quarta-feira, 13 de março de 2013

Um solteirão convicto



Carlos abriu os olhos naquela manhã chuvosa de sexta. Na verdade era o ínicio da tarde. Abriu os olhos, olhou pro relógio. Ele marcava meio dia em ponto. Carlos pulou da cama.

- Caralho! Tô atrasado porra! - gritou olhando pra cama.

Reparou que tinha alguém deitado. Tirou o lençol do rosto da pessoa.

- Olá linda, bom dia. - Carlos disse.
- E aí gatão, bom dia... Que noite louca ontem né hihihi - uma bela loira falou com ele.
- Sim sim, mas agora preciso que você vá embora. Tô atrasado pro trampo. Vamo flor, levanta.
- Tá bom, vou só tomar um banho...
- Banho porra nenhuma - Carlos interrompeu - vaza daqui porra!

A loira levantou, com a cara de espanto. Colocou a roupa. Carlos foi empurrando ela em direção a porta, tropeçando em garrafas de whisky no chão e pisando em cinzas de cigarros.

- Me liga! - a loira disse com um sorrisinho falso no rosto.
- Tá bom linda, eu te ligo. Agora vai! Foi um prazer!

Antes que ela pudesse falar alguma coisa, Carlos fechou a porta na cara dela. Foi em direção ao chuveiro, ainda tropeçando nas garrafas vazias "quem é aquela porra e o que aconteceu ontem?" Carlos pensava atônito. Estava atrasado. Entrou no chuveiro, olhou pro pau "é, comi ela ontem, dá pra ver... espero que tenha usado camisinha... aliás, foda-se, nunca mais vou ver essa puta!" Tomou um banho rápido, colocou uma calça jeans, um tênis, uma camiseta qualquer e foi pra garagem. Entrou no seu carro, um Honda Civic, zerinho, ainda com cheiro de novo. Foi para o trabalho a mil.

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Carlos trabalhava numa produtora de vídeo. Era já diretor, e um dos sócios, experiente no ramo, com 45 anos de idade. Gravava todos os dias. Começava às 13h e ia até o fim do dia, às vezes até meia noite, uma da manhã. Ele vivia pra trabalhar, mas o dinheiro valia a pena, porque não né? Não tinha filhos, nem mulher, falava pouco com sua família, odiava seu pai. Seu trabalho era puxado, lhe sugava os culhões. "e pensar que vou trabalhar no sábado e no domingo... que merda!" Carlos resmungava em pensamento. Essa área não era fácil mesmo. Sempre após o trabalho, saia pra algum lugar, ia beber, curtir a vida. Um dos produtores lhe chamou pra um rolê.

- Carlos! Vamos na Vila Olimpia hoje!
- Beleza. O que rola lá?
- Vamos na Apple, uma balada nova. Tá cheio de mulher gostosa.
- Firmeza mano, é nóis! hahahaha

O dia prosseguiu puxado como sempre. As gravações foram encerradas por volta de meia noite e meia. Sairam do local e foram pra balada.

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O local estava lotado. Afinal era sexta feira né, muitos jovens na balada. Carlos não era um cara espetacular, mas tinha uma boa lábia e não estava acima do peso, além de dinheiro, isso ajuda também. Resolveu pegar uma dose de Black Label, não queria gastar muito, estava de boa. Dançava na maciota, chegou em algumas garotas, tomou alguns foras, mas isso fazia parte, ele bebia mais que isso passava. Eis que uma delas deu uma abertura um pouco maior.

- Oi, meu nome é Carlos, prazer. - ele disse educadamente.
- Oiiiii, meu nome é Fernanda, prazer. - ela deu um beijo no rosto dele.
- E aí Fê, tá sozinha aqui?
- Nossa, você é direto hahaha - Fernanda disse espantada - não perde tempo!
- Não gosto de perder tempo. Tô velho demais pra essas enrolações que o povo mais novo faz, de ficar xavecando com groselhinha. Gosto de conseguir rápido o que eu quero. - Carlos disse, bem sério.

Fernanda olhou pra ele, séria. Mas logo abriu um sorrisinho e deu uma golada no seu drink, que aliás, era Sex on the Beach.

- Vamos dançar! - Fernanda puxou Carlos pelo braço, o que evitou qualquer recusa da parte dele.

Eles dançaram a madrugada inteira loucamente, Carlos mandando mais whisky, ela mandando Sex on the Beach. Ficaram bem bêbados, Carlos, apesar de tudo, ainda dançava muito, tinha forças pra acompanhar ela, que aliás, tinha 23 anos. Ele, sacando que ela estava ruim, decidiu dar seu bote.

- Fê, vamo pra minha casa fazer um after? Que que você acha?
- Eu não sei, vim de carona com umas amigas... - ela deu uma resposta repulsante.
- Te levo no meu Civic zero. Vamos! - Carlos usou sua arma mortal.
- Hmmmm, beleza, deixa eu só me despedir delas. - Fernanda foi em direção às amigas.

Enquanto Fernanda se despedia, Carlos pegou uma última dose de Black Label e pagou sua comanda. Ele tinha como regra não pagar coisas pra mulheres, e mesmo assim conseguia algumas. Entraram no carro, e graças aos bons deuses do alcool, não passaram por nenhuma blitz e nem bateram o carro. Carlos lidava com isso todos os dias "riscos sempre existem" pensava. Chegaram ao ap dele.

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No ap de Carlos, pegaram uma das muitas garrafas de whisky, que aliás era Jack Daniels, em casa ele só tomava Jack Daniels, e bebiam no gargalo. Entre as entornadas de bebida rolavam amassos e beijos. Foram pra cama, transaram aquele sexo bêbado, estranho, agitado, mas ainda assim ótimo. Pegaram no sono. Carlos estava pronto pra mais um dia de trabalho no dia seguinte.

Zaratustra

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