quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tráfico arriscado e a bad trip



Era meu aniversário de 27 anos. "Essa idade é uma merda!", pensava, lembrando do Jim, da Jane, do Kurt, do Jimmy e da Amy. Não me sentia confortável com aquilo, com certeza aquele aniversário era uma maldita festa mórbida, eu estava comemorando a possibilidade de morrer nos próximos 365 dias, então nem fiz porra nenhuma de festa. Abri umas brejas de manhãzinha, sozinho e fiquei me embebedando até umas 15h. Sabia que a morte estava próxima, resolvi aproveitar, porra, isso que temos que fazer, aproveitar o dia, o momento, já dizia Avenged Sevenfold com sua música de bicha Seize the Day... Resolvi colocar essa e outras músicas dos caras pra tocar, e me embebedei até pegar no sono, isso numa terça-feira.

Estava trabalhando na madruga, com tráfico de drogas. Meu trabalho era simples. Pegava drogas de um lugar e levava para outro, de um traficante para outro. Eu ganhava 70 reais por entrega, costumava fazer umas 3 ou 4 entregas por noite, um serviço bem suave mesmo, que pagava muito bem e me proporcionava tomar meus porres de breja pelas manhãs. Naquele dia do meu aniversário, acordei cerca de 20h pra começar a trabalhar. Caguei as brejas, ahhh as cagadas de brejas são sempre as melhores "isso vale mais do que a cocaína que cheiro!", pensava enquanto cagava, era muito bom isso, todos tem que fazer isso. Levantei do vaso, limpei meu cu, entrei no banho, tomei um banho ótimo, me regenerei, estava quase pronto pra ir trabalhar. Coloquei uma cueca bonita, uma roupa boa também, calça jeans das novas, uma camiseta muito bonita do Metallica. Passei gel nos cabelos, penteie a longa barba de terrorista. Fui ao meu quarto, peguei um pino de pó, dos pequenos, despejei um pouco em cima da mesa da cozinha, montei duas carreiras. Cheirei a primeira com a narina esquerda e a segunda com a narina direita. Guardei o resto do pino e saí pra trabalhar.

Na época morava no Jardim São Paulo, zona norte da capital. Tinha um traficante que trabalhava a uns 15 minutos de casa, ia lá sempre, e sempre a pé. Ele vendia sempre drogas de muita qualidade e pagava meu salário direitinho, então nos dávamos muito bem mesmo. Cheguei ao local umas 21h30, pronto pra mais um dia de trampo.

- E aí Carlos, beleza? - ele me cumprimentou com um belo aperto de mão
- Suave Papapó! E você man?
- Também de boas cara. Hoje tem um trampo foda pra você...

Fiquei preocupado. Papapó sempre me passou uns trampinhos suaves, nunca disse que teriam trampos fodas. Mas estou ali pra ganhar meu dinheiro e tentar fazer meu trabalho bem feito.

- Vixi mano, que que foi?
- Seguinte. Tem um povinho ali da Vila Guilherme que está esperando um carregamento. O que eu vou passar pra você é um pouco abaixo do que eles esperam... Portanto cê precisa estar suave pra lidar com a situação. A questão é que o resto ainda não chegou, preciso que você enrole eles.

Me preocupei mesmo. Eu sabia que os caras da Vila Guilherme eram barra pesada, tinha saido no Cidade Alerta que eles tinham matado uma par de gente por lá, que deviam grana pra eles, os caras não brincavam em serviço.

- Porra man, aí você me fode! - falei indignado
- Cara, o problema é que estou esperando um carregamento grande, mas está chegando... Depois mando o Pedrito com o resto, mas preciso que você enrole eles com o que temos.
- Caralho... Beleza mano, você que é o chefe, mas se der merda fudeu master ein.
- Você é um dos melhores Carlos, vai dar tudo certo - Papapó tentou me passar confiança.

Peguei o carregamento e coloquei na mochila. Não escondíamos nada, porque a polícia nunca me revistava. Tinha cara de bom moço e Papapó confiava em mim, por isso fazia esse trampo. Era cerca de 4 quilos de cocaína, 3.5 quilos de maconha e umas 20 pedras de crack. Estava mesmo carregado aquela noite.

Rumei a pé, sentido Vila Guilherme. Maldita quase uma hora de caminhada. Cheguei em um lugar que não era exatamente uma favela, estava mais pra um beco. Tinham uns caras mal encarados, mas não vi nenhuma arma, me senti um pouco mais tranquilo. Procurei seu líder. Nesse tipo de pico, o líder é geralmente o cara mais afastado. Vi que quem estava mais afastado era um sujeito muito feio e com o cabelo descolorido. Me aproximei dele.

- Cê que é o Xandão?
- Sim, e você é?
- Sou o Carlos, do Jardim São Paulo.
- Ahhh sim, tava te esperando mesmo. Trouxe as paradas né?
- Sim sim, tô com elas aqui na mochila.
- Beleza, chega aí.

Entramos num quartinho, numa das casas ali do beco. Via alguns moleques menores de idade embalando todo tipo de droga, completamente pelados. Para quem não sabe, todo mundo que trabalha com embalamento de droga trabalha pelado pra não pegar a droga. Era quase uma fábrica aquilo. Na verdade era uma fábrica de droga e eles tinham muitas drogas lá. Percebi que os meninos embalavam a coca em pinos de uma grama, pedras de crack isoladas e a maconha em parangas de umas 5 gramas cada... Me sentei no que parecia ser a sala do Xandão. Tinha uma mesa velha e fedia a mijo ali dentro. Vi um rato correndo.

- Abre a mochila aí mano.

Abri a mochila e tirei toda a droga de dentro. Ele pegou uma balança que estava numa gaveta e começou a pesar a droga. Olhou, olhou, pesou mais um pouco. Parecia bem desconfiado. "Fudeu, fudeu, é assim que eu morro" pensei, quase mijando nas calças. Ele pega o Nextel dele e chama uns 2 caras pra irem ali. Os caras chegaram, dois caras, bem armados. Estavam com uma .40 semi-automática, mesma arma da polícia "só falta essas porras serem polícias, aí fodeu", pensava.

- Tá errado essa porra! - disse Xandão, visivelmente irritado
- O que, o que que está errado? - falava, gaguejando
- Não foi esse o acordo porra! Eu tinha combinado 5 quilos de pó e 4 quilos de erva caralho! Só o crack que tá certo merda! - Xandão me disse, ainda mais puto.

Fiquei quieto. Tava com muito medo mesmo, achava que ia morrer ali. Nisso, os dois caras armados pegaram suas armas da cintura. Um pela esquerda, um pela direita, colocaram suas armas na minha cabeça. Se os dois atirassem, eu ficaria irreconhecível, talvez com sorte, se não pegasse nos dentes, iam saber quem eu era pela arcada dentária, mas dois tiros daqueles me matariam. O frio das armas na minha cabeça me apavorava na hora. "idade, idade maldita!" pensava.

- Mete o canhão na cabeça dessa porra e segura aí. Vou ligar pro Papapó. Se ele falar merda a gente mata esse filho da puta! - Xandão estava mesmo puto.

"Caralho, caralho, caralho, me ajuda Papapó!" Só pensava nisso com as malditas armas na cabeça e o medo de morrer passando por dentro de mim. Xandão se ausentou por uns 30 minutos. E as armas na minha cabeça e eu gelando, com medo da morte. Eis que vejo ele voltar "que sejam boas notícias, que sejam boas notícias" pensava.

Xandão veio e foi direto.

- O Papapó está me dizendo que você que pegou a droga. Que você pegou a droga pra você e que ele te entregou o combinado.

"Filho duma puta!" pensei. Eu até curtia um pó, mas trabalho é trabalho porra! Não vou nunca pegar coisas daqui mano.

- Cara, cara, veja bem... - dizia, gaguejando.
- Cê tem que se explicar rápido, senão eu peço pra eles atirarem. - Xandão disse com uma frieza monstra.

Fiquei estático por um tempo. Mas pensei rápido. Eu precisava enrolar ele.

- Beleza cara, ele tem razão. Tá comigo. Tenho problemas com essas merdas - falei sério com ele.
- Cê tem que me dar tudo cara, senão te mato.
- Então me mate, me mate porra! Acaba com esse vício maldito caralho!
- Caras, engatilhem as armas!

Achei que ia morrer ali, juro. Tava muito pesado o clima.

- ATIRA PORRA, ATIRA COM TUDO ESSA MERDA EU NÃO MEREÇO MAIS VIVER PORRA! - gritei.

Nisso, pelos bons deuses, bons deuses, ouço uma batida na porta da "sala" do Xandão.

- Xandão, tem um outro cara aí que veio do Jardim São Paulo. Mando entrar? - disse um dos capangas.
- Sim, por favor.

Era Pedrito, com o resto da droga. Respirei aliviado, achei que morreria naquela noite, mas agora sabia que estava suave. Pedrito entrou na sala, abriu a mochila, completou o carregamento de droga e tudo pareceu muito bem. O combinado estava feito. Saímos de lá, nós dois, eu estava provavelmente com as calças sujas de merda, mas ao menos estava vivo.

- Para de se drogar mano... Isso vai te foder. - Xandão me disse, atenciosamente.
- Beleza mano, valeu pelo toque. - agradeci.

Voltamos para o Jardim São Paulo. Estava mesmo muito mal depois dessa. Peguei uma garrafa de vodka, uns três pinos de cocaína, e em menos de uma hora já tinha bebido meia garrafa e cheirado todos os pinos que havia pego. Estava mesmo mal.

A noite estava suave, não haviam muitas entregas, mas aquela única havia me fodido os culhões. Precisava chapar naquela noite. "Vodka e coca...ina, isso sempre me ajuda" pensava e mandava mais uma linha.

- Cê tá bem Carlos? - perguntou Papapó
- Não, tô um lixo cara, tô me sentindo uma merda. - respondi chapado
- Pega aqui, por conta da casa.

Ele me estendeu a mão. Tinha umas 3 pedras de crack e um cachimbo caseiro, feito com um cano de metal. Eu na real queria que tudo se fodesse, peguei o cachimbo, coloquei as pedras dentro. Nunca havia usado crack, mas havia sido um dia hard, tava precisando daquilo.

Acendi o cachimbo, deu umas boas duas ou três tragadas na pedra. Primeiro, a sensação foi boa, me senti bem, flutuando muito, em outro planeta mesmo. Acendi de novo, deu outras duas ou três tragadas na pedra. Bateu errado. Joguei o cachimbo no chão. Eu deitei no chão e comecei a rolar, sentia como se milhares de pregos entrassem na minha cabeça e picassem meu cérebro. Rolava de dor, a dor era muito forte mesmo. Sabia que estava numa bad trip. Não lembro de muita coisa, só sei que no dia seguinte acordei no sofá da casa do Papapó. Agradeci a Deus por não ter morrido e nunca mais me meti com pedras.

Zaratustra



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O acúmulo



Você tenta, cê tenta ser forte e firme
Cê tenta mostrar que está de boa, que está bem
Mas a insônia bate
E a garrafa de vodka, aquele maldito litro, ele mesmo
Ele te fode também
E as memórias de merda vêm

Achava que tinha jogado aquelas porras no lixo
"Maldição, porque ainda rastejam por aqui!?"
Penso e molho a garganta
Com o litro de vodka
Desisto de desistir
No fim das contas nada mais importa
E provavelmente estarei caído no chão
Ou dormirei nas escadas
E vou acordar com dor nas costas
E reclamar no dia seguinte

Muitos, quando estão mal
Choram
E depois ficam melhores
Tenho inveja desses
Muita, muita inveja deles
Sou um invejoso

Eu tento, juro que tento mesmo
É verdade porra, tô tentando
Chorar
Pois sei que vou ficar melhor
As minhas companias?
Uma garrafa de vodka, cigarros e meus textos
Só isso
Choro, esse não vem

Coloquei músicas tristes
Tentei chorar, espremi os olhos
Tentei me emocionar
Mas é foda, sou amargo demais pra essa porra
As coisas só acumulam e acumulam
Eu precisava descarregar um pouco dessa merda
Chorar seria uma boa
Porque com o alcool só esqueço
E aí depois lembro
E bebo mais, aí esqueço de novo
Mas insisto em continuar a beber
"Tô suave, esqueci das merdas. Let's drink more Fuckers!"
E quando bebo demais
As coisas ruins voltam à mente
E eu queria chorar, mas não sai

Que porra, que porra!
Enxugo lágrimas internas
Molhando elas mais
Com mais um pouco da vodka
Mas isso não adianta
Eu teria que molhar minha cara
Mas não sai

As coisas acumulam e acumulam e acumulam mais
Maldição, maldição filha da puta!

