domingo, 31 de março de 2013

A caixa de frustrações



"Malditas garotas otaku que ficam com garotos otaku!" Tava pensando groselha, resolvi acender o meu oitavo cigarro do dia. Era já quase noite, cerca de 18h, aquele horário tarde-noite. Naquele dia eu tinha usado LSD, por isso estava pensando várias merdas aleatórias. Mas até que me veio uma boa ideia.

Eu havia desenvolvido uma caixa (tudo o que será dito existe somente no âmbito metafísico da coisa, portanto não existem! Inclusive a tal caixa...) enfim, uma caixa que eu chamei de caixa de frustrações. Tinhamos que pegar a caixa e colocar nossas frustrações dentro, e deixar bem trancadas. Porém essa caixa não poderia ser lotada, caso isso acontecesse, as frustrações fugiriam e te perseguiriam eternamente. Aí é que está o problema, minha caixa estava aberta há cerca de uns 10 anos, e os malditos fantasmas do passado me perseguiam frequentemente. Percebi que precisava de uma caixa maior...

Zaratustra

O relógio e a maldita noite sóbria



O relógio prosseguia com o seu infortuno tic-tac e marcava exatamente 0h04. Estava ainda sem sono, foi um daqueles raros sábados em que eu não havia bebido ainda. Estava sóbrio fazia um tempo, mas geralmente aos sábados eu bebericava umas brejinhas em casa, ou num barzinho qualquer. Mas naquele sábado eu não tinha tido a chance, portanto estava na caretice monstra.

Mas essa sobriedade toda estava me fodendo mesmo, eu já não aguentava mais. Isso porque eu ainda bebia brejas e whisky, mas só aos fins de semana, mas até aí de boa, a questão era a vodka. Em anos e anos de bebedeira eu havia desenvolvido uma relação com a vodka que era descomunal, dependia muito dela. Eu nunca tinha ficado tão mal, tão triste, nem com as famosas decepções amorosas que fodem e rasgam os culhões. Percebi que a bebida, pelo menos pra mim, era mais importante do que as pessoas, pois as pessoas te usam, traem, manipulam e te deixam sozinho nas horas difíceis, a bebida não, ela estava sempre ali, nas horas boas pra comemorar, nas ruins pra esquecer e quando nada acontecia ela ajudava a acontecer algo (parafraseando o gênio Buk). As semanas prosseguiam de forma lenta e abstênia, eu ficava desesperado, os dias não passavam e me sentia realmente preso àquela merda.

Nesse tempo sóbrio, houveram vários dias em que arquitetei um suícidio, "preciso de uma morte rápida, indolor e que seja fácil de fazer..." e caçava tutoriais na internet (sim, existem!), além de ficar pensando e maquinando ideias novas. Perdia um bom tempo nisso, mas a minha tristeza abstênia me ajudava a entender que aquilo se fazia necessário, todo aquele empenho em suicídio era algo importante. Mas não tinha ainda os culhões pra realmente "fazer" isso, mas era paciente e sabia que na hora certa eu terminaria com tudo.

O maldito tic tac insista em deixar minha noite pior "Vou tirar a pilha dessa porra de relógio", mas desisti, olhei e marcava 0h32. Meu telefone tocou quando o ponteiro foi pra 0h33. Era o Augusto, um dos meus amigos que ainda estavam na vida doida de vodka e drogas.

- CARALHOOOOO CARLOS! BELEZA? - ele gritou.
- BELEZA PORRRRRAAAAA! E VOCÊ? - retruquei o grito.
- De bouas cara. Seguinte: você, Augusta, agora! Tenho esquema e estamos bebendo vodka pra caralho.

Eu olhei pro maldito relógio, respirei, pensei numa fração de segundos em ir, mas estava tentando ser melhor, estava tentando não ser nem sombra daquele bêbado que fodia tudo o que encostava, que cheirava a alcool pelas manhãs no trem lotado e tinha bafo de merda de cachorro. Resolvi não ir.

- Ahhh cara, nem vai dar... Já tava pra dormir aqui man, fica pra próxima! - tive que mentir na cara dura.
- Caralho... Porra Carlos, vamo aí mano! Saí dessa porra de cama! - ele parecia irritado com a minha negativa.

Lembrei de uma música do Racionais, pensei que o Diabo realmente fica na nossa orelha, ele tenta a gente, faz de tudo pra nos fodermos.

Você fuma o que vem
Entope o nariz
Bebe tudo o que vê
Faça o diabo feliz

Respirei fundo de novo, fui firme com as minhas palavras.

- Não. Dá. Mano! Fica pra uma próxima! - fui meio ríspido.
- Cê que sabe... Vai perder um rolê monstro...
- Suave... Valeu e abraços - respondi já desligando pra evitar qualquer coisa.

Fiquei quieto por um instante... "Caralho, eu sou um dependente, sou um alcoolatra" Assumi isso para mim mesmo naquele momento. Isso era muito difícil, mas era necessário. Para sair do buraco temos que olhar pros lados e falar "Sim, estamos no fundo do poço!", e ufa, naquele momento tinha feito isso, assumido meu problema.

Bom, era um maldito sábado, eu me permitia beber naquele dia, ao menos umas brejas, não dava, isso NEM FODENDO, pra cortar o alcool totalmente da minha vida! Isso era impossível, por isso me permitia beber brejas, que são mais suaves do que vodka e não me davam apagão, ficava no máximo tonto, mas de boa, sem foder tudo... Fui na geladeira, peguei uma breja, era Antartica Sub-Zero "hahaha nem o Scorpion toma essa merda" eu era mesmo um alcoolatra, pra beber aquele lixo lá, só sendo um alcoolatra mesmo, mas era o que meu pai havia comprado e eu não tinha como sair às 0h47 pra comprar brejas.

Sentei na mesa, comecei a ler um pouco, era um livro sobre a vida do Gorbatchov, muito bom, explicava todo o socialismo, tinha muito da história da URSS naquele homem. Estava bem entretido até, mas estava com dificuldades de concentração. Sim! Era aquele maldito relógio que fazia tic-tac o tempo todo, e que nesse momento marcava 1h03. Pensei em tirar as pilhas do relógio, mas desisti de novo. Resolvi desistir de ler (são muitas desistências, que caralho!), já estava indo pra segunda latinha de breja e logo logo não ia conseguir ler de qualquer forma. Perambulei um pouco pela net, pesquisava formas de me matar e via fotos de gatinhos fofos, um belo constraste pra uma maldita noite de sábado em casa e sóbrio (breja é muito fraca pra ser considerada como alcool né?). Resolvi jogar um pouco de video-game quando estava já na minha quarta lata de breja, futebol, coisa leve.

Quando eu larguei o video-game, estava na sexta ou na sétima lata e ainda praguejava o maldito relógio que batia na minha cabeça com seu TIC-TAC... TIC-TAC... TIC-TAC... e que agora parecia ainda mais alto por algum motivo (talvez pelas brejas), mas que apesar de tudo ainda me dava as horas com precisão e marcava 2h22 "três patinhos na lagoa hahaha" tive um pensamento idiota, mas fiquei surpreso e vi que já estava tarde. Voltei pra internet, meu amigo Luis, estava por lá também. Ele estava também em "processo de limpeza", mas o problema maior dele era cocaína mesmo, mas até que ele estava indo bem, um mês limpo.

- Vai dormir mano! - eu lhe disse.
- Vai você caralho! hahaha
- Não consigo mano, tô pensando em bebida e isso tá me fodendo!
- Caralho, não achava que tava nesse nível - ele parecia bem espantado.
- Eu sei mano, tô pensando em suicídio pra porra, e isso é foda demais.
- Sério cara, cê tem que procurar ajuda... Eu tô sóbrio, mas por enquanto estou sussa, mas seu caso é muito pior do que o meu.
- Eu sei - assumi e bebi mais um gole da sétima lata de breja - até vou em psicólogo mas mesmo assim tá difícil.
- Se interna, vai no AA, sei lá, mas cê precisa arrumar isso.
- Beleza, vou pensar... Mas valeu pela conversa mano, ajudou muito. Vou tentar dormir. Abraços.

Desliguei o computador, me sentei à mesa, não via TV, só bebia minha breja e pensava "AA e se internar parecem ser ideias muito radicais, ainda acho que dá pra sair sem isso" bebericava a breja e pensava sozinho. Quando abri a oitava lata o maldito relógio ainda batia e marcava agora 2h37. Virei aquela oitava breja em questão de uns 2 minutos, isso, certeza que foram 2 minutos, pois quando olhei o relógio ele marcava 2h39 e ainda fazia o seu maldito TIC-TAC... TIC-TAC... TIC-TAC... infernal que parecia me foder ainda mais. Não bastava a sobriedade, ainda tinha aquele relógio. Tomei coragem, me levantei, mijei toda aquela breja, lavei as mãos, tirei AS MALDITAS PILHAS DO MALDITO RELÓGIO e finalmente a paz voltou a imperar naquela sala em forma de silêncio. Me deitei na cama e dormi tranquilamente, mesmo ainda sóbrio.

Zaratustra

sexta-feira, 29 de março de 2013

Tarde num puteiro



Fazia muito frio na capital paulista. Meu drink de conhaque com licor estava no fim. Eu mexia o copo em movimentos circulares, deveras impaciente.

- Vai tomar no seu cu, seu puto! - gritei com o dedo em riste.
- Cara, vai se foder! Se acha o certinho, mas não passa de um pseudo-intelectual de merda! - Augusto me rebateu.
- Eu não me acho porra nenhuma! - afirmei enquanto matava o resto do meu drink - só falo o que penso. Se você não concorda, foda-se mano!
- Cê é um cuzão! Sem mais! - Augusto me xingou e atirou o copo dele no chão.
- Seu filho da puta! Tá louco man?!
- Foda-se, tô cansado de você e seus papinhos chatos. Vou cair fora!

Augusto acendeu um cigarro e saiu do meu apartamento batendo a porta. Renatinho, que só assistia, veio dar sua opinião.

- Cara, sei lá... Cê é meio complexo, mas tô de boas com as suas groselhas - Renatinho tentou me confortar.
- Valeu mano. Sei lá, só sou meio foda-se.
- Vou lá pegar a vassoura pra varrer essa merda.
- Relaxa - eu disse - tô de saída. Bora num puteiro?
- Quê?! - Renatinho estava perplexo - Man, são duas da tarde de uma terça-feira!
- Ainda tá cedo, as putas tão menos usadas - afirmei, pegando uma breja na geladeira.
- Hahaha, cê é louco. Eu vou pra minha casa - Renatinho acendeu um cigarro.
- Cê que sabe... - falei de forma displicente e dei uma boa golada na breja.

Renatinho saiu, acho que ela tava indo pra casa pra jogar um game "hahaha, trocar uma puta por um game... gosto é gosto né?" pensei enquanto matava a breja. "Foda-se o banho, aquela porra ia lavar meu pau com a língua mesmo", resolvi só colocar um tênis e passar desodorante. Morava ao lado do metrô Paraíso. Peguei o metrô, fui sentido Vila Madalena, desci na Consolação. Peguei a Augusta (minha rua favorita), desci sentido ao Castelão.

Paguei dez contos pra entrar, fui ao bar, peguei minha breja. Fiquei bebericando, o lugar estava beeem vazio. Tinha eu e mais uns dois caras, e no mínimo umas dez putas. "Caralho, puteiro de tarde é ótimo! O Augusto é um puto, sou um gênio!" Tinha todo tipo de mulher pra escolher. É tipo a sessão de bebidas do mercado, cê olha, escolhe, compra, bebe e pronto.

Colou em mim uma bela garota, estilo bailarina de programa de TV, seios grandes e redondos, bunda enorme, cabelo grande e liso. Sensacional.

- Oiii gato, tudo bem?
- Fala flor. Tudo sim linda, e com você?
- Eu também, melhor agora. Me chamo Nanda - ela mordeu os lábios.
- Meu nome é Carlos, prazer - dei um beijo no rosto dela.
- E aí, quer gozar gostoso hoje? - foi direta.
- Olha, cê é muito linda, mas vou ficar no bar por enquanto. - matei minha breja.
- Vamo gato! - ela insistiu, me beijou no pescoço e passou a mão na minha virilha - vamo subir.
- Agora não gata. Posso te pagar um drink, mas tô suave pra subir - falei com ela, já pedindo em seguida pro garçom uma dose de vodka.
- Ok lindão. Quando você quiser gozar me ache aqui ein - ela deu uma piscadinha e foi circular, que é o que as putas fazem.

Não que eu não quisesse transar naquela tarde (eu queria bastante), mas aquela puta ia ser muito cara. Particularmente, manjo uma coisa ou outra de puteiros, sei que cada puta tem seu preço. Essas gostosonas saem com os bacanas, cobram até 500 contos a hora, e eu não tinha tanta grana, só queria foder sem gastar muito. Estava disposto a gastar no máximo 100, 150. Aquela não seria a ideal pra mim. Enfim, continuei bebendo minha vodka, na maciota, sem pressa. Ficava olhando bundas e peitos, bebericava "man, isso é melhor do que ver pessoas no parque, ou rolê no zoológico", pensava com um sorrisinho maroto no rosto.

Avisto de longe uma bela garota. Cabelo ruivo, bem vermelho, um corpo magrinho. Seios pequenos, mas com uma bela bunda, belo par de coxas, e o rosto, isso era sensacional. Bem desenhado, olhos verdes. Pisquei o olho, ela vem em minha direção. É falta de educação levantar o braço pra chamar uma puta.

- Oiiii gato, beleza? - ela perguntou com um sorriso nos lábios.
- Fala gata. Meu nome é Carlos.
- O meu é Nati hihihi.
- Nati! Adorei seu nome Nati hahaha. Quer um drink flor?
- Aceito sim lindão! - ela aceitou (putas nunca recusam drinks de clientes)
- Cê bebe o que linda? - perguntei, também com sorriso nos lábios.
- Pode ser vodka mesmo hihihi.
- Tem atitude Nati, gostei! - virei pro garçom - ou campeão, me vê uma vodka aqui!

O garçom serviu a dose dela. Brindamos, dei uma golada grande e ela uma pequena.

