quarta-feira, 6 de março de 2013

O escritor cansado



Estes papéis
Papéis sobre a mesa, todos escritos
Amassei todos
"Tá tudo uma merda, tá tudo uma merda!"
Pensava e acendia um cigarro
A leitura estava me enchendo
Escritores falidos, os famosos, os bons
Os ruins
Estes ainda me empolgavam
Mentira, empolgavam porra nenhuma
Tava cansado de ler

Admirei um pouco meu copo de
Vodka com água
Dei um gole fatal
"Mais um apagão? O terceiro em três dias... Que eficiência ein hahaha"
Acho que por isso que estou me enchendo
A vida parece mais fácil se só bebermos
Escrever, isso cansa
Precisa ter criativiadade,
Um pouco de métrica
Boa gramática

Agora pra beber é
Simples
Basta encher o copo
Tomar um gole
Depois outro
E se o copo acabar você enche mais
Simples demais

Me sentava todos os dias em frente a máquina
"Ideias, preciso de ideias porra!"
Mas nada mais estava vindo
"Foda-se, foda-se, foda-se!"
Os assuntos estão morrendo
Na verdade são sempre os mesmos
Alcool, mulher e sujeira
Isso estava me cansando
E assim lia menos
E escrevia menos
Só bebia mais e mais
E acordava com aquela dor no estômago
E gorfava sangue, nada pastoso
Só líquido
Porque não comia mais, pela falta de ânimo

Só queria sentar numa cadeira
Com um copo e um cigarro na mão
E ficar falando sozinho
Pensando nas coisas
Mas ler e escrever isso estava me cansando

Não sei porque estava cansando
Talvez precisasse de mais aplausos
"Não não, eles que se fodam... Famílias estruturadas, namoros...
A vida é fácil assim, fácil PRA CARALHO"
Dava mais uns goles
Achava minha vida fácil
Bebia e fumava
Suave mesmo
Mas estava ficando cansado

Sem aplausos
Tomo quase um litro de alcool
Alguns calmantes
Uns cinco pinos de cocaína
Fumo duas pedras de crack
Injeto heroína
E a overdose veio
Me tornei o que eu sempre fui
Sujeira
Que será enterrada por aí
E ai poderei descansar de tudo o que estive cansado.

Zaratustra

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