segunda-feira, 4 de março de 2013

Término de namoro, semana monstra e voltando ao namoro



Namorava fazia cerca de dois anos. As coisas não estavam nada bem, nada bem mesmo. Eu não estava sendo um bom namorado, estava mentindo demais e tals, sabia que estava sendo muito possessivo. Tinha medo de perdê-la, a insegurança me roia os culhões, descontava tudo nela, tudo mesmo eu jogava em cima dela, e sabia que esse estilo de vida iria acabar com tudo, que assim nosso relacionamento ia pra vala, mas não conseguia controlar, por mais que eu tentasse.

Eu estava fazendo faculdade na época, e não trabalhava. Ela trabalhava e estudava, estava numa pegada mais madura, queria fazer uns rolês mais fodas, mais fodas do que um pastel de carne e uma coca-cola. Ela queria um McDonalds, um rolê no shopps, cinema, teatro e essas coisas que eu não podia bancar. Eu estava na maciota, não tava a fim de trabalhar na época, mas ela insistia que eu trabalhasse.

- Carlos, cê precisa arrumar um trampo... Tudo o que você faz é reclamar que eu tô trabalhando muito e estou ausente de tudo.
- Ahhh Liza, mas é difícil. Não queria trampar de telemarketing. Tô tentando arrumar um estágio, mas tá foda.
- Bom, então ao menos não reclama porra! Não me enche por trabalhar.

E assim começavamos uma discussão, e nos fudiamos, e brigavamos e tudo isso ia desgastando nossa relação.

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Era domingo. Eu estava em casa, lia Nietzsche e escrevia groselhas num caderninho surrado que eu tinha. Ela iria trabalhar pela manhã e disse que ia sair com uma "amiga" de tarde, mas eu sabia que ela ia sair com outro cara. Mandei sms pra ela, perguntando aonde ia, só pra saber mesmo, nada de stalkear e essas coisas doentes. Naquele dia eu estava de boa. Ela me responde: "Carlos, acabou. Foi bom namorar com você esses dois anos, mas agora acabou. Cê tá solteiro e eu também" Aquilo bateu forte na hora. Porra, eu amava ela, mesmo com meus defeitos. Eu sabia que ela tinha defeitos, mas eu aceitava eles. O problema é que ela não aceitou os meus, e isso me fudeu os culhões. Minha reação imediata foi de chorar. Chorei por cerca de umas 4 horas seguidas. Nem tentei argumentar nada com ela. Deitei na minha cama, estava lendo Schopenhauer. Aquela ideia de pessimismo e suicídio me atraia na época, mas evitei pensar demais nisso. Tentei dormir. Chorei mais um pouco, até que cai no sono de cansaço por tantas lágrimas expelidas.

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Era segunda. Fui pra faculdade normalmente. Estudava de manhã. O trem lotado não era problema naquele dia, estava muito pra baixo mesmo. A cara de apatia era recorrente. Estava muito abalado mesmo, mas tinha que tentar tocar a minha vida, meus estudos, pensar mais em mim um pouco né? Cheguei na faculdade, normalmente. Havia uma garota que sempre achei interessante da minha sala, mas eu namorava, ela também. Tinhamos um acordo, mas eu sabia que ela me desejava. Falei com ela naquele dia.

- Dana, a Liza terminou comigo.
- Sério!? E aí, cê tá bem?
- Na verdade não, na verdade tá uma merda.
- Putz Carlos, no que você precisar de mim, pode contar mesmo beleza?
- Sim, obrigado mesmo Dana.

A aula seguia lenta e cruel, nem sabia o que o professor falava, estava disperso, só respondia a chamada e deitava na carteira, pensando na Liza. Após a aula, meu pai me ligou, ficou sabendo da novidade, me chamou pra almoçar com ele. Me encontrei com ele na sua casa, na época ali na região do Alto do Ipiranga, próximo ao terminal Sacomã.

- Carlos, eu sei como é difícil, mas ainda terão várias mulheres na sua vida, não é assim.
- Eu sei pai, mas eu amava ela demais. Construi muito com ela, ela me ensinou muita coisa. É difícil pensar que não vou mais ter ela, construir com ela, fazer tudo sozinho. Parece que ela morreu.
- Pois é, mas ela morreu mesmo. Mas aparecerão outras, fica de boa.
- Beleza, vou tentar melhorar. - respondi cabisbaixo.

Almocei tranquilamente e voltei pra casa. Em casa fui direto pro quarto, coloquei um som triste, algo que me fizesse chorar mais, sentia que precisava descarregar aquela merda. Meti logo o bom e velho Legião Urbana, que era a banda favorita da Dana. A música era Andrea Doria, coloquei pra ficar repetindo só ela.

Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
Como sei que tens também...

Ouvia e chorava. Chorava demais, muito mesmo. Eu não aguentei, resolvi ligar pra ela. Eu tinha em casa uma garrafa cheia de vodka e meia de cachaça. Resolvi que a cada vez que eu ligasse e ela não atendesse, eu daria uma golada no alcool. E ligava, ligava, ligava e só dava caixa postal. Quando me dei conta, já tinha acabado com a meia garrafa de cachaça. Estava bêbado, e isso só me motivava a continuar com essa ideia de merda. Não lembro de mais nada a partir daí.

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Era terça. Acordei deitado no chão, emergido ao gorfo e com as duas garrafas de alcool no chão e completamente vazias. Me levantei, limpei o quarto e chorava, chorava muito mesmo. Voltei a dormir. Acordei por volta de 12h, minha mãe estava acordada preparando o almoço. Simplesmente abracei ela e chorei, chorei mais. Percebi que eu estava sofrendo muito, acho que esse tinha sido o maior sofrimento da minha vida. Fui na casa do Renatinho de tarde, pra trocar ideia. Ele tentou me motivar.

