quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Não... se... atreva!



- Não olhe pra mim desse jeito, você sabe que eu me incomodo fácil com essas coisinhas chatas do dia-a-dia, como lavar roupa e fazer comida... - ela me disse com uns olhinhos de gatinha filhote.
- Não é essa questão chuchu, você sabe que eu também pouco me importo - eu disse, quando fui virar a garrafa de vinho pela goela abaixo ela segurou meu drink.
- Não beba! Você sabe que seu alcoolismo me irrita mais do que tudo!
- Mas amor...
- Amor o caralho, sabe que te quero saudável. Aliás, aquela dieta vegetariana já está sendo colocada em prática né? - agora ela mudou a expressão pra governanta de mansão do Morumbi.
- Claro, claro que sim... - eu disse (mas estava com o McDonalds provavelmente ainda no meu estômago... No dia anterior tinha comido um lanche de bacon, hmmmmm, por Deus, bacon é vida!)
- Acho muito bom isso, muito bom! E as corridas, já começaram?
- Sim meu chuchu, sim, comecei no ínicio dessa semana!
- Mas hoje é domingo!
- Sim, vou começar amanhã, que é quando a semana começa PRA MIM, entendeu amoreco? Linda do papai? Docinho de abóbora? Minha tortinha holandesa?
- Tá tá tá, entendi! - ela disse irritada. - Quero que meu namoradinho esteja com tudo em cima, você vai ver, vou te tornar um cara melhor, você vai viver mais, e aí teremos mais tempo pra ficarmos juntos, meu gatinho branco! S2

Não respondi nada, mas eu amava aquela mulher. Sempre que eu a abraçava eu me sentia no paraíso, era como um airbag de seios que ela tinha, eu deitava ali e poderia dormir, mesmo que eles balançassem às vezes pelo tamanho "avantajado". Sim, escrevi em aspas pra não dar a impressão de que eram enormes, apenas grandes hahaha... Ahh e que coxas, que belas pernas aquele espécime tinha... Ai ai, a vida era boa, ela não sabia cozinhar, nem limpar a casa, ainda por cima queria me ver saudável, coisa que sempre passei longe! Mas foda-se, ela era uma mulher sensacional, e sempre que eu pensava que ela estava tentando me controlar eu lembrava do meu pai que me dizia "Filho, algum dia você vai conhecer alguém que vai te colocar na linha... Assim como sua mãe fez comigo hehe!" E sim, talvez tenha chego a hora de criar o mínimo de juízo e responsabilidades. Afinal, não é isso que todos faziam, casar e ter filhos e ser saudáveis e tudo mais e tudo mais e almoço de domingo na casa da sogra? Eu alguma hora teria que me encaixar nisso e Aninha me controlava bem, Aninha sabia como fazer isso comigo.

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Eu tentava aos poucos ir me adequando àquele ritmo, mas infelizmente era muito difícil, mas ainda assim os resultados iam aparecendo. Fazia minhas caminhadas/corridas diariamente (isso era no fim das contas o mais fácil), não comia carne (ao menos carne vermelha eu tinha diminuído drasticamente) e não bebia mais... tanto... minto, ainda bebia pra caralho, quase todos os dias. Diminuí com o alcool em uns 30%, o que é pouca coisa, porque pela quantidade de alcool que eu ingeria, seu eu diminuisse 80% ainda seria alcoolátra!

Lembro que naquele dia eu acabara de ser promovido no trabalho, estava me sentindo muito bem, se tivesse tocando uma música naquele dia seria Sowing the Seeds of Love do Tears for Fears, estava mesmo empolgado e iria sair pra festejar com meus amigos. Cheguei em casa, ela estava lá, passei por ela sorrindo, fui na geladeira, peguei a Itaipava mais gelada que encontrei, voltei à sala, quando eu estava de saída ela me interrompeu.

- Aonde o senhor pensa que vai!? - o olhar malvado dela me furou de novo.
- Vou sair pra beber com o pessoal... Aquela comemoração do meu trabalho, lembra que te disse pelo telefone?... Chuchu? - eu disse com biquinho nos lábios.
- Sim Carlos, mas você não me disse que iria sair pra beber! Que porra de Itaipava é essa na sua mão? Tá louco, isso vai foder a tua rotina!
- Só por hoje minha flor de lis, hoje é um dia diferente. Por favor? - olhei ela como um gatinho filhote.
- Não! Me dá essa merda, e é melhor não beber hoje! - ela estendeu a mão, esperando que eu entregasse a latinha.
- Não... se... atreva! Vadia!

