sexta-feira, 15 de março de 2013

Cansado do que me destruia!



Era sexta. A tarde, acho que eram umas 16h, aliás, certeza que era, minha mãe tomou seu anti-depressivo nessa hora, era a hora do remédio, eram 16h, certeza. O telefone tocava, era sms, me chamavam pro rolê. "maldito, maldito rolê" eu pensava e acendia um Marlboro, sempre vermelho, claro, e que se fodam as campanhas anti fumo, eu queria que se fodesse o maluco que perdeu as pernas e que era o caubói. "Espero que ele morra rápido e sofra pouco" pensava e jogava aquela fumaça azul pra cima. Naquela altura, eu tinha 25 anos, já era famoso, como escritor, tinha amigos que farreavam, NADA CONTRA, mas eu queria ficar de boa, estava cansado daquilo tudo. Eu cheirava muita cocaína na época, minhas narinas estavam morrendo, dois dentes tinham caído... Acho que eram o molar e o canino, certeza do molar, tinha que comer pela parte de frente da boca, o canino que é palpite, não sou dentista caralhos!!! Sempre, mas sempre mesmo, colávamos na Augusta. Ótima rua, ótima mesmo! Sempre me fodia. Era sempre o mesmo maldito roteiro. Bebia vodka barata, fumava uns cigarros, cheirava um pó monstro, comia uma mina sem camisinha, acho que eu tinha AIDS, só pode, aliás, certeza que eu devia ter AIDS, e tinha aquelas brotuejas no pau, aquele HPV foda, coçava as vezes, parecia uma crista de galo, mas uma chupada bêbada naquilo resolvia sempre.

Não queria fazer nada naquele sábado, pensei em me esconder, debaixo do travesseiro. Coloquei a cara lá, respirei, fumei outro cigarro. Mas o telefone insistia. "O pessoal quer sair comigo, sou o Carlos, o louco, me amam nos rolês, pois sempre exagero" mas não queria. No fim desisti, peguei o celular, respondi a sms - Estarei lá, mas sem vodka, por favor! - Iam meter vodka. Eu só era interessante bêbado, e aceitava isso. Dei uma cagada de breja, cheirei uma linha de cocaína, daqueles pinos de dez reais, do grande, e amarelos. A noite seria exaustiva!

Zaratustra

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