terça-feira, 5 de março de 2013

O sofrimento como um víurs



Tudo estava desmoronando naqueles dias. Não para mim, que isso fique claro. Minha vida eu estava levando no alcool, estava tranquilo, beeeeem bem a gente nunca está, mas quando vemos uma cerveja na mão nos sentimos menos pior. A questão é que pela primeira vez na minha vida, eu lidava com uma situação muito complicada. Todos os meus amigos mais próximos, aqueles por quem mais tinha afeto, estavam na merda. E todos por causa de mulheres, todos. Malditas mulheres. Ao menos esse problema eu não tinha né, meu último amor me fodeu, mas depois acabei aceitando a derrota, e estava até mesmo conversando com ela numa boa, aceitando a escolha dela pelo "outro", e no momento, eu não tinha problemas com aquilo.

Enfim, meus amigos não possuem um fígado como o meu, muito menos a vontade de levar a vida auto-destrutiva que eu levo, de beber muito todos os dias. Eles são do tipo que ficam mal, ficam pensando sóbrios em tudo o que havia acontecido. Relembram de tudo que aconteceu para eles chegarem naquele ponto, para terem levado o chute na bunda. "Isso que dá chutar a cara da religião, deveria ter chutado a bunda da ruiva antes dela ter me chutado", já dizia Buk com sua sabedoria. E eles pensavam, e pensavam... choravam de noite, numa posição fetal, bem baixinho, pra que ninguém soubesse do seu sofrimento, não me falavam disso, mas sabia que isso acontecia. Me chamavam pra tomar umas brejas, falavam, eu ouvia solicitamente, como sempre faço, eles sempre podiam contar comigo. O que me fudeu os culhões naquela ocasião foi o fato de todos estarem mals ao mesmo tempo. Não é fácil ouvir no mesmo dia, de dois grandes amigos, que eles queriam se matar. A pressão psicológica é foda, sei que eles não queriam que eu me sentisse assim, talvez nem fossem se matar mesmo, eram só desabafos, mas eu não consigo. Meu emocional também não era booooom bom, era suave, mas ainda assim meio fraco. Sempre que um amigo meu me estende a mão em busca de ajuda, dou o meu máximo, acho que além de bebida, eu só tenho eles. Sem eles, meus textos e minha bebida não teriam a mesma graça. Precisava deles bem, para poderem beber comigo aos finais de semana, uma brejinha suave, perder um dinheiro no poker, sei lá, qualquer coisa.

Antes eu achava que esse lance de afeto acontecia mais com namorada e talz, que se sua namorada está mal cê faz de tudo pra ajudar, se desespera, faz de tudo. Mas aí você fica dois anos sem namorar, aí esquece que os amigos são pessoas muito importantes, mas que são um pouco mais distantes, eles tem suas namoradas e as suas vidas, mas eu como estava descrente com o amor, peguei toda a minha capacidade de amar uma mulher e comecei a amar meus amigos. Não que eu queria foder eles, mas gostava do papo deles, da presença. Aprendi que o sofrimento acaba sendo como um vírus. Quando vemos tudo desmoronar, assistimos o caos reinar, vemos que o mundo realmente está acabando, o desespero aparece de forma devastadora. O afeto sempre mostra facetas que não conhecíamos.

Zaratustra

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