Saí batendo a porta e sem olhar pra trás, eu queria mais é que ela se fodesse, eu ia acabar arrumando outra melhor. Naquela noite eu bebi tanto que não lembro de nada por uma semana, só sei que quando voltei do meu apagão alcoolico ela tinha sumido da minha vida, assim como todas as outras. Cheers e mais uma dose!

Zaratustra

Hey, isso é real caras! Real!



Porque o lanche do McDonalds engordava tanto? Nem esse prazer na vida poderíamos ter, e isso me irritava naquele dia em que as coisas me irritavam (na verdade mais me deprimiam do que irritavam, foda-se essa merda!). Apesar de que eu estava até que em boa forma, de verdade mesmo, isso porque nem usava cocaína e nem crack e nem heroína. As pessoas são magras por opção, pra isso existem as drogas. Tirando o fato de que seus dentes caem, seu coração aumenta, você não dorme, tem tremedeiras e fica com a cara deprimida, você ao menos emagrece não é mesmo? Melhor do que qualquer chá verde!

Precisava dar um tempo nesse jogo que chamamos de vida. Eu percebi o que eu nunca quis perceber, percebi que a bebida era mais importante pra mim do que qualquer garota, do que qualquer pessoa do mundo, do que qualquer outra coisa. Eu simplesmente queria beber! Não estava bem, nem mal, nem pensava nas mulheres, nem Carlinha, nem Liza, nem qualquer outra, eu simplesmente queria beber... Os pássaros voam, as cobras rastejam, os estupradores estupram e o Carlos bebe! Isso faz parte da natureza, isso é a minha natureza, e isso me irritava (deprimia) mesmo. Não que eu estivesse lutando pra ser um cara foda, longe disso, eu só estava achando que eu poderia ser melhor perante mim mesmo e perante os outros, mas não, eu não conseguiria isso. Estava mesmo cansado das mulheres, amigas, peguetes, namoradas, ex-esposas, a guria de belo rabo do trem, a atendente do McDonalds com seu sorriso metálico de 18 anos, todas, absolutamente todas me irritavam (e agora a palavra é Irritado mesmo, com "I" maiscúlo), eu só queria ser estúpido com todas, era uma misantropia diferente, uma misogenia, não é o que eu aconselho, mas infelizmente eu me sentia assim... Os brothers ainda conversavam comigo, e resolver as coisas com eles eram mil vezes mais fácil do que se resolver com mulheres (acho que eles não fofocam tanto e nem se fazem de vítimas como as mulheres). Que fique claro que eu não havia me tornado gay, nem pretendia, minha intenção nunca foi essa, e não seria agora que eu pedi um tempo, que queria sair da jogada. Eu tinha muito mais coisas passando pela minha cabeça antes das mulheres (trabalho, bebida, estudo, bebida, baladas, bebida, música, bebida...) e por isso que pedi um tempo de tudo. Não queria mais falar com elas por algum tempo, só até minha mente voltar ao normal. Bom, isso poderia demorar dias ou anos, eu jamais saberia...

Enquanto isso, aquele cigarro tostado ainda queimava minha garganta enquanto eu o tragava, e as brigas na sinuca com os tacos quebrados nas costas de estranhos com o dobro do meu tamanho ainda eram recorrentes... Assim como a perda de dentes após cada soco fodido que eu levava por arrumar briga de graça. Mas isso era o real, isso é o real caras! Acho que eu estava fugindo do meu destino, e isso estava me fodendo. Temos que fazer o que nascemos pra fazer, mesmo que isso faça mal a nós mesmos!

Zaratustra

domingo, 27 de outubro de 2013

Polly



- Você é só um alcoolátra desajustado! - ela me disse e atirou o copo na parede, fazendo estilhaços cairem por todo o chão.
- Hmmmm... Você tem razão... chuchu! - eu disse e já dei um sorrisinho.
- Não me chama de chuchu, você sabe que eu não gosto!

Ahhh as mulheres me divertiam. Mesmo quando a gente brigava. Ainda assim elas eram atraentes. E eu ria com elas. Apesar delas criticarem minha bebedeira. O nome dessa era Polly. Polly sempre foi uma grande garota, sempre me ajudou com tudo, me tirou de uma vida ruim, me colocou em outra pior, me fez parar de beber e de fumar, me criticava por tudo e por nada. Cervejinhas diminuiram, vodka nem pensar... Pois é, eu estava mudado por causa dela. Isso é ruim, mas também era bom né!? Qual seria a função das mulheres no mundo além de ajudarem os homens a serem pessoas melhores? Isso foi machista, mas também foi bonitinho. Brincadeira. Sei que ela queria era me controlar, e isso ela fez bem. Conheci ela numa festa em que tocava Bowie, eu nem gosto de Bowie, ela gosta. Ela dançava e eu assistia e bebia pra caralho. Eu estava bêbado demais, mas ainda assim consegui conversar com ela por alguns instantes. Não dá pra descrever o diálogo aqui. Mas foi algo relacionado a boa música e a uma transa com elefantes. Acreditem, ela ainda assim quis marcar de sair comigo naquela tarde de sábado!