Pra que ser tudo tão complexo,
Se no final nada mais vai importar
Meus vícios, minhas mágoas
Isso não importa para os outros
Pra ninguém
Então não deveriam importar pra mim
Amargo, amargo, amargo
Serei ainda mais amargo
Me farei de forte
Vamos acumular essa sujeira toda dentro de mim
Até o dia chegar
O dia em que eu morrer de coma alcoolico
Ou overdose
Sinto que está próximo, bem próximo

No meu enterro estarão
Meia dúzia de pessoas
Minha mãe (dopada) e alguns amigos
E, morto, pensarei
"Nada importou de nada... Valeu a pena desistir"
Foda-se
Fodam-se as ideias e as coisas
E algumas pessoas
E tudo aquilo que luto
E tudo aquilo que penso
No dia da minha morte (que está próxima)
Tudo o que estava acumulado
Não será mais nada
E estarei vazio
E finalmente, finalmente
Completamente satisfeito!

Zaratustra
 

Desinteressante, sem futuro e a esponja



Nos últimos tempos eu estava me sentindo o fracasso em pessoa, meu pai me dizia sempre que eu era um fracasso, havia perdido alguns amigos que me ajudavam a beber menos, que me incentivavam quando eu precisava e me seguravam quando eu exagerava... Estava com um amargor estranho na boca, não suportava os puxas-sacos, aqueles malditos do meu trabalho que chupavam os cus dos chefes, que queriam que eu me fodesse, que não me ajudavam.

Estava desempregado fazia algum tempo, então minha rotina era uma merda, eu na verdade não tinha rotina. Meus dias consistiam em beber, essas eram minha companias, as garrafas eram as pessoas pra quem eu desabafava das coisas. Bebia todos os dias, fumava cigarros, começava nas brejas, depois os cigarros, depois doses de vodkas, vodkas atrás de vodkas, e ouvia um som de merda, aquelas músicas que fodem os corações, que falam dos bêbados e que falavam de amores frustrados. Às vezes, batia uma punheta, mas não tava muito na pegada disso, curtia beber até uma hora em que eu acordasse deitado em algum lugar (me sentia bem quando eu acordava na cama e não no chão). Mulheres, nem fodendo que eu tinha, NEM FODENDO MESMO, porque hoje em dia, pra se ter uma mulher é preciso ter algo em vista, um emprego suave, uma perspectiva, e eu estava no desemprego monstro, ou seja, bucetas iriam fugir de mim naquele instante, era a hora de "aceitar as coisas e ficar solteiro e curtir a solteirice", como dizem, e isso que fazia. Eu havia me tornado um cara sem interesse por nada, e que também não interessava a ninguém. As mulheres me viam e falavam "Nem fodendo eu fico com um cara desse, que nem faz a barba e só fala groselha... Fora que ele bebe pra caralho, deve ter problemas, nem fodendo, nem fodendo que me meto com um degenerado desses", e assim seguia os meus dias, sem ser interessante pra nada e tendo como interesse único a bebida. Nem estudava mais, não lia, não conversava coisa com coisa, estava mesmo alterado, levava esporros por esse estilo de vida destrutivo, além de conselhos. Na real, eu tinha que parar de beber, de me drogar, mas me sentia uma esponja, eu bebia todos os dias e estava bem assim, estava na maciota, satisfeito por ser aquele lixo de pessoa, aquela esponja destruída. Já tinha desistido dos planos de ter filhos, casar, casa própria. Pensava no trabalho disso, várias contas, estabilidade emocional, afff, só de pensar nisso meus culhões já choravam pra caralho, me incentivavam a não fazer essa merda "Eu sei que não consigo lidar com toda essa porra, se fuder!" Pensava enquanto entornava a vodka pura goela abaixo.

Percebi que lutei muito e conquistei pouco, percebi que aquela merda já não tinha sentido mais, aquilo a que chamamos de "viver", percebi que minha vida consistia em alcool, e isso me confortava, isso me fazia sentir bem melhor contudo, percerbi que se eu não fosse alcoolatra eu já teria me matado, teria colocado um fim nessa merda, nessa existência medíocre. O que eu acreditava era passado, havia se tornado meros planos vazios e sem sentido, coisas que não valiam a pena acreditar mais. Por fim, percebi que eu havia me tornado um cara desinteressante, sem futuro e bêbado como uma esponja!

Zaratustra

Azar no jogo e azar no amor



Jogo poker. Mão #01, perco.
E assim sucessivamente
"Azar no jogo, sorte no amor!"
Hipocrisia! Balela! Bobagem!
Coloco um Nirvana
Bebo uma vodka, depois de umas brejas
"Azar no jogo, azar no amor, sorte no alcool!"
Esse é meu lema fuckers!

Zaratustra

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sem sentido #10



Qual é a diferença entre um remédio pra dormir e uma garrafa de vodka?
Ambos fazem você ficar com sono, mas o remédio pra dormir fode seu estomâgo, enquanto a vodka fode seu estômago e seu fígado!

Zaratustra

Sem sentido #09



- Cérebro do Carlos, cérebro do Carlos... O que faremos nesse dia que nasce agora?
- Veja bem Pinky, a mesma coisa que fazemos todos os dias: tentar dominar o mundo!
- Quê!?
- Digo, digo, digo... Ficar bêbado! É isso que fazemos todos os dias!

Zaratustra

Vivendo cada dia mais sujo e mais agressivo!



Podre! Sou um sujeito podre. Mas as pessoas admiram isso. Eu não tenho mais nada a oferecer pra ninguém. Os que visitam meu quarto estão cientes do que verão. Garrafas, garrafas esparramadas no chão, latinhas de cerveja amassadas e apoiadas em qualquer canto sujo, mulheres feias e desesperadas sujas de sexo da noite anterior, um sexo falso, bêbado e imundo! Me olho no espelho, depois de vomitar pelas manhãs. "Ahhhh, a maldita cara feia de sempre!" Dou uma cusparada pastosa na pia, coço o cu, às vezes cheiro o dedo, pra ver se pelo menos o cheiro do meu cu está normal. O bafo, o bafo é nojento. Tenho aquele gosto de merda na boca, merda de cachorro mesmo. É horrível! A barriga está enorme, efeito de anos de alcoolismo desenfreado "Preciso emagrecer, preciso ser saudável!" Mas desisto e abro uma cerveja. Dou um grande gole, continuo com a minha análise. Os dentes estão um lixo, amarelos, podres, quase caindo. Percebi que estão aparecendo alguns cabelos brancos, mas até aí suave, esse parece ser o menor dos males. A barba, a barba está enorme, pareço um maldito mendigo, daqueles que ficam caídos pelos cantos com uma garrafa de alcool puro na mão, aqueles que foram esquecidos pela família e pelos amigos, que já não tem mais nada de melhor para com ninguem. Eu sou um verdadeiro lixo, um verdadeiro traste. Me afundei demais, e agora desisti de desistir de beber. Essa é minha única opção, beber, fazer merda, ficar mal, beber mais, rir, matar neurônios e beber mais, só penso em bebida agora, só penso em ser mais sujo, em ser mais imundo. Vivo para tentar ser mais podre, entre os peidos amargos e as boas cagadas de cerveja pelas manhãs. Das pessoas já não espero mais nada, porque sei que a única que vai estar do meu lado em todos os momentos é a minha boa e velha garrafa de vodka barata e ruim!

Agressão
Palavra forte
Instiga, machuca
Agressão!

Na vida existem fases
Você pode estar deprimido, triste, melancólico
E isso é fase, isso é fato
Já estive ali, do lado da angústia e da melancolia
As conheci bem, convivi muito tempo com elas
E nos dávamos bem
Nos respeitávamos, sabíamos como éramos

Mas ultimamente me afastei delas
"Preciso de novos amigos" penso enquanto bebo vodka pura
Eis que conheço a tal da agressão
No início ela estava arredia, assustada
Mas depois de um tempo conquistei sua confiança
E aos poucos
Ela foi chegando junto à mim
E fomos nos apegando
Ela me mostrava um mundo novo
E eu ia perdendo a tristeza... A depressão passou!
Sim, sem mais tristezas
A tristeza é uma merda, não servia de nada
"Caralho de tristeza. Não me ajudava a pensar, a tomar atitudes!"

Cada dia mais sujo e mais agressivo
Isso só aumenta, dia após dia
E bebo, bebo para caralho
Merda, gosto de merda na boca
Ódio
Só sinto ódio, fúria, queria que todos tomassem nos seus malditos cus sujos de merda
A revolta é minha amiga
O alcool meu combustível
E a agressão meu estilo de vida!

Zaratustra

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Um fora monstro, expulsão e vandalismo



Já estava solteiro havia alguns meses. Desde que me separei da minha ex-mulher, estava levando um estilo de vida pesado. Quase toda sexta-feira ia para Mogi, encontrava um amigo meu, o Luis e bebiamos, bebiamos muito. Geralmente era cerveja, mas muita cerveja, e assim ficavamos bêbados, e graças aos bons deuses do alcool chegavamos bem na casa dele e dormiamos em camas separadas, que fique claro que não éramos gays.

Era junho, época de festejos. Havia pego uma folga grande no trabalho. Três dias, sexta, sábado e domingo. Fui pra Mogi numa sexta a tarde, encontrei com ele. Fomos numa quermese, bebemos umas doses de vinho quente e dormimos. "Hoje fui suave!" pensei, satisfeito com o rolê de qualquer forma.

No sábado planejamos bem o que iriamos fazer. A ideia era beber e curtir um rock bar, muito famoso na cidade. A tarde fomos fazer as compras. Passamos no mercado, peguei uma garrafa de contini, algumas muitas latas de cerveja. Aproveitei e comprei um maço de cigarros e um charuto cubano. Aquela noite eu queria que fosse especial, diferente de tudo. Pois bem, compramos as coisas, já no caminho pra casa dele tomei uma cerveja, só pra ir preparando o fígado para o que estaria por vir. Na casa, dele, tomei um bom banho, me arrumei bem, coloquei minha melhor roupa e saímos. Levamos algumas latas de breja numa sacolinha de mercado, o contini, os cigarros e o charuto.

- Caraio mano... Estamos bem carregados! - disse Luis entusiasmado.
- Sim cara. Isso é pra economizar o dinheiro na balada, melhor chegar lá já bêbado!
- Verdade, verdade... Ou, vamos parar nessa praça e bebericar o alcool?
- Claro! - respondi com uma certeza incomum.

Paramos na tal da praça. Pegamos uma cerveja cada, demos uma boa golada. Resolvi acender o cigarro. Bebiamos, eu fumava e ele não, e conversavamos sobre a vida em geral, desde mulheres, passando por filosofia e diversos assuntos. Em determinado ponto, eu já estava bem ruim (foram muitas cervejas), e resolvi abrir a garrafa de contini e acender o charuto. Nessa hora fiquei com as mãos bem ocupadas. A cena era a seguinte: numa mão segurava uma lata de cerveja e o charuto. Na outra mão, segurava a garrafa de contini e um cigarro. E conseguia mandar tudo isso ao mesmo tempo. Bebericava um contini, aí ia na breja, uns pegas no cigarro, aí no charuto, e estava suave.

Com o término do charuto, das brejas e do contini, conseguimos ir para o tal rolê

- A gente... a gente HAHAHAHA carai... Eu tô muito ruim man! - eu falava já bêbado.
- Fala aí porra! - Luis resmungava, ainda mais sóbrio do que eu.
- Ahhh lembrei... Não vamos beber no rolê, já estamos muito ruins cara. Acho que vai dar merda.
- Putz man, beleza... Lá dentro do rock bar, seremos os senhores caretas!
- HAHAHAHA com certeza cara! - concordei com ele.

Chegamos no tal lugar. Era realmente um bar muito bonito. Só pra entrar eram 25 reais, a banda me pareceu ser muito boa. As pessoas lá dentro eram bem bonitas, o clima bom. Nos sentamos, resolvemos ver o cardápio.

- Man, vou pegar só uma breja! - impus minha ideia.
- Carlos, você tá zuado já... Cuidado man.
- Só uma Luis! Por favor, deixa mano!
- Beleza, mas é só uma ein.
- Ebaaaa - fiquei extasiado.

Pedi uma Stella, dei uma boa golada. Iamos conversando sobre groselhas, eu realmente estava ruim. Uma certa hora, Luis foi no banheiro. Aproveitei a falta de supervisão e peguei outra breja. Quando ele voltou do banheiro ele me lançou.

- Carai Carlos... Essa breja não acaba!
- Pois é Luis, tô bebendo pouco - menti na cara dura.

Resolvemos ir para a pista de dança. A banda havia começado a tocar, e o som era interessante. Os caras iam de AC/DC, passavam por Aerosmith, Bon Jovi, as clássicas dos Beatles e muitas outras, muitas outras mesmo. Não sei porque caralhos, sempre que estou bêbado tenho vontade de subir na porra do palco. E eu estava bem bêbado. Já nem mentia mais pro Luis, ia no bar, pegava uma breja e ficava ali, do lado da caixa de som, bebendo, balançando a cabeça com a guitarra e curtindo. Mas eu queria subir na porra do palco, queria. Luis me segurava, e ele é um cara que respeito, então de bouas.

