quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Não... se... atreva!



- Não olhe pra mim desse jeito, você sabe que eu me incomodo fácil com essas coisinhas chatas do dia-a-dia, como lavar roupa e fazer comida... - ela me disse com uns olhinhos de gatinha filhote.
- Não é essa questão chuchu, você sabe que eu também pouco me importo - eu disse, quando fui virar a garrafa de vinho pela goela abaixo ela segurou meu drink.
- Não beba! Você sabe que seu alcoolismo me irrita mais do que tudo!
- Mas amor...
- Amor o caralho, sabe que te quero saudável. Aliás, aquela dieta vegetariana já está sendo colocada em prática né? - agora ela mudou a expressão pra governanta de mansão do Morumbi.
- Claro, claro que sim... - eu disse (mas estava com o McDonalds provavelmente ainda no meu estômago... No dia anterior tinha comido um lanche de bacon, hmmmmm, por Deus, bacon é vida!)
- Acho muito bom isso, muito bom! E as corridas, já começaram?
- Sim meu chuchu, sim, comecei no ínicio dessa semana!
- Mas hoje é domingo!
- Sim, vou começar amanhã, que é quando a semana começa PRA MIM, entendeu amoreco? Linda do papai? Docinho de abóbora? Minha tortinha holandesa?
- Tá tá tá, entendi! - ela disse irritada. - Quero que meu namoradinho esteja com tudo em cima, você vai ver, vou te tornar um cara melhor, você vai viver mais, e aí teremos mais tempo pra ficarmos juntos, meu gatinho branco! S2

Não respondi nada, mas eu amava aquela mulher. Sempre que eu a abraçava eu me sentia no paraíso, era como um airbag de seios que ela tinha, eu deitava ali e poderia dormir, mesmo que eles balançassem às vezes pelo tamanho "avantajado". Sim, escrevi em aspas pra não dar a impressão de que eram enormes, apenas grandes hahaha... Ahh e que coxas, que belas pernas aquele espécime tinha... Ai ai, a vida era boa, ela não sabia cozinhar, nem limpar a casa, ainda por cima queria me ver saudável, coisa que sempre passei longe! Mas foda-se, ela era uma mulher sensacional, e sempre que eu pensava que ela estava tentando me controlar eu lembrava do meu pai que me dizia "Filho, algum dia você vai conhecer alguém que vai te colocar na linha... Assim como sua mãe fez comigo hehe!" E sim, talvez tenha chego a hora de criar o mínimo de juízo e responsabilidades. Afinal, não é isso que todos faziam, casar e ter filhos e ser saudáveis e tudo mais e tudo mais e almoço de domingo na casa da sogra? Eu alguma hora teria que me encaixar nisso e Aninha me controlava bem, Aninha sabia como fazer isso comigo.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

Eu tentava aos poucos ir me adequando àquele ritmo, mas infelizmente era muito difícil, mas ainda assim os resultados iam aparecendo. Fazia minhas caminhadas/corridas diariamente (isso era no fim das contas o mais fácil), não comia carne (ao menos carne vermelha eu tinha diminuído drasticamente) e não bebia mais... tanto... minto, ainda bebia pra caralho, quase todos os dias. Diminuí com o alcool em uns 30%, o que é pouca coisa, porque pela quantidade de alcool que eu ingeria, seu eu diminuisse 80% ainda seria alcoolátra!

Lembro que naquele dia eu acabara de ser promovido no trabalho, estava me sentindo muito bem, se tivesse tocando uma música naquele dia seria Sowing the Seeds of Love do Tears for Fears, estava mesmo empolgado e iria sair pra festejar com meus amigos. Cheguei em casa, ela estava lá, passei por ela sorrindo, fui na geladeira, peguei a Itaipava mais gelada que encontrei, voltei à sala, quando eu estava de saída ela me interrompeu.

- Aonde o senhor pensa que vai!? - o olhar malvado dela me furou de novo.
- Vou sair pra beber com o pessoal... Aquela comemoração do meu trabalho, lembra que te disse pelo telefone?... Chuchu? - eu disse com biquinho nos lábios.
- Sim Carlos, mas você não me disse que iria sair pra beber! Que porra de Itaipava é essa na sua mão? Tá louco, isso vai foder a tua rotina!
- Só por hoje minha flor de lis, hoje é um dia diferente. Por favor? - olhei ela como um gatinho filhote.
- Não! Me dá essa merda, e é melhor não beber hoje! - ela estendeu a mão, esperando que eu entregasse a latinha.
- Não... se... atreva! Vadia!

Saí batendo a porta e sem olhar pra trás, eu queria mais é que ela se fodesse, eu ia acabar arrumando outra melhor. Naquela noite eu bebi tanto que não lembro de nada por uma semana, só sei que quando voltei do meu apagão alcoolico ela tinha sumido da minha vida, assim como todas as outras. Cheers e mais uma dose!

Zaratustra

Nenhum comentário:

Postar um comentário