- Chuchu, eu te amo! - soltei as palavras proibidas.
- Hihihi seu bobo, não fala isso. Você sabe que eu não te amo. Não espere uma resposta minha.
- Não espero. Eu quero que se foda. Não ligo pras regras morais e os padrões sociais. Tudo é um nada e um nada acaba sendo um tudo. Estou bêbado demais pra pensar em algo de bonito pra te falar. Me olhe nos olhos e diga que sou só um cachorro bêbado! - e me coloquei na frente dela com a língua pra fora, esperando uma reação.
- Você não vale nada né? hahahaha - ela riu e me deu um cafuné de cachorro enquanto ela sorria pra cacete.

Ela me completava e mesmo sendo meio-dia eu ainda estava bêbado por ela. Polly era uma grande mulher e me fazia um cara melhor. Ainda assim eu voltava a beber por causa dela.

Zaratustra

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A Bicha



Que estilinho de merda que tinha aquela porra daquela bicha que eu encontrei no metrô, na estação da Luz. O óculos sobre a cabeça, a calça jeans azul neon apertada, a camisetinha apertadinha e com a gola em "V", e as mangas curtas e o detalhe era que a gola estava toda arregaçada, acho que além do CU dele, violaram também a camiseta. Na camiseta estava escrito "YOLO" que significa "You only live once" (você só vive uma vez), sim seu puto, você só vive uma vez seu aidético filho de uma rapariga menstruada. Os sapatos de camurça eram um perigo para as porras frontais, mas acho que ele só gozava pelo CU mesmo. Cara feia de quem chora desde que o mundo é mundo, os dentes com aparelho entregam que ele não se cuidava na infância.

Nada contra os gays, nada mesmo. A questão que me incomoda é o escândalo. Quer dar o CU, que dê, mas não enche meu saco. Fica um bla bla bla enorme, uma berraria "AMIGA, CÊ VIU A NOVELA? AIII AMIGA, QUE COISA BAFO!!! AMIGA, AMIGA, AMIGA!!!" Pare de falar com a voz fina e pare de berrar quando a porra da porta do trem abrir! Porra, maldita bicha que me apareceu nessa tarde em que o tempo virou de um puta sol pra uma puta chuva!

Zaratustra

Dia de fúria



Enquanto essa merda toda acontece, o máximo que posso fazer é continuar caminhando pela sombra e torcer pra que tudo acabe mais rápido do que um estupro. Não que o que eu esteja passando seja semelhante (ou pior), longe disso na verdade. Não quero me fazer de vítima ou julgar que minha a vida seja mais fácil ou mais difícil do que a sua, longe disso chuchu. O que quero dizer é que estão cuspindo na minha cara e me fazendo de trouxa sem que eu possa reagir. É foda. Ou abaixo a cabeça ou abaixo a cabeça. De punhos atados não me resta muito além de escrever isso e me manter bêbado eventualmente. Não que isso seja aconselhável, mas honestamente, quero que o mundo tome no cu e me visite no Natal com um presente bem garboso. Não me esperem com um sorriso no rosto (é mais fácil que eu pegue a minha metralhadora e faça uma limpeza antes que eu sorria pra você), me desculpe, aliás, desculpa é o caralho sacou? Quero mais é que tudo se foda e meu pau cresça! Afinal chuchu, se todos tem seus dias de fúria, porque eu não posso ter também?

Zaratustra

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Liza e as expectativas



Ok. Vocês sabem que eu desisti faz tempo desse lance de amor, mas ainda assim o telefone me irritava com seu brim brim brim maldito. Sempre o barulho do telefone me incomodava, não seria bem mais fácil se fossemos destinados à solidão? Ao menos assim não criariamos expectativas com pessoas que não querem (ou não podem) nos dar aquilo que esperamos. Enfim, o telefone tocou, eu me escondi no sofá e ainda assim ele tocou. Desisti de me esconder e fui atendê-lo.

- Alô.
- Oi Carlos! É a Liza!
- Oi Liza, quanto tempo hahaha - e dei uma golada na cerveja.
- Sim sim hihihi... e aí, cê tá bem?
- Tudo certo por aqui pessoa - e dei outra golada na cerveja - e você, como está no momento?
- Também, também, tudo indo. Liguei pois queria saber se você quer sair comigo esse fim de semana.