Eu dançava de forma frenética, inconsequente, sem medo de esbarrar em nada, completamente bêbado e feliz por estar ali. Eis que esbarro em uma garota que bebia cerveja. O copo dela foi pro chão, e inevitavelmente foi destruído e a breja morreu também.

- Puta que pariu cara! Olha o que você fez porra! - ela gritou comigo.
- Desculpa, desculpa, desculpa! Eu resolvo. Peraí.

Virei pro Luis e pedi um favor.

- Cara, compra uma breja pra ela. Tá aqui minha comanda.

Ele foi lá, pegou a breja e me deu. Eu passei a breja pra ela e ela aceitou na hora, sem falar nada. "Carai, se aceitou a breja deve estar a fim de mim né?" pensei, com o alcool nível hard no sangue. Beleza, todos dançavámos de boa. Resolvi chegar nela, que ainda estava bebendo a breja que eu lhe paguei.

- Ou, ou, ou! - eu disse, visivelmente bêbado.
- Que foi cara? - ela me disse com aquela cara de paty.
- Eu sei que o mundo é uma bosta, mas se você quiser dar a buceta pra mim, eu como! - falei, sem entender o porque falei isso.

Ela me olhou, fez uma cara de cu, mas não de qualquer cu, um cu imundo de mendigo largado na sarjeta. Acho que ela não esperava esse tipo de cantada, acho que ninguém havia chego nela assim.

- Idiota! Afff - ela me disse, já se virando e indo pra longe do palco.
- Ahhh eu nem queria essa buceta suja mesmo! - gritei pra todo mundo ouvir.

Luis, que assistia a tudo de camarote, veio rindo na minha direção.

- HAHAHAHAHA caraio mano, agora você exagerou.
- Tô suave, tô suave, essa porra que se foda. Vamo curtir o show!

Curtiamos o show. Os caras começaram a tocar um pouco de trash, no estilo de Megadeth, Metallica, esboçaram um pouquinho de Iron Maiden. Realmente os 25 cinco conto pra entrar ali havia valido a pena. Eu curtia pra cacete, tentei subir no palco. Luis me segurou, mas a porra do maldito segurança viu tudo e chegou na gente pra dar esporro.

- Ou, ou! Sem subir no palco cara!
- Desculpa - respondi de forma sincera.

O segurança vira pro Luis e pede um favor.

- Ou, segura esse seu amigo aí. Eu tô vendo que você está de boa, mas ele está muito zuado cara.
- Beleza, pode ficar sussa man... Eu cuido dele aqui. - Luis respondeu com uma sobriedade enorme.

O segurança saiu, mas eu sabia que aquela porra ficaria de olho na gente. Seríamos vigiados a noite toda, estavamos mesmo fudidos. Mas eu não ligava EU QUERIA SUBIR NA PORRA DO PALCO! CARALHO! Mas Luis me controlava, ele ficava na minha frente, e estavamos suaves. Eu bebia breja atrás de breja, não parava, já Luis estava curtindo bem o show, percebi que ele estava ficando sóbrio, mas nada contra.

Em meio a uma das músicas fodas que os caras tocavam, Luis me olha com cara de preocupado. Ele tinha um problema.

- Carlos... Carlos... Olha bem pra mim, nos meus olhos. - ele pediu
- Fala mano! - respondi, olhando ele bem nos olhos.
- Cara, eu preciso ir dar uma mijada. Vai dar uns três minutos só. Você se comporta? Promete que não sobe na porra do palco?
- Man, relaxa! Eu sou uma esponja! Tô bebendo aqui, mas estou suave. Não subo em palco nenhum, vai lá e dê uma boa mijada! - respondi com uma certeza incomum.

Luis foi ao banheiro. Nesse momento, não lembro ao certo o que houve, mas sei que fui expulso da porra do rolê "Certeza que subi na porra do palco!" pensava, deitado na grama e fumando um Marlboro vermelho. Eis que avisto Luis, que veio me ver deitado na grama da praça, em frente ao bar.

- Caraio! Só fui no banheiro e você foi expulso!? Que merda cara.
- Desculpa man. A culpa foi da cerveja... - respondi, triste por ter desapontado ele.
- Mas o som lá está muito foda! Você fica aqui de boa enquanto assisto lá?
- VOCÊ NÃO VAI PEGAR ELA NÉ? - gritei, inexplicavelmente.
- Calma cara! Ela quem? - ele retrucou assustado.
- A FLÁVIA PORRA! A FLÁVIA! VOCÊ VAI PEGAR ELA LÁ NÉ SEU PUTO!

Flávia era uma garota asiática que eu gostava na época. Ela não estava no rolê, não entendo até hoje porque eu disse isso.

- Mas a Flávia não está aqui mano! - ele me disse de forma bem sensata.
- VOCÊ VAI PEGAR AQUELA PORRA DAQUELA FLÁVIA! ASIÁTICA GOSTOSA É MINHA PORRA!
- Tá caraio, tá! Eu não vou pegar ela porra! - ele me respondeu, percebendo que não dá pra argumentar com bêbados.
- Ahhh então sussa. Vá lá, assista o show. - eu bem mais calmo retruquei, enquanto acendia um cigarro.

Ele foi lá. Eu fiquei deitado na grama, de boa, pensando groselha e fumando cigarros atrás de cigarros.

Deu uns 30 minutos ele saiu. Me ajudou a levantar, assim prosseguiámos rumo a casa dele. A casa do Luis ficava a uns 15 minutos a pé do rolê. Ele morava por ali mesmo, aí fomos a pé pela madruga, falando merda, e eu fumando cigarros.

Não sei porque caralhos, eu estava com uma raiva grande. Estava querendo quebrar algo, atirar alguma coisa na parede. Estava destrutivo. "Talvez seja culpa da puta da Flávia", pensava. Todo carro que eu via estacionado, eu dava uma bica, mas uma bica forte mesmo. Tentava quebrar a porra do para-choque daquelas merdas, estava furioso.

- TOMA SUA PUTA, CARRO FILHO DA PUTA DO CARALHO! - gritava enquanto chutava as porras do carro.
- Calma Carlos HAHAHAHAHA Mano, cê tá ruim. - dizia Luis, tentando me fazer parar com aquele vandalismo barato.
- CALMA O CARALHO, FODA-SE MEU CU, PAU NO FUNDO! - gritava coisas sem sentido enquanto Luis me ajudava e ria.

Passamos em frente a um lugar. Me parecia uma imobiliaria, algo do tipo, que tinha uma porta de vidro. O estacionamento só era protegido por uma corrente, que impedia que qualquer carro entrasse ali. Eu pulei a corrente, subi as escadas. Fiquei de frente com a porta de vidro. Comecei a dar bicas na porta de vidro, de forma bem violenta.

- SOU UM VÂNDALO! PAU NO FUNDO, FODAM-SE OS CUS SUJOS! SEUS FILHOS DUMAS PUTAS VELHAS DO CARALHO!

Eu gritava muito alto e surrava a porta de vidro com meu tênis de forma bem violenta. Mas os bons deuses dos bêbados e degenerados evitaram que a porta se quebrasse, ou que o alarme disparasse, e não deu em nada.

Luis me conduziu para sua casa, onde deitei e dormi o bom e velho sono de alguém que bebe demais, faz merda demais mas que é uma boa pessoa.

Zaratustra

Nada!



Porra... Nada pra fazer. Não me resta mais nada pra fazer nessa porra dessa vida. Já passei por tudo que um maldito homem poderia ter passado. E, aliás, minhas cervejas estão acabando, e a minha alegria em beber vodka não será mantida. Sim, não será, uma vez que agora quando bebo vodka barata meu fígado rejeita e eu gorfo tudo. Nada, não me resta mais nada. Acho que minha melhor opção no momento é ir dormir e ver o que acontece amanhã.

Zaratustra

Cocaína



"Carlos! Carlos! Você cheira muito pó!
Você seria melhor sem esse pó todo!"
Sorrio e aceno
"Essa porra de mina está certa!"
Penso - e mando mais uma linha
E queria mais
E mais
E mais
E mais

"Tô achando, só de relance
Que a gente cheira pouco!" - penso, na maciota
Me vê quatro dos pequenos
Sempre isso. É sempre isso porra!
Porque não? Pergunto porque não?
Oito dos pequenos
Ou quatro dos grandes
Eu quero, quero mais, quero cheirar mais

Cocaína
Droga dos Deuses
Que sensação man, que sensação!
"É melhor que sexo" me diziam
Eu achava balela
Tavam groselhando
Mas é, é sim
Você se torna o foda
E se sente o melhor do mundo
Super-homem
Me sinto o cara mais foda do mundo
E me sinto importante agora!

Uma carreira, só uma
Me ajudaria agora
Ahhh cocaína, você é minha melhor amiga
Sem você não seria nada
Sem você eu teria me matado!

Zaratustra


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Mulheres, sempre mulheres!



O motivo dos porres
E das drogas
Sempre elas, mulheres!

"Tá errado caralho, tá sempre errado!"
Mas não controlo
E bebo por essas porras
E "mando" por essas porras
Ahhhhh, as mulheres
Sempre nos fodem os culhões

É como um filme repetido
As cenas são sempre iguais
Você se entrega
Elas te fodem
Você bebe e "manda"
E nisso consiste a vida
Só nisso!

Mulheres, as amo e as odeio
"Precisamos delas né?"
Sempre penso nisso
E é verdade mesmo, precisamos

Mas avisem elas, aliás
Peçam a elas
Pra não foderem tanto com nós
O estrago é grande demais

E o que vejo no dia seguinte
Umas garrafas vazias
Uns pinos vazios
O resultado do estrago
Bate a depressão
"Droga, tô usando demais! Tô bebendo demais!"
Mas passa
Isso passa
Pois penso nas mulheres
Mulheres, sempre mulheres!
E isso justifica meu erro
E isso justifica minha dor!

Zaratustra

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Conhaque e fliperama



Lembrei de quando comecei a beber de forma pesada mesmo. Acho que tinha uns 14 anos, estava na oitava série. Estudava de manhã, e tinha um amigo que adorava um fliperama. Porra, eram vinte e cinco cents a ficha. Com cinco conto você ficava o dia inteiro lá! Pois bem, esse fliper era na rua da escola. Matavamos aula, íamos lá por volta das 7, 7h30 da manhã. Ainda estava fechado, mas o dono, que nos conhecia, acordava, abria, e deixava a gente lá jogando. Depois a gente acertava tudo. Fora que ele deixava uma garrafa de conhaque Dreher em cima do balcão. "Se vocês quiserem beber!" ele dizia. Não é a coisa mais correta do mundo, mas demonstra uma certa atenção por parte dele. E bebíamos, íamos bebendo e jogando. Quando eram umas 11h da manhã já estavamos um lixo, e aí deitavamos lá dentro e dormiamos, num cantinho que tinha lá. A gente acordava umas 16h, já melhores. Acertávamos o que tinhamos gasto e íamos pra casa. Um ano inteiro fazendo isso frequentemente e nossos pais nunca descobriram nossa vida de conhaque e fliperama... Bons tempos!

Zaratustra

Sinais femininos



Estava em um buteco de esquina. Pedi uma Skol, aguardava um amigo. Dei uma grande golada na breja, estava um puta sol, aquele gole me regenerou! Meu telefone tocou, era meu amigo Augusto, que eu aguardava.

- E ae Carlos? Beleza?
- Porra man beleza! E você?
- Suave... Já chegou no buteco?
- Já mano. Já peguei uma brejinha, o sol está foda né hahaha
- Hahaha saquei man. Então, vou atrasar uns 30... Meio q bati boca com a minha mina e vou atrasar uma cotinha belê?
- Porra man, termina essa porra! Sem futuro essa merda!
- Ahhh cara, eu amo ela, não tem como. Mas eu vou sim, só vou atrasar.
- Beleza cara, mas eu já vou bebendo ein hahaha
- Suave, vai aquecendo que já já chego.
- Falow Brother, abraços!

Desliguei o telefone, me irritei um pouco, mas tudo bem, estava num lugar coberto, fugia do sol e tinha uma breja e bebia... Não estava tão ruim assim né? Terminei a primeira garrafa muito rápido. Antes de pedir a segunda garrafa, saí, acendi um Marlboro vermelho. Enquanto estava fumando o cigarro, entraram no bar duas garotas lindas. Uma delas se destacou. Ruiva, com o cabelo bem vermelho mesmo, a pele bem branca. Os olhos claros, o rosto bem desenhado, assim como seu corpo, manoooo que corpo sensacional. Dei aquela fitada grande com os olhos e continuei fumando meu bang. Voltei pra mesa.

- Amigo, me vê mais uma Skol aqui!

Gritei pro garçom. Ele me trouxe a garrafa, servi mais um copo, dei outra boa golada. O sol estava realmente muito forte, aquela cerveja descia como água! A ruiva estava na mesa em frente a minha, portanto conseguia ver bem ela.

