domingo, 29 de dezembro de 2013

Ode à morte



Arrumem armas de grosso calibre pra atirarem contras as vossas cabeças. Arrumem facas afiadas pra cortarem vossos pulsos, ou pescoços, ou ainda, ouvi dizer que se furastes determinada parte da perna, vais sangrar como uma garotinha na primeira menstruação e morrerás. Soquem uns aos outros até a morte, sejam violentos, tenham a respiração ofegante e raivosa, cuspam nos rostos alheios em busca de confusão. Morram. Finjam cólera, abasteçam a ira e o ódio, não olhem diretamente nos olhos, isso faz a pessoa fraquejar e se tornar mais sensível, mais fraca. A força do ser humano está no desejo de derrubar o outro, está na fome de querer a morte de quem lhe faz mal, de quem lhe chutou ou lhe traiu. Respirem o cheiro de enxofre, se preparem para irem pro outro lado, para conhecerem sua outra forma (um corpo estirado num caixão de madeira tipo mogno).

Morram. Fujam dessa imundice de sensações e simulacros de verdade. Saiam daqui, sejam dignos. Como somos fracassados!

Zaratustra

A mulher que amamenta



Ela ela sozinha
Com uma criança sozinha
e no geral
As pessoas são sozinhas
e isso é fato

A vergonha de amamentar
Faz ela arrumar uma mamadeira
com
Leite Ninho dentro
E sei lá mais o que
eu só sei que
eu queria ser aquela criança
Belos peitos
belos peitos, mulher que amamenta
criança de sorte essa.

Zaratustra

A proposta e copos vazios



Eu já estava de fora da jogada faziam alguns anos, eu não queria mais um estilo de vida desafiador como vivi um dia (e digo que sim, foi intensamente), eu queria um pouco de paz e sossego. Esse lance de traficar drogas nunca é bom, é como no filme do João Estrela, você começa usando por si, e quando menos percebe está distribuindo pros amiguinhos, e depois você vê que pode ganhar dinheiro com isso, e aí ao invés de cobrar o preço que você pagou, você cobra mais caro, você faz dinheiro com aquilo tudo. Eu já ganhei muito dinheiro em cima de pequenos nóinhas que se julgavam os grandes mestres da coisa toda, mas que eu sabia que eram somente filhinhos de papai, eu sabia que era somente isso. Hahaha, cheiradores de merda, mal sabiam o buraco em que eu os estava colocando. Mas isso foi passado, eu estava regenerado, estava tranquilo novamente, eu havia recuperado meu emprego, eu havia chego de novo num paraíso montado somente por mim, e eu era o rei dali sem prejudicar ninguém. Um trabalhinho honesto e que pagasse minhas contas e meu alcool era o necessário para a minha felicidade, nem mais e nem menos do que isso. Quanto mais dinheiro se tem, maiores serão os problemas. Merda. Mas enfim, como eu dizia, andava de fora da jogada, e estava bem assim.

O sol já dava sinais que ia embora, ele estava encoberto com as nuvens e a imagem disso era realmente linda, e mais linda era a imagem da minha primeira vodka caindo dentro do copo, possuindo-o, tomando posse de toda a sua área. Havia chego do trabalho faziam alguns instantes, e de praxe eu tomava vodka, isso não era facultativo, isso era rotineiro. Não que fosse obrigação, mas uma boa dose de vodka por vezes é a nossa última compania, é a última coisa que ainda aguenta nossas conversas chatas e nossas gritarias às 3h da manhã. No momento em que dei a primeira golada me senti mais vivo. Nesse momento a campainha tocou.

- E aí Carlos, como cê tá cara?
- E aí Fernando! Quanto tempo cara hahaha - dei um abraço nele - entra aí mano.

Fernando entrou, se sentou no sofá. Servi outra grande dose de vodka pra ele, me juntei a ele no sofá, cada qual com sua esposa, digo, sua vodka. Fernando era um sujeito que se meteu na jogada das drogas comigo. Éramos amigos, usavámos juntos, começamos a ganhar dinheiro juntos. Quando eu saí do negócio (o que fazem 4 anos), ele continuou tocando sozinho. A renda era boa o suficiente pra ele manter seu vício, e eu, numa tentativa de não me afundar mais, preferi meu empreguinho pacato. Desde então, eu não falei mais com ele, nada pessoal, apenas não tínhamos o mesmo assunto e o mesmo estilo de vida. Às vezes as pessoas são "obrigadas" a se separarem, uma vez que as discrepâncias de uma pessoa pra outra são fortes demais, discrepâncias essas adquiridas com o tempo. E somente o próprio tempo pode reaproximar ou não essas pessoas. "Acho que o tempo foi generoso comigo", pensei e ri sozinho, entornando mais vodka, e feliz por ter visto aquele filho da puta miserável.

- E aí seu merda - perguntei dando um tapinha carinhoso no ombro dele - como vão as coisas? E os negócios?
- Então cara, foi justamente por isso que eu vim aqui. Preciso falar de negócios com você.
- Pois então fale, desembucha seu puto de merda.
- Os negócios estão crescendo de forma rápida. Aquela nossa pequena ideinha de uns 7 anos atrás está rendendo bons frutos, e quando digo bons frutos, me refiro à minha residência na praia, ao meu carro importado e às todas as putas que tenho comido sem pagar nesses últimos tempos.
- Porra, que bacana cara, que bacana. Espero que você encha o cu de dinheiro.
- Sim, e me sinto mesmo mal de te ver aqui, nesse ap de um quarto, sem carro na garagem e sendo obrigado a trabalhar malditas 10h ao dia. Cara! Era pra estamos os dois agora na praia, fumando charutos, bebendo whisky e pegando na bunda de alguma garçonete que faça um bom boquete. Mas ao invés disso, você está aqui, fumando Derby, bebendo vodka Moscovita e o mais perto de um boquete que tu vai chegar é se colocar o aspirador no pau. Você está mesmo feliz com isso?
- Ahh cara, eu estou sim. Claro, a época em que fomos ricos foi muito boa, vivi intensamente muita coisa. Foi bacana. Mas agora é necessário pensar de uma forma menor. Vodka me satisfaz de qualquer jeito, cara ou barata, e com as baratas eu desmaio mais rápido, o que pra mim é bom. Cigarros são cigarros e foda-se. Quanto ao boquete, eu posso viver sem. E curto meu empreguinho, mesmo sendo 10h ao dia, ele paga as minhas contas e minha vodka, e isso que importa.
- Saquei, saquei - ele disse, já mais desanimado - então, a questão é que os negócios estão crescendo, eu preciso de um sócio, somente isso. E nesse ramo tem cobra pra caralho - ele emborcou um pouco de vodka - Isso pra mim é mesmo dificil. Na real, o único cara que eu confio de verdade, e que sempre confiei de verdade, foi você. Por isso eu não só quero, como preciso que tu volte aos negócios. Como nos velhos tempos hahaha - e nisso foi ele que me bateu nos ombros, de forma carinhosa.

O olhei de forma compenetrada. A minha vodka havia sido emborcada enquanto ele se pronunciava, meu copo estava vazio. Odeio ficar com o copo vazio na mão, parece que estou sem um pedaço do meu corpo. Pensei bem, lembrei dos bons tempos, sim, a vida como traficante era muito boa. Haviam riscos sim, mas valiam a pena. Todos eles. O esquema era viver a vida a 160km/h, e isso que faziamos. Foi muito bom. Mas eu estava feliz na minha vidinha pacata, eu estava satisfeito. Oras, eu não iria trocar o meu presente pelo meu passado, parece retrocesso.

- Desculpa cara, sei que somos como irmãos, mas lhe digo: estou satisfeito mesmo com isso tudo que você vê. Uma garrafa de vodka me satisfaz mais do que o beijo de uma vadia. Tu sempre soube disso... - fiz uma pausa, olhei pro copo vazio, "merda", pensei, "odeio mesmo copos vazios". Retomei - Enfim, eu não posso voltar ao esquema. Me desculpe mesmo.

Ele olhou pro copo dele, que ainda estava com vodka, virou todo o conteúdo, "merda, agora são DOIS copos vazios!" pensei eu, todo macambúzio com esse negócio besta de copos vazios.

- Beleza Carlos. Acima de tudo você é meu irmão, e quero você feliz, mesmo que pra isso tenhamos que ficarmos separados nos negócios. Tenho certeza que vou achar outro profissional como você - ele lançou o discursinho mais gay que ouvi na vida, mas ainda assim bonitinho.

Levantamos, ele colocou o copo vazio na mesa da cozinha, eu tratei de encher logo o meu copo e o dele. Pronto, menos um problema, os copos estavam cheios de novo. Respirei fundo e aliviado. Levei ele à porta da sala, feliz com a proposta, mas triste por ter decepcionado esse grande amigo. Ele superaria. Depois que ele foi embora tratei de esvaziar os copos novamente, só pelo prazer de falar que odeio eles vazios.

Zaratustra

Sem título



Estou com preguiça de escrever qualquer coisa que seja bonita, ou qualquer coisa que faça sentido, ou de ficar falando de bebida. Eu falo demais de bebida, parece que minha vida se resume somente a isso. Merda. Minha vida se resume somente a isso. Não tinha ânimo hoje a tarde pra lavar roupa, nem pra arrumar a casa, nem pra ir no mercado comprar comida. Nem pra nada. Eu só queria beber sozinho. Porra. Deixei que tudo chegasse num ponto apático demais, e eu, caído nas cordas, nada faço pra reverter isso. Eu talvez precisasse de mais aplausos, de reconhecimento, mas não, eu precisava mesmo era de que alguém olhasse nos meus olhos e falasse "Reage pra vida, seu filho da puta mimado do caralho!" E tinham pessoas assim, mas eu ignorava e entornava mais vodka. Esse texto não deveria existir, nem título ele tinha, mas às vezes escrevemos coisas boas quando não queremos, simplesmente cuspimos tudo em cima do papel sem pensar, digitamos na velha máquina sem parar, até os dedos doerem, e assim nasce alguma coisa que preste (se é que posso falar que escrevo algo que preste), ao invés de quando sentamos em frente à máquina tentando fazer brotar um novo gesto de genialidade. Foda-se, esse texto já está confuso demais, e acreditem, eu tenho uma vida social hoje a noite. Foda-se o título. Afinal, o importante é o texto.


Zaratustra

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Diário de um alcoólatra



São exatamente 17h40 de uma sexta-feira. Véspera de feriado, véspera de fim de ano. No ritmo em que estou bebendo, quando for umas 20h, possivelmente, estarei no chão, desmaiado. Não que eu seja alcoólatra, eu curto beber. Este título foi hipócrita! Enfim, agora está assim, quero que se foda, vai ficar assim. Até porque eu não saberia outro título melhor. Minha criatividade está ruim hoje. Um bom pastel de carne com queijo muitas vezes te faz mais feliz do que uma foda. Comida me ajuda a ficar mais sóbrio. Não que seja bom ficar sóbrio, mas assim eu consigo beber mais e mais e mais. Até que a minha visita no mercado mais cedo valeu bem a pena. Além de duas garrafas de vodka, arrumei uns salgadinhos. Eu estava pronto pra tomar mais um porre. Ouvia naquela tarde Ozzy Osbourne, a música era Diary of a MadMan, sim isso me inspirou a fazer esse texto, principalmente pela letra da música, que era mais ou menos assim

Voices in the darkness
Scream away my mental health
Can I ask a question
To help me save me from myself

Os braços já não são sentidos, o rosto está intacto, a felicidade está longe, e mesmo assim eu torno a beber, e bebo mais. Escritores e escritas me encheram. Mesmo assim torno a beber. Não me importo mais com a qualidade dos meus textos! Eles são somente desabafos! Não ligo pra métrica, pra coerência, eu não ligo pra nada, eu não ligo pra você e nem pro amor das pessoas, e eu não ligo se a cocaína faz os dentes cairém, e nem se o Roberto Carlos cantou com a Anitta na Globo, e nem se meu pulmão está doendo (e não estou a fim de ir no médico por isso). Entendam que eu já não me importo mais, a única coisa que eu quero é ter dinheiro pra bancar minha vodka e minha comida estragada de cada dia.

