quinta-feira, 14 de março de 2013

Um soco numa cara dormente



Era mais uma das minhas agradáveis tardes de sábado. Estava bêbado faziam alguns (muitos) dias, acho que eram 15, ou 14, não sou bom com matemática. Isso era um desafio pra mim, estar sempre bêbado não é fácil. Estava tudo no seu devido lugar, sei que tirava cochilos e acordava sem saber o que aconteceu, falava com pessoas e não lembrava. Tava a fim de colocar meu fígado no seu limite, ver até onde ele aguentava. E bebia, bebia muito mesmo, sem pensar no amanhã.

Encontrei Augusto umas 22h. Iamos até a casa de Fabiano, um amigo novo nosso. O cara parecia ser gente fina, parecia beber bastante.

- Cara, passar no mercado antes? - Augusto me disse, querendo drinks.
- Caraio... Mas lá não tem nada?
- Tem só brejinha.
- Ahhh breja é água, se fuder - respondi puto - vamos no mercado, preciso de drinks!

Passamos no Pão de Açucar, próximo ao metrô Santana. O tal Fabiano morava por ali. Fomos na seção de bebidas. Peguei duas garrafas de vodka barata, acho que era uma tal de Nikita "prima da Natasha", pensei com um sorrisinho no rosto. Augusto queria empatar minha foda.

- Mano, é só nós três! Pra que duas garrafas?
- Oras, cê tá vendo bicho!? É pra beber mano! Que porra! - respondi indignado.
- Mas é muito mano...
- Muito é sua mãe me dando - interrompi - Tá virando mulherzinha!? Que porra, não fode Augusto!

Ele ficou quieto depois dessa. Não se argumenta com quem quer tomar um belo porre de alcool. Saimos do mercado, ainda peguei uma coca 2 litros "a boa e velha cuba do tempo de adolescência" pensei, novamente com o sorrisinho no rosto. Fomos pra casa do Fabiano.

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Fabiano morava num bom lugar. Era um ap ali em Santana, bem localizado, razoavelmente grande, tinha só um quarto, mas ainda assim espaçoso. Fui direto pra cozinha, montei três belas doses de vodka com coca. Levei as três doses pra sala. Fabiano tomou a sua de boa. Augusto reclamou.

- Caralho! - Augusto gritou, meio engasgado - Só tem vodka nessa porra!
- Mano, vai tomar no seu cu, sem maldade - respondi seco
- Como cês aguentam isso? - Augusto fez a pergunta errada.

Fiquei quieto. Olhei pra ele, dei uma golada na minha dose. Olhei de novo.

- Cara, não fode, não fode hoje, pelo amor de Deus! - reclamei com o dedo em riste na sua cara.
- Mano, acho que você é alcoolatra... Cê tá bebendo muito! - ele disse, preocupado.

Por um momento pensei em mandar ele se fuder, tomar no cu, pensei em falar que estava comendo a mãe dele, ou que ele tinha o pau pequeno, pensei em vários xingamentos, mas me segurei. Fui um gentleman.

- Cara, se eu sou alcoolatra eu não sei, acho sim, acho que bebo muito, mas meu fígado aguenta ainda, e estou aqui, estou vivo, e vou viver pra sempre, sou imune a cirroses. Mas sim, pode ser que eu seja alcoolatra, algum problema com isso?
- Não não, nenhum... Mas me preocupo com você Carlos. Algum dia essa farra toda vai te foder - Augusto disse, preocupado.
- Eu sei, mas a vida é muito frágil, não vale a pena se preocupar tanto. Todos vamos morrer um dia - respondi, pegando um cigarro no bolso e acendendo ele com meu isqueiro Bic.

Fabiano só assistia a tudo. Se levantou.

- Vou pegar salgadinhos, o assunto de vocês tá um lixo! - Fabiano disse, indo na cozinha.

Quando Fabiano voltou, trazia uns doritos e acendia um cigarro. Eu e ele bebíamos muito, Augusto só bebia cerveja. Mas eu queria que se fodesse, ia bebendo e falando mal de mulher, que é o que os homens fazem. Quando fui na cozinha, acho, ACHO que era a quinta dose que ia montar, olhei em cima da geladeira, tinha vários comprimidos de fluoxetina, anti-depressivo. Voltei com a minha dose pra sala.

- Mano - falei, olhando pro Fabiano - de quem é aquela fluoxetina?
- Minha. As vezes tomo. Recomendação médica.
- Cara, tive uma ideia meio doida - Augusto me olhou com cara de repulsa - vamos mandar a fluoxetina?
- Como assim mandar? - Fabiano não sabia nada de cocaína.
- Cheirar essa merda! Vamos mandar pro cérebro porra!
- Cê tá muito louco já Carlos - Augusto empatando minha foda de novo - não se cheira essa merda.
- Fica de boa caralho! Não falei com você seu filho da puta! - outra vez fui grosso e com o dedo em riste.

