sexta-feira, 8 de março de 2013

Jogando na cara!



- Qual é a sua ideia de mulher perfeita Renatinho? - perguntei entornando vodka na goela.
- Cara, sou um romântico, assumo isso. Gosto de uma aparência estilo menininha, garotas românticas, que escrevem poemas de amor e vão ao cinema depois de comer no shopping - ele me responde, acendendo seu quarto cigarro da noite.
- Cara, isso não vira. - dei outra golada grande na vodka - as minas hoje só querem dar, elas se cansam dos homens. Em no máximo um mês querem outro.
- Não consigo ver dessa forma, ainda tenho esperanças - Renatinho me respondeu com os olhos brilhando.
- Pense como eu. Uma boa foda, numa mina bêbada. Depois cada um segue seu rumo, um acordo justo e de cavalheiros. Os dois se divertem, ela goza, você também. Não tem como dar errado. - contrariei
- Sei lá mano, eu não consigo nem ao menos ir a um puteiro. Sempre que lembro da Gabi...
- Puta merda, a Gabi não mano! - interrompi - Você tem que superar essa mina, senão ela vai te foder - dei mais um gole na vodka - mais do que já tá te fodendo né...
- Mano eu amo ela - seus olhos marejaram - não me vejo com outra, e só de pensar no namoro dela... Me desculpa mano...

Renatinho chorava. Eu assistia àquilo tudo, sem saber muito o que fazer "porra eu não choro faz mais de um ano, bebo muito, mas ao menos não choro... não sei como reagir a quem chora", passei a mão nas costas dele, em forma de consolo.

- Mano, malz mesmo eu chorar por mulher - Renatinho me disse, quase soluçando já.
- Relaxa, põe tudo pra fora, desabafa de boas - disse solicitamente, bebendo mais vodka.
- Sei lá mano, eu amo ela, não me vejo solteiro.
- Mano, relaxa... - falei sem saber muito o que fazer - Faz o seguinte, toma um banho, vamos colocar esse seu pau solteiro pra dar um rolê... Sem pressão, só umas brejas. Que que cê acha?

Renatinho pensou, enxugou as lágrimas do rosto... Me olhou, secando o rosto com a camisa.

- Sem pressão mesmo né? Cê sabe que eu tô baqueado pela Gabi.
- Claro brother, você é meu melhor amigo, pode confiar mano.
- Beleza, vou me arrumar então... Depois de ligo e a gente faz o rolex.
- Assim que eu gosto porra! - falei entusiasmado - Hoje vai ser monstro!

Renatinho morava próximo ao meu ap. Eu morava num quarto na Alameda Santos, ele morava ali na Lorena, então era suave. Ele saiu, foi pro seu ap. Fui ao banheiro, caguei aquela vodka, o cheiro estava mesmo ruim, muito fedido. Dei a descarga, limpei meu cu, entrei no chuveiro "hoje vamos de banho frio!" tava tentando ficar um pouco mais sóbrio. Bebia desde as 10h da manhã e já eram quase 19h, estava bem zuado mesmo, mas Renatinho precisava de um rolê, beber umas brejinhas num bom buteco na Paulista...

Saí do banho, coloquei um jeans básico, meu tênis da Nike, uma camiseta do Matanza. Passei gel, desodorante, estava gato naquele dia "quem sabe uma boa foda? hahaha" sempre o homem quando saí pensa nisso, mas eu sabia que era meio difícil. Anyway, brejinha suave. Renatinho me encontrou no meu ap. Saímos da Alameda Santos, andamos até o parque Trianon, decidimos ir até a Augusta, mais uns cinco minutos de caminhada. Descemos a Augusta, paramos num bar na altura do número 1.500.

- Campeão, me vê uma Skol e dois copos aqui. - pedi ao garçom.

Ele trouxe as brejas, coloquei pra ele, enchi o copo e depois enchi o meu copo. Acendi um Marlboro vermelho.

- Cara, tô meio cansado das coisas, das pessoas - falei amargurado, jogando fumaça pro alto.
- Sei como é mano, essa sociedade está uma merda! - Renatinho consentiu comigo.
- Pois é, os adolescentes são uma merda, os caras da nossa idade só pensam em maconha e buceta e os caras mais velhos estão me dando nos culhões - afirmei revoltado.
- Mas sociedade é isso mano... Temos que entrar nela...
- Sei lá mano, queria ficar em casa bebendo, as pessoas me encheram. Quero que todas vão tomar nos seus malditos cus de puxas-sacos! - matei minha breja num único gole, depois joguei a bituca do Marlboro no chão e pisei.
- Mano, é como você diz: se não fosse pelo alcool a gente já teria se matado - Renatinho me parafraseou e matou sua breja.
- Verdade man hahahaha foda!

Bebemos mais umas duas garrafas de Skol, falando de groselhas, xingando a sociedade.

- Cê tem esquema aí? - Renatinho perguntou na miúda.
- Tenho uma grama e meia só, mas dá pra brincar - respondi, também na miúda.
- Passa aí.

Passei pra ele na muquia.

- Cê tem cartão, nota e apoio? - perguntei.
- Tenho sim mano, de bouas.

Renatinho foi ao banheiro. Fiquei bebendo e fumando um pouco. Não estava muito na vibe de pó, mas caralhos, todos temos que nos divertir com algumas drogas às vezes né? Renatinho voltou e me entregou o pino.

- Caralho, essa porra é muito forte mano! - ele disse, visivelmente já chapado - onde cê pegou essa merda!?
- Mano, tive que ir no cu de Pirituba pra arrumar essa merda. Um dos grandes custa 30 conto, nada de pedra e dizem que é forte mesmo. Nem mandei ainda.
- Então vai lá mandar mano! Não tem graça chapar sozinho - Renatinho ordenou - eu pego sua dose de vodka, fica de boa.
- Cê me conhece mano, por isso que te amo hahahaha.