- E aí gato, vamos subir? Tô louca pra sentar nesse seu pau enorme! - ela mentiu bem.
- Hahaha sua dose tá cheia ainda linda. É falta de educação deixar bebida pela metade - tentei adiar a foda um pouquinho mais.
- Me desculpa lindo, mas transar com você me parece melhor do que matar o drink.
- Nati, só vou aceitar porque você mente muito bem... E tem uma bunda maravilhosa! - elogiei a bunda, mas estava curioso pela buceta.
- Hihihi, tenho certeza que não estou mentindo.

Eu jamais deixaria uma dose cheia, portanto, matei o drink dela. Peguei ela pelo braço, passamos no caixa, 120 reais a hora "tenho olho clínico pra puta", pensei, imaginava esse valor, ainda paguei barato. Fomos pro quarto. Era pequeno, mas a cama era boa o suficiente. Ela começou por uma boa chupada, parecia saber os pontos exatos onde colocar a língua. Depois comi ela por cima, papai-mamãe, aí invertemos, veio ela por cima. Aí depois ela mandou um caubói invertido, depois meti nela de quatro. Gozei na cara dela. Em uma hora garanti duas gozadas. Foi uma tarde bem agradável.

Saí de lá no fim de tarde. As pessoas saiam do trabalho e estavam a caminho de casa, e eu, fico a tarde num puteiro "que eficiência ein hahahaha". Cheguei em casa, tomei um breja, depois um bom banho. Fumei uns cigarros, bebi meia garrafa de vodka, peguei no sono. Dormi com um sorriso no rosto naquele dia.

Zaratustra

Morrer amanhã



Não temo a morte. No momento, pra mim tanto faz. Não que eu seja suicida, como quando eu era mais novo e queria me matar. O que eu quero dizer é que eu não tenho medo mais da morte, no sentido de que se ela acontecer amanhã, por mim de bouas. A maioria das pessoas temem a morte, acham que a vida boa está aqui na Terra, tem planos de futuro a longo prazo, coisas a fazer, contas a pagar... Eu já passei por tudo o que eu quis passar: já namorei, casei e me separei. Posso não ter transado com muitas mulheres, mas já transei com vários tipos diferentes de mulheres, sejam na aparência como no comportamento na cama. Já fui em várias baladas diferentes, já bebi tudo o que sempre quis beber (no que tange a bebida já bebi muitas coisas diferentes), já experimentei muitas drogas diferentes, ao menos todas aquelas que eu tinha curiosidade. Faltou só eu ter filhos, talvez comprar uma Ferrari... Mas tudo bem, posso morrer sem isso. Tudo aquilo que eu sempre quis fazer, eu já fiz.

Portanto, se eu morrer amanhã, morro com um sorriso no rosto, uma vez que a vida está começando a me cansar e eu já não tenho mais curiosidade pra fazer mais nada diferente do que eu já fiz. Se você já fez tudo o que queria, não faz sentido continuar nesse mundo!

Zaratustra

... é isso ... (divórcio)



Os divórcios costumam acontecer quando somos mais velhos porque finalmente caímos na real e entendemos que já perdemos metade das nossas vidas lutando por relacionamentos. Um divórcio não é simples, exige coragem por parte de ambos, até mesmo por causa de filhos e talz... Fora a questão da separação de bens. Se tem algo que aprendi no meu divórcio é que a mulher sabe fingir bem que te ama, que gosta de você, mas na hora de se separar ela te leva tudo o que vocês construiram juntos. Tudo aquilo que você trabalhou a vida toda pra conquistar, tudo mesmo, vai embora. Carros, apartamentos, móveis... O que te sobra, com muita sorte, são suas roupas e um pouco de amor próprio.

O pós-divórcio é outro saco! Advogados de ambas as partes lutam pra ver quem está certo e quem está errado num jogo que não existe vencedor, o jogo dos relacionamentos. Já velhos e frustrados, os rumos podem variar. Tem pessoas que se separam e fodem pessoas mais novas, curtem a vida, vão pras baladas e talz. Outras preferem se fechar e serem amargas, o que acho válido também, uma vez que se deu errado com uma pessoa, as chances de dar errado com outra são de 101%.

Zaratustra

... é isso ... (casamento)



A magia do casamento. Casamento é pegar a conveniência, o comodismo e a frustração e coloca-los debaixo do mesmo teto. As pessoas se casam quando não querem mais transar, quando percebem que já aproveitaram bastante a vida, que já podem morrer a partir dali que não faz a menor diferença. Existem diferenças nos motivos que levam os homens a casarem e nos motivos que levam as mulheres a casarem.

As mulheres quando se casam, estão planejando terem uma segurança, pensam em filhos, na festa, no vestido de noiva, na igreja, no padre falando groselha... AAAHHHHHH, só de falar eu já começo a me coçar todo, que ideia de merda mano! Enfim, elas veêm aquilo como uma continuidade da vida, até mesmo como status, pois muitas mulheres sofrem pressão social para se casarem e "não ficarem pra titia", o que de fato acho uma grande besteira (uma vez que sendo tia ela curte a parte boa das crianças, e os pais que se fodam educando), mas pras mulheres entendo que seja difícil refutar esse estereótipo.

Os homens casam por vários motivos diferentes. Entre eles, podemos apontar que ele cansou de transar com outras mulheres, que ele precisa sair da casa dos pais ou que ele simplesmente decidiu relaxar, resolveu deixar a barriga crescer e quer ficar na maciota, tendo uma buceta fixa pra brincar de vez em quando e poder tomar a sua brejinha aos domingos sossegado. E para maiores problemas que possam aparecer, ele tem uma leve briga com a esposa e tudo volta a ser o mesmo lixo de antes. Os filhos acabam sendo consequência, os pais até curtem crianças, e isso acaba sendo a melhor parte do casamento pros homens.

Apesar de eu já ter sido uma vez casado, espero nunca mais repetir o mesmo erro, porque hoje em dia a ideia de casar está cada vez mais ultrapassada. Os casais que ficam juntos por anos e anos, em sua maioria, só estão juntos por comodismo, e se pudessem voltar atrás, certamente prefereriam estar solteiros e curtindo a vida.

Zaratustra

... é isso ... (namoro)



Dizem que o namoro é a melhor parte de um relacionamento. Eu digo que é a parte menos pior (entre a paixão, o namoro, o noivado e o casamento), menos pior porque é algo um pouco menos sério. Bukowski disse certa vez que o amor é como uma névoa que se queima com a primeira luz de realidade. E o namoro pode se basear nessa frase. No começo tudo é lindo, ótimo de fato. Você se sente nas nuvens, quer ver a pessoa todos os dias, se falam bastante, se beijam e transam bastante. Isso é lindo mesmo, mas o que vem no futuro é o pior. O namoro te alimenta bastante, te faz gostar bastante da pessoa no começo, vamos colocar os seis primeiros meses. A partir daí, começa a queda livre. As cobranças aumentam, a pressão aumenta, as conversas começam a cansar e tudo tende a piorar, até mesmo o sexo começa a ser mais sem graça. Quando menos percebemos, estamos namorando já sem sentir amor algum, namoramos simplesmente por comodismo, pensamos "ahhh dá muito trabalho terminar tudo... temos muito tempo juntos, é mais fácil ir empurrando com a barriga"

Fora outro detalhe. Num relacionamento, é sempre do mesmo jeito. Temos uma pessoa que se entrega, que luta pra que tudo dê certo, se esforça, tenta melhorar o namoro e tudo mais. Do outro lado, temos aquela pessoa que não liga muito, "vai levando", como dizem... Até pode gostar da outra pessoa, mas não se esforça muito pra que o namoro continue bem. Sempre temos um que se entrega 100% e outro que se entrega 50%. Isso é fato! Deve ter uma pesquisa que comprove isso, e se não existe, basta analisar os namoros a sua volta que você perceberá. E o que luta pelo namoro é sempre aquele que vai se foder mais quando a porra toda terminar, devido àqueles malditos seis primeiros meses em que o amor disse "isso, isso, come tudinho essa paixão, se entrega, ame essa pessoa, isso, se interesse mesmo por ela, juro que vai ser assim pra sempre..." Boa amor, muito boa!

E com o fim do namoro tudo se desmorona, é muito difícil reaprender a viver sozinho, esquecer da vida a dois que um dia você achou que ia ser pra sempre, mas que agora você sabe... Nada é pra sempre.

Zaratustra

... é isso ... (paixão)



O sentimento mais egoísta do mundo é a paixão. A pessoa que está apaixonada acredita que ela tem que fazer o seu futuro pretendente se apaixonar por ela, e tenta mudar, tenta manipular a ordem das coisas. Dizem que no coração não se manda, concordo, mas sempre podemos evitar as coisas, fingir que não estamos vendo, dispersar. Fugir de quem estamos apaixonados, porque essa pessoa não é obrigada a ficar com nós por causa da NOSSA paixão. Percebam como é idiota a paixão quando a analisamos profundamente, e principalmente quando a analisamos pelo ãngulo do pretendido: um garoto se apaixona por uma garota. Seu trabalho é fazer essa garota sentir o mesmo por ele. Ele então começa a conversar mais com ela, descobrir seus gostos, mostrar interesse no que ela pensa, se moldar de acordo com as ideologias dela, dar atenção, ser carinhoso, enfim, ele se "constrói" de acordo com o que ELA acha mais interessante. Assim sendo, ele acha que é obrigação dela sentir paixão por ele, uma vez que ele se transformou naquilo tudo que ela disse que gostava.

Porra! Isso é mais sem sentido do que macacos pegarem HPV de gambás infectados com AIDS! A paixão nunca vai ser 100% dos dois. Sempre vai ter aquela pessoa que diz "amo fulano mais do que tudo!" e do outro lado vai ter "hmmm... ok, vamos ver o que que dá...", e isso torna as coisas um pouco mais injustas com quem se entrega totalmente.

Zaratustra


terça-feira, 26 de março de 2013

Um eterno frustrado



O sol ainda batia no meu rosto com muita força. Aquele barzinho estava muito mal localizado, ou o meu lugar era muito ruim, com aquele maldito sol no olho que me fodia.

- Tô apaixonado pela Renatinha. É isso! - Augusto me disse com aquele sorrisinho no rosto.
- Quê?!?! - eu estava espantado.
- Isso, essa mesmo, aquela que fica com vários caras. - ele me disse acendendo um cigarro.

Renatinha era a puta da região, sempre tem a puta da região né? Todo mundo pegava, comia e depois passava pro próximo. Era como uma escala de caras que ela tinha que foder, um por dia da semana. Inclusive eu já tinha comido aquela porra, ela era bem gostosa, mas eu sabia que ela era do mundo, não se namora uma mulher assim.

- Brother, cê deve estar bem louco - dei um gole na minha vodka (que o sol já tinha deixado fervendo) - ela é do mundo man! Esse tipo de mina não vira.
- Aconteceu mano, aconteceu. Eu pedi ela em namoro e ela aceitou - Augusto bebericou sua brejinha.
- Sim, ela namora com você e vai ficando com outros, você sabe que isso vai acontecer - alertei.
- Mas eu tô apaixonado porra! As pessoas apaixonadas fazem de tudo pra ficarem com quem amam, e é isso que farei mano.
- Eu te entendo - bebi mais vodka, aquela merda estava mais quente do que cafezinho expresso - mas se você ama tanto ela, sai fora agora, termina essa porra! - acendi um cigarro e me posicionei com ar de intelectual.
- Como assim?! Acho que você que tá bem louco Carlos!
- Veja bem, pra não se machucar com lance de amor e talz, você tem que ficar com quem você não gosta e se você começar a gostar você tem que terminar... Assim fica protegido - puxei uma tragada pesada do cigarro.

Augusto me olhou perplexo. Ele era um daqueles caras românticos, que acreditam no amor, sonham em ter família, filhos e ir aos domingos visitar a sogra, comer aquele macarrão pesado, assistir o futebol tomando uma breja com o sogro, e ir aos sábados no shopping, mas cedo, porque a mulher quer chegar em casa e ver a novela das 8. Ele achava que isso era uma boa vida, não culpo ele, isso é o que todos querem né? Mas eu penso diferente, e quando exponho isso sou taxado de maluco.

- Sabe o que você é Carlos? Um eterno frustrado! Você é frustrado e vai ser assim pra sempre! - Augusto esbravejou, bebericando sua breja em seguida.
- Hahahaha eu?! Pode até ser verdade, mas pelo menos não me apaixono por putas, como você faz...
- Foda-se o que você pensa - ele me apontou o dedo em riste - você não sabe nada de amar ninguém, não dá abertura pra se apaixonar e vai morrer sozinho e triste!

Por um momento eu pensei "man, ele tem razão, vou morrer sozinho e triste", mas em seguida retomei minha força e lancei.

- Sim, sou um eterno frustrado, passei por péssimas experiências. Mas desde que comecei a pensar como eu penso hoje, não tenho mais medo de chorar por amor. Fico um mês com uma mulher, e quando começo a me envolver termino. Ao menos assim eu parei de sofrer por amor - dei um gole naquela vodka quente e puxei mais uma tragada no cigarro - e não me apaixono por putas!
- Vai se foder mano! Cê é amargo demais, eu vou sair fora. Queria seu apoio, mas não se pode esperar isso de alguém amargo e frustrado como você! - Augusto levantou, pagou sua parte da conta e foi embora.

Resolvi continuar bebendo minha vodka quente, ali, sozinho "já que vou morrer assim, melhor ir me acostumando hahaha". Pedi mais uma dose, desse vez com bastante gelo. Resolvi mudar de lugar na mesa, assim o sol que me fodia no olho parou de me foder. Me embebedei sozinho naquele dia, não sei como cheguei em casa, mas acordei no dia seguinte sem ressaca e no conforto da minha cama. "Pessoas amargas e frustradas não tem ressaca hahaha" pensei e voltei a dormir.

Zaratustra

domingo, 24 de março de 2013

Black Friday



- Você é feliz? - Renatinha perguntou com aquele sorrisinho no rosto.
- Ahhh cara, sei lá, ultimamente estou meio pra baixo, mas vamos indo né - César respondeu com aquela cara tímida dele.
- Bom, tenta ficar bem... Você é muito especial!
- Valeu Renatinha, valeu. Agora vou indo, já terminei meu projeto. - César disse com aquele olhar frio, dando um beijo no rosto dela.