- Carlos, fica de boa... Vai passar isso. Porque você não mostra pra si mesmo que consegue viver sem ela. Arruma a porra do emprego, depois joga na cara dela sua independência. Fora que com dinheiro vai aparecer mais mulher.
- Eu sei cara, mas sei lá, tô desmotivado e talz... Só quero ficar na cama chorando o tempo inteiro.
- Se cê fizer isso vai ser pior. Me promete que você vai arrumar um emprego, ou ao menos vai ficar com uma mina. Vai ser melhor.
- Beleza mano, você tem razão. Valeu, sem você eu não seria nada brother!
- Que isso, relaxa.

Jogamos bola ainda naquele dia. A noite eu estava na maciota, chorei um pouquinho, mas sentia que estava melhorando. Dormi tranquilamente.

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Era quarta. Acordei, peguei o maldito trem com os filhos das putas de sempre e rumei em direção à faculdade. Cheguei na faculdade, me sentei ao lado da Dana, sempre me sentei perto dela, tinhamos uma boa conversa.

- Carlos, tava a fim de ir na 25 hoje. Não conheço lá, e dizem que é bom pra comprar bobaginhas.

Era a 25 de março, rua famosa de SP. Ela era do interior, conhecia pouco daqui.

- Claro, vamos lá sim! - respondi entusiasmado.

Um rolê iria me ajudar a distrair a cabeça. Saímos da faculdade e fomos pra lá, só nós dois, mas de boa, sem ficar de pegação ou papinho furado. Ela comprou umas roupas. Na volta ela me chama pra ir ver as roupas que ela comprou no apartamento dela, que ficava do lado da faculdade. Eu aceitei, achei suave.

Ela experimentava as roupas e eu sempre falava que estavam boas nela, que eram muito bonitas. Estavamos sozinhos, a irmã dela estava na aula. Ela sentou comigo na cama. Começamos a conversar, trocar carinhos e ela me tascou um beijo. Na hora me senti no céu.

- Dana, cê namora, tá errado isso.
- Eu terminei ontem.

Me senti aliviado. Nem pedi mais explicações, começamos a nos beijar, as roupas foram sendo jogadas no chão. Transamos de forma sensacional, eu sentia amor e não sexo, foi sensacional. Após o sexo, me levantei, coloquei minhas roupas, ela também. Dei um beijo de despedida.

- Tchau Dana, até amanhã.
- Até Carlos.

Foi sensacional. Um bom sexo me fez esquecer da Liza completamente. Cheguei em casa feliz, estava me sentindo ótimo. Nem li porra nenhuma de filosofia nesse dia, estava querendo curtir, jogar um game ou sei lá.

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Era quinta. Acordei com aquele puta sorriso no rosto, já estava com saudades da Dana. Cheguei na faculdade, ela me comprimentou com um selinho, ficamos de boa na aula, trocando ideia e talz, mas nem comentamos nada sobre o sexo do dia anterior. Na saída da aula ela me chamou pra conversar.

- Olha Carlos, foi muito legal ontem, mas não quero mais nada. Eu voltei a namorar.
- Que!?!?!? - fiquei abismado.
- Pois é - ela respondeu de forma seca.

Fiquei quieto um tempo, ela também.

- Cê só queria trepar? - perguntei
- Sim, era só isso, sempre te achei gatinho, imaginei que a foda seria boa, e realmente foi ótima.
- Saquei... Bom cê que sabe - respondi abismado.

Ela foi pra casa dela, eu fui ao centro procurar emprego. Não estava muito abalado com esse lance da Dana, de verdade, estava mais espantado, "que negócio estranho, que mina louca do caralho", enfim, foi uma boa foda, valeu a pena. No centro procurei um bom trabalho, mas achei todos um lixo. Resolvi que sexta eu ia procurar mais. Fui pora casa, joguei um game, li uma filosofia, era dia de Kant e dormi.

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Era sexta. Cheguei na faculdade, troquei ideia com a Dana normalmente. Aquilo não havia me abalado quanto a Liza me abalou. A tarde sai pra procurar emprego. Achei um bom telemarketing, salário acima da média, pro Banco Santander. Fui contratado. A noite eu tinha uma festa pra ir, de um amigo meu. Cheguei na festa. Era uma boa festa, uns drinks, bebi umas brejinhas só, estava na maciota, não queria exagerar. Conversamos bastante, rimos e tudo mais. Havia uma garota que era linda, seu nome era Flávia, asiática, gatinha. Ela gostou de mim eu gostei dela e ficamos. Ela beijava de forma sensacional, mesmo sendo três anos mais nova foi ótimo. No meio da nossa ficada meu telefone toca. Vi que era a Liza.

- Alô - atendi de forma seca
- Oi Carlos... Errr, vamo sair amanhã?
- Amanhã não posso, vou no poupatempo tirar meu RG novo. - respondi ainda mais seco.
- Eu vou com você, tem problema?
- Não não tem problema. Nos encontramos no lugar de sempre umas 8h ok?
- Ok bjs.
- Tchau - bem seco de novo.

Desliguei o telefone e voltei a beijar Flávia.

- Quem era? - ela pergunta.
- Meu pai - menti na cara dura

Continuamos ficando, a noite foi ótima. Voltei pra casa e dormi com um sorriso no rosto "um emprego e uma ficada, que foda mano!"

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Era sábado. Acordei, não tinha aula, mas ia no poupatempo. Me arrumei, encontrei a Liza. Ela me deu um selinho. Conversamos e conversamos e nos acertamos. Resolvi voltar com ela. Mal sabia eu o erro que havia cometido...

Zaratustra

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