montava umas carreiras gordas, e de brinks afundava a porra do nariz ali, e respirava fundo, como na porra de um exame médico. Liguei pros meus amigos desempregados, Luis e Fabiano, queria um rolê, sabia que não ia dormir tão cedo (malditas montanhas hahahahaha).

- Alôôôôôôô Fabiiii!!! Fala meu velho, cê tá bem? - disse, já chapado.
- Suave mano, suave... Que que você manda aí meu bom?
- Quero chapar! É isso! - fui direto.
- Cola aqui... o Luis veio também... Aquela puta da Alice está aqui também!
- Nããããão manoooo!!! Minha ex? - eu estava espantado.
- Isso, ela mesmo hahahaha - ele disse de boas.
- Caraio... Estarei aí! Precisa de drinks?
- Cara, me tráz duas garrafas de vodka... Esquema eu tenho de sobra.
- Beleza mano, abraços! - desliguei o telefone e rumei ao mercado.

Passei no mercado, comprei duas garrafas de Orloff, "menos 40 conto" mas imaginei que valeria a pena né, afinal o Luis era o mais Tamanduá de todo velho oeste, a casa dele devia estar recheada.

Cheguei na porra do rolê e ainda eram 17h, ou seja, ainda era horário comercial, mas foda-se, eu estava desempregado e queria que todo mundo fosse se foder, principalmente os que trabalhavam! Toquei a campainha e fui atendido por quem? Alice!

- Errr... Oi Carlos...
- Oi Alice - ela estava tímida, mas eu lhe beijei no rosto.
- Entra aí - ela me convidou.

Entrei, de boas. Todos me cumprimentavam, afinal, eu era Carlos, o louco, conhecia todo mundo, todos me adoravam e me elogiavam "Carlos, cê é foda... Carlos, o mito!.. Carlos, valeu naquela noite!" Eu não sabia o que aconteceu com o cara, mas agradeci o elogio.

Na sala tinha uma montanha amarela. Meu nariz coçou muito e isso me fodia, queria enfiar as narinas ali. E cheguei no Fabi, perguntei qual que era.

- E essas montanhas de Scarface mano, qual que é?
- É tudo nosso mano, os caras que tão com medinho, mas vai lá, afunda lá o nariz mano! - ele me incentivou.

Parti com tudo, como uma criança parte pra cima de uma porra de um tobogã. Mergulhei ali, respirava com tudo e me sentia feliz. Puxava aquele pó como puxava o ar pra respirar, e estava muito, mas muito de boa assim.

Alice queria me foder (óbvio), e enquanto eu me divertia ela chegou pra querer fazer um maldito de uma porra de um questionário em mim.

- Carlos, tá trabalhando?
- Não! - afundei na montanha na narina esquerda.
- E a família, como tá?
- Falo pouco com eles. - afundei a narina direita na montanha.
- Os amigos?
- De bouas!!! - afundei a narina esquerda na montanha amarela.
- E... cê tá namorando? - pergunta fatal.
- Nem nem... namoro só isso - apontei pra montanha e afundei a narina direita na montanha amarela de Scarface.

Ela me pareceu triste. Ela disse que eu tinha muito futuro, mas sabia que eu tinha trocado minha vida pelas drogas e pelo alcool. Sei que bebi uma dose grande de vodka e afundei meu nariz na montanha, aí bebi mais ainda, e bebi mais e mais e bebi muito e me afundava nas montanhas de cocaína amarelas, e estava de boa assim. Minha ex-mulher assistia a tudo, não sei se ela tinha pena ou se queria que eu me fodesse, mas estava de boa.

O Luis me olhava com ar de pena, ele estava careta. Não julgava ele, eu estava errado, mas aquela montanha não descia, e eu cheirava pra porra mas não mudava nada. Eu via Luis chegando com mais pacoteiras e jogando ali em cima, na real, aquela porra nunca ia acabar, e o povo estava careta, ou seja, só eu ia matar aquela montanha, e bebia a vodka barata e me sentia bem, mas ainda triste.

Acho que cheirei uns 10g, cai no chão e desmaiei. O Luis me acordou, falei umas paradas sem sentido.

- Mano, não paga de Whisky Ballantines! - eu disse sem saber o que dizia.

E caí de nariz na porra da montanha! Achei que ia morrer ali, porque estava caído, e ar, com certeza não entrava. Luis me puxou, me deitou, e no dia seguinte ainda tinha a porra da montanha. Cheirei de forma consciente e naquele dia o meu dente pré-molar caiu... Mas não chorei, estava fadado a isso!

Zaratustra




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