César saiu por volta das 18h do trabalho. Ele era um dos grandes intelectuais de uma multinacional, trabalhava na área de publicidade da empresa. Com apenas 28 anos já ganhava mais do que muita gente que tem 40, e era adorado pelos seus chefes. Passava uma imagem de bom moço, estava bebendo pouco, não ia pras noitadas, morava sozinho num apartamento ali em Santana, na Dr. César, estava bem localizado, tinha um bom carro, um Honda Civic 0km. Seu trabalho lhe sugava bastante, e naquela altura da vida ele estava se sentindo muito sozinho, muito mesmo. Via pouco seus amigos e as pessoas que ele via bastante, com certeza amigos não eram. Ele sabia que o pessoal no trabalho o invejava, mas ia seguindo vivo, ainda que com um sentimento de tristeza latente.

Era sexta-feira. Chovia uma garoa fina, estava bem nublado em São Paulo, ele foi pro seu ap. Chegou lá e fez o que fazia todas as noites. Ficava sozinho, estático. Não tinha muita motivação pra nada, ele não se sentia muito bem, isso era sempre, mas naquele dia bateu errado, ele não estava mais aguentando aquele sentimento que lhe corroia, como a ferrugem corrói o metal. Ele pensava como Bukowski pensava, achava que a vida e ele não se davam bem, ele tinha que comer a vida pelas beiradas, era como se engolisse baldes de merda. Ele tinha uma boa vida, mas a solidão é um dos piores malefícios de todos, te faz surtar. Em uma fração de segundos ele teve uma ideia meio maluca, mas que naquele momento lhe pareceu sensata.

Saiu de casa, eram cerca de 20h, ainda garoava naquela sexta fria. Quando ele era mais novo ele costumava se drogar bastante, assim como muitos publicitários, portanto ele ainda conhecia alguns lugares que não prestavam. Passou numa biqueira, ali no Jardim Brasil, resolveu fazer umas compras. Pegou cerca de 15 gramas de cocaína, um smack de heroína. Pensou em pegar maconha, mas ela não serviria pra concretizar sua ideia. Passou no mercado, chegou a lista de compras:

- 1 garrafa de whisky Black Label
- 1 garrafa de vodka Absolut
- 1 maço de cigarros Marlboro vermelho

Pronto. Ele estava pronto pra concretizar sua ideia, estava realmente carregado naquela noite, seria "a noite", a sua última noite de sofrimento. Logo aquilo tudo iria acabar, as pessoas, a falsidade, o cansaço do mundo, a solidão, tudo que existia de ruim logo se tornaria somente um corpo num caixão, sem mais preocupações, sem mais problemas com mulheres...

Chegou em casa, fez um balanço da sua vida. Lembrou dos seus diversos traumas, chegou a pensar em mulheres, mas isso ele já tinha desistido de vez faziam uns 5 anos. Eram longos 7 anos sem namorada, só no sexo casual, ele abraçou a ideologia de "ficar com quem você não gosta e se você começar a gostar, termine", de uma forma bem consciente. Mulheres, definitivamente não eram o motivo daquele suícidio, talvez inconscientemente, mas na cabeça dele, isso não era com certeza. Era o resto do mundo mesmo, aquilo havia cansado ele. Já não tinha mais paciência pra ficar de papinho, não queria mais assistir o mundo girar, pessoas nascerem, pessoas morrerem, isso tudo havia cansado ele. "Você é feliz... Que papinho mais chato, se fuder viu" César pensava enquanto acendia o primeiro cigarro da noite. Parece que tudo tem que ter um objetivo, e isso cansava ele, ele já não tinha mais planos, já tinha dinheiro, comia mulheres bonitas, já tinha vivido tudo o que a vida pode lhe oferecer, não fazia mais sentido estar ali né?

Pois bem, deu inicio ao processo todo. Abriu a garrafa de whisky, serviu um longo copo, colocou uns cubos de gelo. A vodka ele guardou no congelador "talvez nem tome essa merda hahahaha", pensava enquanto entornava o whisky. Decidiu começar com a heroína e depois ir mandando cocaína em cima de cocaína, certamente ele teria a tal overdose, e sozinho, iria morrer. Ele nunca tinha injetado heroína, mas resolveu tentar. Pegou uma seringa no quarto e uma colher e um pouco de água na cozinha. "Não deve ser muito diferente dos filmes", jogou a heroína na colher, pegou água, e acendeu um isqueiro em baixo, pra tentar diluir o pó. Quando o pó parecia bem diluído, pegou a seringa, deu uma boa puxada. Dispensou a colher, pegou um cadarço do seu tenis Nike, amarrou o braço esquerdo com força, até a circulação parar. Pegou a seringa com o braço direito e injetou a droga de uma só vez na veia que estava mais pulsante. Bateu a letargia de forma instantânea, ele desmorou no sofá. A respiração ficou rápida e ofegante, mas ele ainda estava consciente. Passado uns dez minutos se levantou, bebeu mais um pouco do whisky. Foi no aparelho de som, pensou numa boa trilha sonoro pro momento, cogitou The Doors com The End, mas desistiu. Resolveu morrer ouvindo aquele album que ele sempre idolatrou, Dark Side of the Moon do Pink Floyd. Colocou o cd em modo de repetição "pronto, Floyd a noite toda", acendeu mais um cigarro e foi em direção aos pinos de cocaína. Despejou um deles, que tinha 1.5g em cima da mesa da sala. Nesse momento tocava o finalzinho de Breathe

For long you live and high you fly
But only if you ride the tide
And balanced on the biggest wave
You race towards an early grave.

Montou cerca de 8 carreiras bem gordas e grandes. Nesse momento ele percebeu que a noite ia ser longa "nem morrer é fácil hahahaha" pensou e mandou as duas primeiras, já bebendo mais whisky, matando o copo. Continuou fumando seus cigarros, resolveu pegar logo a garrafa de whisky, naquele ponto nada mais importava, muito menos beber no copo ou no gargalo. Bebeu mais um pouco, mandou mais duas carreiras.

Ele foi mandando carreiras, fumando e bebendo. O primeiro pino já havia se esgotado, estava na metade do segundo. Estava agitado, não ficava sentado por nada, andava de um lado pro outro, atônito, mexendo no cabelo, bufando, os olhos se revirando. Nesse momento tocava o finalzinho de Money

Money, so they say
Is the root of all evil today.
But if you ask for a raise it's no surprise that they're
giving none away.

"Será que escrevo uma carta de despedida?" pensou enquanto tomava seu whisky. Na verdade, na verdade mesmo, não tinha de quem se despedir, ele havia se tornado um misantropo, odiava a tudo e a todos, não falava mais com a sua família, não fazia sentido se despedir de ninguém "péssima ideia, péssima ideia mesmo!" e mandou mais duas carreiras de cocaína, e depois de assoar o nariz mais duas, matando o segundo pino.

Olhou pra um quadro branco que ele tinha na sua sala, que ele escrevia seus pensamentos em suas noites de solidão. No momento não havia nada escrito ali, decidiu deixar um recado. Pegou o canetão preto e escreveu em letras garrafais:

"ME DESCULPEM POR TER MORRIDO! AO MENOS MORRI FAZENDO AQUILO QUE ME CONFORTA, QUE SE NÃO ME DEIXA FELIZ, AO MENOS RASGA OS CULHÕES DA MINHA TRISTEZA!"

Abriu o terceiro pino, montou mais 8 carreiras. A garrafa de whisky estava chegando na metade, ele não dava sinais de vômito, talvez por causa da cocaína, não se sabe. Ainda tinha muitos cigarros, mais da metade certamente. Cheirou mais duas carreiras, já não sentia mais o rosto todo. Deu mais uma golada no whisky, e acendeu mais um cigarro quando tocava Brain Damage

The lunatic is in my head.
The lunatic is in my head
You raise the blade, you make the change
You re-arrange me 'till I'm sane.
You lock the door
And throw away the key
There's someone in my head but it's not me.
And if the cloud bursts, thunder in your ear
You shout and no one seems to hear.
And if the band you're in starts playing different tunes
I'll see you on the dark side of the moon.

"Eu te verei no lado negro da lua..." e mandou mais duas carreiras, seguido de mais um trago da bebida e continuando aquele cigarro que acabara de acender. Continuou mandando bastante, ele estava bem resistente aquela noite, mas droga não seria problema, ele tinha o suficiente para matar umas duas pessoas, era fato de que ele morreria naquela noite, era só questão de tempo e de força de vontade. E quando um suicida está determinado ele consegue se matar, é que as pessoas desistem muito rápido.

Quando ele abriu o quarto pino bateu uma bad trip. Começou a pensar nas coisas, chegou a chorar, pensou em todos os seus traumas, os abandonos, as surras, as frustrações e em tudo que pudesse lhe fazer chorar naquela noite. Assoou o nariz ainda mais, tirando catarro pra abrir espaço pro pó. Segurou o choro por um momento, mandou mais duas das gordas e longas carreiras. Nesse momento ele começou a cair na real do que estava fazendo, encarou que sim, ele ia morrer, ele ia para um mundo completamente desconhecido, ia saber como é estar do outro lado. O disco do Floyd já estava tocando tudo de novo, e nesse momento tocava On the Run

Live for today, gone tomorrow, that's me, HaHaHaaaaaa!

Aquele som frenético, aquele barulho de helicóptero, tudo aquilo o deixava ainda mais paranóico e assustado. O medo bateu, ele bebia o whisky feito água, já estava quase no fim da garrafa. Ainda tinha uns 6 cigarros, mas cocaína, isso ele ainda tinha seis pinos fechados. Conseguiu com muito esforço matar o quarto pino da noite "caralho, já nem entra mais essa merda!" reclamava do nariz entupido. Matou a garrafa de whisky, abriu o quinto pino, despejou sobre a mesa, montou mais 8 carreiras. Foi na cozinha, pegou a garrafa de vodka, voltou pra sala, mandou mais duas carreiras gordas. Por um instante teve medo da morte, parecia que foi uma atitude precipitada, talvez só fosse uma sexta feira amaldiçoada, negra, o tempo chuvoso talvez tivesse deixado aquele dia mais triste, talvez no sábado as coisas melhorassem. Cheirou mais duas carreiras, bebeu um trago da bebida, agora vodka, e repensou "não não, as pessoas não vão mudar, tudo vai ser a mesma coisa, se não piorar né?" e decidiu prosseguir com a sua ideia suicida, quando tocava The Great Gig in the Sky, já no finalzinho...

And i am not frightened of dying,
Any time will do, i don't mind.
Why should i be frightened of dying?
There's no reason for it,
You've gotta go sometime

Terminou o quinto pino e então desmaiou, com a garrafa de vodka pela metade e uns 3 cigarros ainda no maço. O cheiro de morte subiu naquele apartamento bem decorado e César finalmente conseguiu escapar daquilo que o corroia.

Zaratustra

sábado, 23 de março de 2013

Sobriedade e dificuldade pra escrever



Estava sóbrio faziam dois longos meses. Não que eu não bebesse minha brejinha de final de semana, mas eu já não era nem sombra daquele bêbado drogado que estragava tudo o que fazia, que convivia com cheiro de alcool e vômito no quarto, ia pras noitadas e fazia sexo sem compromisso com mulheres feias o suficiente para esfolarem a cara na brita de vergonha, sempre chapado, que destruia todas as amizades, destruia tudo o que construia, se perdia nas noites, tinha alucinações. Estava indo bem no trabalho, meus chefes diziam que eu seria promovido, ganharia cerca de 2 mil a mais, estava me acostumando com a ideia de estar sóbrio, de ver as coisas como são de verdade "me tornei tudo aquilo que eu sempre critiquei... tudo que eu sempre disse que era um lixo", pensava, concordava. Sim, havia me tornado um dos bons moços. Muitos dos meus amigos que se drogavam e bebiam haviam se afastado, isso me deixava triste. Eu sabia que todo mundo que se afunda em droga e alcool busca encontrar a luz, busca sair do inferno, e sei que eles queriam sair, talvez morressem cedo, e eu chorasse no enterro, mas eu não podia fazer nada por eles, isso dependia deles né? E assim eu seguia minha vidinha pacata de forma bem honesta, trabalhando durante a semana e tomando umas brejinhas aos sábados e domingos, coisa beeeem leve mesmo.

Mas algo ainda me incomodava. Minha grande paixão, minha escrita, estava claramente prejudicada "caralho, simplesmente não sai merda nenhuma quando estou sóbrio! Que porra mano!" E eu sabia o porque não saia nada. Eu era um escritor sujo, escrevia de bebidas, mulheres bêbadas e noitadas. Uma vez que não fazia mais isso, a inspiração tinha ido embora, assim como uma mulher vai sempre embora, sempre que você muda uma mulher vai embora, ela sempre te fode, e isso que a escrita fez comigo, eu mudei, ela me pegou pelos culhões, deu uma bela rasgada. Estava naquele momento com uma crise de identidade tremenda "ou eu volto a beber e me drogar, ou preciso de alguma outra ideia de como ser, de como me portar", eu sabia que não podia me drogar mais, e beber só de leve, aquilo quase me matou uma vez, não poderia acontecer de novo...

Estava morando ali na Augusta, mas do lado Jardins. Fazia um dia frio naquele sábado a tarde, e desde que parei com essa vida transviada, os amigos eram cada vez mais escassos, portanto passava muito tempo sozinho. Tentei escrever um pouco, mas não saia nada. "Caralho, caralho, caralho! Se fuder!" Saí possesso, fui rumo à Alameda Santos. A uns 10 minutos de casa ficava uma tabacaria que eu gostava de frequentar. Cheguei e fui direto ao ponto.

- Carlos, e aí, como cê tá? - me perguntou Fábio, o especialista em charutos da loja.
- Bem Fábio, e você?
- Também, também... E aí, o que vai ser hoje?

Olhei bem os charutos, com muita calma... Resolvi que ia no preferido do meu melhor amigo, o Luis, que aliás, havia se afastado também, mesmo sendo um cara caretão.