Momento de silêncio. Mas não muito silêncio. Tudo o que será descrito agora aconteceu numa fração de segundo. Sabem como é, quando escrevemos as coisas elas parecem mais lentas do que o comum. Esse foi o caso. Refleti: estava pensando agora mesmo sobre expectativas, e quem me liga é uma das minhas paixonites. Antiga, mas ainda assim foi uma paixonite. E se quando eu olhasse ela tudo o que eu senti voltasse? E se eu me apaixonasse de novo por ela? Eu voltaria ao alcoolismo diário, com certeza. Me foderia com sobras. Já me veio o gosto da vodka e do vômito na garganta, misturado com o cheiro do desespero do meu quarto. Merda. Não seria muito mais fácil não lidarmos com outros seres humanos e nos isolarmos numa mata virgem, cercado por animais que vivem na base do instinto e não do coração? Sim, seria bem mais fácil, mas a vida não é assim, e cabe a nos sabermos como conduzi-la. Pode ser que ela tenha me chamado porque queria algo dessa vez, porque queria namorar comigo. Mas e se fosse o contrário? Como eu iria superar toda aquela merda de novo? O medo venceu mais uma vez.

- Desculpa Liza, mas não vai dar. Acho melhor manter as coisas como são, ok?
- Beleza Carlos, beleza... Qualquer coisa me liga ok?
- Ok Liza, ok...

Desliguei o telefone, e só pelo fato de eu ter falado com ela tive vontade de beber pra caralho! Como as coisas são! Como a vida é! Mas me controlei, fiquei nas brejinhas mesmo. Matei minha latinha e me deitei no sofá.

Zaratustra

domingo, 20 de outubro de 2013

Apenas um texto de MERDA! (Como nos velhos tempos chuchu)



"Mestre, mestre!" Augusto era só um professor universitário que ouvia Metallica e cantava a letra da música em português (não em inglês, que eu particularmente acho muito melhor). O cigarro nos seus dedos já estava chegando naquela esponjinha marota recheada de nicotina e que deixa seus dedos amarelados durante longos períodos, por mais que você lave com muito sabão. Talvez a nicotina fosse do próprio cigarro. Talvez não. Isso realmente importa pra um professor universitário? Acho que não, uma vez que ele não trabalha numa fábrica de cigarros e não está estudando sobre cigarros na Souza Cruz. O fato é que o cigarro acabava e já se sentia aquele cheiro característico de um cadáver (mesmo que no momento Augusto estivesse vivo... ainda). O cadáver era de Augusto, sim, ele estava vivo, mas já não se sentia mais como antes, não tinha vigor muito menos ânimo. Tudo o que ele queria fazer pra vida dele era ficar em casa lendo os geniais Bukowski, Schopenhauer, Nietzsche, Spinoza, Mailer, Thompson e quem mais desse ideias pra que ele morresse. Cogitou a ideia da corda, sempre a corda, acho que é mesmo a melhor forma de suicídio, uma vez que Augusto já emagrecera muito por causa da cocaína diária, certamente a corda não arrebentaria!

Ok, não dá pra enrolar um texto demais, e eu tenho muitos problemas pra contar as minhas histórias, uma vez que eu tenho muita preguiça de escrever os diálogos. Caralhos, é muito ruim ter que improvisar as coisas que as pessoas falarão na sua história, uma vez que tem que incorporar o personagem por completo, tentar entender o que ele pensa e como ele soltaria as palavras no convívio social com outros personagens que também tem personalidade própria. É foda. Enfim, ganhei mais algumas linhas explicando o porque eu gosto de enrolar meus textos, não digo que goste de enrolar eles, as coisas simplesmente ficam mais fáceis... chuchu. Augusto estava num dia ruim enquanto ouvia Metallica. Vou colocar ele sozinho, uma vez que ele era um cara sozinho e assim não terei diálogos maçantes nas minhas linhas e nas linhas de Augusto (não as de cocaína, que fique claro aqui). A solidão muitas vezes é melhor do que qualquer compania, e nosso herói sabia disso. Na verdade não, na verdade ele mentia pra caralho pra si mesmo todos os dias, tentando acreditar que estava tudo bem. Mas como ele iria aguentar viver numa sociedade em que ser funkeiro é qualidade e não demérito. Em que as mulheres tratam os homens como lixo e ainda reclamam quando um canalha não liga pra elas no dia seguinte à foda. A vontade de sair na rua e matar todo mundo era grande demais em Augusto, ou ainda, ir num cinema ou num parque de diversões, pra história ficar mais dramática e melhor contada. Mas isso ele não poderia fazer, uma vez que iria pra vala ou pra cadeia (ou pra cadeia e depois pra vala). Então ele tinha que se segurar enquanto poderia, já não tinha muitas cartas na manga e certamente ainda demoraria pra que ele interpretasse a juventude atual como "correta", ou nunca, aliás, certeza que nunca, ele morreria antes. Talvez a morte fosse a resposta que ele buscasse.