Sempre que rola um pó, curto tomar uma dose de vodka pura e fumar um cigarro, sempre tem que ter isso, senão nem vale a pena. Fui no banheiro, peguei uma agendinha no bolso. Despejei um pouco de pó em cima, montei duas carreiras longas e finas. Mandei a primeira com a narina esquerda e a segunda com a direita, uma atrás da outra. Me sentia o super-homem, era sensacional! Voltei pra mesa, bebi uma dose de vodka, acendi um cigarro e relaxei.

- Cara, essa merda queima muito o nariz mano! - falei com cara de nóia - pesada demais!
- Verdade mano, verdade... Geralmente os dentes que dormem, agora tá tudo dormindo, céu da boca e pans hahahaha
- Ou, a gente é muito sem futuro sem maldade hahaha - falei, criticando e aceitando as coisas.
- Culpa de mulher! Cheers fuckers! - Renatinho levantou o copo.
- Cheers caralho! - levantei o copo e brindei.

Estávamos muito bem ali, nos divertindo, dando risada, bebendo e mandando. Eis que entra no bar a ex do Renatinho, a Gabi, acompanhada de um sujeito boa pinta, bombadinho, 1,90 metros pelo menos, camisa da Abercrombie, aqueles tênis de mola de 600 conto "essa porra é um maldito filhinho de papai" pensei e dei mais uma gole na breja e depois na vodka. Entraram no barzinho, ele pediu um black label, ela pediu uma curaçao blue. Renatinho assistia àquilo tudo embasbacado. Ele estava estático. Ela nem olhava pra ele, passou os olhos de relance e só viu de canto de olho. Ele desabou.

- Me dá essa porra desse esquema! Vou mandar tudo! - Renatinho parecia desesperado.
- Cara, tem quase uma grama ainda. Se você mandar tudo agora você se fode! - repreendi ele.
- Foda-se, tô mal, quero mandar mais!
- Mano, vai dar uma bad trip da porra em você, vai querer morrer - alertei.
- Foda-se, eu quero morrer! - ele estava mesmo mal.
- Não, senta aí.
- Não quero porra!
- SENTA AÍ CARALHO! - gritei.

Renatinho sentou.

- Olha aqui Bonitão, não é nada fácil, mas calma. Tem que ter calma nessas horas. Respira mano! - tranquilizei ele.
- Beleza mano, beleza. Me dá um cigarro.

Dei um cigarro pra ele, acendeu, deu umas três tragadas fortes e depois matou seu copo de Skol.

- Ignora ela mano.
- Não dá, não consigo. E olha o filho da puta que tá com ela, se fuder mano! - ele disse meio paranóico.
- Saquei... Beba mais, fica de boa.

Bebíamos, eles estavam lá, estavámos na nossa, segurei Renatinho pra não fazer merda. Estávamos num grau muito pesado de alcool. Olhamos uma mesa próxima a nossa, haviam duas garotas. Uma muito feia, bem magra, mas com a cara feia, os dentes de cavalo, ridícula. A outra parecia ter acabado de fazer 18 anos, cabelos claros, olhos lindos, corpinho bonito, seios e bunda medianos, uma graça. Elas olhavam pra nós e riam, mexiam no cabelo.

- Ou, sem maldade, mas aquelas minas estão na nossa mano. - eu disse, rindo e olhando pra elas.
- Sei lá mano, sei lá - Renatinho desanimado acendeu mais um cigarro.
- Vai se foder mano, esquece essa porra! Vamo ali nas minazinhas! - critiquei ele.
- Vai se foder você, eu vou ficar aqui mesmo - deu uma tragada no cigarro e um gole na breja.

Resolvi puxar as minas. Sei que cheguei lá, falei meia dúzia de groselhas e puxei ela pra nossa mesa. Acho que disse que pagava um drink, ou que tinha um trampo foda, não sei ao certo. Elas se sentaram. Por solidariedade, puxei a feia pra mim, deixei a bonita pro Renatinho "ele precisa bem mais do que eu, e buceta é buceta!" pensava e tomava vodka.

- Oiiiiiiii, você é o Renatinho? - a linda Alice falou.
- Sou sim - ele respondeu - senta aqui, bebe uma breja.
- E aí, que que você faz pra viver?
- Sou designer gráfico, a grana é boa e banca minhas brejinhas hehehe.
- Aiiii siiiiim ein hihihihi e aí curtindo aqui? - ela pergunta já querendo dar.
- Sim sim, suave - Renatinho mente - E você?
- Eu também hihihi muito foda, achei você muito gatinho hihihi.

Enquanto isso eu tava falando pra mina feia que eu tinha o pau pequeno, trampava no telemarketing e se pá tinha AIDS, se pá! Não ia comer aquela porra nem fodendo! Renatinho teve um movimento arriscado.

- Ou Alice, cê é bem gata. Vamos ali no banheiro comigo? Pra gente se pegar e talz.

Na hora eu pensei "fodeo, nem fodendo que isso vá virar, cara louco da porra!" Mas a cada dia que passa as mulheres me surpreendem mais.

- Sim sim hihihi, tava demorando Renatinho!

Os dois sairam, não sei se iam transar, mas iam se pegar, isso com certeza. Renatinho passou pela Gabi, com aquela garota linda do lado, pronta pra dar pra ele. Piscou o olho e falou pra ela baixinho.

- Consigo coisa mais gostosa do que você sua puta!

E prosseguiu ao banheiro, onde transou maravilhosamente.

Zaratustra

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