quinta-feira, 21 de novembro de 2013

De repente BANG!



A morte é assim: BANG! Está tudo bem, e de repente, como um escorregão, a vida vai embora e não nos resta mais nada além de um pedaço de carne que a nossa família terá que cuidar. É foda. O pior da morte fica para os que ainda vivem. Tem que resolver uma caralhada de coisa, o caixão, o velório, o atestado de óbito, o que vai fazer com os imóveis no nome do defunto, a herança, o trabalho (que perdeu um funcionário), fora o choro melancólico que ecoa dentro dos amigos mais próximos. É foda.

Foram esses pensamentos que me acompanhavam naquele dia, os pensamentos de que a morte poderia me pegar a qualquer hora, em qualquer lugar e sem aviso prévio. Estou andando na rua e de repente BANG! um carro me atropela. Ou estou bebendo e de repente BANG! cirrose fatal. Ou ainda, escorrego, bato a cabeça na quina da mesa e de repente BANG! E o mais inusitado é que eu estava em frangalhos, eu queria logo que chegasse a sexta- feira (ainda era quinta), esse lance de trabalhar 10h ao dia envelhece, e eu já sentia meu tempo na Terra se encurtando mais e mais e mais, fora as rugas e os cabelos brancos que estavam surgindo... "Por Deus, estamos fadados a envelhecer na metade do tempo normal! Tudo que fazemos é juntar dinheiro pra comprar o nosso caixão quando chegar a 'hora'... Merda!" E mesmo com o trabalho me sugando ainda encontrava tempo pra me exercitar, eu estava mesmo com tudo de novo, eu estava diminuindo de novo com meus vícios, eu estava ressurgindo, e escrevendo textos intitulados de "Fênix!", e isso era muito bom. Mas naquela tarde, em que pensamentos sobre morte me rondavam, eu pensei "Será que vale a pena isso, se manter saudável, com um bom físico e tudo mais? E se a morte de repente me pegar e... BANG!?" Mas pensei que a morte poderia não me escolher, vai que a morte gostava de ver as pessoas trabalhar 10h por dia, enquanto ela puxava uma corda lentamente que ia ao encontro dela, e ela sabia, ela sabia que iria me pegar na metade do tempo normal.

No fim da noite, comi uma salada de alface, tomate, pepino, cenoura e pimentão, além de duas torradas com pão integral e umas bolachas, também integrais. Era saudável demais (ao menos pra mim era), e a garrafa de vodka tentava me chamar mas eu virava o rosto. Ganhei um beijinho molhado (sim, da garrafa de vodka), mas resisti bravamente. Ouvi Dream Theater e me preparei pra dormir... Afinal, amanhã minhas 10h de trabalhos me esperava. E a morte me puxaria lentamente com sua risada sarcástica.

Zaratustra

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