Foda-se, este foi apenas um texto enfadonho que escrevi enquanto cagava na cara da sociedade atual e me limpava com jornais de notícias sobre estupros e assassinatos.

Zaratustra

sábado, 19 de outubro de 2013

Não, nunca é o suficiente



A dor nas costas já não é mais opção, e sim um fato. Como eram bons os tempos em que eu não me preocupava com nada, em que eu não pegava contas pra pagar e simplesmente tinha minha comida no prato sem pensar em como colocar ela lá.

Sei lá, acho que o tempo está passando rápido demais e a vida está voando demais e eu simplesmente estou assistindo ela e não tomo muitas atitudes decentes. Costumava beber demais, e isso era bacana, e nem isso mais eu faço... Estou começando a sentir falta de beber todos os dias e voltar a ser aquele degenerado que fodia as coisas que colocava as mãos. E isso me preocupa demais, eu não posso voltar a foder as coisas como sempre fiz. Merda, poderia ser tudo mais fácil. O dia podia me satisfazer por si só, o fato de estar vivo poderia me satisfazer. Mas não, nunca é o suficiente. Droga.

As pessoas podiam me amar mais. Sim, elas me amam, tenho bons relacionamentos, mulheres aparecem, mas poderiam ser as mulheres certas e não as erradas. Amigos eu tenho e até o momento eles estão bem. Se apaixonar nunca é uma boa ideia, se apegar às pessoas jamais pode ser considerado como uma coisa boa, eu diria que é um maldito de um carma que me persegue. Bukowski já dizia que uma mulher sempre te salva do inferno que outra te colocou. Eu preciso, nesse momento, de uma que me salve do inferno que esta última me colocou. Tenho algumas mulheres que me amam, eu queria amar elas de volta. Mas não, nunca é o suficiente. Droga.

Zaratustra

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Injustiçado



Você é magro e tem cara de viado e ainda rabisca num caderninho e tem ainda os furos dos alargadores nas orelhas (apesar de não ter alargadores mais) e sei que tu sentes falta de um macho na sua vida. Mora ali na Frei Caneca e respira botecos e cachorros de madames que cagam moles e que eu piso em cima (das bostas, é claro... e infelizmente) e mesmo assim você se acha um injustiçado. Você não passa de um merda que foi criado pela avó e que acha que o mundo se resume às suas reclamações e aos seus problemas. Você não sabe que você não é um artista e sim um maconheiro de merda que acha ser criativo o suficiente pra viver disso. Hahahaha você não é nada e nem sabe disso. Maldita seja a sua criação rapaz!

Zaratustra

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O paraíso era um par de pernas



Aquela sainha de estudante colegial ficava muito bem nela. Eu conseguia ver a calcinha de rendinhas, era branca. Angelical. E as pernas bem torneadas, bem depiladas e lindas, lindas e lindas de novo. Meu sonho era estar entre aquelas coxas, com você me segurando pela cintura e me chamando de "foda" ou de "canalha" ou ainda de "cafajeste", e eu simplesmente transando com você, enquanto tragava cigarros e bebia doses aleatórias de vodka barata. Sim, o paraíso era um par de pernas.

Zaratustra

Festa chata



E aí que ela me viu naquela festa
Extremamente chata
E com as pessoas
Mais chatas do mundo
E com os drinks
Mais fracos de todos
Com músicas que
Ambos detestávamos

Eu?
Era somente mais um drogado
e bêbado
Que vagava por ali
Com as narinas esbranquiçadas
e quase vomitando a bebida
E elétrico e chapado
Adorava a sensação

Ela?
Linda, alternativa
Com os piercings pelo corpo
Bebia bem, mas se controlava
E curtia e dançava
Dentro do possível
daquela festa
Extremamente chata

Não sei o que ela viu em mim
Um bêbado degenerado
Só sei que
Daquela festa chata
Saiu um amor
que me deu
Alguns bons anos de vida a mais

Zaratustra



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A euforia passou



A euforia acabou. Preciso de independência das mulheres. Preciso me sentir bem mesmo sem tê-las. Preciso ser auto-suficiente. Arrumar uma paixão e resolver os meus problemas. Não me atrelar às coisas vazias. Correr e perder barriga. Ser mais bonito do que eu fui. Ser mais feliz do que eu sou. Transformar o passado em experiência e o futuro em algo que não necessite do passado. Esquecer pessoas. Lembrar de outras. Sorrir ao ver uma criança no parque. Ser mais durão, sou sentimental demais. Maltratar mulheres, levá-las pra cama, gozar nos seus rostos e chamar elas de "vagabunda" ou de "putinha". Amar e ser amado.