Zaratustra

Dormir no chão, tragédias e alcool



Essa porra de ideia de dormir no chão estava me fodendo demais, eu precisava parar com essa merda, mas como, mas como conseguir isso? O Carlos bêbado adorava dormir no chão, eu não entendo o porque disso, mas eu também não entendia o porque de muita coisa, eu precisava fazer terapia pra entender, e não fazia, pela falta de dinheiro. Precisava entender o porque eu virava uma atention whore quando eu bebia, merda, eu era só um bêbado carente, era isso. Vai ver que eu dormia no chão por ser um carente, eu tentava chamar a atenção. Enfim, foda-se. Me levantei, preguejei toda a raça humana, minhas costas estavam fodidas, doiam demais, pra caralho, eu estava um caco. Andei com muita dificuldade ao banheiro mais próximo, senti uma dor de garganta, eu iria ficar doente, certeza disso. Dormir sem camisa no chão gelado hahaha que coisa, que coisa genial. Fora que eu bebia tanto que remédios pra gripe não faziam efeito em mim, uma vez que você não pode beber quando toma esses remédios, e eu quero mais é que TUDO SE FODA, e faço questão de beber quando estou tomando remédios. Dei uma mijada, dei a descarga, umas três balançadas no pau foi o suficiente pra que ele ficasse seco, mais do que isso seria considerado punheta. Abaixei a tampa do vaso (sim garotas, lembrei de vocês, fiz minha boa ação feminista do dia), lavei as mãos e me olhei no espelho. Eu estava um caco. Estava mais magro, as olheiras estavam fundas demais, o rosto inchado, a barba imensa, os dentes rotos e podres, a respiração estava mais fraca. Dei uma leve risadinha pensando no meu fracasso, resolvi que não adiantava me preocupar com isso, eu tinha muitos outros problemas além disso, tinha o lance dos traumas de infância, minha relação não muito boa com meus pais, o lance da corda, o suícidio que parecia iminente, mas que de uma hora pra outra foi cancelado... Enfim, eu estava com vontade de tomar refrigerante de laranja naquela manhã (claro que teria vodka no meio, tá tirando?), mas de leve, seria pouca vodka. Montei meu drink, e fui de forma bem tranquila pra sala, assistir tragédias na Sonia Abrão e bebericar mais e mais meu drink. Porra, uma boa vida: tragédias e alcool. Mas eu precisava comer algo, infelizmente não conseguia viver só de alcool, teria que comer. Fui na cozinha, montei um lanche de pão de forma com queijo, pronto, isso seria o suficiente pra passar o dia todo. Comi vagarosamente, voltei pra sala, pras tragédias e pro meu drink de leve. Eu só queria um pouco de paz, eu só queria solidão e me embriagar, e porra, isso era pedir demais? Acho que não. Estava um caco, meu psicológico estava um lixo, eu quis me matar, eu tentei me matar, a corda esteve no meu pescoço, mas não consegui, fui fraco demais pra isso. Agora eu vi que poderia me tornar um alcoolatra, e que a bebida era um prazer tão grande que morte nenhuma valeria a pena. Tragédias e alcool. Excelente combinação!

Zaratustra

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Aceitar a derrota



Acordei sem saber exatamente o que tinha acontecido, tudo o que eu sabia era que o mundo ainda estava girando e as coisas simplesmente não saiam do lugar assim de forma tão fácil. Eu teria que aceitar que às vezes a derrota faz parte do pacote, e de que as pessoas convivem bem com a derrota, e que eu não poderia ser diferente. Eu teria que prosseguir respirando (apesar de não querer), e isso era completamente normal. Naquela noite eu bebia vodka com água, a vodka estava no final, mas ainda duraria por aquela noite, no dia seguinte eu compraria mais.

Pensei que meus amigos estavam bem, com suas famílias, eles não eram brigados, nem nada disso, e não tinha problemas, e nem queriam se matar, e isso me fez sentir uma leve inveja da porra toda. Eu não queria nada além de ser feliz. É tão dificil assim ser feliz? É pedir demais? Droga! A minha felicidade estava em me embriagar enquanto ouvia Sinatra, eu só queria isso, mas não podia, não podia ter isso, eu tinha que acordar todos os dias cedo, ter um emprego, fazer a barba, cagar, foder, comer, sair, colocar sapatos, arrumar o cabelo, escovar os dentes, cuspir no chão de vez enquando, eu tinha que me adequar. Eu tinha que ser parte da massa, eu tinha que respirar ar puro, eu tinha que sorrir e fazer piadinhas bobas nos rolês. Droga! Isso era díficil demais pra mim, e por isso que naquela madrugada eu entornava mais e mais e mais vodka com água, e sentia que alguma hora aquela merda iria matar, e se aquela porra não me matasse, eu mesmo faria o serviço.

Zaratustra

Utopias e consequencias



Que se foda, a vodka com água era melhor do que tocar violino, era melhor do que qualquer coisa, e quando vi a corda exposta na viga, e quando vi minha mãe chorar por isso me senti levemente mal, mas eu sabia que ela iria se virar.

Eu tinha somente uma corda. Eu queria mais do que isso. Eu estava cansado das coisas, somente isso. Uma vadia me ligou naquela tarde, eu sabia que ela me amava, mas amor pra mim é utopia, eu nem me importava com o que ela pensava, ou com o que ela chorava, eu queria ela morta, o amor pra mim era somente uma mentira, como a vida, a vida era utopia, a morte seria bem melhor do que tudo. A data estava marcada, eu nem ligava pras consequencias, eu tentava limpar a barra dos meus amigos que cheiravam cocaina comigo e que seriam culpados.

Zaratustra

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Carta de suícidio



Não precisava de muita coisa naquele dia, eu sempre me virei muito bem, eu sempre tive muito potencial, eu fui sem ter sido, era pra que eu fosse um sucesso, mas eu simplesmente joguei tudo pela janela, eu queria mais, mandei todos à merda. Não precisava de família, não precisava de amor ou de carinho, ou de mulheres e namoradas. Precisava somente de uma pessoa para conversar, por vezes conversei com moradores de rua, enquanto bebíamos Corote numa avenida poluída às 7h da manhã de terça-feira. Droga. Eu era um carente do caralho, eu bebia demais, eu tinha algumas reuniões com as pessoas comuns, mas o cheiro de alcool no meu corpo era forte demais pra isso tudo, eu transpirava cachaça. Era Natal, meus amigos me telefonavam, eles teriam filhos, e esposas e vida, e casas, e empregos, e dentes brancos e fins de semana em suas casas de veraneio, e chefes e secretárias vadias, que lhes chupariam os paus em busca de promoções. Eu não teria nada disso, fui um plano que não deu certo, eu nem lutava mais, eu tentei e falhei. Tive potencial pra ser um dos bons moços que fazem a barba a cada dois dias, mas ao invés disso, resolvi me tornar um alcoolatra solitário. A amizade pra mim já era algo raro, tinha poucos que me ouviam, eu só queria isso, ser ouvido, debater textos e beber até desmaiar, mas como? Isso era utopia, assim como era utopia a felicidade, o amor e a segurança, e os dentes limpos, e os corpos saudáveis, e as cagadas que eu fiz seriam irreversíveis, somente isso. Não tinha ânimo pra muita coisa, mas enquanto eu bebia vodka naquela véspera de feriado, olhei meu guarda roupa, lá eu tinha uma corda, eu havia tentado morrer muitas vezes, mas eu, com a corda, estaria morto com certeza. Não era um plano a longo prazo, a data do meu suícidio estava marcada, eu pediria desculpas às pessoas que eu magoei, mas falaria que ninguém tem culpa de nada, ninguém fez nada de errado. A morte era minha escolha, eu queria morrer aos 23 anos, era uma boa idade. Tinha um pequeno caderno em que haviam textos secretos, eles seriam publicados, e aí sim entenderiam meu ato.

Mas naquele Natal eu fingi estar tudo bem, me levantei, peguei a vodka, tentei ter vida social, tentei ser um bom sujeito, mesmo que por instantes. Lavei o rosto, tomei banho, fiz a barba, vi as pessoas com um futuro pela frente e me senti mal pelo suícidio que estava já com data marcada. Não chorem por mim, não chorem. Afinal, vidas existem várias, uma hora vocês me esquecem.

Zaratustra

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O super alcoólatra



Eu duvido que você beba mais do que eu quando eu realmente pego pra beber pesado, e me dedico a isso, e me esforço pra ser o mais alcoólatra, não só da minha rua, ou da minha cidade, mas sim do planeta todo. Posso beber mais vodka do que a quantidade de água que o oceano tem. Posso beber mais rápido do que a velocidade em que você ejacula ao ver um bom vídeo pornô. Sim, eu tenho um talento raro. E eu duvido que alguém vá conseguir ser mais vitorioso nisso do que eu. Acho que isso é pra você, tão impossível quanto ganhar na mega, ou ter o carro do ano, ou arrumar uma esposa decente. Acho que a sua capacidade de beber, não chega nem em um terço da minha, e seu fígado vomita com um quarto da vodka que o meu comporta. Em matéria de álcool eu sou invencível e imortal, nada pode me deter, nada pode me derrubar. Prazer, sou o super alcoólatra!

Zaratustra

Dois reais e quatro doses de Corote



O que eu achava legal naquele dia em que eu não podia beber, era o fato de que eu queria me matar, somente isso. A corda já não era algo tão ruim de se imaginar, e eu nem ouvia mais as músicas pra me animar. Simplesmente pensava que eu queria algo novo, eu queria ter o poder de mudar coisas que jamais mudariam, eu queria poder beber mais sem ficar tão bêbado a ponto de fazer um monte de merda na rua ou na internet. Mas eu sabia, sim, somente eu sabia que isso não aconteceria tão cedo, e o que me restava quando fui obrigado a estar sóbrio, era somente tentar analisar as coisas de forma fria e sem um desejo suicida dentro.

Peguei pra sair naquele dia, o sol estava de rachar, mas foda-se, eu estava mesmo inquieto e sem uma bebida na geladeira. Os tempos estavam dificeis, estava quase passando fome, as bebidas haviam indo embora, as vadias também, eu finalmente havia perdido tudo, eu fatalmente acabaria numa sarjeta, com os dentes podres e pegando latinhas pra poder bancar o meu Corote de cada dia, pedindo comida pra estranhos que estivessem dispostos a me dar os seus restos. Era visivelmente deprimente o meu estado, mas eu não conseguia lutar contra isso, eu resolvi me entregar, me entregar a um caminho que não me levaria a nada e nem a lugar nenhum. No meio do caminho vi uma senhora passando, ela parecia ser bem gentil, pedi umas moedas pra ela, ela me deu uma nota de 2 reais sem nem me conhecer, e isso foi bem legal. Parei no boteco mais próximo, estava até que bem animado pra uma quinta feira a tarde. Os tiozinhos jogavam dominó e tomavam cerveja Cristal, tocava o som do bom e velho Amado Batista, haviam alguns velhos sentados no balcão... Puxa vida, a vida parecia ainda ter algo de divertido. Eu não tinha muito dinheiro, mas sabem como é, nesses bares acabamos nos tornando amigos. Todo boteco é uma família. Por isso que os maridos deixam de ir pra casa após um dia de trabalho pra irem pra lá. Não é questão de beber, é questão de se sentirem bem lá. Em casa só existem problemas. A esposa reclama das contas, tem ainda os filhos que enchem o saco, pedem coisas pra caralho, querem atenção, e sim, ainda tem que assistir a novela com a esposa, porque ela é burra e noveleira. Gente noveleira merece morrer, novela emburrece. Pois bem, os maridos vão pros seus empregos e a noite querem sossego, e o boteco tem isso. Mas enfim, era quinta a tarde, sentei no balcão do boteco, coloquei uma nota surrada de dois reais sobre a mesa e disse:

- Me vê a felicidade mais barata que você tem ai.

Ele riu da minha cara, pegou uma garrafinha de corote, virou uma dose no copo e disse:

- São cinquenta centavos a dose.
- Pega logo os dois reais, vou querer quatro doses então.

Ele pegou a nota, colocou no bolso e enxugou a testa com uma toalha encardida que ele carregava nos ombros, eu ri, peguei a dose e virei tudo numa única talagada. Senti descer rasgando, senti um pouco de tontura de forma imediata, ela sempre bate com uma força fodida no teu fígado. A careta acaba sendo inevitável, mas quando não se espera mais nada da vida, um drink pesado é até que bem tranquilo. Um senhor do meu lado estava tomando pinga com limão, me olhou tomar aquilo e perguntou:

- Você é tão jovem meu filho. Não entre nesse caminho não.
- Vai se foder, seu velho filho da puta! - eu retruquei com o dedo em riste.
- Quantos anos você tem? - ele perguntou de forma tão serena, pareceu que nem me ouviu.
- Vinte e um - eu disse, pensando que se ele não se exaltou, eu também não vou me exaltar.
- Meu Deus. A geração de hoje está perdida - ele me disse, virando em seguida sua pinga com limão.
- Pois é, a vida me fode, portanto eu fodo com a minha vida, e assim tudo parece fazer mais sentido - eu disse, já pedindo a minha segunda dose de Corote pro "garçom" (o cara que servia as doses ali caralho, não sei como definir ele).
- Sei como é meu filho, sei como é...