Reparei que ela ficava me olhando, passava as mãos no cabelo, sorria e dava risadas enquanto falava com a amiga, mas realmente ela não tirava os olhos de mim, era o tempo todo. Rolou até uma mordidinha nos lábios. Porra! Isso é impossível cara. Eu devia estar brisando! Mas vi que não, os sinais eram muito fortes! De acordo com a convenção social, tudo apontava que ela queria algo comigo. "Bem, eu não estou bêbado ainda, acho que consigo chegar decentemente nessa!" pensava, lembrando de todas as vezes que estava bêbado de cair e tomava foras por chegar de uma forma canalha nas mulheres.

Me levantei, fui até a mesa da ruiva. De forma bem suave e gentil, consegui chegar nela.

- Oi, com licença. - olhei pra ela nos olhos - Desculpa, não pude deixar de reparar que você estava me olhando, eu também estava te olhando... Muito prazer, meu nome é Carlos.

Ela me olhou, olhou pra amiga. Me olhou de novo.

- HAHAHAHAHAHAHA

A vagabunda riu!

- Carlos... Não!

Saí com aquela cara de bunda, cara de derrota. "Será que cheguei errado?" Fiquei pensando enquanto tomava minha (ainda) segunda breja. Mas percebi que na real ela fez de propósito, ela deu os sinais só pra me fuder. Vagabunda!

Zaratustra

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Tarde de um alcoolatra



Segunda-feira
Acho que são umas duas da tarde
Algumas doses, sempre
Sempre algumas doses
E caio no sofá
E durmo, durmo bem
Esqueço da vida

Acho que bebi demais
"E tá todo mundo trabalhando"
Penso, orgulhoso
Mas sei que está errado
Aí penso
Se eu não bebesse, isso é sério
Se eu não bebesse, eu já teria me matado
O mundo está errado demais

Por isso acho válido alcoolismo numa segunda
A tarde
E foda-se o resto
Me faz bem
Me faz querer estar vivo
E isso que me importa

Que venham mais tardes de alcoolismo!

Zaratustra

Casamento com bons drinks e o Chico



Eu havia conhecido aquela garota fazia pouco tempo. Creio que umas duas semanas, no máximo. Não vou mentir, ela era feia PRA CARALHO. Sério, uma das piores que conheci (e já conheci muitas garotas feias). O nome dela era Alessandra. Um belo nome para alguém tão feia. Ela era alta, tinha um rosto meio redondo, várias espinhas. O cabelo era de boa, assim como seus peitos. Um destaque para os peitos tem que ser feito, eram peitos bem grandes, os maiores que já havia colocado minhas mãos. Ela não tinha nada de bunda, era meio pra dentro até, e era meio estranha de corpo. Ela não era exatamente gorda, só era esquisita. Bom, eu havia acabado de sair de um relacionamento longo, ela tinha um papo bacana e seios confortantes, aí pensei "Porque não?" Saímos uma bela tarde, fomos ao cinema e o resto é história. Ficamos nos pegando na estação de Itaquera, escondido de todos. Ela me ouvia, eu ouvia ela, nos pegávamos e isso era divertido pra mim na época.

Pois bem, eu tinha um grande amigo, Renatinho, cuja irmã mais velha iria se casar. Eu estava meio receoso de ir na porra do casamento, mas aí ele me disse pra chamar a Alessandra, e, naquele momento me pareceu um rolê interessante. "Drinks, festa e se der sorte uma boa trepada no fim da noite." Eu ainda não tinha transado com a Alessandra, quando nos viámos era muito rápido, e diabos, estavamos saindo fazia umas duas semanas, tudo tem seu tempo caralho. De qualquer forma, aceitei a ideia de ir no casamento, e chamei a Alessandra, que aceitou na hora.

No dia do tal rolê, bebi umas duas cervejas, dei uma bela, bela cagada mesmo. Aquela cagada me regenerou. Me limpei, tomei um banho, passei meu melhor perfume, coloquei uma roupa social meio surrada (não costumo usar roupa social, me fode os culhões), e parti rumo a casa do meu amigo. Iamos nos encontrar lá, eu, a Alessandra e a namorada dele. Renatinho tinha uma bela namorada na época, que inclusive era amiga da Alessandra, então parecia que tudo iria correr muito bem. Pois bem, nos encontramos na casa dele.

- Carlos! Você tá lindo! Todo chique. - me disse Alessandra.
- Nossa Alê, você também está ótima! - respondi pensando que ela estava menos pior.

Ela usava um decote, que decote! Eu morreria afogado naquelas tetas, morreria feliz e de pau duro.

- Todos prontos? - perguntou Renatinho.
- Sim sim - respondi - Só espera eu pegar uma breja.
- Mas vai ter bebida lá Carlos! - me reprimiu Alessandra
- Ahhh, mas até chegar lá dá uns 40 minutos mano! E se eu ficar sóbrio, aí fudeu! - respondi já indo na cozinha pegar a porra de breja e meio puto com aquele ato de repressão.
- Beleza man, pega duas! Eu também vou bebendo! - disse Renatinho.
- Senti firmeza Brother!

Peguei as brejas, abrimos, brindamos, demos uma grande golada e fomos para a van. A porra do casamento tinha van que levava a gente, era um casamento chique, sabia que a irmã do Renatinho tinha gastado uma nota naquilo, ou o cara que tava comendo ela. De qualquer forma, parecia uma festa promissora.

Chegamos na igreja. "Puta que pariu, tem a maldita igreja antes da porra do rolê monstro!" Eu não podia ficar sóbrio, não podia. Já eram vários dias bêbado, e eu sabia que a cerimônia na igreja ia demorar uma cotinha. Fui malandro. Passei no McDonald's, comprei um refri de 500ml, joguei fora, passei na padaria, comprei uma garrafa de Brahma de 650ml. Bebi um grande gole e o resto coloquei dentro do copo do Mac. Isso me possibilitou entrar na igreja e continuar bebendo! "Caralho, eu sou uma porra de um gênio mesmo!" pensei enquanto dava goladinhas na breja de canudinho. Alessandra sacou que aquela merda não era refri, e dentro da igreja me deu esporro.

- Carlos... Carlos, você tá bebendo cerveja aí?
- E se eu estiver gata? Problems?
- Mano, a gente tá na igreja! Você não respeita nem isso!?
- Meu Deus é o alcool. Tenho que respeitar ele. Além do que, se eu ficar sóbrio vai foder tudo, porque aí vou ficar de saco cheio e querer ir embora. Agora fica de boa e assiste os caras tomando a decisão de merda de falar sim!
- Carlos Carlos, você precisa parar de beber!
- Ai ai ai carai... - resmunguei, já vendo que eu não teria futuro com aquela porra mesmo.

A cerimônia foi suave, eu ri muito na hora do sim. Me olharam estranho, mas eu dei um gole no "refri" e desencanei dos outros. Fim da cerimônia, abraçamos os noivos e fomos para a porra da festa. Eu aguardava ansioso pra ver o que teria de drinks lá. "Vodka boa? Cerva cara? Algum destilado de responsa?" Era isso que passava pela minha cabeça o tempo todo, só pensava na bebida. Mas o que me esperava, o que os bons deuses do alcool me reservaram, isso era demais pra mim.

Chegamos no local da festa. Era um puta lugar. Tinha espaço aberto, espaço fechado. No que tange às músicas, tocava de tudo, de rock a pagode, disco, techno, funk, sertanejo... E, porra, pra mim tava ótimo, eu dançava de tudo mesmo. Mas foi quando eu cheguei no bar que eu senti o que era felicidade.

- Champz, o que você tem de alcool aí?
- Cerveja, vodka e whisky.
- Man, que whisky que é?
- Red Label cara. Você vai querer?

Caralho! Que pergunta é essa porra!? Lógico que quero! Tem Red Label a vonts na porra do rolê. Sério, acho que tinha morrido, ou tava alucinando só pode! Era só pegar a porra do copo e pedir "Ou, coloca mais whisky aqui pra mim". Meus olhos, eles brilhavam de alegria e felicidade. Tinham muitas garrafas de Red Label, aquela porra não ia acabar nunca. E porra, isso me fazia feliz, isso me fez ver que o rolê estava valendo a pena! Épico!

Peguei dois copos, um pra mim e um pro Renatinho. A Alessandra era meio careta, pegou a breja (boa também, Skol), mas naquela noite eu ia de whisky, whisky até não querer mais, ia beber todo o whisky que eu merecia. Minha vida estava um lixo, tinha passado por um divórcio, estava com problemas no trabalho, na faculdade... Eu precisava de um porre decente, sem ser de vodka barata, sem ser das bebidas que me fudiam o fígado. E ali, somente ali, eu tinha a oportunidade, e ia aproveitar ela, com certeza! A felicidade me encontrou em forma de malte!

Bem, estava bebendo muito whisky, muito mesmo, e dançando com a Alessandra. Ela, só na breja, curtia também, mas na maciota. Eu estava começando a ficar realmente alterado. Meus melhores momentos na festa era quando saia pra fumar um cigarro com Renatinho. Cena épica: dois amigos fumam cigarros, bebem whisky e falam da vida. E era isso que fazíamos! E porra, estava ótimo, estava foda demais aquele rolê!

A festa rolava, quando eu, já bêbado, chamei a Alessandra pra ir pra um motel na volta. "Terminar com uma boa trepada, aí sim a noite seria épica!" pensava enquanto chamava ela. Ela ficou meio espantada, me olhou estranho. Achei que tinha exagerado, que tinha chamado ela muito cedo pra esse tipo de coisa, mas estava bêbado e o alcool me deu coragem pra fazer aquilo, e foda-se, na pior das hipóteses ela terminava comigo e resolvia meu problema de pegar aquela mina feia PRA CARALHO. Ela disse que não daria pra ir pro motel, não quis dizer o porque, e eu, como cavalheiro que sou, também não insisti muito.

Bom, fomos para a casa do Renatinho, nós quatro. Eu ia dormir na sala com a Alessandra, e ele no quarto com a namorada dele. Eu estava mesmo bêbado, muito bêbado. Acho que bebi quase uma garrafa inteira de Red Label, e só não bebi mais porque a porra da festa acabou. Mesmo assim, vim bebendo na van uma última dose, num copinho de plástico (isso é típico pra mim), e cheguei no grau na casa do Renatinho. Porra, sou homem, eu ia dormir com a Alessandra, era claro que ia tentar trepar com ela, ainda mais bêbado.

- Alê, vamos vai! - falava e beijava ela no pescoço
- Não dá!
- Como assim não dá? Você acha muito cedo?
- Não é isso... Só não dá!

Olhei pra ela. Aceitei a derrota "mais tarde vou no banheiro e bato uma e foda-se. Ela não vai me impedir de foder hoje!" pensava já muito bêbado. Eis que ela resolve mandar a real.

- Eu tô menstruada! É por isso!
- Relaxa baby, eu não tenho nojinho não!

Ela me olha espantada. Pensei que tinha dito merda, mas temos que ser honestos com nossos parceiros né?

- Mas eu tenho! - me respondeu ela.
- Ok, baby, ok. Sem forçar a barra. Boa noite flor.

Me arrumei para dormir. Aquela havia sido uma grande noite. Estava acabado. Um sono ia cair muito bem. Eis que pouco depois do boa noite, vejo ela entrando dentro do edredon. Ela pega meu pau, dá umas bombadinhas e começa a chupar. E foi uma bela chupada, gozei com gosto. E sim, ela engole, era das que engolem. Aquela chupada valeu mais do que uma boa trepada. "Ainda bem que ela estava de Chico" pensei, pouco antes de cair no sono.

Zaratustra

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Porque precisamos namorar?



Estava em casa, no ócio, revirando alguns papéis. Eis que acho um texto, acho que é de 2011, que reli e achei interessante para o momento. Bom, segue o texto.

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Porque precisamos namorar? Essa é uma questão um tanto abstrata e subjetiva, mas que, tomando como metodologia o cientificismo durkheiniano e a lógica cartesiana, conseguimos ao menos deduzir o porque sempre precisamos estar namorando ou num relacionamento.

O ser humano é por si só, e como a grande maioria dos animais, um ser que necessita constantemente estar cercado por seus semelhantes. Por isso, vivemos em sociedades, e não somente com a nossa família. Primeiramente, é importante analisar o nível sociológico da questão. Temos que compartilhar situações e experiências com outras pessoas, pessoas essas que chamamos de amigos, colegas ou conhecidos. O poder de raciocínio e a comunicabilidade aguçada do homem torna essa necessidade ainda mais atenuada. Não conseguimos lutar contra isso. Pode até ocorrer um isolamento total de um ser humano, mas isso fatalmente gerará conflitos mentais e psíquicos no individuo, pois a necessidade de estar em comunicação com outro ser humano é algo instintivo e natural.

Certo, explicado esse primeiro ponto, podemos partir para o próximo: porque precisamos nos relacionar amorosamente com outro ser humano?