Zaratustra

Ebriedade e facilidade pra escrever



É simples assim. Eu sento com o caderno numa mão e a garrafa na outra e as palavras são cuspidas. Não tem muito segredo. Manja aquele papo de "bloqueio" que todo escritor tem? Eu tenho, mas quando eu bebo simplesmente esqueço disso e me sinto mais criativo e enérgico. E posso falar de qualquer assunto. E esqueço meus problemas todos. E passo a adorar e a idolatrar todo mundo. E os amo, e os quero bem. Isso sim é sucesso! Sucesso não é encher o nariz de cocaína até ele sangrar, sucesso não é foder a garota mais linda do rolê. Sucesso não é ser foda, sucesso é simplesmente estar bem consigo mesmo.

Zaratustra

Pequeno joguinho pra fracassados



Pegue uma garrafa de bebida alcoolica, um copo e um salgadinho. Coloque uma playlist pra tocar, músicas curtas. A cada música um shot. Aprecie os resultados. Faça merdas. Fale bobagens. Peide azedo. Saia de si. Fuja do tédio. Leia filósofos bestas. Zere a vida.

Zaratustra

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Conquistando uma mulher usando sexo



Nunca fui o cara mais fodido que eu conhecia em matéria de sexo. Sempre era tratado como o Carlos degenerado, o que era alcoolátra e que não sabia fazer muita coisa além de beber e falar bobagens. É verdade. Aliás, era verdade, sim, porque eu havia mudado e as coisas estavam muito bem já. Dois meses de uma nova vida e os frutos já estavam sendo colhidos. Estava mais magro, com mais fôlego e com mais vontade de fazer as coisas, mais ânimo e um sorriso mais sincero no rosto, e as cores do meu quarto de repente ficaram mais vivas. Sim, a fase estava muito boa mesmo, eu transpirava isso, mas algo ainda me incomodava: será que essa evolução toda havia sido conquistada também no sexo?

Pois bem, aí que eu conheci uma garota, a Myuki. Grande garota, apesar de não ser muito alta (na verdade mesmo ela era bem baixinha hahaha) ela era uma daquelas mestiças bonitinhas e fofinhas, que você só tinha vontade de apertar e abraçar bem forte e pegar no colo e chamar de "Linda!" Aí que quando eu conheci ela eu já estava nessa vibe boa da vida, tudo já era mais colorido, não bebia mais pesado, drogas nem fodendo, nem fodendo que eu usava, a não ser que vocês considerem maconha uma droga, eu acho bem suave. Me refiro à drogas químicas, e vocês meus leitores sabem que eu me prendi pra cacete nessa merda. Mas enfim, não vamos falar do passado, e sim trabalhar no futuro! Porra, eu percebia que meu otimismo estava começando a incomodar as pessoas, principalmente no tal do FB. Caralhos, postam fotos de crianças com câncer, frases de reflexão, e ainda agora tinha aquele lance de dizer como estava se sentindo, aí a pessoa postava que estava "se sentindo mal" sem explicação alguma, aposto que era pra alguém chegar nela e puxar assunto hahaha. Buceta, eu tinha parado de beber mas ainda assim eu continuava a me perder e a ser disperso nos textos. Voltando: conheci ela por uma amiga, de ínicio achei ela bem bonitinha mesmo, afinal de contas ela é asiática, não tem como não achar bonitinha não é mesmo? Senti no rolê que ela estava meio de flerte com um amigo meu, mas esse meu amigo queria outra garota, fui pra cima da Myuki e aí já viu, ficamos e bebemos de leve aquele dia. Trocamos telefones e o tempo foi passando, apenas conversamos trivialidades e bem poucas. Eu estava numa fase de evolução pessoal tremenda, honestamente não precisava mais das pessoas como antes, como a minha carência sempre exigiu. Estava tranquilo e feliz comigo mesmo.

Num belo sábado ela veio falar comigo, sim, pelo FaceBook, eu ainda estava entrando o dia todo naquela merda. Já era de noite, acho que umas 21h.

- Oi Carlos, tudo bem?
- Oi, tudo sim e com você?
- Também também... E o trabalho, foi bem essa semana?
- Poxa foi ótimo hahaha e aí, quais os planos pra hoje pessoa?
- Então... Nada por enquanto. Estou pensando muito na vida sabe Carlos. Preciso de mudanças e tudo mais, sinto que estou muito parada, quero ser alguém melhor!
- Isso é muito legal Myuki. Você é uma garota bem bacana, sei que vai conseguir ^^
- Puxa valeu, você é mesmo bem sensato.