Peguei minha segunda dose e virei com tudo. Me sentia mais feliz assim, eu já podia beber naquela altura, e isso estava me deixando feliz. A felicidade muitas vezes é encontrada no fundo de uma garrafa, ou de um copo. As pessoas não podem te fazer felizes. Elas te manipulam e te usam, e quando você menos espera... BANG! Vem alguém e te fode sem pensar. Eu estava conversando com um amigo outro dia, ele tinha a minha idade e aceitou morar com uma mulher mais velha e com dois filhos, eu realmente não entendia os colhões de alguém que se disponibiliza pra esse tipo de merda. Parece que quanto mais a vida tenta te ajudar, mas as pessoas fazem questão de destruir ela, e isso que ele estava fazendo. Pagar contas, ter filhos, uma casa, pensar em crescer, ter um carro, trabalhar muito, fazer prestações com coisas inúteis... Hahahaha eu ria sozinho enquanto pensava nisso. Meu dinheiro eu gastava com alcool, e assim me parecia muito bem. Já comprei notebooks, roupas, chocolates caros, livros e uma infinidade de coisas pra uma mulher que no fim das contas chutou meu rabo sem perguntar se eu estava feliz com isso. É foda. A vida estava sendo mesmo injusta comigo, e eu reparava que não me restava muito tempo aqui na Terra, eu reparava que tive tudo e de uma hora pra outra perdi tudo. O correto era tentar me reerguer, mas eu era preguiçoso demais pra esse lance de felicidade, o que eu queria mesmo era morrer lentamente, assistir a vida passar de uma forma mais rápida, e isso o alcool me proporcionava.

"Por Deus, como estou pensativo hoje! Que merda!" Pensei e ri sozinho novamente. O dia estava passando mais rápido, e meu estômago estava fazendo barulhos como se anunciasse uma daquelas cagadas tensas, mas era somente um alarme falso, ele devia estar somente reclamando do Corote que eu tomei. Mas eu não estava disposto a parar com isso, eu queria mais é que tudo se fodesse, eu queria quebrar copos na parede e xingar as mulheres que me chutaram, e cuspir no chão, e mijar nas portas das igrejas, e peidar na cara das pessoas que eu não gostava.

Peguei minha terceira dose, eu virei com tudo de novo, olhava os tiozinhos jogando dominó, e pensei que as pessoas são felizes com muito pouco. O lance é que a vida não me proporciona o que eu quero, a vida te restringe demais, eu queria mais, eu queria algo maior, e eu pensava que somente após a minha morte eu teria uma chance de alcançar isso. Pensamentos suicidas nunca são bons, mas ver que antes as mulheres te chupavam, ver que antes eu bebia whisky, ver que antes eu tinha status social, e perceber que de uma hora pra outra eu perdi isso tudo, sim, perdi tudo, não tinha dinheiro pra comprar um pãozinho francês, voltei a morar com a minha mãe, que detalhe, era longe pra caralho de todos os lugares importantes, perdi meu emprego que me dava status, e mulheres? Mulheres muito menos! Pra você ter uma mulher, você tem que ter no mínimo o dinheiro pra pagar uns drinks pra ela, pra fazer uma social com os amiguinhos dela, pra ela mostrar pras amigas e falar "Vejam o homem que eu tenho! Vejam como ele é foda!", além de carro, planos e futuro, e tudo isso, naquele momento, eu não tinha. É a vida estava me batendo e eu nada fazia de volta.

Minha quarta dose eu peguei num copinho de plástico, pronto, eu estava bêbado pra ir bebendo ela no caminho de volta, e dessa vez eu beberia aos poucos. O sol ainda estava alto, me mostrava imponência enquanto o que eu tinha era somente impotência, eu era o traste, o mau exemplo, o cara que não se barbeia e nem corta o cabelo, o cara que não escova os dentes e está pouco se fodendo para o que a sociedade dos dentistas pensam sobre a saúde bucal. Sim, eu estava predestinado a morrer cedo, mas isso não me incomodava. A vida pra mim era uma roleta russa diária, em que eu não sabia quando a bala iria me acertar, mas eu sabia que sim, existia uma bala e essa bala iria me foder em algum momento com certeza. A tristeza não estava presente naquele meu momento de ebriedade, mas esse lance de pensar estava me fodendo demais, eu não poderia pensar tanto assim, eu tinha que mandar tudo se foder. Virei a quarta dose, deitei na calçada e acabei pegando no sono. Fodam-se os pensamentos, eles estavam me irritando demais.

Zaratustra

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Felicidade plena



Algo me incomodava, eu tragava um cigarro de forma deprimente demais, demais até mesmo pra mim, um bêbado inútil que só queria saber de foder vadias beijando-as na boca (para manter a paixão chuchu), eu só sabia que não estava nada bem, nada bem mesmo. Andava pra baixo, não chorava, mas minha única vontade era de ficar dormindo, dormir o dia todo me atraia, ou ainda, beber olhando pro teto, beber de leve, na maciota, nada de vodka, somente um contini, ou uma jurupinga (só pra ficar bêbado de leve), ouvindo alguma boa banda, mas bandas tranquilas, tais como Floyd, Tears for Fears, Cicero, Los Hermanos, e porra, por ai vai. Sei lá, a ideia de ver pessoas, e de sair com pessoas não me satisfazia como satisfez um dia, eu pensava que a vida não passava de uma ladainha repetida, mas tão repetitiva que qualquer ser humano que fosse são, não era normal. Ninguém normal é capaz de aguentar a vida na Terra, o que quero dizer é que esse lance de "viver" é muito chato, parece que fazemos sempre as mesmas coisas das mesmas formas, e que por mais que tentemos colocar alguma coisa de legal nela, nunca muda, nunca vai mudar. O que temos são apenas respiros de felicidade, eu digo que felicidade plena era utopia, mas tinhamos pequenos espamos de felicidade, e isso fazia a gente acreditar que dependia apenas de nós manter isso, que somente nós podiamos controlar os nossos destinos. Balela. O fato é que dependemos de outras pessoas, e que muitas vezes, quando não nos blindamos, essas pessoas acabam com o pouco de respiro que temos, elas nos controlam e nos manipulam. Por mais que nós possamos ter alguém a quem manipular, por mais que possamos ver elas mal também (como nós), isso nunca vai preencher o espaço que é dilacerado por essa pessoa da qual dependemos.

Cordas estavam penduradas no teto do meu quarto, elas pareciam cobras me tentando, assim como fizeram com a Eva (sou ateu, mas se você acredita nisso, entendeu a analogia), e por mais que eu lute contra elas, por mais que eu tente ser mais forte, melhor, mais ser humano, sentir mais as coisas e achar que existe uma luz no fim do tunel, eu sei que a força delas é bem maior, parece que a felicidade plena não vai ser alcançada aqui, na Terra, e sim em algum outro lugar. Não que eu acredite em vida após a morte, mas porra, já sei que a vida é uma merda, eu preciso de algo mais do que isso, e pra mim a Bíblia é tão real quanto unicórnios cor de rosa, e que o Espiritismo é outra balela que, honestamente, me rói os culhões de forma pesada e tensa. Pensemos que, o que acontece com a gente na Terra, é somente castigo. Nada além de castigo. Nada além de nada. E que o alcool pode nos preencher até a nossa morte, ele pode fazer a gente se sentir bem momentaneamente, e quando ficamos sóbrios ficamos tristes de novo, depois ficamos bêbados e felizes, e isso é o que me fez de um cara comum em um alcoolátra. Não querer estar mal. Nem por mim, nem pelos outros. Simplesmente ver a vida passar em flashes, esperando (e torcendo) pra que ela acabe logo e minha respiração finalmente cesse.

Zaratustra

domingo, 15 de dezembro de 2013

Sinatra e não se encaixar socialmente



Porque precisamos disso!? Porque precisamos nos encaixar!? E sermos pessoas "decentes", casados e com filhos. Honestamente? Foda-se. Eu faço o que eu quero, quando quero, e vivo bem. É pedir demais ficar em casa, me embebedar e ouvir Sinatra!? Porra, claro que não! Mas me cobram "viver", me cobram "sair e ver pessoas, e tentar arrumar uma namorada" Caralho! Só quero beber e ficar sozinho. Isso é pedir demais!?

Zaratustra

Sobre mulheres (e suas bucetas)



Não se apaixonem
por vadias
E nem acreditem
nas mulheres
E nem amem
as pessoas que não são reais
E nem levem um
café da manhã na cama
pra elas
depois de uma noite de transa

E digam que são canalhas
E chupem as bucetas dela
com vigor
Elas são somente isso
somente uma buceta
aproveitem
Enquanto estiverem dentro delas
E se por acaso
elas falarem
"Te amo"
Não acreditem
E respondam
"Ok chuchu"
Virem um copo de vodka
e cuspam
no chão

Zaratustra

Restos de uma sexta



Acordei na porta da Zurich Seguros. A ressaca era minha amiga. Não sei como havia chego ali. Virei pra direita, peguei a Peixoto Gomide, fui subindo com os braços cruzados, tremendo de frio. As pessoas me olhavam e me julgavam. Eu só ria. O alcoolismo não é fácil. É um estilo de vida. Pensava na minha vodka. Com esforço, cheguei na Paulista. Virei à direita. Me senti vivo. Me senti feliz. O caos me atraia. O barulho dos carros, era meu silêncio. Eu amei, mas agora não amo mais. Perdi meus cigarros, mas entrei no metrô Consolação, junto aos nóias, que cheiravam cocaina às 8h da manhã.

Eu juro que, se eu fosse um nóia, moraria na rua, beberia corote, não teria ninguém e morreria cedo.

Zaratustra

Conselhos aos jovens



O que a gente faz com aquela angústia? O fim será melhor do que o começo. Não toquem a campainha. Cheirem acetona e bebam Amarulla. Joguem na mega-sena. Sejam saudáveis. Ouçam Chico Buarque e Caetano Veloso. Não chorem, engulam a tristeza, acumulem ela. Tomem pílulas. Peguem ônibus cheios. Visitem um sebo. Cheirem livros velhos. Sorriam com os dentes amarelos. Quebrem as coisas. Peguem numa arma. Xingue uma velhinha na rua. Cortem os pés numa pedra na praia. Tomem um fora da sua paixonite. Tomem um porre por isso. Arrumem brigas. Coloquem o dedo na tomada. Cuspam num carro importado. Mijem em portas de igrejas. Gorfem num balde. Quebrem uma privada. Briguem com um nóia. Vendam o celular por cocaina. Fracassem. Vençam. Apostem nos caça-níqueis. Beijem alguém do mesmo sexo. Case. Separe. Perca tudo. Ganhe tudo de volta. Xingue seus pais. Peça desculpas. Quebre sua casa. Cheire cocaina na frente da sua mãe às 7h da manhã. Cante num karaokê. Coma um temaki. Sorria com bobagens. Vejam o mar. Jogue um game. Tome um chifre. Chifre ela de volta. Tenha um macaco de pelúcia. Fique entediado. Suje sua varanda. Escreva. Leia. Seja um gênio pra si mesmo. Ameace se jogar de uma ponte. Visite o Inferno. Visite o céu. Morra satisfeito.

Zaratustra

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Pequeno conto erótico



Eu carregava meu sorriso cafajeste no rosto enquanto a olhava deitada no sofá da sala. Geralmente eu fico com cara de idiota quando sorrio dessa forma, e dessa vez não foi diferente. Estava bancando o idiota, mas ela me deu aquela risadinha "hihihihi", que é o que as mulheres dizem quando o que realmente querem dizer é "cê tem cara de idiota, mas eu daria pra você". Sabia que ela queria dar pra mim, não perdi tempo. Pulei nela como um leão pula numa zebra (não, os leões não transam com zebras, mas as abocanham, e foi isso que eu fiz!), eu mordi o corpo inteiro dela, em meio aos gritinhos de "Para, para, para..." mas que a gente sabe que significa "continua, continua, continua..."

E cada vez que eu olhava nos olhos dela, minha vontade de FODER ELA ATÉ NÃO EXISTIR O AMANHÃ aumentava. Sim, é um conto erótico, vou ser mais sujo do que o normal. Se você não aguenta, bebe leite... (hmmmm leitinho quentinho né, LEITE DE PICA NÉ!?!? PORRA!) Onde eu estava mesmo? Ah sim, dentro dela. Ahh não, espera, ainda não. Eu mordia ela com gosto. Tirei a blusinha roxa dela sem a menor resistência. Só peguei na parte de baixo da blusinha e ela já levantou os braços. Ela quer dizer com isso: "Sim, quero que você ME COMA!" Enquanto eu pegava na nuca e puxava de leve o cabelo dela com a mão direita, a esquerda usei pra abrir o sutiã. As mãos dela que estavam no meu rosto, foram deslocadas pro sutiã. Ela tirou e me mostrou os peitos. Que tetas! OBS.: Porque será que a mulher fica tanto com a mão no rosto do homem? Deve ser o tal do lance da "paixão", sei lá. Mulheres que transam comigo sempre pegam no meu rosto e no meu pau. Constatações: tenho um rosto bonito, um corpo comum e um pinto grande. FIM DAS OBS.