Já é convenção social o relacionamento entre um homem e uma mulher e a formação daquilo que chamamos de família. Isso é uma instituição social, chamada casamento. Através do casamento, damos continuidade à espécie humana. Já é instintivo que o ser humano se reproduza. Isso vale para todos os animais. Porém, o ser humano não se conforma em somente se reproduzir, pois para ele, devido à sua estrutura psicológica, ele cria o que chamamos de amor ou afeto.

Através desse amor, ou afeto, criamos um tipo de dependência a esse outro ser humano. O amor é algo que manipula muito o nosso cérebro. Ele transforma amizades em paixões, noitadas de sexo em relacionamentos, prazeres em lógicas e o nosso cérebro se torna demasiado confuso. Tudo isso ocorre devido ao amor. O amor manipula o nosso cérebro de tal forma que ele cria dentro de nós uma necessidade de ter um namoro.

Além disso, o amor usa o fator social para tornar o namoro necessário. Quando vemos casais pelos locais que frequentamos, o amor manipula nosso cérebro para que nós pensemos que aquele casal, aquela pessoa que tem um namorado ou uma namorada, tem algo que não temos. Quando sentimos que alguém tem algo que não temos, é gerado uma mescla de ciúmes e ódio, fazendo assim que queiramos ter alguém.

Zaratustra

Huahuahuahuahuahua



Carai... HUAHUAHUHUAHUAHUAUHAHUUHA... Desculpa, é que não tem como não rir com algumas coisas. O cara está namorando, aí fala pouco com a garota. Aí ele fica solteiro e começa a groselhar com ela o tempo todo. Carai! Tá óbvio que ele quer pegar a mina! Pra que as convenções sociais? Porque não chegar logo e falar "Quero te pegar."? Pra que essa enrolação toda? Que vergonha, que falta de praticidade do ser humano!

Zaratustra

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Eterno retorno



O sentido da vida me parece ser correr atrás das mesmas coisas várias vezes. Você conhece alguém, se apaixona, namora, termina... Conhece outra pessoa, se apaixona, namora, noiva, casa. Mas ai desapaixona, termina. Aí tenta com outra pessoa, e ainda mais pessoas, várias pessoas. Você transa com várias pessoas, se apaixona várias vezes e nunca consegue sair do lugar. São apenas felicidades momentâneas, essas porras tem prazos de validade. A gente sempre retorna para os mesmos lugares. Isso vale para trabalho, para alguns amigos também. Parece que a vida foi montada dessa forma de propósito. Parece que se encontrassemos a felicidade plena e definitiva, a vida perderia a graça, e iríamos querer morrer de tão felizes que estivessemos. Soa como algo sem sentido, mas afirmo que o sofrimento é o que nos mantêm vivos! Schoppenhauer já alertava pra isso, mas suas palavras são ignoradas pela grande maioria social, composta de pessoas criadas com o pensamento de ter alegria na cabeça. Sempre vamos retornar ao mesmo lugar. Vale a pena lutar? Vale a pena tentar? Vale a pena mudar? Vale a pena melhorar? Eu honestamente não sei responder isso, só o que digo é que enquanto estamos aqui, respirando, não nos resta outra opção além de tentar tocar nossa vida pra frente, mesmo sabendo que ela vai acabar voltando sempre pro mesmo lugar.

Zaratustra

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A namorada do melhor amigo



Renatinho acabara de arrumar uma namorada. Era uma mulher dentro dos padrões, tranquila, nem muito bonita, nem muito feia. Tinha um sorriso bem desenhado, peitos médios, uma boa bunda e uma cintura um pouco mal desenhada, mas ainda assim era atraente. E Renatinho gostava dela, ela fazia ele se sentir bem. Haviam se conhecido na faculdade, faziam os trabalhos juntos. Renatinho era muito medroso pra tentar algo, mas sempre achou ela interessante, até que um dia ela foi pra cima dele, tascou aquele beijo francês bem molhado, e ele, que não é idiota, retribuiu o gesto de afeto dela. E assim foram ficando, e ficando, até que um dia, numa festa, na minha casa inclusive, ele pediu ela em namoro.

- Carlos, Carlos, o que você acha de eu pedir a Mari em namoro? - me perguntou ele, aflito.
- Ahhh cara, pede e foda-se! O que der deu! - respondi, falando meio mole pelo alcool em excesso.
- Sei lá cara, tô nervoso... Como que eu faço?

Eu, apesar do meu alcoolismo, tinha alguma experiência em situações difíceis. Dei um grande gole na vodka pura, depois um gole macio na cerveja, puxei uma tragada do meu charuto Davidoff e lhe disse.

- Faz assim Bonitão: chama ela de canto, na miúda. Não é uma boa ideia fazer isso na frente de todos... Vai que dá uma merda né?
- Man, se isso acontecer fode o rolê todo!
- Pois é coisa linda, e não queremos que nada foda nada, além de você foder a Mari né? Pois bem, chama ela de canto - interrompi para matar a cerveja - e manda a real. Fala que vocês estão ficando faz um tempo, e que você gosta dela e quer ter um lance sério. Aí é só torcer porra! - exclamei levantando os braços de êxtase.
- Beleza cara, valeu mesmo! - me agradeceu, todo entusiasmado.

Pois é, ele só precisava de motivação, o resto ele sabe como fazer. A festa continuou rolando, eu já estava na minha segunda garrafa de Contini e ainda bebericando as vodkas e as cervejas. O charuto havia acabado, mas eu ainda tinha dois maços cheios de Marlboro vermelho. Renatinho vem e me chama pra trocar ideia. Pelo sorriso no rosto dele, eu já imaginava as novidades.

- Ela aceitou Carlos! Ela aceitou porra! A gente tá namorando oficialmente agora caralho! - me disse Renatinho, visivelmente feliz.
- Aeee caralho! Agora você tem uma buceta fixa! Uma dose pra comemorar!

Pegamos dois copos, enchemos de vodka e viramos, alegres. Eu via nele um brilho no olhar, algo que não vejo sempre nas pessoas, algo que está em extinção. Mas nada como se apaixonar não é mesmo? É como uma sobrevida, um novo começo, dezenas de planos, sonhos, vontades, desejos... E sim, nesse momento Renatinho tinha isso, ele tinha tudo isso, fresquinho.

A festa acabou, todos foram pras suas casas. Renatinho e Mari dormiram no meu sofá, acho que transaram, mas isso não importa, pois estava desmaiado na minha cama, eu não ouviria ou veria nada de qualquer forma.

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Já haviam se passado longos quatro meses desde aquela festa, e o namoro dos dois ia muito bem. Sempre vinham juntos em casa, nas nossas festas. Eu tinha percebido que Renatinho estava bebendo bem ainda, mas menos do que quando era solteiro. Isso é compreensivo, uma vez que a mulher dá uma endireitada no homem, e ele parecia feliz. Mas não sei porque caralhos, ela não me passava muita confiança. Sim, a garota era de boa, curtia um alcool, uma farra de leve, mas eu não sei, estava com um mal pressentimento. Tinha sonhos em que o Renatinho estava caído no chão com gorfo na cara, as calças sujas de bosta, todo cagado, chorava e gritava "MARI! MARI! PORQUE VOCÊ ME FODEU ASSIM MARI!?" Juro que não sei porque isso acontecia, eu não sou paranormal, mas acontecia e pronto porra.

Um dia, Renatinho percebeu meu incômodo com ela. Acho que naquela noite eu fui frio demais, sei lá, ela falava e eu ficava "aham... aham... aham..." Mas é que ela me dava nos bagos e estava cansado da voz dela. Enfim, ele percebeu e me chamou pra conversar.

- Carlos, você tem algum problema com a Mari?
- Eu respeito ela.
- Sempre que você diz que respeita algo é porque não gosta.
- Pois bem, eu respeito ela.
- Mas porque isso caralho? Qual é o seu problema com a Mari, Carlos?
- Ahhh cara, sei lá... Meio empapuçado e talz. Tipo, não acho que ela seja mal carater, na real, o carater dela é foda de bom.
- Porra Man, então o que que foi?
- Essa tal de Mari me fode porque ela tem várias coisas que acho uma merda. Sabe quando uma pessoa carrega sozinha tudo o que te fode o cu? Não tem nada na personalidade dela que eu goste. E digo mais, preferia que ela fosse mal carater, combinaria mais com o resto do pacote e eu aceitaria melhor o fato de odiar essa puta.
- Olha como você fala dela Carlos! Ela não é puta não, é uma mina bem séria.
- Calma, calma caralho. Puta é modo de dizer. Eu só quis dizer que não gosto dela, relax.
- Tô começando a achar que você está a fim da minha mina ein... - me disse ele desconfiado
- Afff velho, não curto ela não. Se eu gostasse dela eu te falava. Porra, você é meu melhor amigo!
- Ok ok Man. Mas dá uma chance pra ela, sei que vocês vão se dar bem.
- Beleza cara, vou ver o que consigo.

Encerramos nossa conversa. Mari ligou e eles saíram juntos naquela noite. Foram no cinema. Me peguei pensando se eu estaria com ciúmes dele. "Porra, isso sim, claro, eu meio que perdi um amigo pra uma garota, isso é natural, os ciúmes são naturais." Mas não era isso. Renatinho já tinha namorado outras garotas, e eu não tinha ficado encanado como fiquei com a Mari. Bom, resolvi tomar uma dose e outra dose e outra dose... Foram várias doses, até que adormeci.

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No dia seguinte, recebo uma ligação, por volta das 12h. "Caralho... Quem me liga essa hora? Cedo pra carai, que merda" Resmungando, consegui com muito esforço abrir meus olhos. Vi o celular, era Renatinho.

- Alô - respondi com dificuldades
- Carlos, Carlos, a Mari terminou comigo Carlos! - Renatinho falava enquanto chorava.
- O que!? - perguntei espantado e mais desperto já.
- Foi agora agora. A gente ia almoçar, mas quando encontrei com ela, ela simplesmente terminou!
- Mas e ontem caralho, vocês não tinham ido no cinema?
- Sim, e foi de bouas, tava tudo certo mano! Aí hoje, do nada, ela me fala isso! - contiuava chorando.
- Caralho... Quer tomar umas doses pra conversar sobre o assunto?
- Quero quero sim. No mesmo bar de sempre daqui uma hora?
- Isso, pode ser... Mas relax Man, vai dar tudo certo! - afirmei, tentando ajudar ele.
- Valeu mesmo cara! Abraços.

Desliguei o telefone. Me levantei, fui no banheiro, caguei as doses de ontem, me limpei, tomei um banho, coloquei uma cueca furada, uma bermuda velha e uma camiseta qualquer. Calcei os chinelos e fui em direção ao bar. Nos encontramos lá, começamos na cerveja, depois doses de Jurupinga, passamos pelo St. Remy, entramos na vodka e encerramos na tequila. E aquela imagem dos meus sonhos, do Renatinho destruído no chão, todo cagado, chorando e gritando pela puta da Mari, isso aconteceu, e então eu aprendi que não tenho sexto sentido, mas conheço um pouquinho das coisas e tenho que ajudar mais meus amigos nisso. "Maldita, maldita Mari! Puta e vadia!" Só pensava nisso o tempo todo.

Zaratustra

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Motivação



Cadê, cadê a motivação?
Cadê!? PORRA!
CARALHO!
Tem dia que já começa estragado
Quando o peido matinal sai mais fedido do que privada de banheiro público no carnaval
Mas ainda assim os olhos se abrem
E temos, sim, temos sim
Que nos levantar

Coloco um som
"Hoje vai de Bach!"
Não é do meu feitio isso, mas me ajuda a pensar

A gente tenta definir as metas a curtissímo prazo
"Beleza, se eu acordei às 13h, às 14h eu saio e resolvo as coisas"
Mas quando vai chegando às 14h, vai dando preguiça
E o sol, o sol tá muito forte
Preciso, preciso... Aliás, exijo uma cerveja!
MALDIÇÃO!
Que tipo de ser humano me tornei!? PORRA!

Bom, me resta isso, desligar o som
Pegar minhas coisas e sair da frente da máquina
Dar um tempo como escritor
E resolver as coisas!

Se a PORRA DA FILHA DA PUTA da motivação não quer vir
Eu mesmo vou lá, pego ela, direto pela buceta
E, em um movimento brusco, estupro, estupro sem dó!
"SUA PUTA! VADIA!"
Pego ela pela força, e forço a ajuda dela
E agora, agora sim estou motivado

Me levanto, dou um mijo, um peido e coloco uma roupa velha
Um tênis, bebo água, escovo os dentes, não como nada
Me levanto, saio por aquela porta
"Caralho, foi difícil, mas consegui!"

Zaratustra

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Um grande dia para a liberdade!



O sol batia com força no meu rosto, eram cerca de oito horas da manhã. "Merda, esqueci a cortina da janela aberta" resmungava e coçava a bunda. Estava sóbrio haviam dois dias, dois dias sóbrios. E pensar que nos últimos tempos estive sempre bêbado, por problemas com mulheres e comigo mesmo, mas estava determinado a mudar isso, mesmo que aos pouquinhos, diminuindo de leve, sem forçar nada. Já não fazia isso pelas mulheres, pela família, pelos amigos... Fazia aquilo por mim e me sentia bem em tentar resolver as coisas sóbrio, pelo menos uma maldita vez na vida né?