Percebi que ela me elogiou, eu tinha um rolê marcado com o Luís, mas caiu o rolê. Estaria de bobeira nessa noite de sábado, meus outros amigos estavam embaçados demais pra organizar algo. Pensei "Foda-se, vamos tentar!"

- Olha Myuki, eu também estou de bobeira hoje. Que tal nos encontrarmos em minha casa e conversarmos. Aí você me fala dos seus planos (:
- Ok Carlos, parece ser legal. Vou sim.

Marcamos hora e lugar pra ir buscar ela, ela estava mesmo muito bonita e arrumada. Em casa conversamos mais algumas trivialidades, ela conversava bem legal, enfim, era uma boa compania pra um sábado a noite.

Após alguns instantes na cozinha, papeando e talz, ela me falando dos planos dela e do futuro dela e tudo mais, resolvi levar ela pro quarto. Sentei na minha cadeira, ela na cama, liguei o computador e fui pra cima. Percebi que minha vontade estava bem maior do que na época em que eu somente bebia, eu tinha bem mais volúpia nas coisas, agarrava ela com tudo, beijava ela com tudo, jogava ela na cama, fui canalha, quis ser o cara safado da vida dela, aquele que era diferente dos outros, aquele que surpreendia. Ela? Ela somente ria e ria e ria de novo, percebi que ela estava gostando da coisa e assim prossegui, com a pegada forte mesmo. Repito: Não sou um cara considerado bom de cama, nunca fui, mas o que eu estava fazendo com ela era simplesmente o descarregamento de toda a minha inquietude, era um misto de ansiedade e luxúria. Agarrava ela como se não houvesse amanhã, e isso sim a havia conquistado. Acho que se um cara consegue segurar bem a sua ejaculação ele pode ser bom de cama fácil. É uma simples questão de ter vontade e se esforçar pra agradar a mulher antes de pensar em agradar a si mesmo. Porque o homem sempre goza do mesmo jeito, agora com a mulher é preciso ser carinhoso, safado, fazer boas preliminares, um bom after, uma boa pegada na hora da meteção em si, um passar de mãos nas costas pode ser muito valioso pra ela. Elas reconhecem isso. Não chegar metendo de cara. Aquecer a mulher, elas precisam mesmo disso. Enfim, sem delongas, fiz o que eu achava que ela ia gostar, um bom aquecimento, parti pro fight mesmo quando ela já estava em ponto de bala. O importante é molhar a mulher o máximo que puder sem usar o pinto, porque aí já é meio caminho andado pra fazer ela gozar. Caralhos, tá parecendo um conto erótico essa merda hahahah (talvez seja), mas enfim, transamos uma vez e ela ficou mesmo feliz, dá pra perceber a satisfação das pessoas no rosto dela, e na Myuki eu percebi.

- Nossa Carlos, você é foda! Cê manja das coisas!
- Que isso hahaha você manja muito também. Só rolou de boa por causa dos dois - o que era verdade, ela era muito boa também na cama.
- Fora que você é pauzudo hahaha
- Ahhh valeu - nisso eu fiquei envergonhado, mas já tinha ouvido isso de outras mulheres, porra, eu tava começando a acreditar nisso hahaha

Pois bem, tomamos banho, resolvemos ficar de boa e acabou rolando mais uma e depois mais outra. Foram três numa mesma noite, eu não acreditava, sim, o lance de parar de beber me ajudou nisso também, o meu sexo estava melhor. Faziam uns anos que eu não conseguia dar três numa mesma noite. Na verdade a última vez que isso tinha acontecido foi quando eu ainda não bebia. Porra, eu estava mesmo na crista da onda!

Ela foi embora cansada, eu também estava mesmo cansado, bem desidratado na verdade. O discurso dela na despedida sinalizou que rolaria mais vezes.

- Carlos, adorei a noite, mesmo!
- Sim sim foi muito bom hahaha também curti pra caralho...
- Parece que uma foi melhor do que a outra. Com o tempo a gente vai pegando mais e mais prática - percebam aí a sinalização de que ela iria querer mais.
- Sim sim Myuki, vamos sim hahaha
- Ok, vou indo lá. Beijos!

Ela saiu, eu bebi um litro de água e me deitei. Estava mesmo cansado.

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Depois disso falei com ela somente trivialidades de novo, perguntei se ela tinha curtido o que rolou entre nós, ela disse que sim, com certeza e talz, eu também disse que tinha gostado. Houve sinalização de repetir o que aconteceu, mas deixei meio no gelo. O tempo ainda ia me revelar mais coisas...