Onde eu estava? Ah sim, dentro dela. Ops, ainda não, eu acabara de alcançar as tetas (sério, não vou me cansar dessa piada de "onde eu estava? dentro dela"), eu mexia nas tetas e dava chupadinhas de leve, passava a língua nas aureolas e chegava nos bicos, já duros, sinal de que estava excitada. Mordidinhas? Claro, porque não? De leve, pra não machucar. Nisso, eu ouvia pequenos gemidinhos dela, ela estava começando a ficar molhadinha (o cheiro de buceta molhada ainda estava preso dentro da calcinha, por isso a sala cheirava somente a lustra móveis... Sim, limpei a casa pela manhã...) Aí que ela resolve tirar a minha camiseta, eu levanto os braços, dizendo "Ok, tire minha roupa e TE FODEREI" Estavamos lá, eu montado por cima dela e ela de pernas abertas, mas ambos de calça. Aí tinha tudo que é padrão. Respirações ofegantes, mãos dela nas minhas costas, minhas mãos passeando o corpo todo dela. Enfim, o de sempre.

Depois de um pouco de pegação, resolvi que estava na hora de tirar as calças dela pra finalmente metermos como dois cães no cio (mas sem a parte em que eles ficam grudados e chiando, e aí tem que jogar água na junção do pinto dele com a xoxota dela, o que faz eles se soltarem. Ahh, a natureza é mesmo linda.) Tirei as minhas calças na velocidade da luz, tirei a cueca também, fiquei armado, e a psitola começou a cutucar o corpo dela ainda de jeans, as coxas dela me lembraram a entrada do Hopi Hari, com a diferença de que as catracas eram os jeans, e ao invés de eu levar uma carimbada na mão esquerda pra ser identificado enquanto estivesse lá dentro, era ela que seria carimbada depois que eu entrasse, e que CARIMBAÇO que seria (não falo do tamanho do carimbo, e sim da tinta, fazia tempo que eu não transava e estava de saco cheio... na forma literal da coisa, o saco cheio de sêmem mesmo). A melhor forma de tirar as calças de uma mulher, é começar a masturbar ela. Abrir o botão e o zíper, colocar a mão dentro da calcinha, isso já é metade do caminho. E ela tá gostando tanto que nem percebeu que sua intenção é colocar algo maior lá dentro em instantes (sim, seu pinto. Se seu dedo for maior do que seu pinto, se mata ou vira assexuado, que nem pra bicha você serve). Dê umas DEDADAS lá dentro, sinta o terreno. Eu costumo pensar que colocar o dedo dentro de uma buceta é como cavucar terra molhada: a sensação é boa, os dedos entram facilmente e não se sabe o que encontrará lá.

Ok, agora o lugar estava impestiado pelo cheiro de buceta. E seus dedos ainda mais. Cheiro de buceta permanece nas mãos por dias e dias, e por mais que você lave, não sai. Uma vez, um dia após ter transado, ainda estava com o cheiro da mão dela na minha mão. Detalhe: mão esquerda, geralmente é na direita, uma vez que sou destro. Tinha a mão boa livre e o cheiro bom na mão ruim. Se você leitor pensou que tive a ideia de me masturbar cheirando a minha mão, você está... correto. (Além disso, você é muito sujo!) Mas pensei que isso seria DOENTIO PRA CARALHO, até pra mim, e fiquei com o cheiro na mão sem me masturbar. Enfim, onde eu estava? Ah sim, dentro dela. Aliás, ainda não... Ou estava? Porra, meus dedos estavam lá, eu estava sim hahaha (a piada falhou dessa vez...) e nisso ela tirou suas calça, sim ela! E já foi pegando no meu pau e me puxando por ele. Me senti um cachorrinho que é puxado pela coleira quando está prestes a ir num lugar que quer ir e não pode, mas minha coleira entrava em bucetas (sim, não consegui fazer analogias agora. Me julguem!)

Metemos um pouco. Eu por cima, ela deitada. Essa posição o homem trabalha muito mais do que a mulher. Eu segurava na nuca dela pra aumentar a pressão da metida. A outra mão, eu usava pra puxar o ombro esquerdo dela. Isso também aumentava a pressão da metida. Ela me pegava pela cintura, me puxando cada vez mais. Também aumentava a pressão da metida. Se a metida fosse uma pessoa, morreria de pressão alta. Esse ritmo frenético durou um tempo. Resolvi mudar um pouco.

Comecei a chupar ela. Já antecipo que ela não me chupou, ao menos não encostou a boca no meu pau. Não sei dizer o segredo de uma boa chupada, sei que dou o meu melhor e muitas vezes elas gostam, outras não... Enfim, tenho uma técnica de lamber o grelinho e enfiar o indicador ao mesmo tempo. Sim, parece estranho, mas elas gostam. Não sei se pela linguada ou pela dedada... Mas dá certo, é melhor acertar sem saber o porque do que, do que errar e saber o motivo. Fiquei nessa chupada e mexi nas tetas, chupadas e tetas, tetas e chupadas, e senti a buceta dela pronta pra outra, sim, pelo gosto que estava na minha língua. Quando as bucetas estão prontas pra serem metidas, vem um sabor meio agridoce. Sei lá, é difícil de explicar.

Dessa vez eu pedi pra ela montar em mim, como uma boa amazona ela o fez. Nessa posição, ela trabalhava muito mais. Eu ajudava, pegava ela pela perna, e dava pequenas "levantadas" Via ela subir e descer, subir e descer, subir e descer... Muito bom. Ela usava meu peitoral de apoio e também gostava muito. Gozamos juntos! Só que não hahahaha. Ela gozou e continuamos metendo. Senti o meu pau molhado, e sim, a porra da mulher é meio esbranquiçada também. Cansei de bancar o cavalo e resolvi bancar o cachorro.

Coloquei ela de quatro, e aí que a coisapegou fogo. Uma boa metida de quatro envolve alguns pontos principais. Mãos nas "ancas", na cintura. Mãos firmes, isso é importante. Uma passada de mão nas costas dela. Sério, isso parece bobagem pra nós homens, mas elas piram! E por fim, e não menos importante é a mão no cabelo e na nuca. Se os cabelos forem longos, dá até pra usar de "rédea", mas independente disso, eu sempre preferi segurar no cabelo mais pro couro cabeludo mesmo, e "passear" pela nuca também. Sempre com firmeza e sem parar a metida. Ela gozou mais uma vez, eu estava num dia dos bons (Eu tenho dias de um minuto e dias de uma hora, não sei porque e nem como controlar...)

Quando senti que ia gozar, parei. Ela era safada, e queria tomar na cara. Eu, como bom cristão, que quer a felicidade do próximo, coloquei ela como uma cadelinha pedindo biscoitos, bombei e finalmente gozei. Parecia reveillon. Foi porra pra todo lado. Caiu na boca dela, assim como no rosto e no cabelo. E ela, gulosa, engoliu tudo. Que delícia cara, que delícia. Perdi uns quilos depois disso, mas me senti regenerado.

Zaratustra

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Mandar as pessoas se foderem e a solidão como rotina



Porra, eu aguentava coisa demais naquela merda de existência que eu insistia em chamar ainda de "vida" apesar da compreensão que vida implica em felicidade, e isso ainda não ocorria. Meu problema era me irritar demais com coisas que eu não precisava me irritar, eu tinha que começar a mandar mais as pessoas irem se foder e cuidarem dos próprios rabos sujos e fedorentos. Talvez isso me tornasse ainda mais solitário, mas eu não ligaria muito, desde que eu pudesse ser honesto com as pessoas e comigo mesmo. Naquele dia, sai do meu trabalho, passei no mercado, comprei duas latinhas de Itaipava, tomei ambas em duas unicas talagadas, me senti mais vivo. Deitei na minha cama, tirei as calças e a camiseta de trabalhador sofrido, fiquei apenas de cuecas enquanto ouvia o bom som do gênio Tom Waits. Acendi alguns cigarros, entornei um pouco de vodka e me senti aliviado e feliz pela solidão ser parte da minha rotina.

Zaratustra

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sinatra, vodka e a reclamação contra as pessoas que me julgam!



Tudo começou naquela tarde em que eu lia um pouco de Bukowski e estava reclinado na minha poltrona de pensar e dava cachimbadas de leve, rindo um pouco com a sujeira do velho cafa... Ahhh Buk, você sempre com bons textos pra me animar, mesmo quando eu estava mal, o que era o caso naquela sexta feira amarga. Não tinha planos pra noite, pensei em pegar a garrafa de vodka e me embriagar, e porra, sempre que penso isso, me parece ser uma boa ideia. Solidão; alcool; sossego. São três palavras que tem relação direta entre si, e ainda mais pra mim, ainda mais pra um cara que se dava bem com as pessoas, mas que preferia se esconder às vezes, somente pra pensar consigo mesmo sobre a vida... E ler Bukowski e Norman Mailer e também aquele alcoolatra do Hemingway. Ai ai, a vida era bem divertida, livros, alcool e uma poltrona. Eu não precisava de mais nada além disso.

Resolvi me levantar, coloquei o cachimbo pra descansar em cima da mesa. Dei uma limpada de leve nele, pretendia fumar mais tarde. Cocei o cu de leve, fui em direção à cozinha pra pegar uma cerveja, o lance de só beber vodka estava me fodendo. Brejinhas são excelentes na maior parte do tempo! Abri a latinha, era Itaipava, dei uma talagada grande, me senti mais aliviado, a tristeza estava indo embora, quanto mais eu bebia, mais feliz eu ficava, e eu já não via isso como coincidência. Me dirigi pra sala, busquei um bom som pra ouvir, estava ouvindo muito Ghost na época, mas nessa tarde de sexta eu queria relaxar, por isso coloquei o bom e velho Frank Sinatra. A música era Fly me to the Moon, e eu dançava sozinho feito um retardado mental, mas eu nem ligava, estava me sentindo já bem melhor. Bukowski e Sinatra são a combinação perfeita!

Fly me to the moon
Let me play among the stars
Let me see what spring is like
On a-Jupiter and Mars
In other words, hold my hand
In other words, darling, kiss me


Meu dia estava já ganho, quando toca meu telefone com seu barulhinho chato de BRIM BRIM BRIM.

- Alô.
- Oi Carlos! É o Felipe caralho! Como você está?
- No falar tu lingua, senor Carlos morrio, no falar tu lingua...
- Para com essa babaquice! Sei que é você! HAHAHAHA
- Ok gajo, sou eu mesmo. Tava só te zuando...
- Beleza man, seguinte, vamos fazer algo hoje?
- Sei lá cara, eu estava muito mal, mas ai comecei a beber e a ouvir Sinatra e ler Bukowski. E agora estou feliz. E se eu sair de casa e ficar triste? Fodeo. Não saio daqui nem fudendo.
- Puta merda, você e seu alcoolismo...
- Não me enche a porra do meu saco, sua puta flácida! Eu te ligo pra te dar palpites? - eu disse, de forma violenta e interrompendo ele.
- Ok man, relaxa! Você é estressado pra caralho, devia fazer yoga...
- Não fale assim comigo caralho!
- Beleza cara, beleza... Eu estou de boa. Curti a ideia de Sinatra e drinks. Vou colar ai, pode ser?
- Ok jovem, ok. Mas não vai se meter na minha vida, né sua putinha chupeteira de caralhos?
- Juro que não hahahaha
- Beleza man, beleza. Quando você quiser pode colar.
- Cê tem comida?
- Tenho porra nenhuma... Me alimento de cerveja e moro sozinho. Deve ter uma bolacha em algum lugar aqui, que não sei qual...
- Cara, beleza - ele me disse já de saco cheio - vou levar alguma coisa pra cozinhar pra ti, vou ser sua esposinha vadia ok?
- Se você chupar meu pau e acariciar minhas bolas, por mim ok hahahha
- Vai se foder, sem maldade
- Mas você vai me chupar antes?
- Tchau chuchu, até mais.
- Hahahaha tchau gajo!

Pois bem, ai que continuei nas cervejinhas, quando senti aquela dor no estômago fodida, eu sabia que ia morrer ou pelo fígado ou pelo estômago. Aumentei o som e fui pro banheiro. Caguei com a porta aberta, vocês não sabem qual é a liberdade que se sente quando se caga de porta aberta. É inspirador! O vento corre pelo banheiro, e suas bolas ficam até mais geladinhas, e o cheiro podre da sua cagada fica mais leve. Por Deus, isso sim era bacana. Pois bem, sentei no vaso e comecei a minha labuta, cagar mole o alcool que eu havia ingerido. E enquanto isso, mexia no celular, apenas trivialidades mesmo. Terminei de cagar, limpei meu cu e resolvi me banhar. Sempre tomo banho depois de cagar, isso faz com que eu me sinta mais limpo. Terminei o banho, me enxuguei e voltei pra sala, completamente nu. Coloquei um shorts daqueles de jogar futebol, sem cuecas, as bolas ficaram soltas e livres, e isso é muito bom. Voltei de leve a beber a garrafa de vodka, e ouvindo Sinatra, o garboso de olhos claros. Agora tocava Let's face the Music and Dance.