Olhava o sol lá fora, estava mesmo bem forte. Peguei um copo, enchi de coca cola, dei uma grande golada e pensei: "É isso, vou ficar cinco longos dias sóbrio, só pra ver como é!" Por um momento eu pensei que poderia até passar mal, o meu corpo ia sentir falta do alcool. E sim, estava certo. Nos dois primeiros dias foi um sufoco. Tremedeiras, sudoreses, dores no peito. Porra, tava ouvindo vozes cara! Puta merda, queria morrer nos dois primeiros dias, estava muito dificil. "Beber, beber, bebida, me ajude, me ajude agora!" Mas me segurei. "Pra que fazer isso Carlos, você e a bebida sempre se deram muito bem, não larga agora" Eu discutia com meu cérebro que não ia largar era só um "tempo" no nosso relacionamento, a gente ia voltar rapidinho... Eu só precisava de um tempo pra organizar as coisas com sobriedade, mudar os rumos, escolher novos focos, e a bebida não estava me ajudando nisso, infelizmente. Assim que estivesse tudo encaminhado, eu juro, juro mesmo, que voltava ao alcoolismo.

Mais tarde fui ver o sol morrer, enquanto bebia mais coca-cola. No rádio tocava o bom e velho Pink Floyd, A great day for freedom.

On the day the wall came down
They threw the locks onto the ground
And with glasses high we raised a cry for freedom had arrived
On the day the wall came down
The Ship of Fools had finally run aground
Promises lit up the night like paper doves in flight

"Hoje, é hoje o maldito dia para a liberdade! Hoje é um grande dia pra liberdade! Porra!" Me senti vivo! Agora era fazer novas metas, organizar tudo... Precisava de otimismos, muitos otimismos, senão estava fodido. De onde estava não tinha como descer muito mais "porra, agora é só se eu começar a fumar crack! Já tô muito embaixo!" Mas naquele momento não tava a fim de fumar crack, nem de cheirar pó e estava conseguindo lidar bem com o fato de ficar sem beber.

Mais tarde, resolvi assistir uns filmes, ler uns livros, jogar um game "Caralho, bêbado era impossível fazer isso!" Sim, quando bebia só ficava em casa, deitado, bebendo e ouvindo Los Hermanos. Porra, Los Hermanos! Definitivamente estava bebendo demais! E, porra, sou um grande defensor do alcool, sou sim, ele sempre me ajuda, mas naquele momento eu tinha já resolvido muito pepino que tava empurrando pra frente, e isso me deixava, não diria feliz, não diria melhor pelas merdas que estavam acontecendo na minha vida, mas ao menos aliviado, aliviado de ver que por mais decepções que eu tenha na vida, por mais caralhos que aconteçam de coisas ruins, eu consigo me reerguer sozinho! Fui dormir o sono dos justos, ansioso por mais um grande dia de liberdade!

Zaratustra

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O dia será longo...



Estava bebendo a cerca de sete dias seguidos. Sete malditos dias. Infelizmente tive que parar de beber, no dia oito. Precisava estar sóbrio. Acordei. Minha cabeça não doia nada, ainda estava bêbado. Abri os olhos e com dificuldade me levantei. Dei a tradicional coçadinha no cu, um arroto leve. Fui no banheiro, soltei um peido, dei minha mijada matinal. Lavei as mãos, sai do banheiro, mas resolvi voltar quando percebi meu hálito "Meu Deus, o cheiro da minha boca está pior do que o da privada!" Escovei os dentes, até ajudou, mas ainda estava um cheiro horrível.

Fui na cozinha, olhei a garrafa de vodka e a de água. Xinguei pra caralho, xinguei muito por ter que ir na garrafa de água. Dei uma grande golada, ela desceu bem até, meu fígado aceitou de boa e talz. "Ai meu Deus. Hoje o dia será longo!" Levei a garrafa de agua pra sala, tomei mais um pouco e comecei a ver TV, coisa leve, futebol. O tédio bateu, e bateu com tudo. "Preciso beber meu Deus, preciso de só uma dose!" É curioso como o dia não passa quando estou sóbrio. Olhei o teto, pensei em comer, mas desisti, resolvi ficar no sofá vegetando e bebendo água. O dia não passava, puta que pariu! Beber, beber, beber, beber, beber, beber, beber e beber mais, só pensava em bebida, o tempo todo!

"Ahhh caralho, passa dia, acaba logo, que merda! Fica logo de noite porra!" Tentei voltar a dormir, assim o dia passaria mais rápido. O problema é que estava começando a ficar sóbrio e comecei a praguejar a sociedade, que me obrigava a ficar sóbrio ao menos dois dias da semana! Porra, o mundo parecia bem melhor quando estava bêbado, pra que ficar sóbrio então? Não vale a pena man, isso não dá pé, nem fodendo, essa ideia é uma merda, me fode o cu! Maldição!

Levantei, olhei no relógio, ainda eram 15hs, o tempo não passava, que caralho! E conforme o dia ia passando e o alcool saindo, tudo ia piorando. Por um momento, quase, eu disse que QUASE chorei, mas não tinha nem forças pra isso, eu só xingava o tempo todo. Minha mão tremia, não conseguia escrever. Suava feito um porco na brasa. Doia mais o psicológico do que o corpo. Estava suave no corpo, tremedeiras e sudoreses não me derrubam! Eu sou imortal! Mas estava puto pelo dia não passar. Juro, tudo o que eu fazia era um saco, o tédio dominava e a vontade de beber crescia. Xinguei, xinguei mais, e não sabia o que fazer.

"Maldito dia, maldito dia longo!" Tomei coragem, peguei a garrafa de água e comecei a beber sem parar, bebia bem mesmo. O dia estava um cu, mas depois de beber muita água consegui dormir, graças ao bom Deus, consegui.

Quando acordei no dia seguinte, estava bem já. Fiquei um dia inteiro sóbrio, a noite peguei uma garrafa de vodka, preparei algumas doses, bebi, bebi bem mesmo. "Ahhh bem melhor, agora o tempo vai passar mais rápido! Sem mais dias longos, por favor!"

Zaratustra

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Emoção forte!



Estávamos em casa, bebiamos. Eu fumava muito, estavam todos muito ruins já. Estava tudo normal, bêbados, zona, esse era nosso normal. Gostávamos disso, isso era bom. Enfim, a gente tinha um amigo que era policial, ele estava de folga, mas ainda assim armado. Ele, já bêbado, pegou a sua arma, e nos mostrou.

- Essa belezinha é uma .40 automática. Mata bem rápido. Um tiro no peito e é fatal!

Nos mostrava e ficava admirando ela, alisando, tinha brilho no olhar quando brincava com aquilo, realmente ele gostava daquela merda. Eu dei um gole grande na vodka pura, um trago forte no cigarro. Olhei pra arma e pensei "porque não né?" e lancei.

- Pega essa porra e finge um enquadro em mim! Agora! Quero ser enquadrado!

Levantamos, ele me colocou na parede, me revistou com violência.

- VOCÊ TEM PARADA AÍ SEU FILHO DA PUTA! ME DÁ A PORRA DA PARADA CARALHO! SEU CRETINO, MOLEQUE!
- EU NÃO TENHO NADA PORRA!
- NÃO GRITA COMIGO CARALHO!
- DESCULPA PORRA, EU TÔ NERVOSO!
- FICA QUIETO E DE BOA MANO! ME ENTREGA AS PARADAS!
- EU NÃO TENHO PARADA, JURO QUE NÃO TENHO!

Nisso ele sacou a arma, engatilhou ela, meteu no meu peito. Pela primeira vez na vida eu tinha uma arma no peito, prontinha pra me foder. Me entreguei ainda mais à simulação.

- ATIRA PORRA! ATIRA! ME MATA PORRA!
- VOCÊ QUER MORRER SEU FILHO DA PUTA, EU VOU ATIRAR!

Nisso ele ameaçou atirar. Num momento, talvez pelo alcool no nosso sangue, achei que ele ia atirar. E nessa hora a emoção foi forte. Fechei os olhos e pensei "vamo seu filho da puta, atira, acaba com tudo, me mata!" Mas ele, como era meu amigo não atirou, só ameaçou. Naquele momento, raro momento, a emoção foi forte. A sensação de ter uma arma no peito é muito boa. Vou repetir mais isso. E torcer pra na próxima vez que ele atire e a gente vê o que dá!

Zaratustra



Exageros



Sim sim, estou exagerando
A ideia era expor isso
Mas porra, porque não exagerar!?
A vida está boa, sim está boa
Mas falta algo
Alguma coisa pequena isso falta
A Liza se foi, isso merece um trago
E pensar que fodi com tudo, outro trago
Mas ainda estou firme
Sou uma esponja, sim sou sim
Mas estou exagerando
Preciso diminuir com essa porra
Mas continuo quebrando tudo
E no dia seguinte olho o estrago
Uns copos quebrados, garrafas
Uns pinos largados, queixo doendo
Apanhei (acho que apanhei, só pode)
E tudo gira e tudo dói
O coração dói (mais que o fígado)
E bebo, mas com cuidado
Estou exagerando, tenho que parar
Tô tentando parar, sério
Mas é difícil mesmo
Enquanto não consigo parar
Eu bebo e bebo e bebo mais
E mando, mando muito, os pinos são incontáveis
E sei que alguma hora eu paro, sei disso
Mas não agora, agora eu preciso de exageros
Eu preciso mesmo exagerar, e mandar
Tentando parar de foder tudo
Juro, juro mesmo
O dia em que eu não foder tudo, nesse dia eu paro
E fico suave, suave mesmo
No máximo uma brejinha de tarde, no domingo
E no resto da semana, suave
E paro de mandar e de beber
Mas agora, me perdoem, me perdoem mesmo
Mas preciso me auto destruir
É uma fase, juro que é só uma fase
Eu vou melhorar, sério
Mas agora não
O objetivo agora é beber mais e mandar mais e beber mais
Momento "foda-se", manja?
Eu preciso disso, mais do que preciso de comida
Então, nesse momento, não me critiquem
Preciso desses exageros, sério
E quando eu parar, quando eu parar
Eu juro que vou ficar suave, suave e te chamo pra um encontro
E beberemos uma brejinha suave
E vamos comemorar que o dia está nascendo
Não vamos mais querer morrer
O dia será lindo
Será um lindo dia, no dia em que os exageros pararem

Zaratustra

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Meu pai estava certo



Chegamos naquele momento
Em que a Liza vai embora
- Não Liza, não vá
Precisamos muito de você
Mas ela acha errado ficar aqui
Pra ela é melhor sair fora
Eu fodi tudo, fodi tudo de novo
Meu pai estava certo
Sou um fracasso
Eu fodo as coisas boas
- Liza, fique, por favor, fique!
Mas ela vai embora
E some da minha vida, da minha frente
E então bebo
Bebo mais, continuo bebendo
Mas a lembrança da Liza não some
E fodi com as amigas dela, sim, fodi
A Liza fugiu das amigas também
Mas eu tinha que me declarar Liza
- Desculpe Liza, desculpe se fodi tudo
Ela aceita as desculpas
Mas agora precisa ir embora, ver outras coisas
- Ok Liza, fuja de mim, mas não me deixe foder tudo!
E a Liza vai embora, e eu bebo
E bebo mais e mais e bebo ainda mais
E, quando eu gorfar de manhã, não lembrarei mais dela
Eu fodi tudo, meu pai tinha razão, sou um fracasso
Mas a Liza me pegou pelos culhões
Não queria, mas me apaixonei mesmo
"Tá errado caralho, isso tá errado! Você tá errado Carlos! Não goste da Liza!"
Mas a Liza me tomou
E eu fodi tudo, meu pai estava certo
Entre tragos e tiros, tô tentando esquecer
Que foi, não só a minha vida, mas a dela
Liza, me perdoe
Não queria que fosse assim, que eu fodesse tudo
Mas essas coisas acontecem, sabe como é
"Maldito amor! Maldito! Me fode o cu!"
Penso isso sempre, e tomo outra dose
Auto-destruição
Mas Liza, estou bem, me recupero bem disso
Tomo uma dose, bate como um furacão
Meu pai estava certo
"Você é um fracasso e fode tudo!"
Pois é pai, você estava certo
Fodi tudo com a Liza
E vou foder com qualquer outra
Vou morrer sozinho e bêbado
E preciso aceitar isso
Pai, você estava certo, me desculpe

Zaratustra

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sobre relacionamentos com pessoas perfeitas



Amigos! Senti saudade de filosofar, de falar groselhas de forma coerente, por isso resolvi fazer este post. Na verdade, esse post é muito baseado num post antigo, num diálogo que tive com o Sócrates (que largou a filosofia, tsc tsc tsc), em que falavamos de perfeição. O link do post é este http://fugasedivagacoes.blogspot.com.br/2011/08/dialogos-i-perfeicao.html. Ele é deveras longo, mas em tese fala que a perfeição pro ser humano não é exata e sim funcional, portanto varia de pessoa pra pessoa, nunca o que é perfeito para uma pessoa vai ser perfeito pra outra.