Augusto abaixou a cabeça, ali ele me respeitava mesmo. Fabiano me olhou perplexo.

- Cara você é mesmo doido, como dizem hahahaha. Acho que isso vai matar a gente.
- Relaxa, vai dar nada não, nem brisa - disse despreocupado - só relaxa e manda Fabiano.
- E se eu morrer?
- Ué, se você morrer morreu mano! Pra que se preocupar? Se você morrer cê fica de boa, e se eu morrer eu fico de boa, não precisa se preocupar.
- Péssima ideia, mas ok. Mas você manda primeiro! - Fabiano me disse, ainda com medo.
- Isso vai ser um prazer flor!

Fui na cozinha. Peguei três capsulas. Peguei um livro na estante, meu cartão de crédito, o de débito queria preservar. Com uma das capsulas montei umas boas 8 carreiras, bem gordas e grandes, tudo isso em cima de um livro, acho que era um do Augusto Cury, em que ele falava bem de Jesus e talz "que merda cheirar em cima de um livro tão cristão" pensei, de novo com um sorrisinho no rosto.

- E aí Fabi? Suave? Cê vai mandar comigo ou vai ficar de bichisse, tipo o Augusto?
- Carlos, vou mandar... Mas das oitos vou só em duas, e as duas menores - Fabiano olhava as carreiras preocupado.
- Cês são fracos! Medo de morrer!? Algum dia vai acontecer porra! Frescura do caralho - disse indignado.

Eles ficaram quietos. Dei uma golada na vodka com coca, era mais vodka do que coca. Mandei uma linha, entrou até que de boa, mas senti sangue, isso mesmo, sangue no meu nariz. Cada respirada era o cheiro de sangue maior. "será que estorou algo lá dentro?" pensei, mas de boa, sem me preocupar muito. Era a vez de Fabiano. Ele foi na menor linha, a linha mais fina, a linha das mulheres e dos fracos. Cheirou metade. Parou. Espirrou.

- Caralho! Tá queimando tudo! Não dá Carlos, não consigo cheirar isso!
- Cê é um viado, isso sim, uma puta velha e arrombada! Me dá a nota!

Cheirei o resto dele, agora usando a narina esquerda. Senti de novo o sangue. Fui no banheiro, joguei água nas narinas, estava melhor, mas o sangue prevalecia. Continuei bebendo, acendia cigarros e falava groselhas (típico do Carlos).

Acho que na quinta linha, isso, foi na quinta, certeza agora, meu nariz começou a pedir arrego. Ele sangrava mais do que uma mina de chico. Augusto viu aquilo assustado.

- Mano! Seu nariz tá sangrando porra! - ele disse atônito.
- Calma ai man... Tô suave. Vou pegar papel higiênico! - disse, já me levantando.

No banheiro assoei o nariz, saia muito sangue, mas tava de boa. Sentia minha cara dormente, mas uma dormência diferente da cocaína, o rosto todo imóvel e não só os dentes. Eu tava era anestesiado na real, me sentia como um cara pra ser operado, tava tudo dormente. Eu colocava a mão no rosto, mas não sentia. Uma das brisas mais estranhas de todos os tempos. Voltei pra sala. Peguei a outra capsula de flouxetina, tomei, bebi vodka pra empurrar aquela merda.

- Augusto, me bate na cara. - pedi
- Mano, cê tá vendo bicho, eu não vou te bater.
- BATE SEU FILHO DA PUTA, BATE COM TUDO! PORRA!

Augusto me olhou assustado. Deu um tapa de leve no meu rosto.

- Cara, cê é bicha? BATE COM FORÇA CARALHO! - resmunguei
- Mano, isso vai te fuder - Augusto disse, preocupado de novo.
- Tô fazendo testes... Vai, me ajuda e bate que nem homem.
- Certeza?
- Oras, é claro que é certeza, senão eu nem pedia!

Augusto não era muito forte, mas foi com tudo. Me deu um soco, no lado esquerdo do rosto, na região de baixo dos dentes. Senti o impacto nos dentes, mas o rosto estava de boa. Comecei a rir como um idiota.

- HAHAHAHAHAHAHA Caraio... Épico isso!
- Cê tá muito louco Carlos. - Fabiano disse, visivelmente espantado.
- Ele tá muito ruim mano, tá rindo por levar um soco na cara - Augusto concordou com Fabiano.

Ri mais um pouco. Acendi meu cigarro, ainda com meu isqueiro Bic, tomei um pouco da vodka pura.