Before the fiddlers have fled
Before they ask us to pay the bill, and while we still have that chance
Let's face the music and dance


Lembrei de quando eu era só um moleque e não curtia esse som. Hahahaha, a vida estava me ensinando pra caralho, e isso sim era bem bacana. Continuei bebendo de leve minha vodka, pensando coisinhas da vida. Naquela altura eu nem pensava mais em mulheres, mas ainda assim eu me lembrava delas, agora com um sorriso no rosto, lembrei da Liza, da Carlinha, das transas com a Myuki, da outra asiática também, da Joy, e até da minha ex mulher, a Angélica. Eu estava bem mais feliz eu estava de boa, as boas recordações delas se mantiveram em mim, e não me restava mais nada além de torcer pra elas serem felizes, porque eu sei q no fundo, todas me acrescentaram algo, e todas mereciam o melhor. Mesmo que tenham me chutado depois.

Meus pensamentos estavam tão entretivos que quando olhei no relógio já havia passado umas 2 horas que eu tinha tomado banho, e a garrafa de vodka já estava no final. Nisso, Felipe chegou, tocou a campainha com aquele estardalhaço de praxe. E eu só gritava "Já vai caralho! Se foder viu!"

- E aí bonitão, beleza? - ele me perguntou e me deu um abraço.
- Tudo suave...
- Porra man, que belo som é esse que tu tá ouvindo?
- Sinatra jovem, Sinatra... Mas temos um problema. Estou sem vodka já - mostrei pra ele a garrafa vazia e fiz uma cara =/
- Cara, relaxa, sou sua esposinha hoje. Trouxe vodka, macarrão, e adivinhe... Cocaína! Sim, hoje será o pacote completo hahaha
- Porra man, ai sim caralho! Boa! Entra ai jovem!

Ele entrou, colocou a vodka no congelador. Colocou a água pra ferver do macarrão, eu nem tinha tanta fome assim, mas aceitei de bom grado. Montamos a primeira linha na mesa da sala, eu aspirei, ele aspirou a dele e a noite estava começando a ficar boa.

Não gosto de ser julgado, e isso que é o pior! Enquanto eu ia entornando a vodka, eu e ele fomos conversando sobre um ocorrido.

- Pois é cara, ficaram sabendo que o André está cheirando e te culparam por isso, afinal, foi você que apresentou né? - ele me disse, enquanto coçava o nariz.
- Ah cara, sei lá - eu disse já bebendo a vodka - acho o seguinte: quer entrar nessa vida, aceite as consequencias. Aceite ser julgado, o mundo é assim. Eu e você sabemos que não é o fim do mundo cheirar uma linha de coca de vez enquando. Mas a sociedade já pensa que você é um drogado sem futuro, e isso que fode entende? Eu posso ficar meses sem cheirar, não vejo nada de errado nisso.
- Sim cara, eu sei... Mas é que tem gente que a familia enche o saco né? Você taca o foda-se demais pras coisas. Tem que tentar resolver às vezes.
- Eu sei cara, é uma fase minha... Mas me revolta mesmo é a sociedade de merda e hipócrita. Os caras nunca usaram cocaina e querem falar como proceder com essa droga? Vai se foder, fala com embasamento. Isso é o mínimo!

Só sei que esse papo todo me deu vontade de mandar outra linha. Mandei, e continuei o assunto enquanto coçava o nariz.

- E outra: eu bebo, escrevo, dou risada do Buk, danço com o Sinatra, eu vivo, eu cheiro de vez enquando, mas sempre, sempre banco meus vícios. Os caras acham que por eu cheirar eu sou um lixo, mas ninguém fala nada do fato de eu trabalhar 10h ao dia né? Ou das contas que eu pago em casa? Ou do dinheiro que dou pra minha mãe todo quinto dia útil? Ou das vezes que vou visitar meu pai pra cozinhar pra ele? Porra, julgar é fácil demais, quero ver comprovar os fatos! Porra!

Nisso bebi mais vodka, que desceu rasgando com tudo, matando todo o caminho que leva ao estômago. Mas eu nem ligava muito mais pra isso. Só queria beber e cheirar sem ser julgado, como eu sempre fora.

O macarrão estava quase pronto, e a noite ainda estava no começo. Tinhamos tudo o que precisávamos, coca, alcool e bom papo. Ahhhh e Sinatra. Precisa de mais do que isso? Com certeza não. A felicidade estava sendo irradiada de novo!

Zaratustra

domingo, 8 de dezembro de 2013

Eu estava feliz com isso, sem maldade!



E aí que eu bebi pra porra e cheirei pra porra e vi ela me olhando com aqueles olhos claros e me chamando de chuchu e dizendo q eu eu era o homem da vida dela. Eu mandei ela se foder, disse q eu era um lixo e que só queria comer ela e chupar a buceta dele e que eu era um traste de lixo e que nem ligava pra mais nada. Ela me deu um fora, mas enfim, eu ainda tinha minhas brejas e ainda chupava vadias ocasionalmente. Eu estava feliz com isso, sem maldade!

Zaratustra

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Marionete



Era muito difícil não poder ser eu mesmo, nem poder ser sincero com as pessoas, nem poder falar o que eu queria para as pessoas que mereciam. E a garota que flertei por um dia se sentiu incomodada quando eu disse que era contra o feminismo atual. Porra! É só expor a opinião que as pessoas somem, elas respeitam através do silêncio, as pessoas te respeitam fugindo de você e da verdade que você fala. É tão difícil assim manter uma relação com pensamentos divergentes!? "Ela só tem 16 anos e não conhece nada do mundo" Eu pensei enquanto pigarreava meu cigarro e tomava aquela vodka que paguei cinco pratas numa garrafa de um litro. Detalhe: garrafa de plástico. Eu precisava ser algo a mais, eu precisava ser a contracultura, nadar contra a corrente e ser um militante de uma revolução que só eu mesmo acreditava. Bukowski fizera isso! Nietzsche o fizera também! Até o próprio Descartes também o fez! Eu era um gênio somente pra mim mesmo, porque do "lado de fora" do meu mundinho de textos, eu era somente um cara comum que nada tinha a acrescentar a porra nenhuma. E na verdade, isso me sufocava. Odiava ser uma marionete, alguém com os passos ensaiados numa dança de merda, em que não existem certos ou errados, somente passividade e tortura temporal. Porra, os meus planos precisavam seguir a massa? Eu teria que ser somente mais um que casava e tinha filhos e planos e juntava dinheiro pra comprar um carro, uma casa ou uma viagem pra Austrália!? Me digam qual é o problema de não ter ambição. Me digam. Falta de objetivo na vida!? Oras, eu vivia muito feliz, sim, eu estava feliz com isso, com o fato de trabalhar 10h por dia, pagar minhas contas e beber todos os dias. Não via problema nisso. Porra, eu pagava minhas contas e bebia, e alguma hora a morte iria me pegar, e independente do número de carros que eu tenha na garagem, ou das casas que possuo em meu nome, ou da gostosura da esposa que eu tenha, ou do número de filhos que criei... No fim somos todos a mesma merda. Eu poderia acrescentar algo ao mundo, poderia me tornar um gênio, poderia escrever textos bons e ser venerado na minha morte, mas eu tinha que me esconder, eu tinha que ser aquele cara que respeita a tudo e a todos e não poderia tacar o foda-se às coisas. Eu só queria meu pagamento e tomar um porre. Nada de mulheres, ou filhos, ou casas de veraneio, nada disso, me satisfazia com pouco. Mas não, eu somente poderia desabafar por aqui (e usando um heterônimo), e somente isso que ainda me libertava de uma certa forma. Quando a vodka batia, eu batia nas teclas do computador, e as palavras fluiam, mas eu achava isso pouco, eu queria mais, eu queria que o mundo soubesse que eu não sou um cara normal, que sou transtornado, e tenho problemas psicológicos, e bebo como uma esponja, e não ligo a mínima se Drummond ou Vínicius eram românticos e eu via a mulher como uma buceta. Mas isso iria demorar, acho que isso aconteceria depois da minha morte (de cirrose, claro), e eu seria ovacionado pelos bêbados e fracassados em praça pública, por textos de latrina que fodem qualquer coisa que possa ter te deixado bem. Andaria pela sombra por mais algum tempo, mas eu juro, que se essa bebedeira me matar, eu juro que deixo que ela faça isso. Não quero me adequar a nada, eu não ligo pra mais nada, e acho que enquanto eu não puder ser eu mesmo, enquanto eu estiver aprisionado, minha felicidade não será plena.

Ainda bem que naquele dia havia recebido meu pagamento e pude me embebedar na varanda enquanto ouvia o som do Tool. "Ahhh Deus, o alcool me manterá são por enquanto" Ri, dei uma golada e a noite estava esfriando.

Zaratustra

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Eu precisava disso. Eu fazia isso.



Eu tinha meus probleminhas com alcool e com drogas, mas eu finalmente havia encontrado a felicidade de novo! Bebia todos os dias, fumava pra caralho, cheirava eventualmente, isso não é o mais correto, isso iria me matar, isso iria fazer com que amigos verdadeiros fossem embora. Eu sei disso, eu tinha plena consciência disso. Mas a minha felicidade voltara a ser plena, o sorriso voltara a ser sincero e nada mais me parava. Tudo o que eu queria era ganhar dinheiro pra pagar minhas contas, beber, fumar, cheirar e beber mais. Aceitava ser um proletário que trabalharia 10h por dia. Chegaria do trabalho, iria pro meu quarto, ligaria o som e iria me embebedar. Eu precisava disso. Eu fazia isso.

Zaratustra

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Desigualdade, doses de cachaça e a repreensão



Eu voltava a passos apressados enquanto ouvia Nirvana no meu celular, passando por estradas feias, com pessoas feias e desgraçadas, e sem os dentes (os frontais), e crianças nas ruas brincando com a terra, e as mães nos portões alheios fofocando sobre as vidas alheias. Carros pomposos e luxuosos passavam por ali, também, assim como eu, apressados, seus vidros eram escuros, mas volta e meia eu via alguém com os vidros abertos, eram madames em possantes de banco de couro, dados pelos maridos, empresários ou investidores de sucesso, ou médicos, com crianças de uns sete ou oito anos no banco de trás, crianças gordas, brancas e bem penteadas, e bem diferentes daquelas que brincavam na terra, que eram em sua maioria negras e com a cabeça raspada, cogitei a hipótese de que as madames levavam seus filhos pra casa depois de os terem pego nas escolas particulares, que eram muitas no caminho daquelas estradas feias, escolas com nomes pomposos, como "Maximiliano" ou "Arceu Crispiano" e outras coisas pomposas. De pomposidade eu não entendo porra nenhuma, tanto que eu voltava a pé e ouvia Nirvana, e não me importava de pisar nas estradas feias, ou de ver as pessoas feias e as crianças largadas nas ruas com seus brinquedos velhos... Mas sei lá "o mundo é mesmo uma merda", pensei, mas ainda mantive os passos apressados.

Passava em frente a um boteco, daqueles bem pequenos mesmo, daqueles que são feitos na garagem da casa do dono. Haviam alguns alcoólatras ali, eles bebiam cervejas baratas e jogavam dominó, sentados ao redor de uma mesa de metal que estava escrito "Antartica" em cima, com um logo de um pinguim. No balcão do lugar, havia um senhorzinho bem velho, meio corcunda já, usava roupas que não passavam de meros trapos, mas ainda assim ria (com nenhum dente na boca), enquanto tomava uma dose de cachaça. Decidi parar ali, me pareceu ser um local bem agradável. Fui em direção ao balcão e lancei:

- Me dá uma dose de cachaça!
- 51 ou Velho Barreiro? - um senhor com uma toalha no ombro me perguntou.
- Do Velho, é claro!

Ele serviu minha dose, eu via o líquido ir enchendo o copo e lambia os beiços, ele me olhava de soslaio, como se me reprimisse, e o velhinho corcunda só dava risada e passava a mão no rosto. O copo ficou cheio até a boca. Peguei sem pestanejar, virei tudo numa golada só (mentira, foram em duas, mas uma seguida da outra). Bati o copo na mesa.

- Outra!