E daí começo a construir meu pensamento sobre os relacionamentos. Me desdobro dessa ideia. Pensem simples: uma pessoa que é perfeita pra alguém, pode não ser perfeita pra outro alguém. Simples pra caralho pensar assim. Mas então porque todo mundo fala "quero uma mina perfeita" "estou em busca do principe encantado, do homem perfeito", uma vez que sabemos que não existem pessoas perfeitas. E essas pessoas que reclamam não falam no sentido de perfeito pra elas, mas como se o perfeito fosse uma verdade universal. Isso se deve aos padrões sociais, modelos que foram criados e enraizados em nossas cabeças, desde beleza, até trabalho, até personalidade. Isso tudo já está pré construído em nós desde que éramos crianças, e não mudamos isso, continuamos dando murros em facas de ponta.

O que estou tentando dizer é: vamos nos conhecer, vamos saber exatamente do que gostamos, o que queremos, como somos. A partir daí, vamos procurar pessoas que sejam compatíveis à nós, inclusive no que tange à aparência. Pode ter certeza, o dia que você estiver com uma pessoa julgada perfeita pela sociedade, você vai ter problemas. No ínicio vai ser fácil, mas com o tempo a falta de compatibilidade vai foder tudo, e fatalmente não vai dar certo.

Bom, uma groselhinha racional, espero que esteja claro o pensamento, a ideia de procurar o nosso perfeito e não o perfeito de todos. Este é o principal segredo pra engatar um bom relacionamento!

Zaratustra

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Saldo de um dia careta


- 8 latas de cerveja (350ml cada)
- Meia garrafa de Contini
- Duas doses grandes de vodka com suco de limão

Foi um dia bom, foi um dia careta!

Zaratustra

Um rolê monstro!



Era mais um sábado normal. Em casa, suave, de boa, de bem com a vida. Tomava uma cervejinha e me arrumava pro rolezinho de mais tarde. O destino seria a Rua Augusta "Essa porra nunca é bom sinal, nunca dá certo, que caralhos!", pensava enquanto escolhia uma camiseta. Resolvi pegar um camisa preta velha, que sempre uso nos rolês grandes. Uma calça, não muito nova e um tênis pouco usado, mas nem tão foda assim. Sempre evito roupas bonitas nesses rolês, nunca se sabe quando você pode gorfar, quando pode perder a roupa por algum motivo X, portanto é bom evitar né? Dei a última golada forte na cerveja, matei a latinha (era só a segunda do dia), "acho que estou indo bem, só duas brejas num sábado de sol... tô tranquilo, essa noite vai ser sem exageros", tentava me confortar, tentava pensar que não ia dar merda.

Fui à caminho da nova Sodoma. Na condução ia suave, pensando em coisas idiotas da vida, em coisas bestas. Olhava as pessoas e pensava "Hahaha, seus putos de merda, hoje vocês jantam no inferno, seus merdinhas, hoje vocês esquecem de não pecarem!" Aquilo me fazia rir. Pensar que toda a pomposidade e pose das pessoas, por um dia é transformada em gorfos e transas erradas. Mas como me disse um grande pensador um dia: o mundo está em festa pois está acabando, vamos festejar e foda-se! E eu estava nessa pegada, queria muito festejar. Aquela semana no trabalho tinha me sugado, me mordido a cabeça do pau, precisava de um alívio, de uma lavagem, estava realmente estressado e querendo que todos tomassem nos seus malditos cus! E aquela merda era a oportunidade que eu tinha de manter a minha ideia de libertinagem a lots, de ver "o circo pegar fogo", e, porque não, ajudar a tacar uma porra de gasolina nesse cu! Hahaha, ia pensando groselhas, quando cheguei na estação Consolação.

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Chegando lá, encontrei a Amanda. A Amanda era uma amiga minha, bem bonita até, cheia de tatuagens, magrinha, com um geral bem desenhado. Não era suuuuuperfoda, mas atraia alguns olhares, além de ser gente finíssima. Além disso, ela era lésbica. Ou não era? Dizia ela que era, mas quando bebia ficava com homens. Anyway, ela gostava de amar, independente da pessoa. Fiquei ali com ela, de boa, aguardando os outros.

- E aí Carlos, quais as novidades?
- Ahhh Amanda, o de sempre. Bebendo bem, me irritando no trabalho e é isso. E você?
- Eu também estou de booooa. Desempregada, curtindo a vida adoidado, bebendo bastante. Tô vendo se viajo e pans, sem roteiro nem nada. Esse é meu esquema!
- Porra, dahora mano! Vai mesmo, foda-se o resto hahaha

Aguardamos por uns quinze minutos quando o resto do pessoal chegou. Chegaram de metrô também um grande brother e uma grande brother. O cara era o Guilherme, amigo de longa data. Roqueiro, curtia uma bela duma farra. Gostava dele, porque era um dos poucos que me acompanhavam no meu alcoolismo inconsequente, gostava mesmo de fuder a porra do fígado, de gorfar nos chãos sujos e ver o sangue no cuspe! E ainda por cima, nos rolês, conseguia pegar umas vadias. Isso é louvável pra quem bebe. A garota era a Fernanda. Tinha belos peitos, isso merece destaque. Curtia um rock, bebia bem, adorava uma balada e era gente finíssima. Em tese, nós quatro adorávamos um rolê monstro, gostavamos de curtir a porra da vida, tinhamos a filosofia que a vida passa rápido e é dura, então é melhor estarmos bêbados no processo. Queriámos somente viver, sem nos preocuparmos com o amanhã, nem com o hoje.

Bom, nem conversamos nessa hora, somente os abraços de cumprimento mesmo. Fomos direto ao rolê.

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Entramos no lugar. No panfleto prometia openbar beeeem barato, beeem barato mesmo e um rock pesado. Isso me atrai sempre "porra, beber a vonts e ouvir um rock! Que doente não curte isso?" pensei, passando pela pequena recepção. Após pagarmos pra entrar no local, percebemos que aquela porra cheirava a mofo.

- Caralho! Essa merda cheira a mofo - disse Guilherme.
- Isso é bom ou ruim? - perguntei meio sem me preocupar com a resposta.
- Isso é foda mano! Foda! Adoro cheiro de mofo nos lugares - me respondeu Guilherme, e todos olharam com uma cara "esse cara é doente, sem maldade"

Fernanda tomou as rédeas da situação e disse o que todos queriam escutar.

- Bom, vou no bar. Vamos começar logo essa merda!

Todos gritamos "Vamo aeee caralho!" e fomos para o local. Lá encontramos um monte de amigos do Guilherme. Não lembro de todos, mas o que marcou foi o Pedro. Não é papo de gay, mais pra frente vocês entenderão.

- Ou amigo, me vê o cardápio - pedi educamente pro cara que estava no balcão.
- Aqui não tem cardápio amigo, as coisas que tem pra beber estão em cima da mesa - me respondeu ele, meio com cara de cansado por estar ali.

Olhei atentamente em cima da mesa. Sem mentira, tinham as seguintes merdas: uns licores de uma marca que nunca ouvi falar, umas quatro garrafa de conhaque Dreher, umas garrafas de Dolly limão e Dolly laranja e várias, acho que eram umas dez ou quinze garrafas de uma tal vodka Kiev. Eu sabia que aquela porra não era russa. Devia ser a filha bastarda da Balalaika. Parecia ser uma merda mesmo.

- Bom amigo, nesse caso, monte pra mim uma vodka com dolly limão, bem forte por favor.

Todos pediram drinks, mas o meu parecia ser o mais forte com certeza. Aquela porra estava clara pra caralho, acho que o filho da puta só colocou vodka naquele caralho. Fomos para o local do show, onde tocava uma banda cover do ACDC. Eles tocavam Highway to Hell.

Hey Satan! Paid my dues
Playin' in a rockin' band
Hey mama! Look at me
I'm on my way to the promise land
I'm on the highway to hell
Highway to hell
I'm on the highway to hell
Highway to hell

Fizemos um grande brinde, com todos ainda prontos para a noite. Naquele momento, naquele pequeno momento, podiamos ser quem quisessemos, não tinhamos nenhuma amarra social, não tinhamos problemas, não tínhamos ninguém que nos segurasse. Éramos solteiros, nada de relacionamentos. Nossos pais já não ligavam pra nós. Éramos só nós e nós no mundo. Sem dúvidas, estavámos no topo do mundo. O sorriso de todos era muito sincero. A risada era espontânea. Haviamos alcançado o que chamamos de alegria. Por um momento, e isso já é muito!

Brindamos, demos uma grande golada. Infelizmente, não pude evitar a careta depois de tomar aquilo. Sério, comer a filha de Satã e morrer no inferno estuprado por bodes com tridentes e jirombas mágicas como punição era melhor do que aquilo. Doia o fígado. Doia o pulmão e o estomâgo. Acho que deu pra entender que aquela porra era ruim né? Bom, eu não tinha muita opção, era isso ou conhaque, e puta merda, conhaque me rói o cu, de tão ruim.

Ficamos bebendo ali, suaves mesmo. Arriscavámos uns passos, uns pulinhos, mas estávamos bem de leve, bebendo devagar, tentando curtir a noite sem destruir ela. Isso durou o show todo do ACDC. Fiquei bebericando a vodka ruim com o refri ruim, no máximo uma brejinha ou outra que compravam, e estava bem assim. E ninguém aparentou estar mal. Amanda ficou meio alterada, estava exagerando no conhaque, e quando vimos estava derrubando bebida nas pessoas, mas ainda era sem querer, então não me preocupei.

Começou então o segundo show, do Runaways. Era uma bela banda, somente mulheres, quase todas bem bonitas, com exceção da baixista. Ela era meio gorda. O local era escuro, só sei que ela era gorda. Com o começo do segundo show, acho que o diabo começou a assoprar na nossa orelha, como quem diz "agora vocês vão se fuder, chega de caretice por hoje", e como por um passe de mágica, todos foram subindo um degrau. Os que estavam no refri foram pro licor. Os que estavam no licor, foram pra vodka com refri. Os da vodka com refri, pediam aquele drink forte de vodka e com pouco refri. Os que estavam no drink forte - como eu - foram pra vodka com contini. Na verdade só eu fui, o pessoal ficou na vodka com refri mesmo. A Fernanda, do nada, resolveu virar duas doses de vodka pura, como quem diz "quero ter apagão, a noite foi boa... beijos e abraços!" e a Amanda continuou nas doses de conhaque. Nessa hora comecei a ver que ela bebe bem mesmo.

Queria colocar mais diálogos no texto, acho que isso deixaria ele melhor, mas infelizmente não tenho uma frase construída pra poder colocar aqui. Sei que em um dado ponto, pulavámos como loucos, berrávamos, girávamos e nos abraçavamos, e abraçavamos todo mundo. Eu lembro que parecia um retardado, pulava como um bicho. Eu tentava pular mais alto que todos, essa era minha vontade. A cara das pessoas rindo, e pulando comigo eram impagáveis! E foi bom, até o tempo fechar e apagar tudo da minha memória.

....

Quando volto a mim, estou sentado no chão, beijando a baixista da banda (isso mesmo, a gorda), e falando qualquer merda no ouvido dela, do tipo "queria te comer, vamos sair daqui". Aí o tempo apaga de novo, mais um apagão.

....

Agora estou já de pé. A balada está bem vazia. A tal baixista sumiu. Meus amigos, sumiram também. Lembro que fiquei andando por lá por um tempo e pedi duas doses. Lembro de ter tomado a primeira, a segunda eu não sei. O tempo apagou de novo e minha memória morreu.

....

Agora estou já saindo do rolê. Eis que encontro Guilherme e Pedro (isso, aquele Pedro), do lado de fora do rolê, sentados. Não sei o que estavam conversando. Começamos a descer a Augusta, meio que sem rumo.

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Paramos numa biqueira. Dei todo meu dinheiro pra eles. Me voltaram com um pino de cocaína e três baseados. Se não me engano, eu tinha cinquenta ou sessenta reais no bolso. Enfim, foi tudo. Lembro da gente ter fumado os baseados, e trocado ideia. Mas o que conversamos mesmo, isso é impossível lembrar hahaha. Mandamos o pino, mas queriámos mais. Sempre queremos mais, isso que fode nesses malditos rolês. Andamos. Não lembro o que aconteceu direito. Sei que estava com uma garrafa na mão, acho que era vodka. E sei q dei meu celular pra alguém. E se lembro direito, quando dei meu celular, peguei cinco pinos de cocaína com a pessoa que eu dei meu celular. De qualquer forma, esse tipo de história a gente nunca lembra exatamente.