- Eu estou com a cara dormente! PORRA! Dormente manos! Só senti o soco nos dentes.

Eles me olharam e deram risada.

- Cara, como assim, dormente? - Augusto perguntou, perplexo
- Não sinto nada no rosto. Cheirar fluoxetina é melhor do que cheirar cocaína!
- Vamos cortar sua cara! - Fabiano sugeriu.
- Nem nem, preciso do meu rosto sem cicatrizes pra fuder vadias! Hahahahaha

Mandei mais um pouco. Após a última linha, a oitava, sim, consegui chegar na oitava, meu nariz abriu de novo. Mas tava suave. Limpei ele, continuei bebendo minha vodka. Sem mais cheiradas por aquela noite "bom, se eu não tenho o que cheirar nada mais vale a pena!" pensei e me encostei no sofá, até que peguei no sono.

Zaratustra

12 comentários:

  1. Kra,'essa porra que eu tô usando tá muito batizada, ficaram dormentes,' parte do rosto e dor atrás da cabeça. Sinistro

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  2. Nossa mano eu tomo fluoxina a menos de 1 semana que fitaaaaaa......

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  3. Entrei nesse blog porque tô cheirando cocaína com fluoxetina. Aliás, cocaína nem sei se existe mais. Aquela, que tem cheiro de acetona, brilha, quase transparente e quando vai abrindo no prato ela vai rendendo...rendendo...Fiz uma buchinha pra oferecer pra um babaca que me vendeu uma pedrinha de dez contos por 70. Um filho da puta, viciado, disfarçado de amigo. e decidi cheirar essa porra que já tomo a cinco anos. Mas fiquei com medo e procurei aqui, no Tio Google antes de ter um ataque cardíaco. Lendo esse relato, me lembrei de uma estória muito escrota, que até parece ficção. Um dia, passeando na casa de um amigo que toma Santo Daime e toca hinos, fumamos um baseado. Tocou o interfone. Era um amigo dele, que subiu e entrou correndo no apartamento com os tênis sujos de sangue. E ele tinha um monte de Ritalina e cheirava essa merda, inventada pra enriquecer os donos de laboratório. Perguntamos o que tinha acontecido. Ele disse que tinha brigado com a companheira, em casa. Depois de muitas cheiradas e alguns baseados, o meu amigo foi dormir. O guri tirou o pau pra fora e começou a se masturbar na minha frente. Eu fiquei atônita, meio chocada, meio com tesão. Daí resolvi levá-lo para minha casa. Transamos. Foi uma delícia. Ele tentou contato pelo facebook, eu deletei. Alguns dias depois ficamos sabendo que ele tinha se enforcado, no banheiro, com uma corda no pescoço. O pior de tudo isso foi que, a namorada, fotógrafa ainda teve a bizarrice de fotografar. Fotografias, do companheiro, viciado em cheirar Ritalina, pendurado no teto, com o corpo roxo, já sem vida.

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  4. Cheirei Fluoxetina uns dias atras tbm, passei mal pra caralho ha ha...cheirei duas capsulas de uma vez, uma em cada narina, deu mó falta de ar da porra, instantâneo, minha garganta adormeceu, nem saliva descua, comecei a tomar breja pra ver se melhorasse e nada, cê é loco hahahaha...eu tava doidão esse dia, tinha chegado de uma festa, tinha umas breja na geladeira e ey não tinha mais pó, wntão vai a Fluoxetina ha ha. Outro dia cheirei umas 4 cápsulas de Amoxilina tbm kkk...maano, eu me acho muito loco, me olho as vezes e penso qye ey não existo,na boa.

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    1. Ainda bem q vi esse comentário mlk, fui tomar minha fluroxentina é descido abrir a cápsula ora ver como é fiz me eu uma puta vontade de cheirar aquela porra Mano kkkkkkkkkkkk ainda bem q vi isso aqui pq pqp eu ja tava planejando cheirar mais tarde

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    2. e**
      Pra**
      Me deu**
      Pqp sou analfabeta dms

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  5. Acabei de mandar fluoxetina, nariz escorrendo

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  6. E tinha mandado 3 bucha da forte mas acabou e acabei lendo isso aí já viu mandei pra ver, enquanto lia os depoimentos já ia abrindo a cápsula, só pensava : não posso mandar antes de ter certeza
    Se não ter uma postagem de alguém que morreu , lkkkkkk

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  7. Mas velho já cherei pó pior , e seguinte abriu minha visão estranhamente pq já tava bebum

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  8. Foi instantâneo abriu na hora
    Mas não durou muito

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  9. To com as cápsulas na mão, mas ainda em dúvidas se cheiro ou não . Eu tomo por que dá um sono e eu mal durmo, mas também so tomo mais de uma pq uma não faz mais efeito

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