Ele serviu de novo meu copo, a cena se repetiu, com exceção do velho corcunda que não ria mais, ele me olhava com seriedade e bebericava seu drink de leve, como se fosse veneno. Novamente o copo cheio, novamente em duas talagadas mandei tudo pra dentro. Dessa vez deixei escapar um pouco, por isso passei as costas da mão esquerda na boca.

- Outra!
- Tem certeza filho? - ele me disse, e dessa vez me olhou bem nos olhos.
- Tenho sim senhor! Outra!

Ele serviu mais uma dose, dessa vez ele parou de encher antes do copo chegar no talo. Lancei um olhar de repreensão que foi fulminante. Ele continuou a despejar líquido até chegar na borda. Peguei e virei em duas talagadas. Bati o copo na mesa.

- Quanto eu lhe devo?
- Três reais.

Coloquei uma nota de cinco em cima do balcão e saí fora, pronto, eu havia feito minha boa ação do dia, aquele cara deveria ter uns 8 filhos pra sustentar. Saí do local meio tonto, mas ainda assim bem, e o velho corcunda voltou a rir e a beber pesado quando eu pisei na calçada. Aquele lance de trabalhar 10h por dia estava me consumindo, mas eu não dava a mínima. Era isso ou a morte.

Zaratustra

domingo, 24 de novembro de 2013

A place to hide



- Cara, não me enche a porra do saco! Que merda, para de querer controlar a minha vida! Porra! - eu berrava com Alice, minha mulher na ocasião.
- Carlos! Carlos! Eu não vou admitir ser tratada desse jeito! - ela meteu o dedo em riste no meu nariz.
- Ahh, foda-se, foda-se, você é uma vadia! VA-DI-A! Nada além disso!

Nisso, eu já puto corri pro quarto, joguei a porta com tanta força contra o batente que fez um barulho alto pra caralho do tipo BLAAANGGG, eu liguei o som no talo, ouvia naquela ocasião The Soft Parade do The Doors.

Can you give me sanctuary
I must find a place to hide
A place for me to hide

Can you find me soft asylum
I can't make it anymore
The Man is at the door 


Tirei minhas roupas e me deitei somente de cuecas na cama, olhei pro lado e vi que em cima do criado-mudo havia uma garrafa de vodka (pensei naquele momento "obrigado DEUS!"), não era Smirnoff, não era Natasha, sua marca era Raskov, nem lembrava o porque eu havia comprado ela. Mas enfim, eu tinha boa música, estava deitado na cama e tinha alcool pra me ajudar a enfrentar aquele casamento frustrado que me consumia mais do que moleques de rua consomem pedras de crack (e em dias de sorte cocaína). Havia trancado a porta, Alice batia nela com força, gritava palavras de ordem tais como "Carlos, abre essa porta! Carlos! Que porra!"

Eu não ligava a mínima pra ela, eu estava cansado de tudo aquilo, precisava de um pouco de paz de espírito e de sossego. O dia passaria mais rápido com a vodka e com boa música, e por um momento me senti feliz de novo.

Zaratustra

Ficando velho...



Os pássaros cantavam naquele domingo de manhã em que eu voltava de cabeça pra baixo pra casa, em passos lentos e desanimados, os próprios pássaros estavam me irritando profundamente, e tudo o mais me irritava também. Tive vontade de atirar pedras neles, mas desisti, achei melhor evitar tal esforço.

Não que eu estivesse triste ou mal, mas eu estava me sentindo mais velho, mais acabado, sei lá, ou eu estava criando o juízo que minha mãe sempre dissera existir. Brincadeira. Eu ainda não tinha juízo algum, simplesmente eu estava ficando mais careta. Enquanto eu tragava um Marlboro (sempre do vermelho, é lógico), lembrei dos tempos em que eu conseguia beber pra caralho por oito ou nove dias seguidos, ou como naquele mês em que acabei com dez garrafas de vodka em trinta dias. Isso sem contar as cervejinhas (que foram demais pra contar), e eu me mantinha bêbado como um irlândes as vinte e quatro horas do meu dia. Agora não mais, agora eu ia para as baladas pra ficar sentado em sofás e tomar apenas um drink a noite toda. E pior, voltar pra casa e estar com sono, mas tanto sono que eu tentei empurrar cerveja pra dentro do estômago enquanto assistia TV às seis da manhã e acabei pegando no sono. Porra, eu tinha uma reputação a zelar, e o máximo que eu conseguia era pensar na minha cama e no meu sossego sóbrio.

Zaratustra

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O machismo nosso de cada dia



Tudo bem que eu não havia me tornado o melhor que um ser humano pode ser (honestamente eu tinha me tornado um LIXO), mas ao menos estava protegido do que pudesse me foder, e por me foder entendam como mulheres. Buk disse uma vez que já viu muito cara bom ir morar debaixo da ponte por causa de uma mulher que lhe fodeo. E não duvido disso. E digo mais: mulheres podem te manipular mais fácil do que você possa imaginar. E o que temos que fazer pra evitar isso? Temos que nos tornar tudo o que elas dizem repudiar. Temos que ser a imagem mais escrota possível na cabeça delas, temos que ser algo que é exemplo de mau caratér e babaquice. Difícil? Claro! Mas é claro que é difícil, mas é algo que temos que tentar, infelizmente.

Me tornei tudo aquilo que nunca fui, sempre fui um cavalheiro, sempre fui aquele que ouvia as mulheres, e seus problemas, e me apaixonava fácil, e ligava dizendo que amava, fora as bebedeiras por culpa das fêmeas, fora as humilhações, fora ainda a "friendzone", uma constante por um bom tempo. E ainda tinha que ver uns babacas comendo a garota que eu platonizava, que eu idealizava inalcançável e em cima de uma pedra distante. Me sentia um lixo, tudo o que eu queria era fazer elas felizes, e elas nunca reconheciam... Pra elas era indiferente se EU não conseguia dormir, se EU chorava pelos cantos, se EU comprava presentes pra elas e elas me tratavam como um cara qualquer. Eu havia cansado disso, eu estava desistindo por completo, mas resolvi que EU teria as rédeas da situação, que EU as faria chorar a noite, que EU seria pra elas tudo o que elas foram pra mim. Um manipulador! Somente isso. E se elas chorassem pelos cantos eu iria rir, eu iria gargalhar, eu seria aquele canalha que transa e não liga, eu seria aquele machista que acha que tratar a mulher mal não é exceção, e sim rotina. Perderia amigas mulheres, mas do que vale uma mulher se não for pra transar, ou pra sair, ou simplesmente pra usar pra alguma coisa e jogar fora?

Estava protegido, eu estava criando um escudo e estava tendo sucesso nisso, eu jamais deixaria uma mulher me foder de novo, eu já havia sido fodido demais, e isso era injusto. Sempre quis que as coisas acontecessem da forma certa, mas eu percebi que somente com o errado que eu me sentia bem.

Zaratustra

De repente BANG!



A morte é assim: BANG! Está tudo bem, e de repente, como um escorregão, a vida vai embora e não nos resta mais nada além de um pedaço de carne que a nossa família terá que cuidar. É foda. O pior da morte fica para os que ainda vivem. Tem que resolver uma caralhada de coisa, o caixão, o velório, o atestado de óbito, o que vai fazer com os imóveis no nome do defunto, a herança, o trabalho (que perdeu um funcionário), fora o choro melancólico que ecoa dentro dos amigos mais próximos. É foda.

Foram esses pensamentos que me acompanhavam naquele dia, os pensamentos de que a morte poderia me pegar a qualquer hora, em qualquer lugar e sem aviso prévio. Estou andando na rua e de repente BANG! um carro me atropela. Ou estou bebendo e de repente BANG! cirrose fatal. Ou ainda, escorrego, bato a cabeça na quina da mesa e de repente BANG! E o mais inusitado é que eu estava em frangalhos, eu queria logo que chegasse a sexta- feira (ainda era quinta), esse lance de trabalhar 10h ao dia envelhece, e eu já sentia meu tempo na Terra se encurtando mais e mais e mais, fora as rugas e os cabelos brancos que estavam surgindo... "Por Deus, estamos fadados a envelhecer na metade do tempo normal! Tudo que fazemos é juntar dinheiro pra comprar o nosso caixão quando chegar a 'hora'... Merda!" E mesmo com o trabalho me sugando ainda encontrava tempo pra me exercitar, eu estava mesmo com tudo de novo, eu estava diminuindo de novo com meus vícios, eu estava ressurgindo, e escrevendo textos intitulados de "Fênix!", e isso era muito bom. Mas naquela tarde, em que pensamentos sobre morte me rondavam, eu pensei "Será que vale a pena isso, se manter saudável, com um bom físico e tudo mais? E se a morte de repente me pegar e... BANG!?" Mas pensei que a morte poderia não me escolher, vai que a morte gostava de ver as pessoas trabalhar 10h por dia, enquanto ela puxava uma corda lentamente que ia ao encontro dela, e ela sabia, ela sabia que iria me pegar na metade do tempo normal.

No fim da noite, comi uma salada de alface, tomate, pepino, cenoura e pimentão, além de duas torradas com pão integral e umas bolachas, também integrais. Era saudável demais (ao menos pra mim era), e a garrafa de vodka tentava me chamar mas eu virava o rosto. Ganhei um beijinho molhado (sim, da garrafa de vodka), mas resisti bravamente. Ouvi Dream Theater e me preparei pra dormir... Afinal, amanhã minhas 10h de trabalhos me esperava. E a morte me puxaria lentamente com sua risada sarcástica.

Zaratustra

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O que me restava naquela tarde



Uma linha de cocaína e algumas cervejas eram tudo o que me restavam naquela tarde chata de quarta feira em que era feriado em São Paulo, mas não pra mim, eu trabalhava no cu do mundo, 10h por dia, era bem puxado, eu estava um caco. Ahh, sobre a cocaína era mentira, eu tinha mais ou menos umas 10 linhas razoavelmente gordas e fortes... E umas cervejas nada baratas. Bebia Bohemias, eu estava bem de vida, eu trabalhava pra caralho, mas ao menos curtia umas Bohemias antes de apagar no sofá do meu kitinete solitário. Porra, o cheiro de cal é consequência de um fracasso, e eu me sentia assim naquele dia em que era feriado pra todos, menos pra mim. Mentira, eu estava com tudo, eu tinha tudo, meus dentes (ainda) estavam no lugar e a vontade de beber e de brigar estava controlada. Li uns textos de uns amigos meus, que voltavam a escrever 1 ano depois do hiato, cheirei algumas linhas gordas, as restantes deixei em cima da mesa com a gilete, mentira, eu usava uma bandeja, nada de mesa, uma bandeja de prata e uma gilete. Depois de estar bem chapado do pó e das Bohemias, dei conselhos pra estranhos na internet e pensei em abrir uma rede de fast food. Somente planos de alguém cheirado, somente isso.

Zaratustra

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A despedida de solteira



Uma festa na Augusta era tudo o que eu queria e tudo o que eu não queria ao mesmo tempo. Porra! É incrível como as pessoas gostam de me arrastar pro caminho do mal. Mas não era culpa dela. Thais era somente mais uma das minhas amigas de trabalho que gostavam de sair comigo pra beber umas e outras de vez enquando, e o fato é que ela estava pra casar, e estava organizando uma "despedida de solteira". Coloquei entre aspas porque não era bem uma despedida de solteira, uma vez que não tinham somente mulheres, nem gogo boys, nem nada que vemos naqueles vídeos do xvideos, em que senhoras de meia idade chupam paus de garotos bombados em ambientes como o clube das mulheres. Era simplesmente um rolê comum com seus amigos de sempre, antes de se despedir da vida boa, quer dizer, da vida em geral, pois quando casamos jogamos os nossos sonhos no lixo (me desculpem os casados, talvez eu seja traumatizado demais pra isso, e por isso que fico de chorôrô, culpa da minha ex, a Angélica, mas isso seria assunto pra outro texto...) O que quero dizer é que a vida de casado é bem diferente da de solteiro, existem mais responsabilidades, você passa a foder somente uma pessoa, e tem que aceitar isso de bom grado, fora a convivência, que é o que mais destrói, como quando você está tomando banho e sua mulher entra pra dar aquela mijada matinal, sem nem se preocupar se passou a maquiagem no rosto. É foda, mas se isso é o que a maioria faz, deve haver algum sentido não é mesmo!? Sim sim, o óbito do ser humano é nossa única certeza, e o casamento, que possui muitas semelhanças com o óbito, acaba sendo quase inevitável na nossa sociedade, exceto pra gênios como Bukowski, que casam aos 65, já sabendo que a morte está próxima mesmo.