- Fábio, vou de Don Diego número 2, e um cafezinho por favor.
- Claro, vou providenciar. - ele me disse de forma solícita.

Me sentei em uma das mesas do lado de fora, acendi meu charuto. Dei uma fitada no local, olhei àqueles empresários, senhores já velhos, bem sucedidos "hahaha e eu aqui, com 23 anos nas costas, já separado de um casamento há 3, e já tendo usado quase todas as drogas possíveis..." o contraste era grande, mas nada que me atrapalhasse. Meu café chegou, abri Temporadas no Inferno do Rimbaud, era um livro que eu gostava de ler para buscar inspiração. Havia um trecho que eu sempre me identificava.

"Bebi um enorme gole de veneno. — Bendito seja três vezes o conselho que me deram! As entranhas me queimam. A violência do veneno contorce meus membros, me torna disforme, me derruba. Morro de sede, sufoco, não posso gritar. É o inferno, a pena eterna! Vede como o fogo sobe! Queimo, como sói. Vamos, demônio!"

Eu puxava aquele charuto com força, sentia o gosto do tabaco na minha alma, e, enquanto lia Rimbaud, sentia a tristeza daquele jovem atormentado chegar no meu âmago. Aquela tarde estava se tornando ainda mais fria!

Zaratustra

quinta-feira, 21 de março de 2013

Uma tentativa de assinar a própria overdose


Uma tentativa de assinar a própria overdose.

O dia: sábado à noite e depois domingo o dia todo.
Os ingredientes: Sábado - três pinos grandes de cocaína, muita maconha, três smacks de heroína, muita vodka e muita cerveja. Domingo - um pino grande de cocaína, um pouco de maconha, um smack de heroína, muita vodka e algumas cervejas.
Consequências na hora: Euforia, felicidade, coração disparado, alucinações, visões de pessoas, perda de atenção (as pessoas falam e você não entende o que ela fala, digo, as palavras mesmo, parece ser outro idioma), dormência no rosto todo, dor de garganta, letargia.
Consequências na segunda: Tristeza, depressão, dor no corpo, insônia, vontade de morrer, sindrome de pânico, gritos de dor, sudorese e tremedeiras.

Por vezes é necessário parar com tudo, mesmo que isso não seja da nossa personalidade, mesmo que isso seja algo que não queiramos, que repudiamos sempre. A sorte não acontece duas vezes "preciso me aposentar, sem maldade" Carlos pensou naquela quarta feira chuvosa, já sóbrio há três dias, antes de começar a ler Adam Smith.

Zaratustra

sexta-feira, 15 de março de 2013

Cansado do que me destruia!



Era sexta. A tarde, acho que eram umas 16h, aliás, certeza que era, minha mãe tomou seu anti-depressivo nessa hora, era a hora do remédio, eram 16h, certeza. O telefone tocava, era sms, me chamavam pro rolê. "maldito, maldito rolê" eu pensava e acendia um Marlboro, sempre vermelho, claro, e que se fodam as campanhas anti fumo, eu queria que se fodesse o maluco que perdeu as pernas e que era o caubói. "Espero que ele morra rápido e sofra pouco" pensava e jogava aquela fumaça azul pra cima. Naquela altura, eu tinha 25 anos, já era famoso, como escritor, tinha amigos que farreavam, NADA CONTRA, mas eu queria ficar de boa, estava cansado daquilo tudo. Eu cheirava muita cocaína na época, minhas narinas estavam morrendo, dois dentes tinham caído... Acho que eram o molar e o canino, certeza do molar, tinha que comer pela parte de frente da boca, o canino que é palpite, não sou dentista caralhos!!! Sempre, mas sempre mesmo, colávamos na Augusta. Ótima rua, ótima mesmo! Sempre me fodia. Era sempre o mesmo maldito roteiro. Bebia vodka barata, fumava uns cigarros, cheirava um pó monstro, comia uma mina sem camisinha, acho que eu tinha AIDS, só pode, aliás, certeza que eu devia ter AIDS, e tinha aquelas brotuejas no pau, aquele HPV foda, coçava as vezes, parecia uma crista de galo, mas uma chupada bêbada naquilo resolvia sempre.

Não queria fazer nada naquele sábado, pensei em me esconder, debaixo do travesseiro. Coloquei a cara lá, respirei, fumei outro cigarro. Mas o telefone insistia. "O pessoal quer sair comigo, sou o Carlos, o louco, me amam nos rolês, pois sempre exagero" mas não queria. No fim desisti, peguei o celular, respondi a sms - Estarei lá, mas sem vodka, por favor! - Iam meter vodka. Eu só era interessante bêbado, e aceitava isso. Dei uma cagada de breja, cheirei uma linha de cocaína, daqueles pinos de dez reais, do grande, e amarelos. A noite seria exaustiva!

Zaratustra

Homenagem ao Henry!



Bebia pouco naquela semana. Fui aos Estados Unidos, sem muitos objetivos na verdade. Passei no túmulo do Bukowski. Olhei a lápide. Dizia "Don't try" (Não tente), sim sim, eu já nem tentava mesmo, estava tudo no seu lugar Henry, eu só bebia, seguia seus ensinamentos, você era meu mestre mesmo, nada que me fodesse tanto, mas eu não tentava mais, só bebia, assim como você fez, velho sábio. Coloquei uma garrafa de cerveja na lápide, acho que era Stella Artois, aliás, era sim, pois tinha a foto no meu celular. Peguei o avião, voltei ao Brasil, bêbado o suficiente, e sim, sim, com certeza, eu não ia tentar mais. Havia desistido. Bukowski, você era um gênio!

Zaratustra

quinta-feira, 14 de março de 2013

Um soco numa cara dormente



Era mais uma das minhas agradáveis tardes de sábado. Estava bêbado faziam alguns (muitos) dias, acho que eram 15, ou 14, não sou bom com matemática. Isso era um desafio pra mim, estar sempre bêbado não é fácil. Estava tudo no seu devido lugar, sei que tirava cochilos e acordava sem saber o que aconteceu, falava com pessoas e não lembrava. Tava a fim de colocar meu fígado no seu limite, ver até onde ele aguentava. E bebia, bebia muito mesmo, sem pensar no amanhã.

Encontrei Augusto umas 22h. Iamos até a casa de Fabiano, um amigo novo nosso. O cara parecia ser gente fina, parecia beber bastante.

- Cara, passar no mercado antes? - Augusto me disse, querendo drinks.
- Caraio... Mas lá não tem nada?
- Tem só brejinha.
- Ahhh breja é água, se fuder - respondi puto - vamos no mercado, preciso de drinks!

Passamos no Pão de Açucar, próximo ao metrô Santana. O tal Fabiano morava por ali. Fomos na seção de bebidas. Peguei duas garrafas de vodka barata, acho que era uma tal de Nikita "prima da Natasha", pensei com um sorrisinho no rosto. Augusto queria empatar minha foda.

- Mano, é só nós três! Pra que duas garrafas?
- Oras, cê tá vendo bicho!? É pra beber mano! Que porra! - respondi indignado.
- Mas é muito mano...
- Muito é sua mãe me dando - interrompi - Tá virando mulherzinha!? Que porra, não fode Augusto!

Ele ficou quieto depois dessa. Não se argumenta com quem quer tomar um belo porre de alcool. Saimos do mercado, ainda peguei uma coca 2 litros "a boa e velha cuba do tempo de adolescência" pensei, novamente com o sorrisinho no rosto. Fomos pra casa do Fabiano.

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Fabiano morava num bom lugar. Era um ap ali em Santana, bem localizado, razoavelmente grande, tinha só um quarto, mas ainda assim espaçoso. Fui direto pra cozinha, montei três belas doses de vodka com coca. Levei as três doses pra sala. Fabiano tomou a sua de boa. Augusto reclamou.

- Caralho! - Augusto gritou, meio engasgado - Só tem vodka nessa porra!
- Mano, vai tomar no seu cu, sem maldade - respondi seco
- Como cês aguentam isso? - Augusto fez a pergunta errada.

Fiquei quieto. Olhei pra ele, dei uma golada na minha dose. Olhei de novo.

- Cara, não fode, não fode hoje, pelo amor de Deus! - reclamei com o dedo em riste na sua cara.
- Mano, acho que você é alcoolatra... Cê tá bebendo muito! - ele disse, preocupado.

Por um momento pensei em mandar ele se fuder, tomar no cu, pensei em falar que estava comendo a mãe dele, ou que ele tinha o pau pequeno, pensei em vários xingamentos, mas me segurei. Fui um gentleman.

- Cara, se eu sou alcoolatra eu não sei, acho sim, acho que bebo muito, mas meu fígado aguenta ainda, e estou aqui, estou vivo, e vou viver pra sempre, sou imune a cirroses. Mas sim, pode ser que eu seja alcoolatra, algum problema com isso?
- Não não, nenhum... Mas me preocupo com você Carlos. Algum dia essa farra toda vai te foder - Augusto disse, preocupado.
- Eu sei, mas a vida é muito frágil, não vale a pena se preocupar tanto. Todos vamos morrer um dia - respondi, pegando um cigarro no bolso e acendendo ele com meu isqueiro Bic.

Fabiano só assistia a tudo. Se levantou.

- Vou pegar salgadinhos, o assunto de vocês tá um lixo! - Fabiano disse, indo na cozinha.

Quando Fabiano voltou, trazia uns doritos e acendia um cigarro. Eu e ele bebíamos muito, Augusto só bebia cerveja. Mas eu queria que se fodesse, ia bebendo e falando mal de mulher, que é o que os homens fazem. Quando fui na cozinha, acho, ACHO que era a quinta dose que ia montar, olhei em cima da geladeira, tinha vários comprimidos de fluoxetina, anti-depressivo. Voltei com a minha dose pra sala.

- Mano - falei, olhando pro Fabiano - de quem é aquela fluoxetina?
- Minha. As vezes tomo. Recomendação médica.
- Cara, tive uma ideia meio doida - Augusto me olhou com cara de repulsa - vamos mandar a fluoxetina?
- Como assim mandar? - Fabiano não sabia nada de cocaína.
- Cheirar essa merda! Vamos mandar pro cérebro porra!
- Cê tá muito louco já Carlos - Augusto empatando minha foda de novo - não se cheira essa merda.
- Fica de boa caralho! Não falei com você seu filho da puta! - outra vez fui grosso e com o dedo em riste.

Augusto abaixou a cabeça, ali ele me respeitava mesmo. Fabiano me olhou perplexo.

- Cara você é mesmo doido, como dizem hahahaha. Acho que isso vai matar a gente.
- Relaxa, vai dar nada não, nem brisa - disse despreocupado - só relaxa e manda Fabiano.
- E se eu morrer?
- Ué, se você morrer morreu mano! Pra que se preocupar? Se você morrer cê fica de boa, e se eu morrer eu fico de boa, não precisa se preocupar.
- Péssima ideia, mas ok. Mas você manda primeiro! - Fabiano me disse, ainda com medo.
- Isso vai ser um prazer flor!

Fui na cozinha. Peguei três capsulas. Peguei um livro na estante, meu cartão de crédito, o de débito queria preservar. Com uma das capsulas montei umas boas 8 carreiras, bem gordas e grandes, tudo isso em cima de um livro, acho que era um do Augusto Cury, em que ele falava bem de Jesus e talz "que merda cheirar em cima de um livro tão cristão" pensei, de novo com um sorrisinho no rosto.

- E aí Fabi? Suave? Cê vai mandar comigo ou vai ficar de bichisse, tipo o Augusto?
- Carlos, vou mandar... Mas das oitos vou só em duas, e as duas menores - Fabiano olhava as carreiras preocupado.
- Cês são fracos! Medo de morrer!? Algum dia vai acontecer porra! Frescura do caralho - disse indignado.

Eles ficaram quietos. Dei uma golada na vodka com coca, era mais vodka do que coca. Mandei uma linha, entrou até que de boa, mas senti sangue, isso mesmo, sangue no meu nariz. Cada respirada era o cheiro de sangue maior. "será que estorou algo lá dentro?" pensei, mas de boa, sem me preocupar muito. Era a vez de Fabiano. Ele foi na menor linha, a linha mais fina, a linha das mulheres e dos fracos. Cheirou metade. Parou. Espirrou.

- Caralho! Tá queimando tudo! Não dá Carlos, não consigo cheirar isso!
- Cê é um viado, isso sim, uma puta velha e arrombada! Me dá a nota!

Cheirei o resto dele, agora usando a narina esquerda. Senti de novo o sangue. Fui no banheiro, joguei água nas narinas, estava melhor, mas o sangue prevalecia. Continuei bebendo, acendia cigarros e falava groselhas (típico do Carlos).

Acho que na quinta linha, isso, foi na quinta, certeza agora, meu nariz começou a pedir arrego. Ele sangrava mais do que uma mina de chico. Augusto viu aquilo assustado.

- Mano! Seu nariz tá sangrando porra! - ele disse atônito.
- Calma ai man... Tô suave. Vou pegar papel higiênico! - disse, já me levantando.

No banheiro assoei o nariz, saia muito sangue, mas tava de boa. Sentia minha cara dormente, mas uma dormência diferente da cocaína, o rosto todo imóvel e não só os dentes. Eu tava era anestesiado na real, me sentia como um cara pra ser operado, tava tudo dormente. Eu colocava a mão no rosto, mas não sentia. Uma das brisas mais estranhas de todos os tempos. Voltei pra sala. Peguei a outra capsula de flouxetina, tomei, bebi vodka pra empurrar aquela merda.

- Augusto, me bate na cara. - pedi
- Mano, cê tá vendo bicho, eu não vou te bater.
- BATE SEU FILHO DA PUTA, BATE COM TUDO! PORRA!

Augusto me olhou assustado. Deu um tapa de leve no meu rosto.

- Cara, cê é bicha? BATE COM FORÇA CARALHO! - resmunguei
- Mano, isso vai te fuder - Augusto disse, preocupado de novo.
- Tô fazendo testes... Vai, me ajuda e bate que nem homem.
- Certeza?
- Oras, é claro que é certeza, senão eu nem pedia!

Augusto não era muito forte, mas foi com tudo. Me deu um soco, no lado esquerdo do rosto, na região de baixo dos dentes. Senti o impacto nos dentes, mas o rosto estava de boa. Comecei a rir como um idiota.

