segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Emoção forte!



Estávamos em casa, bebiamos. Eu fumava muito, estavam todos muito ruins já. Estava tudo normal, bêbados, zona, esse era nosso normal. Gostávamos disso, isso era bom. Enfim, a gente tinha um amigo que era policial, ele estava de folga, mas ainda assim armado. Ele, já bêbado, pegou a sua arma, e nos mostrou.

- Essa belezinha é uma .40 automática. Mata bem rápido. Um tiro no peito e é fatal!

Nos mostrava e ficava admirando ela, alisando, tinha brilho no olhar quando brincava com aquilo, realmente ele gostava daquela merda. Eu dei um gole grande na vodka pura, um trago forte no cigarro. Olhei pra arma e pensei "porque não né?" e lancei.

- Pega essa porra e finge um enquadro em mim! Agora! Quero ser enquadrado!

Levantamos, ele me colocou na parede, me revistou com violência.

- VOCÊ TEM PARADA AÍ SEU FILHO DA PUTA! ME DÁ A PORRA DA PARADA CARALHO! SEU CRETINO, MOLEQUE!
- EU NÃO TENHO NADA PORRA!
- NÃO GRITA COMIGO CARALHO!
- DESCULPA PORRA, EU TÔ NERVOSO!
- FICA QUIETO E DE BOA MANO! ME ENTREGA AS PARADAS!
- EU NÃO TENHO PARADA, JURO QUE NÃO TENHO!

Nisso ele sacou a arma, engatilhou ela, meteu no meu peito. Pela primeira vez na vida eu tinha uma arma no peito, prontinha pra me foder. Me entreguei ainda mais à simulação.

- ATIRA PORRA! ATIRA! ME MATA PORRA!
- VOCÊ QUER MORRER SEU FILHO DA PUTA, EU VOU ATIRAR!

Nisso ele ameaçou atirar. Num momento, talvez pelo alcool no nosso sangue, achei que ele ia atirar. E nessa hora a emoção foi forte. Fechei os olhos e pensei "vamo seu filho da puta, atira, acaba com tudo, me mata!" Mas ele, como era meu amigo não atirou, só ameaçou. Naquele momento, raro momento, a emoção foi forte. A sensação de ter uma arma no peito é muito boa. Vou repetir mais isso. E torcer pra na próxima vez que ele atire e a gente vê o que dá!

Zaratustra



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