Pois bem, seria num sábado à noite, num barzinho em que tocava de tudo, tudo mesmo, e por isso que ela queria lá, pois possuia amigos ecléticos demais, desde funkeiros (que NÃO é meu caso) até os rockeiros (que É meu caso), passando também pelas vadias de vestidos curtos que gostam de sertanejo "universiótario", isso sem falar nos pagodeiros, que não podem ver uma mesa e começam a batucar, e a encher o saco com seus porres de cerveja Brahma (sempre de 600ml) e a maldita mania de palitar os dentes pra parecer um pouco mais homem e safado. Era gente demais, tanta gente que eu estava longe de conhecer todos, eu diria que conhecia 1% da festa (a Thais), mas não, isso seria humilhante até pra mim, que acabara de operar das hemorróidas (o que foi sim, de fato bem humilhante, abrir o cu pra um cara de branco catucar lá e tirar um "bolinho" de sangue e pus), eu ainda não era o cara mais anti-social do rolê, ainda tinha alguns amigos... Vamos dizer que eu conhecia uns 5% da festa, o que é um bom número. Amigos demais significam inimigos demais (já dizia um filósofo famoso, no caso eu), e por isso me satisfazia em não ser tão popular. Ahhh, esqueci de falar que o nome do bar era "Pecado", nominho sugestivo pra caralho, mas na real pecamos todos os dias, não faz diferença nenhuma o bar ter esse nome. Precisei me manter sóbrio até o horário da festa (21h), o que pra mim sempre foi um esforço enorme. Mas consegui me manter, e, como de praxe, eu sóbrio sou chato pra caralho, por isso nem vou falar o que fiz naquela tarde (além de jogar Pokemon a tarde toda... Mas o resto é segredo).

Eram mais ou menos 21h quando fui tomar banho. Peguei meu melhor jeans, minha camiseta do Frank Sinatra (esse cara é um gênio... acho que todo cara que bebe whisky puro enquanto canta merece ser taxado de gênio, assim como o Jim Morrison, que era um pouco menos recatado e tomava direto da garrafa), coloquei meu sapato social. Pensei em colocar meu chapéu de mafioso, mas o astro da festa seria ela, não tem porque eu tentar chamar mais atenção, até porque ficaria de canto com meus 5% de conhecidos. Desenhei bem a barba, se existe algo que eu prezo é a barba. Uma barba é o sinal maior de virilhidade do homem, sem a barba o homem parece só mais um moleque que toma leite Ninho de manhã e come pão de leite com manteiga no café da tarde enquanto assiste desenhos na TV Cultura (me desculpem os homens sem barba, é somente a minha opinião). O cabelo deixei bagunçado mesmo, não faço questão de gel nem nada do tipo, gosto dele natural. Pois bem, eu estava bem alinhado pra ocasião, eu achava que a Thais era uma garota bem bacana, e que merecia uma festa à altura dela, por isso que queria estar "top", como dizem os jovens hoje em dia.

Morava ainda ali no meu ap. perto da estação Paraíso do metrô, eram cerca de três quadras, "puta merda, eu moro bem pra caralho", pensei eu todo orgulhoso e pimpão quando sai de casa pra poder ir pra festa. Não tinha carro, mas isso nunca foi problema, eu pagava barato no ap, nas urgências usava taxi e sempre tinha o metrô por ali, não precisava me meter em 60 prestações por puro status social. Já disse isso em um texto e repito: me falaram que com carro eu pegaria mais mulher, e sim, eu pegaria mais mulher, mas sinto lhes informar uma verdade. Mulher = Dor de Cabeça, e dores de cabeça eu já tenho várias (vodka, cigarro, o trabalho de 10h ao dia, as contas, os problemas com a família, o aumento da passagem pra 3,20, o retorno pra 3 reais, o Cidade Alerta, o Instituto Royal, o Rei do Camarote e afff, só de lembrar já me canso), portanto não preciso de mais dores de cabeça, já estou tentando com muito custo eliminar as minhas atuais. Peguei o metrô da linha verde e em menos de cinco minutos cheguei na estação Consolação. Nisso eram umas 21h45. Na porta da estação, encontrei uns hipsters tatuados e cheios de piercings cheirando umas linhas de cocaína. "O de praxe, o de praxe", pensei ao chegar à Sodoma.

No local fui logo abordado pelo segurança. Me revistou igual ele revista o cu da mulher dele (o que quero dizer é que ele não come a mulher dele no cu, nem enfia um dedinho lá de vez enquando, o que quero dizer é que ele não revista a mulher dele no cu, ou seja, ele não me revistou), na verdade deu uma apalpada aqui e outra ali, se eu estivesse armado ele perceberia, mas acho que nenhum imbecil entraria armado numa balada, é muita betice, é coisa de moleque. Mas se eu estivesse com droga até não querer mais, ele nunca pegaria, eu poderia entrar com mais cocaína do que o Al Pacino no Scarface que ele só perceberia se eu tivesse com o nariz esbranquiçado, caso contrário deixaria passar. Enfim. Peguei minha comanda, vi que a consumação mínima eram 30 pratas, "Não é um lugar tão chique assim, até que está bem barato", pensei enquanto subia umas escadas olhando pras vadias do lugar com tanta fome que comeria uma zebra (ou uma vaca), e pude sentir a música aumentando conforme eu chegava no "pico" do local.

Chegando lá, fui abordado por Thais, que estava linda com seu vestido azul piscina (mentira, ela parecia uma piscina, e das grandes. Desculpa Thais, mas você é gorda, mas ainda assim bem apetitosa hmmmmmmmmm, que delícia cara!), que já veio me abraçando enquanto segurava seu copo de vodka com energético.

- Carlos! Você veio!
- Sim! Eu vim! - eu disse, retribuindo o abraço dela.
- Que bacana! Conheça minhas amigas.

Nisso ela foi apresentando uma por uma, eram garotas de todos os tipos, que mal me recordo os nomes, no geral nenhuma delas me atraiu, sou um cara que julga demais por estereótipos, e todas pareciam chatas PRA CARALHO e patricinhas PRA CARALHO e frescas PRA CARALHO, e tinham aquele rosto de quem foi criada a base de leite Ninho e com os pais pagando bons planos de saúde e levando no hospital a cada dor de cabeça... Fora o lance de ser criada em apartamento fechado com tudo dentro, e ter o quarto todo rosa e pintado com a decoração da Barbie ou da Hello Kitty, e terem tudo na mão ao abrir o berreiro, fora ainda a empregada negra que dava Biotonico Fontoura pra fazer ela comer os vegetais e os legumes (e que hoje a vadia não come). Me desculpe quem foi criado assim, sei que vocês não tem culpa de terem nascido em berço de ouro, mas a revolta de alguém que se fode pra pagar uma garrafa de Natasha é alta demais pra ser mantida em silêncio! Chamem de preconceito, mas me desculpem, acho que as pessoas tem que passar a imagem de acordo com as suas personalidades, caso contrário vamos todos usar roupa social como uniforme e fodam-se as convenções sociais. Enfim, estava cansado de ver rostos semelhantes na minha frente. Me sentei à mesa (minto, era um sofazinho, muito comum hoje em dia nas baladas), chamei a garçonete, uma morena alta, linda.

- Chuchu, me vê uma vodka com coca, por favor - e lhe entreguei a comanda.

Enquanto ela anotava o meu pedido, eu a olhava como um cão olha o frango girando no forno na padaria, com excessão da língua pra fora (mentira, eu coloquei a língua pra fora em alguns instantes, mas retornei ela à minha boca antes que ela percebesse tal ato doentio). Ela me olhou com uma cara estranha, saiu da mesa e foi buscar meu pedido, que chegou rápido pra caralho. Agradeci ela somente com o piscar do olho esquerdo e dei a primeira golada, ela havia caprichado, por Deus, do jeito que eu gosto (80% vodka, 20% coca), e me senti no paraíso. Nisso, Thais se sentou ao meu lado, junto com dois outros amigos meus, o Dudu e o Vinicius.

- Ai Carlos, eu vou casar, o que eu faço? hihihi Aiinnn, tô tão nervosa hihihi - ela me disse e ria com a mão esquerda na boca.
- Se mata hahahahaha - eu disse e dei outra golada no drink (puta que pariu, aquilo estava mesmo bom!)
- Aiiinnn seu bobo hihihihi... É sério, tô nervosa, será que escolhi o homem certo?
- Olha Thais, falando sério agora. Você só vai saber se escolheu o homem certo com o tempo, não dá pra saber assim, de cara. Só o convívio entre vocês que vai dizer isso. O Beto me parece um bom sujeito, apesar de eu mal conhecer ele, me parece ser trabalhador.
- E é sim Carlos. - Dudu, um dos amigos de Beto, me disse.
- Pois é, se Dudu está falando não tem engano.
- Eu também mal conheço o cara, mas ele me parece boa praça - Vinicius se pronunciou, enquanto tomava sua dose de whisky.
- Eu sei meninos, mas é que eu sempre fico com um pé atrás por causa do Carlos... O lance da Angélica e tudo mais... Não quero que isso aconteça comigo - Thais pediu desculpas e encostou a mão no meu antebraço, em sinal de carinho.
- Relaxa Thais, eu já superei. Mas não pegue as minhas histórias como padrão, você sabe que eu tive culpa no meu divórcio também... Mas puta merda, que assunto chato - eu disse, olhando com cara de cu pros três que estavam à mesa - vamos falar de coisa boa! Bebam mais!
- Vamos falar de coisa boa, vamos falar de TekPix - Vinicius me lançou a piadinha marota e levantou seu whisky como se brindasse sozinho.

Thais e Dudu entraram na brincadeira, pegaram seus copos de vodka com energético e brindaram. Eu, pra não ficar de fora, levantei meu copo e brindei, seguido de um gole de todos na mesa. Começamos a falar das trivialidades da vida, eu disse que estava mudado, que trabalhava 10h por dia, fazia exercícios, e que estava "de bem com a vida" como dizem. Thais me olhou diferente naquele momento, mas desconsiderei, éramos amigos há muito tempo, devia ser o efeito do meu drink batendo. Dudu ainda tretava com seus pais e queria fazer medicina, e mesmo com 25 anos insistia em fazer seu cursinho no Anglo regularmente. Vinicius continuava o mesmo, fumava maconha demais, mas ganhava uma boa grana com seu estúdio de tatuagens na zona norte, e a vida dele prosseguia de forma bem honesta ao lado da sua namorada, uma gata toda tatuada e com seios lindos (não que eu estivesse cortejando ela, é proibido elogiar uma mulher?). Rimos demais por alguns instantes.

Quando eu já estava no meu terceiro drink, acho que Thais estava no seu quarto, ela na vodka com energético e eu na vodka com coca, e os caras estavam mais na maciota, nessa altura já nem bebiam mais. Por alguns instantes, Thais foi fazer uma social com os outros convidados da festa, e eu saí pra ver o movimento do local. Detalhe que já havia tocado de tudo, e sim, nesse momento tocava rock, a música de fundo era Break on Through to the Other Side, do Doors.

We chased our pleasures here
Dug our treasures there
But can you still recall the time we cried?
Break on through to the other side
Break on through to the other side

Ouvia aquele som e pensava em "Querer passar pro outro lado" (super clichê, mas me desculpe, preciso de alguns clichês pra preencher minha vida, não consigo ser sempre original), e era isso que eu fazia, eu rondava por alguns locais da festa buscando ver novas pessoas, ver o que eles faziam por ali. Cheguei num grupo de amigos que percebi debater sobre política. Não prestei atenção no que eles falavam, mas vi que tinham esquerdistas demais, e esses radicais barbudos acabam se tornando tão cegos quanto os fanáticos religiosos, é aquele lance de que quem vê "a luz" demais, acaba ficando cego. É bom não se afundar nisso, é bom ver os outros lados e não colocar Marx no pedestal com o pau duro esperando pra ser chupado por qualquer garoto que fuma um e usa camisa do Che Guevara (com o desenho com a concepção do Andy Warhol, só pra ficar mais fresco).

Continuei bebendo meu drink, o rock já havia acabado, mas fui ao êxtase quando tocaram o garboso Sinatra, com sua maravilhosa canção I've got You Under my Skin.

I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart that you're really a part of me
I've got you under my skin.


Dancei sozinho na pista, enquanto as pessoas me olhavam com uma cara de "Quem é esse retardado?" Eu honestamente não dei a mínima, não é em qualquer balada que tocam a música do gênio, por isso aproveitei e já pensei em voltar ali qualquer dia em que tivesse ânimo pra sair de casa.

Voltei à mesa de Thais, e nessa altura ela já estava bem bêbada. Ela "tropeçou" (vou usar o termo tropeçou pra falar que ela se jogou em mim, como uma vaca quando corre pro abatedouro só pra ter o prazer de apanhar de vara), e nisso me abraçou com força.

- Ai Carlos hihihi, eu estou muito bêbada! - ela riu de novo, com a mão na frente da boca.
- Percebi! Hahahah, vem cá, senta aqui. - eu disse, já levando ela pro sofazinho.