- HAHAHAHAHAHAHA Caraio... Épico isso!
- Cê tá muito louco Carlos. - Fabiano disse, visivelmente espantado.
- Ele tá muito ruim mano, tá rindo por levar um soco na cara - Augusto concordou com Fabiano.

Ri mais um pouco. Acendi meu cigarro, ainda com meu isqueiro Bic, tomei um pouco da vodka pura.

- Eu estou com a cara dormente! PORRA! Dormente manos! Só senti o soco nos dentes.

Eles me olharam e deram risada.

- Cara, como assim, dormente? - Augusto perguntou, perplexo
- Não sinto nada no rosto. Cheirar fluoxetina é melhor do que cheirar cocaína!
- Vamos cortar sua cara! - Fabiano sugeriu.
- Nem nem, preciso do meu rosto sem cicatrizes pra fuder vadias! Hahahahaha

Mandei mais um pouco. Após a última linha, a oitava, sim, consegui chegar na oitava, meu nariz abriu de novo. Mas tava suave. Limpei ele, continuei bebendo minha vodka. Sem mais cheiradas por aquela noite "bom, se eu não tenho o que cheirar nada mais vale a pena!" pensei e me encostei no sofá, até que peguei no sono.

Zaratustra

quarta-feira, 13 de março de 2013

Os ricos, a praia e ser realizado



Olhei pro mar
Me senti renovado
Dei mais um gole na cerveja
Vi as lanchas e os iates
Aquele povo rico
"Fracos, fracos..."
Pensava isso deles
Me calei em pensamento
Meditei, olhei o horizonte
Aquilo me aliviava

O povo rico se exibia de lancha
E os jovens de JetSki
Eu com cinquenta anos já
Não ligava muito
"Não tenho muito, mas tenho uma breja na mão"
Eles bebiam e tomavam sol num fim de tarde
Eu também, eu também fazia isso
E entrava no mar pra mijar
Me sentia bem assim
E dormia na praia
Eles dormiam nas lanchas e nos iates
"Não sabem o que é o luar
Tão perdendo a vida deles"

Meu fígado, por vezes, chorava
Mas nada grave
Só precisava de mais e mais cerveja
E olhava os ricos no mar
Mulheres gostosas
Cabelos grisalhos e volumosos
Jóias no pescoço
Eu com a minha cerveja, sozinho, sem mulher
Jóias, muito menos
Mas sentava ali na pedra
Abria uma cerveja barata
Bavária
E via o sol descer
E ria sozinho
"Sou um homem realizado"

Eu sabia que os ricos
Na segunda estavam fodidos
E eu, eu podia ficar lá na segunda
Vendo bundas e peitos
E bebendo cerveja
Mas eles estavam fodidos
E pensavam nisso aos domingos
A noite, na hora do Fantástico
E eu, aos domingos a noite
Estava deitado na areia, rindo de bêbado
"Hahahaha sou um homem que não tem nada, mas tenho tudo"

E quando eu acordava na segunda
Pra ver o sol nascer
E as belas bundas
Que faziam caminhadas matinais
Não via os iates e lanchas
E ricos felizes
Nem as mulheres gostosas
Nem os jovens de JetSkis
"Eles estão com um terno agora hahaha"
Pensava enquanto bebia
As primeiras brejas do dia
A vida valeu a pena
Sem casa, sem carro e sem família
Mas tinha uma breja
Na segunda de manhã
E algumas belas bundas passando
"Sim, sou um homem realizado!"
Pensei, matei minha breja e olhei o mar.

Zaratustra

Um solteirão convicto



Carlos abriu os olhos naquela manhã chuvosa de sexta. Na verdade era o ínicio da tarde. Abriu os olhos, olhou pro relógio. Ele marcava meio dia em ponto. Carlos pulou da cama.

- Caralho! Tô atrasado porra! - gritou olhando pra cama.

Reparou que tinha alguém deitado. Tirou o lençol do rosto da pessoa.

- Olá linda, bom dia. - Carlos disse.
- E aí gatão, bom dia... Que noite louca ontem né hihihi - uma bela loira falou com ele.
- Sim sim, mas agora preciso que você vá embora. Tô atrasado pro trampo. Vamo flor, levanta.
- Tá bom, vou só tomar um banho...
- Banho porra nenhuma - Carlos interrompeu - vaza daqui porra!

A loira levantou, com a cara de espanto. Colocou a roupa. Carlos foi empurrando ela em direção a porta, tropeçando em garrafas de whisky no chão e pisando em cinzas de cigarros.

- Me liga! - a loira disse com um sorrisinho falso no rosto.
- Tá bom linda, eu te ligo. Agora vai! Foi um prazer!

Antes que ela pudesse falar alguma coisa, Carlos fechou a porta na cara dela. Foi em direção ao chuveiro, ainda tropeçando nas garrafas vazias "quem é aquela porra e o que aconteceu ontem?" Carlos pensava atônito. Estava atrasado. Entrou no chuveiro, olhou pro pau "é, comi ela ontem, dá pra ver... espero que tenha usado camisinha... aliás, foda-se, nunca mais vou ver essa puta!" Tomou um banho rápido, colocou uma calça jeans, um tênis, uma camiseta qualquer e foi pra garagem. Entrou no seu carro, um Honda Civic, zerinho, ainda com cheiro de novo. Foi para o trabalho a mil.

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Carlos trabalhava numa produtora de vídeo. Era já diretor, e um dos sócios, experiente no ramo, com 45 anos de idade. Gravava todos os dias. Começava às 13h e ia até o fim do dia, às vezes até meia noite, uma da manhã. Ele vivia pra trabalhar, mas o dinheiro valia a pena, porque não né? Não tinha filhos, nem mulher, falava pouco com sua família, odiava seu pai. Seu trabalho era puxado, lhe sugava os culhões. "e pensar que vou trabalhar no sábado e no domingo... que merda!" Carlos resmungava em pensamento. Essa área não era fácil mesmo. Sempre após o trabalho, saia pra algum lugar, ia beber, curtir a vida. Um dos produtores lhe chamou pra um rolê.

- Carlos! Vamos na Vila Olimpia hoje!
- Beleza. O que rola lá?
- Vamos na Apple, uma balada nova. Tá cheio de mulher gostosa.
- Firmeza mano, é nóis! hahahaha

O dia prosseguiu puxado como sempre. As gravações foram encerradas por volta de meia noite e meia. Sairam do local e foram pra balada.

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O local estava lotado. Afinal era sexta feira né, muitos jovens na balada. Carlos não era um cara espetacular, mas tinha uma boa lábia e não estava acima do peso, além de dinheiro, isso ajuda também. Resolveu pegar uma dose de Black Label, não queria gastar muito, estava de boa. Dançava na maciota, chegou em algumas garotas, tomou alguns foras, mas isso fazia parte, ele bebia mais que isso passava. Eis que uma delas deu uma abertura um pouco maior.

- Oi, meu nome é Carlos, prazer. - ele disse educadamente.
- Oiiiii, meu nome é Fernanda, prazer. - ela deu um beijo no rosto dele.
- E aí Fê, tá sozinha aqui?
- Nossa, você é direto hahaha - Fernanda disse espantada - não perde tempo!
- Não gosto de perder tempo. Tô velho demais pra essas enrolações que o povo mais novo faz, de ficar xavecando com groselhinha. Gosto de conseguir rápido o que eu quero. - Carlos disse, bem sério.

Fernanda olhou pra ele, séria. Mas logo abriu um sorrisinho e deu uma golada no seu drink, que aliás, era Sex on the Beach.

- Vamos dançar! - Fernanda puxou Carlos pelo braço, o que evitou qualquer recusa da parte dele.

Eles dançaram a madrugada inteira loucamente, Carlos mandando mais whisky, ela mandando Sex on the Beach. Ficaram bem bêbados, Carlos, apesar de tudo, ainda dançava muito, tinha forças pra acompanhar ela, que aliás, tinha 23 anos. Ele, sacando que ela estava ruim, decidiu dar seu bote.

- Fê, vamo pra minha casa fazer um after? Que que você acha?
- Eu não sei, vim de carona com umas amigas... - ela deu uma resposta repulsante.
- Te levo no meu Civic zero. Vamos! - Carlos usou sua arma mortal.
- Hmmmm, beleza, deixa eu só me despedir delas. - Fernanda foi em direção às amigas.

Enquanto Fernanda se despedia, Carlos pegou uma última dose de Black Label e pagou sua comanda. Ele tinha como regra não pagar coisas pra mulheres, e mesmo assim conseguia algumas. Entraram no carro, e graças aos bons deuses do alcool, não passaram por nenhuma blitz e nem bateram o carro. Carlos lidava com isso todos os dias "riscos sempre existem" pensava. Chegaram ao ap dele.

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No ap de Carlos, pegaram uma das muitas garrafas de whisky, que aliás era Jack Daniels, em casa ele só tomava Jack Daniels, e bebiam no gargalo. Entre as entornadas de bebida rolavam amassos e beijos. Foram pra cama, transaram aquele sexo bêbado, estranho, agitado, mas ainda assim ótimo. Pegaram no sono. Carlos estava pronto pra mais um dia de trabalho no dia seguinte.

Zaratustra

Perigo real!



Acordei naquela manhã ensolarada de quarta feira. Havia bebido um litro de vodka na noite passada, e tido outro apagão. Aquilo estava se tornando uma constante "caralho... bom, vamos ver até onde meu fígado aguenta!" pensei aliviado, não vale a pena se preocupar com a morte mesmo, uma vez que ela é inevitável. Mas naquela manhã eu não queria beber, sei lá, simplesmente não queria, coisas que o cérebro humano não explica.

Tomei café da manhã normalmente, leite, pão e essas coisas saudáveis. O dia seguia da mesma forma lenta e cruel de sempre, estava começando a ficar sóbrio. Entrei no chuveiro, fiquei um tempo no chuveiro, deixando a água cair lentamente sobre as minhas costas. Comecei a pensar na vida, banalidades mesmo, futuro, relacionamentos, amigos e etc. Do nada, DO NADA MESMO, passou pela minha cabeça a ideia de suícidio. Parei, olhei pra parede. Falei sozinho:

- Caralho! Tô ficando sóbrio. E tô pensando em me matar! Não não, tá errado isso!

Percebi que ficar sóbrio é um perigo real! Não podia ficar nem mais um minuto sóbrio. Saí rapidamente do chuveiro, me enxuguei, coloquei uma bermuda velha. Fui na cozinha, peguei um copo qualquer, enchi de vodka, tomei tudo num shot só. Enchi outro copo, dei mais um shot. Enchi o copo uma terceira vez, fui pra sala, sentei no sofá. O alcool começou a dar sinais "bem melhor, agora desisti do suícidio."

Zaratustra

terça-feira, 12 de março de 2013

Verdades, mitos e estágios do alcool



Bom, muitos me perguntam como o alcool funciona, o que acontece, o que é de verdade, o que é de mentira, seus reais efeitos e talz. Aproveitando que estou bêbado (um bêbado ainda consciente das coisas, que fique claro), me surgiu a ideia de explicar as verdades, as mentiras e os estágios da bebedeira. Acho que isso é um serviço de utilidade pública, principalmente para quem está entrando nessa vida agora.

1. Bebida dá apagão: VERDADE! Sim, a bebida ataca os neurônios. Ela os envolve com uma capa de gordura, portanto, muitas coisas acabam sendo perdidas, principalmente memórias da bebedeira, que são os neurônios "mais frescos" digamos assim. Acreditem: bebedeira dá apagão sim, se alguém fez algo bêbado e diz que não se lembra, pode acreditar que é verdade.

2. Água cura ressaca: MENTIRA! Água ajuda, uma vez que nosso corpo fica desidratado, mas não podemos dizer que ela cura mesmo a ressaca. O que funciona com ressaca é tomar um bom remédio e dormir, ou se manter bêbado (como eu faço).

3. Se beber muito vai morrer cedo: DEPENDE! Isso vai depender muito do seu organismo. Conheço gente que no segundo porre teve coma alcoolico, e conheço gente que bebe muito e nem bêbado fica. Isso é questão de genética, além da questão biológica é claro.

4. Cerveja dá barriga: MENTIRA! As calorias de uma cerveja são altas, mas a sua gordura trans não. O que faz as pessoas pensarem que cerveja dá barriga, é que a cerveja quase sempre é acompanhada de comidas calóricas, como petiscos e salgadinhos, e é isso que faz a pessoa criar barriga. Se ela só beber cerveja não vai ter barriga.

5. Quando bebemos muito gorfamos: MENTIRA! Não é o excesso de alcool que faz você gorfar, e sim o excesso de líquido. Se você beber 20 latinhas de cerveja, irá gorfar com certeza, isso equivale a cerca de 7 litros de líquido. Se você beber 7 litros de água, vai gorfar também. A questão é que é liquido demais pro seu estômago.

6. Alcool "amacia" as coisas: VERDADE! Quando estamos bêbados, estamos anestesiados de alguma forma. Isso nos ajuda a nos sentir melhor diante de problemas, nos faz mais tranquilos perto das coisas. Ele não resolve nada, que fique claro, mas por um instante, nos faz sentir melhor.

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Agora partamos para os estágios do alcool. Que fique claro, já passei por todos, todos mesmo, acho que a maioria já passou por todos, alguns só por alguns, mas isso depende do seu nível de alcool. Que fique claro: isso varia de pessoa pra pessoa, cada um fica de um jeito quando bebe. Vou pegar como exemplo um homem padrão, que fica um bêbado padrão, com cerca de 75Kg, só pra ilustrar. As doses oscilam, mas os efeitos são bem semelhantes. (Por dose, entendam 50ml, cerca de 1/20 de uma garrafa).

