quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Desinteressante, sem futuro e a esponja



Nos últimos tempos eu estava me sentindo o fracasso em pessoa, meu pai me dizia sempre que eu era um fracasso, havia perdido alguns amigos que me ajudavam a beber menos, que me incentivavam quando eu precisava e me seguravam quando eu exagerava... Estava com um amargor estranho na boca, não suportava os puxas-sacos, aqueles malditos do meu trabalho que chupavam os cus dos chefes, que queriam que eu me fodesse, que não me ajudavam.

Estava desempregado fazia algum tempo, então minha rotina era uma merda, eu na verdade não tinha rotina. Meus dias consistiam em beber, essas eram minha companias, as garrafas eram as pessoas pra quem eu desabafava das coisas. Bebia todos os dias, fumava cigarros, começava nas brejas, depois os cigarros, depois doses de vodkas, vodkas atrás de vodkas, e ouvia um som de merda, aquelas músicas que fodem os corações, que falam dos bêbados e que falavam de amores frustrados. Às vezes, batia uma punheta, mas não tava muito na pegada disso, curtia beber até uma hora em que eu acordasse deitado em algum lugar (me sentia bem quando eu acordava na cama e não no chão). Mulheres, nem fodendo que eu tinha, NEM FODENDO MESMO, porque hoje em dia, pra se ter uma mulher é preciso ter algo em vista, um emprego suave, uma perspectiva, e eu estava no desemprego monstro, ou seja, bucetas iriam fugir de mim naquele instante, era a hora de "aceitar as coisas e ficar solteiro e curtir a solteirice", como dizem, e isso que fazia. Eu havia me tornado um cara sem interesse por nada, e que também não interessava a ninguém. As mulheres me viam e falavam "Nem fodendo eu fico com um cara desse, que nem faz a barba e só fala groselha... Fora que ele bebe pra caralho, deve ter problemas, nem fodendo, nem fodendo que me meto com um degenerado desses", e assim seguia os meus dias, sem ser interessante pra nada e tendo como interesse único a bebida. Nem estudava mais, não lia, não conversava coisa com coisa, estava mesmo alterado, levava esporros por esse estilo de vida destrutivo, além de conselhos. Na real, eu tinha que parar de beber, de me drogar, mas me sentia uma esponja, eu bebia todos os dias e estava bem assim, estava na maciota, satisfeito por ser aquele lixo de pessoa, aquela esponja destruída. Já tinha desistido dos planos de ter filhos, casar, casa própria. Pensava no trabalho disso, várias contas, estabilidade emocional, afff, só de pensar nisso meus culhões já choravam pra caralho, me incentivavam a não fazer essa merda "Eu sei que não consigo lidar com toda essa porra, se fuder!" Pensava enquanto entornava a vodka pura goela abaixo.

Percebi que lutei muito e conquistei pouco, percebi que aquela merda já não tinha sentido mais, aquilo a que chamamos de "viver", percebi que minha vida consistia em alcool, e isso me confortava, isso me fazia sentir bem melhor contudo, percerbi que se eu não fosse alcoolatra eu já teria me matado, teria colocado um fim nessa merda, nessa existência medíocre. O que eu acreditava era passado, havia se tornado meros planos vazios e sem sentido, coisas que não valiam a pena acreditar mais. Por fim, percebi que eu havia me tornado um cara desinteressante, sem futuro e bêbado como uma esponja!

Zaratustra

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