Sentamos nós três, mandamos os pinos e eu continuei bebendo da garrafa, eles não. Lembro de uma frase, acho que foi o Pedro que disse.

- Para de beber mano! Já deu!
- Vai se fuder seu caralho de merda!

Continuamos a conversar não sei o que. Lembro que pedi licença pra eles, pois ia mijar. Estava mijando e o tempo fechou de novo, outro apagão.

....

Agora estou de volta à parte de cima da Augusta, de pé. A garrafa sumiu, estou sozinho. Minha carteira estava comigo, o celular não. "Caralho, que merda, perdi meu celular, sou um bosta mesmo". Resolvi prosseguir, já que estava fudido acho que não tinha como piorar. Descendo, achei um cara bem pobre, ou era bandido ou era morador de rua, ou ainda, era os dois. Tava fumando um baseado. Não lembro o que ele veio me perguntar, mas sei que pedi um trago do baseado e ele me deu. Ficamos de canto fumando uma erva, quando apareceu um gay, acho que era amigo dele. Sei que esse gay me pareceu um cara gente fina "quem sabe ele acha meu celular", pensei, mas agora eu acho que estava pensando merda. Enfim, resolvi descer a Augusta com ele.

Estávamos descendo, suave, só trocando ideia de bobagens mesmo, sem alcool nem drogas, somente como dois caras que se conheceram agora e que queriam alguém pra conversar groselhas. Eis que passamos por um puteiro, e ele avista uma amiga dele, que já me olha como uma presa fácil.

- Hey baby, quer gozar hoje?
- Quanto que você cobra - perguntei já abraçando e beijando o pescoço dela.
- Cem reais por um hora.

Nesse momento eu parei, desabracei. Fiquei sério.

- Nem fodendo! Você vai cobrar cem conto e quando der quinze minutos vai me expulsar dessa merda! Já não acredito nesse papinho, vocês são todas iguais! - disse eu, histérico
- Não é assim baby, vai ser uma hora mesmo!
- Deixa ele em paz Fulana (não lembro o nome dela) - disse o gay, me puxando.

Continuamos descendo, peguei mais uma garrafa, não sei como, acho que peguei com um cara na rua, acho que pedi pra ele, não sei ao certo, e fui bebendo. Passamos por um grupo de caras. Do nada, o gay embaçou, e resolveu brigar com os caras.

- Seus filhos das putas! Para de ser homofóbico! Me respeitem! - falou o gay, já indo pra cima dos caras.
- Calma mano, calma! - apartei a briga e dei um gole na garrafa de sei lá que diabos estava bebendo
- Você não entende Carlos, esses caras são fodas!
- Não vale a pena, relaxa... Vamo embora! - disse eu, já arrastando o gay pra ir embora.

Por sorte esses caras são suaves, senão estaríamos fodidos. Bom, continuamos andando. Lembro que ele disse que tinha que ir embora e me colocou sentado na sarjeta, em frente à uma padaria. Acho que cochilei...

Quando voltei a mim, estava lá, caído na sarjeta, sem a garrafa na mão, mas com a carteira. Mas ainda estava puto pelo celular "alguma hora eu aprendo, sempre perco celular no rolê, sou um bosta mesmo hahaha" Pensei, rindo sozinho. Subi a Augusta inteira, cambaleando e trançando. Os bons deuses me fizeram acordar no dia seguinte na minha cama, com o meu cuzinho bem pregado e ainda bêbado, portanto sem ressaca! "Foi um rolê monstro!", pensei no dia seguinte de manhã.

Zaratustra

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Traição



Me pendurando no trem, brincando de equilibrista na academia do povo. "Puta merda, pegar essa porra lotada por 600 conto, seis dias por semana. Caralho, sou o cara mais azarado de todo velho oeste", resmungava em pensamento, querendo que todos tomassem no meio dos seus cus sujos de mendigos velhos. Não me restava outra opção, sempre temos malditas contas para bancar, pequenos luxos, não é mesmo? Tinha acabado de arrumar um emprego, telemarketing. Vendia cartões de crédito, e é assim que a maioria dos jovens começam a trabalhar. Nosso trabalho era fazer as pessoas pegarem o que não querem e nem precisam, portanto não é simples. Ao menos persuasão eu tinha, era razoavelmente bom com palavras.

A melhor parte daquela merda de trabalho era a Gabi. Ahhhh, a Gabi, que mulher sensacional. Rosto bem alinhado, estilo modelete mesmo. Não era muito gorda, nem muito magra, era "no ponto", como dizem. Os seios não eram grandes e redondos como malditas bolas de boliche, mas bem desenhados, firmes para ficarem numa boa altura por alguns longos anos ainda. A bunda também bem desenhada, com um formato redondinho, mas sem parecer estranha. "Caralho, essa mina é sensacional... Porque diabos ela está nessa caralha de lugar?", pensava indignado de ver uma mulher como ela se fudendo como eu me fodia naquele manicômio dos infernos!

Bom, tirando essa mulher, meu dia seguia da mesma forma maldita de sempre, queria muito, muito mesmo, que eu fosse violentado por um padre, seria menos pior do que ver minha vida naquele lugar. Não estava feliz, por isso sempre que chegava em casa, tomava umas doses, já começava na vodka com coca, depois vodka pura, e muitos cigarros (quase sempre sem filtro). Sabia que aquela rotina de merda ia me fuder, mas eu não tinha outra opção, sabia que viver sóbrio me deixaria mais maluco ainda, e sabia que não ia conseguir lidar com isso. E assim os dias passavam, seguia minha vidinha de merda de forma simples, sem querer fuder com ninguém, de forma humilde.

Um belo dia, quando estava um dia de merda, chovia pra caralho, encontro a Gabi em frente à empresa. Não é papinho maroto, mas aconteceu dela pegar um cigarro e estar sem isqueiro. Eu, especialista em fumos, sempre ando preparado. Ela me viu tragando meus últimos suspiros de felicidade antes de ir pro tronco me fuder mais um dia.

- Oi, você me empresta o isqueiro?
- Opa, oi, empresto sim.

Ela acendeu o cigarro, deu uma boa tragada, vi que ela entendia do assunto. Ficamos ali, meio quietos, um com cara de cu pro outro, somente fumando. Não sou do tipo que chega na mulher e puxa qualquer assuntinho pra tentar furar "Nossa, tá uma puta chuva hoje!" puta assuntinho lixo, pensei enquanto tragava meu cigarro. Tentando evitar um desconforto maior, ela me pergunta.

- Você trabalha aqui também?
- Sim sim, vendo cartões pro Itaú. E você? - perguntei já sabendo a resposta.
- Ahhh, eu também hahaha que coincidência né?
- É verdade... Não sei se já te vi lá, sabia que você não me era estranha.
- Pois é, a equipe é enorme né? É difícil conhecer todo mundo mesmo...
- Sim sim hahaha

Mais um momento de silêncio constrangedor. Ela joga a bituca dela fora, ainda na metade, pisa em cima, joga a última nuvem de fumaça pro alto.

- Eu vou lá - ela me diz aparentando pressa - minha pausa está acabando. Até mais.
- Beleza, vai lá... Bom trampo aí - respondi meio tímido.
- Ahhh sim, obrigada, você também.

E lá se foi Gabi. Não teve como não olhar a bunda dela, aquela porra tinha uma coisa hipnótica. "Bom, valeu o dia já. Um papinho suave e uma boa visão da bunda. Meu dia está completo!" pensei, com um sorrisinho safado no rosto.

Subi, e fui trabalhar normalmente, naquele cu de empresa de merda filha da puta, onde ninguém, ninguém mesmo é feliz. Quando ia no banheiro, e passava por Gabi, dava aquela olhadinha do tipo "Opa, beleza?" em que levantamos a sobrancelha.

Chegando em casa, bebi mais, a velha rotina de sempre. "Sou muito romântico, puta que me pariu. Mal falei com a mina já fico pensando centenas de merdas!" E fiquei nisso a noite toda, o que, de certa forma, tornou minha noite um pouco menos pior.

Os dias foram se passando como se eu fosse um judeu no holocausto, mas não sei como caralhos, eu consegui me aproximar até que bem da Gabi. Ela era uma mina fodida, manjava de uma par de coisa, bebia como uma esponja, bom gosto musical, papo firmeza. Ela só tinha um problema manja? Ela namorava um maluco. O cara até parecia ser gente fina, mas, cá entre nós, sempre para os homens que estão apaixonados por mulheres comprometidas, o namorado dela nunca presta "Porra, o cara pega quem eu quero pegar! Com certeza é um babaca!" Essa é uma das maiores verdades universais criadas pelos homens, nunca se pensa o contrário dessa porra. Anyway, ela estava namorando o cara, mas passava por problemas de relacionamento e talz, o cara fodia o cu dela da forma ruim da coisa. Eu via que ela estava mal, mas tinha um acordo justo e de cavalheiros, eu não chego nela, ela não chega em mim e nossa vida seguia bem dessa forma. Trabalhava, falava com ela, bebia nas noites, e prosseguia, esperando o dia da minha morte, e torcendo pra ela não ser muito lenta e cruel.

Certo dia, estava em casa. Era sexta-feira, e nessa semana folgava no sábado. Geralmente, quando ia folgar no dia seguinte, dobrava a quantidade de alcool que bebia e de cigarros que fumava, e achava isso perfeitamente normal. Pois bem, estava me matando quando recebo uma mensagem da Gabi, perguntando se eu estava em casa, que ela precisava conversar. Respondi que sim, se ela quissese conversar por mim suave.

Ela chega em casa. Era a cara da derrota. Meu pau sujo parecia menos pior do que ela. A maquiagem toda fudida, a aparência total de um caco de vidro de cerveja barata. Parecia que tinha dado uma merda monstra. Pedi que ela entrasse, sentamos na cozinha. Servi pra ela uma dose de vodka com coca e um cigarro. Ela aceitou. Deu uma grande golada na vodka, fumou aquele cigarro como se fosse o último, com tragadas fortes e continuas. Com o fim do cigarro ela começou a se explicar.

- Carlos, Carlos, deu uma merda - falava ela e chorava, chorava muito mesmo.
- Calma Gabizeira, calma! Respira e me fala que que houve.

Ela respirou, e ainda chorando, mas um pouco mais calma, conseguiu me explicar.

- Ele me traiu! Foi isso, o Ricardo me traiu. Peguei agora no flagra!
- Eita porra! - respondi realmente espantado. Sabia que o cara era filho da puta, mas não esperava essa atitude dele. - Mas me explica direitinho como que foi!
- Encontrei ele como uma garota, que eu não sei quem é, quando passei lá na casa dele, pra fazer uma surpresa, sair para um lugar especial, que a gente não costuma ir. Mano, não tive nem reação de bater boca, já saí chorando pra caralho e quis passar pra trocar uma ideia.

Nessa já abracei ela, sério mesmo, não tentei nada. A amizade ali era importante também, não vou me aproveitar da fraqueza, do sofrimento, pra me dar bem. Foi realmente um longo abraço. Sei que isso é gay pra caralho, mas me senti em outro lugar, fora da minha realidade de merda, fora do meu trabalho, da bebida, dos cigarros... Ali eu estava abraçado com o Paraíso, e ao mesmo tempo que eu confortava ela, me sentia confortado também.

Ficamos ali, conversando. Começamos com o assunto da traição, mas o alcool fez a gente dar uma divagada. Falamos de vários assuntos na real, rimos pra caralho, e ela parecia bem melhor no fim das contas. Num dado monento, ficamos os dois naquele velho silêncio constrangedor, e meio que como um milagre, ela me deu um beijo. Mas daqueles beijos fodas, franceses, com a pegada certa. E, puta merda, ela tinha uma pegada foda, e eu na empolgação acho que não decepcionei também. Senti que foi muito bom para ambos. "Bom, uma traição justifica a outra?" pensava, sem muito foco na real nesse pensamento, mas com o maldito do anjinho na minha orelha lutando contra o diabinho, buscando me justificarem o porque parar com aquilo e o porque continuar com aquilo.

De qualquer forma, estavámos muito bêbados, aquilo deveria servir de desculpa não é mesmo? Nesse momento já não sabia mais o que era certo e o que era errado, qual moral seguir "Fazer o que quero ou fazer o que é certo?" Bom, isso foi meio inútil de pensar no fim das contas. Demorei muito, dei tempo pra ela pensar, sendo que ela desistiu. Ficamos somente nos beijos mesmo.

Ficamos o final de semana sem nos falarmos. Na segunda-feira, quando nos encontramos, nenhum dos dois teve coragem para tocar no assunto. Ela acabou ficando com o babaca. Ele pediu as velhas desculpas falsas e acabou funcionando (quase sempre funciona, que porra!) Eu até poderia tentar ser o seu "caso", mas pensei que talvez a minha velha rotina de trabalhador de merda, bebida e cigarros fosse o melhor para ambos. E nisso permaneci pelo resto da minha existência medíocre.

Zaratustra