1-2 doses de vodka: tudo tranquilo, a conversa normal. Pode rolar uma transpiração a mais, mas isso é meio raro. Geralmente nem se nota.
3-4 doses de vodka: a voz fica um pouco alterada, assim como os sentidos, que ficam pouca coisa mais devagar. Ainda assim, a conversa está tranquila, parece ser coerente ainda.
5-6 doses de vodka: esse estágio é a transição. Aqui começam os gritos esporádicos, ainda poucos, mas já ocorrem. A voz está visivelmente bêbada. Os braços se mexem demais. O individuo ainda está consciente, mas já meio alterado.
7-8 doses de vodka: a pessoa fica um pouco mais agitada. Com certeza já está suando, olhando torto, a voz bem mole, fala frases sem sentido, dá risadas esporádicas... Mas ainda consciente.
9-10 doses de vodka: aqui o individuo começa a cair dos lugares. Estando numa cadeira, começa a cair pros lados. Se ele estiver com sono, com certeza vai dormir, se ficar sentado. Já não presta muita atenção na conversa, apenas grita umas frases soltas. Ainda não apagou...
11-12 doses de vodka: finalmente o apagão acontece. Ele vai vomitar, vomita e quer beber mais. A bebida já não entra, ele empurra a bebida goela abaixo, sem lembrar que está fazendo isso. Nesse momento, a vodka já está atacando bem o cérebro.
13-14 doses de vodka: geralmente PT. O individuo cai no chão e dorme. Coloque ele com a cabeça pro lado e tente arrastá-lo pra um lugar confortável. Se ele não quiser, não insista, deixe ele no chão. No dia seguinte vemos o que acontece.

Geralmente, GERALMENTE, é assim. Existem excessões, mas os caras não costumam passar da décima quarta dose. As excessões não mudam muito do estágio 9-10 doses, isso estando na décima quinta dose pra cima, a diferença é que bebem mais, mas as groselhas ainda são as mesmas.

Enfim, espero que tenha esclarecido algumas coisas sobre o alcool. E lembrem-se crianças: Não bebam! Isso é um caminho sem volta. Obrigado.

Zaratustra

segunda-feira, 11 de março de 2013

Abraçando a ideologia canalha




Eu costumava ser daqueles sujeitos romãnticos, daqueles que amam as mulheres, escrevem poesias, ligam, perguntam se estão bem, se dispõe a ajudar elas, trata elas como um legitímo cavalheiro. Era o que chamamos de "rapaz pra casar", me virava bem em casa, preparava uma comidinha até que bem tranquila, e ainda por cima sabia me virar bem na cama, não era um fodelão, mas satisfazia bem.

Mas ultimamente, baseado em recentes estudos sociológicos feitos por mim mesmo, constatei que os canalhas que se dão bem, eles que fodem as mulheres, tanto as putas como as "perfeitas", e os caras românticos só ficavam chorando aí, por amor, pelos cantos, com suas camisetas molhadas pelas lágrimas, aqueles olhos vermelhos de tanto chorar. Decidi abraçar a ideia da canalhice, sei que não é o mais certo, mas talvez seja a opção melhor, que gerará menos sofrimento para ambos. Agora sigo a ideia de ficar com quem não gostamos, assim evitamos choradeira no término do relacionamento, aliás, nem relacionamento isso é, seria só lance carnal mesmo. Uma boa foda, um drink e nada mais!

Zaratustra

domingo, 10 de março de 2013

Alcoolismo maduro



Vinha no trem para casa bem cedo, depois de uma grande balada na Augusta. Estava suave, o efeito do alcool já havia passado consideravelmente, ainda estava bêbado, mas estava de bom humor. Estava lendo Misto Quente do Bukowski. Estava bem concentrado na minha leitura suja, o livro estava interessante, quando dois indivíduos entram no trem, ainda na estação Luz. Pelo tom de voz percebi que se tratavam de dois homossexuais (que fique claro, NADA CONTRA, afinal, cada um faz o que te faz feliz né?), começaram a conversar. O tom da conversa estava tão baixo que me distrai da leitura, estavam visivelmente bêbados, e os assuntos estavam pesados. Partiam de táticas para sexo anal até filosofias de vida, escolher pessoas, groselhas, afinal, eram dois indivíduos alcoolizados. Mas o que realmente me chamou a atenção foi num determinado momento do diálogo.

- Nossa Iran, chapei muito naquela outra vez na Flex. Lembro que estava pagando a conta e vomitei no balcão hahaha foi foda.
- Ai, você realmente entende de beber hahaha eu não tenho o fígado que você tem.
- Eu sei, eu sei... Modéstia a parte, eu sei beber!

Ouvia e pensava "caralhos, quer dizer que hoje em dia sabe beber quem vomita? Só porque bebeu muito é porque sabe beber? Tsc tsc tsc..." Eu não sou um santo, já perdi as vezes em que gorfei (eu já gorfei muito, muito mesmo), mas hoje sou um alcoolatra mais maduro, entendo que alcoolismo é se manter bêbado. Eu bebo o suficiente pra me manter bêbado 24h por dia. É como se alimentar: quando cê tá com fome, cê come, para não sentir fome. Não fico de exageros, como nos tempos de moleque (às vezes até rola, mas é muito, mas muito raro eu gorfar), só bebo quando tô ficando sóbrio. Aí se estou em casa bebo umas três, quatro doses de vodka. Na rua, umas três brejas já me garantem até chegar em casa. E assim, dessa forma, eu entendo como "saber beber". Mas a geração de hoje, ainda muito imatura no que tange à alcool, pensa o contrário. Coitados, coitados...

Zaratustra

sexta-feira, 8 de março de 2013

Jogando na cara!



- Qual é a sua ideia de mulher perfeita Renatinho? - perguntei entornando vodka na goela.
- Cara, sou um romântico, assumo isso. Gosto de uma aparência estilo menininha, garotas românticas, que escrevem poemas de amor e vão ao cinema depois de comer no shopping - ele me responde, acendendo seu quarto cigarro da noite.
- Cara, isso não vira. - dei outra golada grande na vodka - as minas hoje só querem dar, elas se cansam dos homens. Em no máximo um mês querem outro.
- Não consigo ver dessa forma, ainda tenho esperanças - Renatinho me respondeu com os olhos brilhando.
- Pense como eu. Uma boa foda, numa mina bêbada. Depois cada um segue seu rumo, um acordo justo e de cavalheiros. Os dois se divertem, ela goza, você também. Não tem como dar errado. - contrariei
- Sei lá mano, eu não consigo nem ao menos ir a um puteiro. Sempre que lembro da Gabi...
- Puta merda, a Gabi não mano! - interrompi - Você tem que superar essa mina, senão ela vai te foder - dei mais um gole na vodka - mais do que já tá te fodendo né...
- Mano eu amo ela - seus olhos marejaram - não me vejo com outra, e só de pensar no namoro dela... Me desculpa mano...

Renatinho chorava. Eu assistia àquilo tudo, sem saber muito o que fazer "porra eu não choro faz mais de um ano, bebo muito, mas ao menos não choro... não sei como reagir a quem chora", passei a mão nas costas dele, em forma de consolo.

- Mano, malz mesmo eu chorar por mulher - Renatinho me disse, quase soluçando já.
- Relaxa, põe tudo pra fora, desabafa de boas - disse solicitamente, bebendo mais vodka.
- Sei lá mano, eu amo ela, não me vejo solteiro.
- Mano, relaxa... - falei sem saber muito o que fazer - Faz o seguinte, toma um banho, vamos colocar esse seu pau solteiro pra dar um rolê... Sem pressão, só umas brejas. Que que cê acha?

Renatinho pensou, enxugou as lágrimas do rosto... Me olhou, secando o rosto com a camisa.

- Sem pressão mesmo né? Cê sabe que eu tô baqueado pela Gabi.
- Claro brother, você é meu melhor amigo, pode confiar mano.
- Beleza, vou me arrumar então... Depois de ligo e a gente faz o rolex.
- Assim que eu gosto porra! - falei entusiasmado - Hoje vai ser monstro!

Renatinho morava próximo ao meu ap. Eu morava num quarto na Alameda Santos, ele morava ali na Lorena, então era suave. Ele saiu, foi pro seu ap. Fui ao banheiro, caguei aquela vodka, o cheiro estava mesmo ruim, muito fedido. Dei a descarga, limpei meu cu, entrei no chuveiro "hoje vamos de banho frio!" tava tentando ficar um pouco mais sóbrio. Bebia desde as 10h da manhã e já eram quase 19h, estava bem zuado mesmo, mas Renatinho precisava de um rolê, beber umas brejinhas num bom buteco na Paulista...

Saí do banho, coloquei um jeans básico, meu tênis da Nike, uma camiseta do Matanza. Passei gel, desodorante, estava gato naquele dia "quem sabe uma boa foda? hahaha" sempre o homem quando saí pensa nisso, mas eu sabia que era meio difícil. Anyway, brejinha suave. Renatinho me encontrou no meu ap. Saímos da Alameda Santos, andamos até o parque Trianon, decidimos ir até a Augusta, mais uns cinco minutos de caminhada. Descemos a Augusta, paramos num bar na altura do número 1.500.

- Campeão, me vê uma Skol e dois copos aqui. - pedi ao garçom.

Ele trouxe as brejas, coloquei pra ele, enchi o copo e depois enchi o meu copo. Acendi um Marlboro vermelho.

- Cara, tô meio cansado das coisas, das pessoas - falei amargurado, jogando fumaça pro alto.
- Sei como é mano, essa sociedade está uma merda! - Renatinho consentiu comigo.
- Pois é, os adolescentes são uma merda, os caras da nossa idade só pensam em maconha e buceta e os caras mais velhos estão me dando nos culhões - afirmei revoltado.
- Mas sociedade é isso mano... Temos que entrar nela...
- Sei lá mano, queria ficar em casa bebendo, as pessoas me encheram. Quero que todas vão tomar nos seus malditos cus de puxas-sacos! - matei minha breja num único gole, depois joguei a bituca do Marlboro no chão e pisei.
- Mano, é como você diz: se não fosse pelo alcool a gente já teria se matado - Renatinho me parafraseou e matou sua breja.
- Verdade man hahahaha foda!

Bebemos mais umas duas garrafas de Skol, falando de groselhas, xingando a sociedade.

- Cê tem esquema aí? - Renatinho perguntou na miúda.
- Tenho uma grama e meia só, mas dá pra brincar - respondi, também na miúda.
- Passa aí.

Passei pra ele na muquia.

- Cê tem cartão, nota e apoio? - perguntei.
- Tenho sim mano, de bouas.

Renatinho foi ao banheiro. Fiquei bebendo e fumando um pouco. Não estava muito na vibe de pó, mas caralhos, todos temos que nos divertir com algumas drogas às vezes né? Renatinho voltou e me entregou o pino.

- Caralho, essa porra é muito forte mano! - ele disse, visivelmente já chapado - onde cê pegou essa merda!?
- Mano, tive que ir no cu de Pirituba pra arrumar essa merda. Um dos grandes custa 30 conto, nada de pedra e dizem que é forte mesmo. Nem mandei ainda.
- Então vai lá mandar mano! Não tem graça chapar sozinho - Renatinho ordenou - eu pego sua dose de vodka, fica de boa.
- Cê me conhece mano, por isso que te amo hahahaha.

Sempre que rola um pó, curto tomar uma dose de vodka pura e fumar um cigarro, sempre tem que ter isso, senão nem vale a pena. Fui no banheiro, peguei uma agendinha no bolso. Despejei um pouco de pó em cima, montei duas carreiras longas e finas. Mandei a primeira com a narina esquerda e a segunda com a direita, uma atrás da outra. Me sentia o super-homem, era sensacional! Voltei pra mesa, bebi uma dose de vodka, acendi um cigarro e relaxei.

- Cara, essa merda queima muito o nariz mano! - falei com cara de nóia - pesada demais!
- Verdade mano, verdade... Geralmente os dentes que dormem, agora tá tudo dormindo, céu da boca e pans hahahaha
- Ou, a gente é muito sem futuro sem maldade hahaha - falei, criticando e aceitando as coisas.
- Culpa de mulher! Cheers fuckers! - Renatinho levantou o copo.
- Cheers caralho! - levantei o copo e brindei.

Estávamos muito bem ali, nos divertindo, dando risada, bebendo e mandando. Eis que entra no bar a ex do Renatinho, a Gabi, acompanhada de um sujeito boa pinta, bombadinho, 1,90 metros pelo menos, camisa da Abercrombie, aqueles tênis de mola de 600 conto "essa porra é um maldito filhinho de papai" pensei e dei mais uma gole na breja e depois na vodka. Entraram no barzinho, ele pediu um black label, ela pediu uma curaçao blue. Renatinho assistia àquilo tudo embasbacado. Ele estava estático. Ela nem olhava pra ele, passou os olhos de relance e só viu de canto de olho. Ele desabou.

- Me dá essa porra desse esquema! Vou mandar tudo! - Renatinho parecia desesperado.
- Cara, tem quase uma grama ainda. Se você mandar tudo agora você se fode! - repreendi ele.
- Foda-se, tô mal, quero mandar mais!
- Mano, vai dar uma bad trip da porra em você, vai querer morrer - alertei.
- Foda-se, eu quero morrer! - ele estava mesmo mal.
- Não, senta aí.
- Não quero porra!
- SENTA AÍ CARALHO! - gritei.

Renatinho sentou.

- Olha aqui Bonitão, não é nada fácil, mas calma. Tem que ter calma nessas horas. Respira mano! - tranquilizei ele.
- Beleza mano, beleza. Me dá um cigarro.

Dei um cigarro pra ele, acendeu, deu umas três tragadas fortes e depois matou seu copo de Skol.

- Ignora ela mano.
- Não dá, não consigo. E olha o filho da puta que tá com ela, se fuder mano! - ele disse meio paranóico.
- Saquei... Beba mais, fica de boa.

Bebíamos, eles estavam lá, estavámos na nossa, segurei Renatinho pra não fazer merda. Estávamos num grau muito pesado de alcool. Olhamos uma mesa próxima a nossa, haviam duas garotas. Uma muito feia, bem magra, mas com a cara feia, os dentes de cavalo, ridícula. A outra parecia ter acabado de fazer 18 anos, cabelos claros, olhos lindos, corpinho bonito, seios e bunda medianos, uma graça. Elas olhavam pra nós e riam, mexiam no cabelo.