Pois bem, num dia eu estava de folga, completamente entediado. Pensei que ela poderia querer aparecer em casa, sei lá, pra "conversar" mais hahaha e resolvi chamar ela pra fazer alguma coisa. Usei de novo como meio de comunicação o FaceBook.

- Oi Myuki, tudo bom? Vai fazer algo hoje à noite?
- Oi Carlos, não não, tô de bobeira hahaha porque?
- Vamos fazer alguma coisa? Tô entediado pra caralho hahaha A gente pode sair pra algum lugar sei lá!
- Não não quero sair, quero ir na sua casa! Estarei aí por volta das 21h ok?
- Hmmm, ok!

Bom, eu estava com a noite mesmo ganha, pensei em fazer um agrado, comprei algumas coisinhas e fiz uma comidinha especial pra ela. Enquanto eu cozinhava rolou uma conversa sobre trivialidades, mas o assunto até que fluia bem, ela demonstrava interesse pra caramba nas coisas.

Comemos, ela elogiou minha comida, disse que eu estava pronto pra casar hahaha mas caralhos, eu aprendi aquilo estando casado (valeu Alice, nosso casamento serviu pra alguma coisa hahaha) e aí fomos pro quarto. Juro: pareceu um repeteco da outra vez, o mesmo entusiasmo, a mesma vontade e pegada, mas dessa vez conversamos ainda mais. A frase que marcou a noite, para mim foi: "Carlos, sempre que você me ligar eu venho, é sempre muito bom!" Senti entusiasmo, ela disse que eu a havia conquistado, e sim, usando o sexo. Caralhos, quando a fase é boa não existe nada que possa foder com tudo! O mundo tinha muito mais pra me oferecer do que uma garrafa...

Zaratustra

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

De degenerado a requisitado



E não é que eu já era requisitado como o amigo que ajuda, e não como aquele que atrapalha? Sim, as nuvens eram mais claras do que o normal, as crianças já não enchiam tanto o saco e o alcool não era mais tão pesado como foi um dia. Até mesmo as tardes chuvosas e frias de outubro não me irritavam mais como me irritaram, e as pessoas estavam mais suportáveis. Ideias preenchiam uma mente deveras inquieta, e isso me tornava um pouco mais calmo e relaxado. Planos? Planos todos temos, mas colocar eles em prática é um ato de maior vitória do que ter sucesso neles. É sempre mais difícil ter sucesso na zona de conforto do que fora dela. E meus amigos viam isso estampado no meu rosto, essa calma, essa energia tranquila e relaxada, essa sucessão de pequenas vitórias diárias que eu conquistara.

Pois bem, sendo assim, meus amigos vinham até mim, perguntavam, questionavam várias coisas. Pediam minha opinião, minha ajuda pra resolver as mais diversas coisas, desde problemas no trabalho até rompimentos de relacionamentos. Se eu bêbado já era sensato, agora eu transbordava essa sensatez, como um copo que estava cheio de água e que agora se transformou num galão com líquido saindo pelo gargalo. Caralhos, a vida estava mesmo mudada, e por mais que eu tivesse lampejos de fracasso, ainda assim eu estava satisfeito e não me deixava cair nisso! A vida tinha muito mais a me oferecer do que uma garrafa...

Zaratustra

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Cortando vícios



Eu já nem bebia muito mais. Porra, eu já estava bem melhor, havia dois meses que eu tinha mudado completamente, foi mesmo uma mudança drástica. Eu não me reconhecia mais, estava mesmo mudado e diferente, as pessoas me olhavam e simplesmente sentiam boas vibrações, boas energias. Tudo começou pela bebida, mas aos poucos ia cortando outros vícios, tais como junk foods, o sedentarismo e o famoso FaceBook, sim, as pessoas ficavam o dia todo nisso enquanto eu olhava só uma vez por dia, não tinha mais saco pra ver o dia inteiro.

Caralhos, o que estava acontecendo, para onde eu estava indo, aonde eu iria chegar, quais seriam as consequências disso tudo???? Honestamente eu não sabia, mas estava curtindo o momento bom, o momento positivo, a nova fase sem vícios, sem nada que me prejudicasse tanto. Porra, eu precisava mesmo de mais coisa além disso? Acho que não, aliás, certeza que não. Bastava me adequar bem à nova rotina que o tempo se encarregaria de me providenciar os bons ventos e a qualidade de vida, mesmo que minha qualidade literária caísse.

Pedi um café expresso e continuei minha caminhada na Paulista naquela tarde gelada em São Paulo. O vento gelado no rosto não me desanimava em nada, nem evitava os meus sorrisos. Confiança e atitude acabavam sendo meus mantras.

Zaratustra