Depois que ela estava sentada, eu continuei bebendo, eu jurei que iria estourar naquele dia, por isso bebia como uma esponja... Ela, meio zonza, estava sem forças pra beber, mas não tirava a mão esquerda de mim, e passou pela minha perna, até que chegou no meu pau. Olhei pra ela espantado (olha eu sendo beta!), ela me olhou e molhou os lábios. Eu olhei e sorri. Peguei ela pelo braço, fomos ao banheiro. Entramos, e todos olharam o casal entrar correndo, mas eu não liguei a mínima pra isso, coloquei ela num reservado do banheiro, apoiei ela contra a parede, abaixei a calcinha, levantei o vestido e meti com tudo, ali mesmo, sem pensar em nada, sem pensar em traição, ou na nossa amizade. Eu não dava a mínima, e tudo o que passava na minha mente era "Foder, foder, foder", e foi isso que eu fiz. Ela gozou a primeira, e quando ela gozou a segunda eu gozei também, e caiu porra na calcinha que estava no chão, acho que a buceta dela não foi capaz de segurar a minha porra, mas foda-se, isso não importava naquele momento (e acho que nunca importou, não é mesmo!?).

Ainda no banheiro, enquanto recuperávamos o fôlego, ela me disse, em alto e bom som.

- Carlos, obrigada. Você me deu a despedida que eu queria. Estou pronta pra casar!

Sorri de leve, mas me senti tão foda que pra mim o rolê acabou por ali. Porra, às vezes o errado pode estar certo, e é bom ouvir elogios de vez enquando. Foda!

Zaratustra

domingo, 17 de novembro de 2013

Pensamentos ruins



Passei o dia todo com pensamentos ruins me rondando
Não eram mulheres,
nem problemas
nem coisas boas
Eram somente pensamentos ruins
Me senti um lixo
um esgoto a céu aberto
A vontade de bater a cabeça contra a parede
crescia
E
a vontade de fazer bobagem também
Será tão difícil assim
ter vontade de viver
Ou ainda
Querer ser melhor do que antes
Merda
Sou inconstante demais
pra essa porra
que chamamos de vida
Oscilo pra caralho
E não ligo de me arrepender do que eu faço
ou de chorar nos cantos
dos quartos vazios
Ou de abrir uma garrafa
e outra depois
E vomitar no chão
e limpar só quando eu quiser limpar

Estava pensando em voltar a beber todos os dias
chorei quando pensei nisso
Me senti um fracasso, a ideia estava forte demais
Ouvia Alice in Chains de novo, com mais frequência
Os maçaricos queimavam minha mente
com suas chamas
e
ideias luminosas destroem
a vida quando se está
bem
Mas isso não me interessava
eu queria beber de novo
como antes
ou ainda
ainda mais
e
mais e mais
Ouvia Anathema de novo
Ainda com mais frequência
e sentia o gosto da vodka
na minha boca
e lembrei das minhas caretas
quando
ela descia pura
e rasgando a garganta
Eu era apenas mais um derrotado
me senti um lixo
largado pelos cantos do quarto vazio
ao lado do
vômito
da semana passada

O alcoolismo seria uma luta eterna
eu não tinha culhões pra isso
não iria conseguir largar
certeza
certeza que não iria
largar
Só iria adiar e adiar ainda mais
a volta à bebedeira diária
Estava difícil me manter motivado
a não beber
As cortinas gritavam
a Morte cuspia na minha cara
Eu era mais um fracasso
Que voltou a ouvir Nirvana com frequência
e ainda com mais frequência
do que antes
E lia os marginais
achando que o caminho era se manter bêbado
Eu berrava de ódio, eu era aquilo que queria ser
Ou não?
Eu não sabia o que ser, além da vontade de beber

Não estava a fim de sair naquela tarde
ou de falar
ou ver pessoas
ou comer comidas caras
Simplesmente queria beber
e sentir ressaca de novo
E acordar com o corpo cansado
e
ressecado
Era assim tão difícil me manter motivado?
Sim, era
Chorei mais um pouco
pensei em beber
Mas naquele dia não
Esperava que o amanhã fosse um pouco mais brando comigo
e que eu parasse de culpar Deus pelas coisas
(uma vez que eu era ateu, isso não fazia sentido)
As cortinas ainda berravam quando
me deitei
dormi
E com muita sorte
O amanhã foi sim mais brando
Nunca mais acordei
tudo agora fez sentido
Fugi daquilo que me prendia
O alcool já não era problema
a morte foi a solução

Zaratustra

Algumas exigências...



Ela tem que ser bonita. Sim, esse papo de "beleza interior" é meu pau. Tem que ser bonita e tem que ter um corpo bacana, nem muito gorda, nem muito magra, eu diria no ponto. Não pode ser muito magra, eu tenho medo de quebrar elas no meio, elas são muito finas e parecem varetas de pipa. Cabelos são indiferentes, podem ser longos ou curtos, apesar que prefiro os longos, e quanto à cor, não sou muito fâ de loiras, mas dependendo da situação posso deixar passar. Não me importo com aparelho nos dentes, ou dentes não alinhados, ou amarelados, desde que estejam todos na boca. Covinhas nas buchechas na hora em que sorri são um "plus", acho muito sensual isso. Seios, bunda e coxas, quanto maiores melhor, mas sabe como é, não exijo um corpo de uma beleza escultural. Só não pode ser feia, só isso.

Não me importa se ela não gostar de rock, se ela gostar de sertanejo universitário... Só não pode ser funkeira ou pagodeira, isso infelizmente não dá pra suportar, não dá mesmo. Podemos revezar, uma semana eu vou no sertanejo, noutra vamos no show de rock e assim nossa vida seguiria de forma bem honesta. Não há motivos pra se desesperar. Não pode escrever errado, se escrever "faser" ou "quizer" ou "voçe", a relação nem começa. Me desculpe ser tão chato, mas analfabetismo eu não suporto, me desculpe. Tem que ler uma coisa ou outra de vez enquando, se ela ler os marginais seria melhor ainda, mas lendo um pouco de filosofia e sociologia já está bom.

Curso superior é primordial, ou formada ou cursando, preciso de ao menos isso, preciso de alguém que se esforce na vida, não precisa ter um emprego foda, mas esse lance de mulher submissa pra mim não rola, curto mulheres de atitude, mulheres independentes e de personalidade forte. Não quero uma mulher que concorde em tudo comigo, quero alguém que eu possa bater boca de vez enquando, que possamos discordar das coisas e debater como dois adultos, que somos. Se tiver problemas psicológicos, inevitavelmente vou me apaixonar ainda mais, por algum motivo que não sei, mulheres com problemas me atraem, e isso acontece desde que me conheço por gente.

Mas acima de tudo, acima de tudo mesmo, tem que me apoiar e aceitar as minhas escolhas. Me aceitar alcoolátra, me apoiar quando eu parar de beber, gostar de sair sem saber aonde vamos, gostar de surpresas, não querer ficar em casa no sábado a noite, não reclamar de tédio e lutar pelo o que quer. São pequenas exigências pra ser a próxima "Sra. Carlos Reis".

Zaratustra

Mandar tomar no cu é o fim de um ciclo e o começo de um novo



Até você mandar a pessoa tomar no cu, o relacionamento ainda não acabou. Esse papo de "vamos continuar como amigos", só funciona pro lado da relação que não se machucou com a porra toda. O outro lado, o lado que ficou mal, pode até tentar manter a amizade, mas alguma hora ele cai na real e começa a vomitar verdades que vão machucar, e uma delas é "Vai tomar no cu, sua vadia! Te dei tudo e é assim que terminamos? Vaca!"

Sim, enquanto não houver isso, a relação vai manter "aberta", e de certa forma o lado ruim, o lado que sofreu com o término não vai conseguir tocar a sua vida. É foda.

Zaratustra

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Fênix!



Eu estava pra baixo, eu me sentia um fracasso, a poeira não estava somente no meu rosto, e sim na minha boca, eu não tinha nada além de textos (e muitos por sinal) e um pouco de cansaço pelo novo emprego puxado de 10 horas por dia, e cansaço era bom, sair e trabalhar era bom, ver pessoas era bom, e apesar de estar fracassado, apesar de ser ainda um pequeno lixo socialmente falando, de me sentir sem confiança pra nada, nem pra sorrir e nem pra chorar, eu ainda tinha meus amigos, eu ainda tinha eles, e tinha também os estranhos da internet, que quando falavam comigo me ajudavam, e pra caralho.

Naquela tarde pós depressão por causa da Carlinha, eu estava conversando com um sujeito de um grupo na internet, um grupo de evolução pessoal, diguemos que o nome dele era Gabriel. Pois bem, ele era um cara já experiente, pedi a sua ajuda e ele me ajudou, como um jovem ajuda um velhinho no metrô... brincadeira, velhos não são ajudados mais, a nova geração quer que os velhos se fodam! Pois bem, conversei com ele sobre Carlinha, eu estava mesmo desesperado, como disse no ínicio do texto, tudo o que eu achava que estava certo, estava errado, as mulheres sempre te fazem de trouxa fingindo que você está no comando, e Carlinha fez isso, e quando menos esperamos elas vêm sorrateiras e... te dão o bote! Gabriel e eu conversamos por algum tempo, ele me perguntou se eu estava mal, eu respondi "Sim", perguntou se eu queria ficar assim, eu disse "Não", perguntou se eu controlava meus sentimentos, eu respondi novamente com "Não"... Então ele disse que eu estava ERRADO, que se eu quisesse ser meu próprio dono era mais do que obrigação que eu controlasse os meus sentimentos.

Resolvi que ele estava certo, acabamos tendo pequenas recaídas com o tempo, mas naquela tarde eu decidi que não importa, não importa se estou na lama, ou no lixo, ou no cu de um mendigo, sem confiança, se sentindo um fracasso, eu era obrigado a me sentir melhor, eu era obrigado a pegar outras mulheres, a elevar a minha confiança (de novo), a mostrar pra mim mesmo que sou melhor do que isso, que sou melhor do que um chororô por causa de mulheres que não me amam, que posso fazer sempre melhor do que estou fazendo agora, que posso ser mais inteligente e menos burro, que posso colocar diálogos nos meus textos quando me der na telha... Era mudar pra algo melhor ou esperar a morte me buscar enquanto eu vegetava esperando as coisas se resolverem. Porra. Falar isso era fácil demais, mas precisava de coragem pra colocar tudo isso em prática. Precisa cortar o cabelo, fazer a barba, ficar apresentável, manter os exercícios físicos (ao menos isso eu vinha fazendo), e pegar uma boa tiriça, uma melhor, uma com uma cabeça no lugar e uma inteligência acima da média... Se Carlinha não me queria, eu tinha que achar quem quisesse, e essa seria minha missão, mesmo com todos os revezes apresentados. Foda-se. Fui à luta.

Zaratustra

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Se eu te ver passar...



Se eu te ver passar, é melhor que você passe reto por mim, sim, como dois estranhos, eu não quero nem ao menos cruzar meu olhar com o seu, e nem ver seus pés, nem os braços ou pernas, ou seios, muito menos, repito, muito menos sua face. Se eu te exclui e te bloqueei no FaceBook, é bom que você entenda que eu te quero morta (sem dramas, não sou do tipo assassino passional, digo morta pra mim, a sua vida tem que continuar sem mim e vice-versa), apesar de que pra você é mais fácil, pra você tudo acaba sendo mais fácil, e vão ter mais umas mulheres na minha vida, podem existir mais uma ou mais mil, mas caralhos, como é possível isso, como é possível eu não querer mais nada com as outras (que sim, são superiores à você), e ficar igual a um cachorrinho babaca, boquiaberto, quando penso em você, quando sei que te perdi e nunca mais vou te recuperar? Merda.

Se eu te ver passar, espero que seja a última vez que nos encontremos, eu não quero mais me recordar dos nossos momentos juntos, nem de tudo o que fizemos ou deixamos de fazer, nem das expectativas que eu criei em cima de você (de forma ingênua e tola, claro), e não me venha com o papo de que fui avisado, não me venha com esse papo. Kafka disse uma vez que o ser humano não é uma ciência exata, e por mais que pensemos em algo, infelizmente podemos perder o controle sobre tudo. Talvez isso seja somente durante essa noite, talvez seja para sempre, honestamente eu não sei, pode ser um lapso de carência, ou um leve distúrbio psicológico, mas caralhos, eu volto a me perguntar: como, como posso ser apenas um cachorrinho boquiaberto quando penso em você? Merda.

Se eu te ver passar, e eu olhar nos seus olhos, não se espante se eu fixar meu olhar no seu com um pouco de raiva e um pouco de amor. Isso acaba sendo o natural. Mas não se preocupe, isso não é culpa sua, a questão é que você está me atrapalhando em outras coisas e você precisava saber disso. Obrigado por ouvir Carlinha, tchau.

Zaratustra