- Ou, sem maldade, mas aquelas minas estão na nossa mano. - eu disse, rindo e olhando pra elas.
- Sei lá mano, sei lá - Renatinho desanimado acendeu mais um cigarro.
- Vai se foder mano, esquece essa porra! Vamo ali nas minazinhas! - critiquei ele.
- Vai se foder você, eu vou ficar aqui mesmo - deu uma tragada no cigarro e um gole na breja.

Resolvi puxar as minas. Sei que cheguei lá, falei meia dúzia de groselhas e puxei ela pra nossa mesa. Acho que disse que pagava um drink, ou que tinha um trampo foda, não sei ao certo. Elas se sentaram. Por solidariedade, puxei a feia pra mim, deixei a bonita pro Renatinho "ele precisa bem mais do que eu, e buceta é buceta!" pensava e tomava vodka.

- Oiiiiiiii, você é o Renatinho? - a linda Alice falou.
- Sou sim - ele respondeu - senta aqui, bebe uma breja.
- E aí, que que você faz pra viver?
- Sou designer gráfico, a grana é boa e banca minhas brejinhas hehehe.
- Aiiii siiiiim ein hihihihi e aí curtindo aqui? - ela pergunta já querendo dar.
- Sim sim, suave - Renatinho mente - E você?
- Eu também hihihi muito foda, achei você muito gatinho hihihi.

Enquanto isso eu tava falando pra mina feia que eu tinha o pau pequeno, trampava no telemarketing e se pá tinha AIDS, se pá! Não ia comer aquela porra nem fodendo! Renatinho teve um movimento arriscado.

- Ou Alice, cê é bem gata. Vamos ali no banheiro comigo? Pra gente se pegar e talz.

Na hora eu pensei "fodeo, nem fodendo que isso vá virar, cara louco da porra!" Mas a cada dia que passa as mulheres me surpreendem mais.

- Sim sim hihihi, tava demorando Renatinho!

Os dois sairam, não sei se iam transar, mas iam se pegar, isso com certeza. Renatinho passou pela Gabi, com aquela garota linda do lado, pronta pra dar pra ele. Piscou o olho e falou pra ela baixinho.

- Consigo coisa mais gostosa do que você sua puta!

E prosseguiu ao banheiro, onde transou maravilhosamente.

Zaratustra

quarta-feira, 6 de março de 2013

O escritor cansado



Estes papéis
Papéis sobre a mesa, todos escritos
Amassei todos
"Tá tudo uma merda, tá tudo uma merda!"
Pensava e acendia um cigarro
A leitura estava me enchendo
Escritores falidos, os famosos, os bons
Os ruins
Estes ainda me empolgavam
Mentira, empolgavam porra nenhuma
Tava cansado de ler

Admirei um pouco meu copo de
Vodka com água
Dei um gole fatal
"Mais um apagão? O terceiro em três dias... Que eficiência ein hahaha"
Acho que por isso que estou me enchendo
A vida parece mais fácil se só bebermos
Escrever, isso cansa
Precisa ter criativiadade,
Um pouco de métrica
Boa gramática

Agora pra beber é
Simples
Basta encher o copo
Tomar um gole
Depois outro
E se o copo acabar você enche mais
Simples demais

Me sentava todos os dias em frente a máquina
"Ideias, preciso de ideias porra!"
Mas nada mais estava vindo
"Foda-se, foda-se, foda-se!"
Os assuntos estão morrendo
Na verdade são sempre os mesmos
Alcool, mulher e sujeira
Isso estava me cansando
E assim lia menos
E escrevia menos
Só bebia mais e mais
E acordava com aquela dor no estômago
E gorfava sangue, nada pastoso
Só líquido
Porque não comia mais, pela falta de ânimo

Só queria sentar numa cadeira
Com um copo e um cigarro na mão
E ficar falando sozinho
Pensando nas coisas
Mas ler e escrever isso estava me cansando

Não sei porque estava cansando
Talvez precisasse de mais aplausos
"Não não, eles que se fodam... Famílias estruturadas, namoros...
A vida é fácil assim, fácil PRA CARALHO"
Dava mais uns goles
Achava minha vida fácil
Bebia e fumava
Suave mesmo
Mas estava ficando cansado

Sem aplausos
Tomo quase um litro de alcool
Alguns calmantes
Uns cinco pinos de cocaína
Fumo duas pedras de crack
Injeto heroína
E a overdose veio
Me tornei o que eu sempre fui
Sujeira
Que será enterrada por aí
E ai poderei descansar de tudo o que estive cansado.

Zaratustra

Porque os homens são canalhas?



Recentemente fiz um post neste humilde blog em que eu explicava sobre as mulheres perfeitas e seus relacionamentos com homens bacaninhas, e a repercussão foi muito boa. Hoje o assunto é o oposto, gostaria de explicar às mulheres (sim, a todas, inclusive àquelas a quem critico) o motivo dos homens serem canalhas, de ter tanto homem canalha no mundo, de tantos homens fazerem as mulheres sofrerem, delas chorarem no travesseiro dias e dias por causa de homens canalhas.

Porque os homens são canalhas? Pra que essa canalhice toda? É bom fazer as mulheres chorarem? Bom, são perguntas bem complexas, mas simples de serem respondidas. Basta um pouco de análise social, olhar um pouco os homens. Nenhum homem nasce canalha. Quando crianças tem aquela coisa de "meninas nojentas, odeio meninas", essas coisas que são naturais. Por volta dos 10 anos (hoje em dia está sendo ainda mais cedo), os garotos começam a se interessar MESMO por garotas, querem tocá-las, senti-las, e assim chamam a sua atenção. Puxam cabelo, correm atrás, xingam, humilham... Mas até aí eles não fazem por mal, fazem pra chamar a atenção. Por volta dos 12 aos 15 anos (volto a repetir que hoje em dia isso está sendo mais cedo), aí sim, aí sim rola aquele xaveco mesmo, os garotos dando ideias nas garotas. E, nessa idade, os garotos olham as garotas com olhos platônicos, não como simples pedaços de carne. Essa é a idade em que não existe nada, nada mesmo de canalha nos homens. Existem raras excessões, mas no geral os garotos são todos platônicos. Batem o olho na garota, conversam com ela, vão se apegando... Mas aí que elas começam a transformar os homens em canalhas. Porque a garota acaba se interessando por homens mais velhos (o que é natural, eles são mais desenvolvidos, mais fortes e talz), e o garotinho tem que ficar na bronha. Só que esses caras mais velhos já são um pouco mais calejados, e eles sabem que podem ter qualquer mulher, qualquer uma que eles quiserem. Ai eles tratam as minas como canalhas e elas ficam chorando por eles pros amiguinhos mais novos, aqueles mesmos que são os apaixonados. Welcome to my world! (já usei essa frase, mas foda-se, é uma boa frase).

Bom, nessa idade de 12-15 até rolam algumas ficadas, mas acaba sendo nada sério, nada que danifique muto o garoto. Aos 15 ele ainda está esperançoso "vou arrumar uma garota bonita e inteligente, e vamos namorar e ter uma vida juntos". Mas o problema é que as garotas de 15 se desenvolvem pra porra, ficam com... belos peitos, belas coxas e uma bela bunda redondinha e firme (que idade, que idade!), e os garotos mais velhos se interessam e elas vão. Por garotos mais velhos, entendam entre 18-21 anos, que conheço alguns que pegam minas entre 15-17 anos. E aí que o garoto se frustra de novo, chora, ai se afunda na música, nos poemas (pros mais intelectuais), nos videogames... Isso mulheres, isso, parece nada, mas anos e anos nisso de platonismo vai fodendo, vai fodendo mesmo. O cara se sente um lixo, ele quer se matar, vê que ele, o certinho, não consegue nada nem ninguém, e já nessa idade, a ideia de canalhice começa a amadurecer, mas ainda não se concretiza. Faltam culhões pra ser canalha, falta coragem de destruir a felicidade de alguma garota.

Chegamos finalmente ao pós 18. Creio que nessa idade podemos determinar como o ínicio mesmo de namoros, de aprofundar relacionamentos (repito que hoje em dia isso acaba sendo mais cedo até), mas vamos pegar o pós 18 de padrão. O cara começa a namorar, e está de boa, está bem, com sua mulher. Ele faz tudo certo, leva ela pros rolês, alguns pagam o rolê (sou contra isso, mas ok), escrevem declarações de amor, tratam elas como princesas... São atenciosos, carinhosos, amorosos. Não falo isso de todo mundo, mas a maioria é assim, acreditem ou não, a maioria é assim. O problema é que as mulheres acham o amigo canalha mais interessante, e aí largam o certinho, fodem os culhões dele, o certinho acaba ficando com fama de "inseguro e sem graça". E ele chora, mas ainda tenta ser o certinho, mas isso vai se repetindo eternamente, é um maldito círculo vicioso. Quando uma mulher te resgata de outra mulher, ela já está pronta pra te foder. Chega uma hora que esse cara certinho acaba desistindo (sim, estou usando a palavra DESISTÊNCIA mesmo), isso ocorre lá pros 25 anos, e vira um canalha. E assim ele fode mais, namora mais e trata a mulher como lixo, quer que ela se foda, depois pega outra e outra, enfim, toda essa canalhice que sempre vemos por aí.

Portanto a resposta de porque os homens são canalhas é simples: as mulheres são as culpadas, elas são culpadas pela canalhice! Elas criam isso nos homens, incitam os homens a serem idiotas e canalhas! O homem percebe que se ele não for canalha, nem ao menos uma foda ele vai ter, e aí desiste e se torna um canalhão! Pensem nisso, mudem essa forma de pensar, deêm uma chance aos certinhos (eu já estou um lixo, um maldito traste bêbado, falo isso por vários que conheço que são gente fina) e parem de se lamentar com tanto homem decente no mundo. Se vocês bobearem, vão acabar com 40 anos, sem filhos e cheias de gatos, sozinhas num apartamento de um dormitório e minúsculo no centro velho de SP.

Zaratustra



Desabafo misantrópico



Ultimamente estou ficando cansado com algumas coisas. Sei lá, as pessoas no geral estão me enchendo, com suas reclamações de dinheiros e contas e querendo ficarem ricas e jogando na cara dos pobres quando estão ricas e mostrando pra todo mundo seus malditos carros novos, jogando na nossa cara que a vida deles é fácil, que a família deles tem estrutura, que eles não precisam beber todos os dias, "bebem socialmente", lindo, lindo mesmo, protejam a sua saúde, com muita sorte você fica no mundo de merda por uns 80 anos, cê vai aguentar mais essa baboseira toda, esse lixo, essa geração de merda que está surgindo e tende a piorar, sim, sim, claro que tende a piorar, músicas, tecnologias, moda, vontade de fuder cada vez mais cedo, isso está contribuindo pra que tudo fique ainda mais na merda. A geração de hoje só pensa em balada, maconha e mulher, espero, espero que eles se fodam, que morram nos seus carros novos, ou fiquem mutilados, com os corpos mutilados, percam braços ou pernas, queimem os rostos, fiquem com sequelas, e convivam com esse sofrimento.

Não sei se meu alcoolismo está chegando num patamar elevado demais, mas tô tentando ao máximo não sair de casa, não me relacionar com os outros, tô cansado de ver aquelas caras feias como a minha, com caras de cansadas, se matando de trabalhar e estudar e se esforçando pra conseguir uma boa foda, mentindo pra fuder uma mina gostosa e depois jogar ela no lixo. Pra mim é bem melhor ficar sozinho em casa, com as janelas fechadas, as luzes apagadas e um copo na mão. A solidão não é a melhor das escolhas, mas as vezes é a nossa única opção, o importante é estarmos beeeem bêbados no processo, com papel e caneta na mão para escrever abobrinhas e reclamar de tudo e de todos. Foda-se a maldita geração de hoje, foda-se tudo o que eles lutam, foda-se tudo o que eles acreditam, e me deixem em paz, no meu quarto escuro, me embebedando até meu fígado finalmente parar!

Zaratustra

terça-feira, 5 de março de 2013

Mais um pouco de niilismo



Triste é ter a percepção, o esclarecimento que tudo que escrevo, tudo que amo, tudo aquilo que luto e que construo, tudo em que invisto, tudo o que tenho, não vai me servir de nada. Quando eu morrer tudo isso vai ser lixo, tudo isso será nada, nada de nada de nada. Motivação? Acho que nada também.

Zaratustra

O sofrimento como um víurs



Tudo estava desmoronando naqueles dias. Não para mim, que isso fique claro. Minha vida eu estava levando no alcool, estava tranquilo, beeeeem bem a gente nunca está, mas quando vemos uma cerveja na mão nos sentimos menos pior. A questão é que pela primeira vez na minha vida, eu lidava com uma situação muito complicada. Todos os meus amigos mais próximos, aqueles por quem mais tinha afeto, estavam na merda. E todos por causa de mulheres, todos. Malditas mulheres. Ao menos esse problema eu não tinha né, meu último amor me fodeu, mas depois acabei aceitando a derrota, e estava até mesmo conversando com ela numa boa, aceitando a escolha dela pelo "outro", e no momento, eu não tinha problemas com aquilo.

Enfim, meus amigos não possuem um fígado como o meu, muito menos a vontade de levar a vida auto-destrutiva que eu levo, de beber muito todos os dias. Eles são do tipo que ficam mal, ficam pensando sóbrios em tudo o que havia acontecido. Relembram de tudo que aconteceu para eles chegarem naquele ponto, para terem levado o chute na bunda. "Isso que dá chutar a cara da religião, deveria ter chutado a bunda da ruiva antes dela ter me chutado", já dizia Buk com sua sabedoria. E eles pensavam, e pensavam... choravam de noite, numa posição fetal, bem baixinho, pra que ninguém soubesse do seu sofrimento, não me falavam disso, mas sabia que isso acontecia. Me chamavam pra tomar umas brejas, falavam, eu ouvia solicitamente, como sempre faço, eles sempre podiam contar comigo. O que me fudeu os culhões naquela ocasião foi o fato de todos estarem mals ao mesmo tempo. Não é fácil ouvir no mesmo dia, de dois grandes amigos, que eles queriam se matar. A pressão psicológica é foda, sei que eles não queriam que eu me sentisse assim, talvez nem fossem se matar mesmo, eram só desabafos, mas eu não consigo. Meu emocional também não era booooom bom, era suave, mas ainda assim meio fraco. Sempre que um amigo meu me estende a mão em busca de ajuda, dou o meu máximo, acho que além de bebida, eu só tenho eles. Sem eles, meus textos e minha bebida não teriam a mesma graça. Precisava deles bem, para poderem beber comigo aos finais de semana, uma brejinha suave, perder um dinheiro no poker, sei lá, qualquer coisa.

Antes eu achava que esse lance de afeto acontecia mais com namorada e talz, que se sua namorada está mal cê faz de tudo pra ajudar, se desespera, faz de tudo. Mas aí você fica dois anos sem namorar, aí esquece que os amigos são pessoas muito importantes, mas que são um pouco mais distantes, eles tem suas namoradas e as suas vidas, mas eu como estava descrente com o amor, peguei toda a minha capacidade de amar uma mulher e comecei a amar meus amigos. Não que eu queria foder eles, mas gostava do papo deles, da presença. Aprendi que o sofrimento acaba sendo como um vírus. Quando vemos tudo desmoronar, assistimos o caos reinar, vemos que o mundo realmente está acabando, o desespero aparece de forma devastadora. O afeto sempre mostra facetas que não conhecíamos.

Zaratustra

segunda-feira, 4 de março de 2013

A vida como uma queimadura de praia



Em meio a algumas cervejinhas de fim de tarde, estava pensando. A vida é como se fosse uma queimadura de praia, mas daquelas que te fodem o cu, tipo ficar três dias na praia, sem protetor solar, só torrando. Quando você volta da praia, cê tá vermelho pra caralho. Aí no primeiro dia é aquele parto. A gente não dorme direito, não anda direto, toma banho frio mas ainda assim dói pra caralho. Mas sabe o que te anima: saber que no dia seguinte vai dar uma melhorada de leve nessa porra, e isso te motiva a tomar a porra do banho e passar a tal loção pós sol. E aí que no segundo dia, as coisas são mais suaves, o banho já é um pouco melhor, cê dorme mais de boa, e assim sucessivamente, até não sentir mais nada.

A vida acaba sendo isso. O término do primeiro namoro é uma merda, você quer se matar, te rói o cu, mas cê pensa "bom, serviu de experiência pelo menos" e vai tocando a vida. No término do segundo ainda dói, mas é um pouco mais suave, e assim sucessivamente. Chega uma hora em que simplesmente vamos pra outra pessoa e já era, nem fossa bate mais. Existem exceções, mas na maioria dos casos é dessa forma. O ser humano vai ficando apático com os anos, as frustrações vão nos tornando mais forte, as melancolias vão sendo nossas amigas, começamos a ficar mais de boa com elas, até que chega o dia em que ficamos ranzinzas, velhos e cansados e queremos que todos tomem nos seus malditos cus!

Zaratustra

Levando a vida



Muitos estão cansados das suas vidas
Muitos estão com problemas com as mulheres
Crises de identidade
Problemas na família
E querem se matar

A minha vida eu levo
No alcool
No fumo
Nas drogas
E tudo acaba ficando menos pior
Ao menos consigo suportar as coisas

Zaratustra

Término de namoro, semana monstra e voltando ao namoro



Namorava fazia cerca de dois anos. As coisas não estavam nada bem, nada bem mesmo. Eu não estava sendo um bom namorado, estava mentindo demais e tals, sabia que estava sendo muito possessivo. Tinha medo de perdê-la, a insegurança me roia os culhões, descontava tudo nela, tudo mesmo eu jogava em cima dela, e sabia que esse estilo de vida iria acabar com tudo, que assim nosso relacionamento ia pra vala, mas não conseguia controlar, por mais que eu tentasse.

Eu estava fazendo faculdade na época, e não trabalhava. Ela trabalhava e estudava, estava numa pegada mais madura, queria fazer uns rolês mais fodas, mais fodas do que um pastel de carne e uma coca-cola. Ela queria um McDonalds, um rolê no shopps, cinema, teatro e essas coisas que eu não podia bancar. Eu estava na maciota, não tava a fim de trabalhar na época, mas ela insistia que eu trabalhasse.

- Carlos, cê precisa arrumar um trampo... Tudo o que você faz é reclamar que eu tô trabalhando muito e estou ausente de tudo.
- Ahhh Liza, mas é difícil. Não queria trampar de telemarketing. Tô tentando arrumar um estágio, mas tá foda.
- Bom, então ao menos não reclama porra! Não me enche por trabalhar.

E assim começavamos uma discussão, e nos fudiamos, e brigavamos e tudo isso ia desgastando nossa relação.

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Era domingo. Eu estava em casa, lia Nietzsche e escrevia groselhas num caderninho surrado que eu tinha. Ela iria trabalhar pela manhã e disse que ia sair com uma "amiga" de tarde, mas eu sabia que ela ia sair com outro cara. Mandei sms pra ela, perguntando aonde ia, só pra saber mesmo, nada de stalkear e essas coisas doentes. Naquele dia eu estava de boa. Ela me responde: "Carlos, acabou. Foi bom namorar com você esses dois anos, mas agora acabou. Cê tá solteiro e eu também" Aquilo bateu forte na hora. Porra, eu amava ela, mesmo com meus defeitos. Eu sabia que ela tinha defeitos, mas eu aceitava eles. O problema é que ela não aceitou os meus, e isso me fudeu os culhões. Minha reação imediata foi de chorar. Chorei por cerca de umas 4 horas seguidas. Nem tentei argumentar nada com ela. Deitei na minha cama, estava lendo Schopenhauer. Aquela ideia de pessimismo e suicídio me atraia na época, mas evitei pensar demais nisso. Tentei dormir. Chorei mais um pouco, até que cai no sono de cansaço por tantas lágrimas expelidas.

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Era segunda. Fui pra faculdade normalmente. Estudava de manhã. O trem lotado não era problema naquele dia, estava muito pra baixo mesmo. A cara de apatia era recorrente. Estava muito abalado mesmo, mas tinha que tentar tocar a minha vida, meus estudos, pensar mais em mim um pouco né? Cheguei na faculdade, normalmente. Havia uma garota que sempre achei interessante da minha sala, mas eu namorava, ela também. Tinhamos um acordo, mas eu sabia que ela me desejava. Falei com ela naquele dia.

- Dana, a Liza terminou comigo.
- Sério!? E aí, cê tá bem?
- Na verdade não, na verdade tá uma merda.
- Putz Carlos, no que você precisar de mim, pode contar mesmo beleza?
- Sim, obrigado mesmo Dana.

A aula seguia lenta e cruel, nem sabia o que o professor falava, estava disperso, só respondia a chamada e deitava na carteira, pensando na Liza. Após a aula, meu pai me ligou, ficou sabendo da novidade, me chamou pra almoçar com ele. Me encontrei com ele na sua casa, na época ali na região do Alto do Ipiranga, próximo ao terminal Sacomã.

- Carlos, eu sei como é difícil, mas ainda terão várias mulheres na sua vida, não é assim.
- Eu sei pai, mas eu amava ela demais. Construi muito com ela, ela me ensinou muita coisa. É difícil pensar que não vou mais ter ela, construir com ela, fazer tudo sozinho. Parece que ela morreu.
- Pois é, mas ela morreu mesmo. Mas aparecerão outras, fica de boa.
- Beleza, vou tentar melhorar. - respondi cabisbaixo.

Almocei tranquilamente e voltei pra casa. Em casa fui direto pro quarto, coloquei um som triste, algo que me fizesse chorar mais, sentia que precisava descarregar aquela merda. Meti logo o bom e velho Legião Urbana, que era a banda favorita da Dana. A música era Andrea Doria, coloquei pra ficar repetindo só ela.

Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
Como sei que tens também...

Ouvia e chorava. Chorava demais, muito mesmo. Eu não aguentei, resolvi ligar pra ela. Eu tinha em casa uma garrafa cheia de vodka e meia de cachaça. Resolvi que a cada vez que eu ligasse e ela não atendesse, eu daria uma golada no alcool. E ligava, ligava, ligava e só dava caixa postal. Quando me dei conta, já tinha acabado com a meia garrafa de cachaça. Estava bêbado, e isso só me motivava a continuar com essa ideia de merda. Não lembro de mais nada a partir daí.

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Era terça. Acordei deitado no chão, emergido ao gorfo e com as duas garrafas de alcool no chão e completamente vazias. Me levantei, limpei o quarto e chorava, chorava muito mesmo. Voltei a dormir. Acordei por volta de 12h, minha mãe estava acordada preparando o almoço. Simplesmente abracei ela e chorei, chorei mais. Percebi que eu estava sofrendo muito, acho que esse tinha sido o maior sofrimento da minha vida. Fui na casa do Renatinho de tarde, pra trocar ideia. Ele tentou me motivar.

- Carlos, fica de boa... Vai passar isso. Porque você não mostra pra si mesmo que consegue viver sem ela. Arruma a porra do emprego, depois joga na cara dela sua independência. Fora que com dinheiro vai aparecer mais mulher.
- Eu sei cara, mas sei lá, tô desmotivado e talz... Só quero ficar na cama chorando o tempo inteiro.
- Se cê fizer isso vai ser pior. Me promete que você vai arrumar um emprego, ou ao menos vai ficar com uma mina. Vai ser melhor.
- Beleza mano, você tem razão. Valeu, sem você eu não seria nada brother!
- Que isso, relaxa.

Jogamos bola ainda naquele dia. A noite eu estava na maciota, chorei um pouquinho, mas sentia que estava melhorando. Dormi tranquilamente.

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Era quarta. Acordei, peguei o maldito trem com os filhos das putas de sempre e rumei em direção à faculdade. Cheguei na faculdade, me sentei ao lado da Dana, sempre me sentei perto dela, tinhamos uma boa conversa.

- Carlos, tava a fim de ir na 25 hoje. Não conheço lá, e dizem que é bom pra comprar bobaginhas.

Era a 25 de março, rua famosa de SP. Ela era do interior, conhecia pouco daqui.

- Claro, vamos lá sim! - respondi entusiasmado.

Um rolê iria me ajudar a distrair a cabeça. Saímos da faculdade e fomos pra lá, só nós dois, mas de boa, sem ficar de pegação ou papinho furado. Ela comprou umas roupas. Na volta ela me chama pra ir ver as roupas que ela comprou no apartamento dela, que ficava do lado da faculdade. Eu aceitei, achei suave.

Ela experimentava as roupas e eu sempre falava que estavam boas nela, que eram muito bonitas. Estavamos sozinhos, a irmã dela estava na aula. Ela sentou comigo na cama. Começamos a conversar, trocar carinhos e ela me tascou um beijo. Na hora me senti no céu.

- Dana, cê namora, tá errado isso.
- Eu terminei ontem.

Me senti aliviado. Nem pedi mais explicações, começamos a nos beijar, as roupas foram sendo jogadas no chão. Transamos de forma sensacional, eu sentia amor e não sexo, foi sensacional. Após o sexo, me levantei, coloquei minhas roupas, ela também. Dei um beijo de despedida.

- Tchau Dana, até amanhã.
- Até Carlos.

Foi sensacional. Um bom sexo me fez esquecer da Liza completamente. Cheguei em casa feliz, estava me sentindo ótimo. Nem li porra nenhuma de filosofia nesse dia, estava querendo curtir, jogar um game ou sei lá.

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Era quinta. Acordei com aquele puta sorriso no rosto, já estava com saudades da Dana. Cheguei na faculdade, ela me comprimentou com um selinho, ficamos de boa na aula, trocando ideia e talz, mas nem comentamos nada sobre o sexo do dia anterior. Na saída da aula ela me chamou pra conversar.

- Olha Carlos, foi muito legal ontem, mas não quero mais nada. Eu voltei a namorar.
- Que!?!?!? - fiquei abismado.
- Pois é - ela respondeu de forma seca.

Fiquei quieto um tempo, ela também.

- Cê só queria trepar? - perguntei
- Sim, era só isso, sempre te achei gatinho, imaginei que a foda seria boa, e realmente foi ótima.
- Saquei... Bom cê que sabe - respondi abismado.

Ela foi pra casa dela, eu fui ao centro procurar emprego. Não estava muito abalado com esse lance da Dana, de verdade, estava mais espantado, "que negócio estranho, que mina louca do caralho", enfim, foi uma boa foda, valeu a pena. No centro procurei um bom trabalho, mas achei todos um lixo. Resolvi que sexta eu ia procurar mais. Fui pora casa, joguei um game, li uma filosofia, era dia de Kant e dormi.

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Era sexta. Cheguei na faculdade, troquei ideia com a Dana normalmente. Aquilo não havia me abalado quanto a Liza me abalou. A tarde sai pra procurar emprego. Achei um bom telemarketing, salário acima da média, pro Banco Santander. Fui contratado. A noite eu tinha uma festa pra ir, de um amigo meu. Cheguei na festa. Era uma boa festa, uns drinks, bebi umas brejinhas só, estava na maciota, não queria exagerar. Conversamos bastante, rimos e tudo mais. Havia uma garota que era linda, seu nome era Flávia, asiática, gatinha. Ela gostou de mim eu gostei dela e ficamos. Ela beijava de forma sensacional, mesmo sendo três anos mais nova foi ótimo. No meio da nossa ficada meu telefone toca. Vi que era a Liza.

- Alô - atendi de forma seca
- Oi Carlos... Errr, vamo sair amanhã?
- Amanhã não posso, vou no poupatempo tirar meu RG novo. - respondi ainda mais seco.
- Eu vou com você, tem problema?
- Não não tem problema. Nos encontramos no lugar de sempre umas 8h ok?
- Ok bjs.
- Tchau - bem seco de novo.

Desliguei o telefone e voltei a beijar Flávia.

- Quem era? - ela pergunta.
- Meu pai - menti na cara dura

Continuamos ficando, a noite foi ótima. Voltei pra casa e dormi com um sorriso no rosto "um emprego e uma ficada, que foda mano!"

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Era sábado. Acordei, não tinha aula, mas ia no poupatempo. Me arrumei, encontrei a Liza. Ela me deu um selinho. Conversamos e conversamos e nos acertamos. Resolvi voltar com ela. Mal sabia eu o erro que havia cometido...

Zaratustra