quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O acúmulo



Você tenta, cê tenta ser forte e firme
Cê tenta mostrar que está de boa, que está bem
Mas a insônia bate
E a garrafa de vodka, aquele maldito litro, ele mesmo
Ele te fode também
E as memórias de merda vêm

Achava que tinha jogado aquelas porras no lixo
"Maldição, porque ainda rastejam por aqui!?"
Penso e molho a garganta
Com o litro de vodka
Desisto de desistir
No fim das contas nada mais importa
E provavelmente estarei caído no chão
Ou dormirei nas escadas
E vou acordar com dor nas costas
E reclamar no dia seguinte

Muitos, quando estão mal
Choram
E depois ficam melhores
Tenho inveja desses
Muita, muita inveja deles
Sou um invejoso

Eu tento, juro que tento mesmo
É verdade porra, tô tentando
Chorar
Pois sei que vou ficar melhor
As minhas companias?
Uma garrafa de vodka, cigarros e meus textos
Só isso
Choro, esse não vem

Coloquei músicas tristes
Tentei chorar, espremi os olhos
Tentei me emocionar
Mas é foda, sou amargo demais pra essa porra
As coisas só acumulam e acumulam
Eu precisava descarregar um pouco dessa merda
Chorar seria uma boa
Porque com o alcool só esqueço
E aí depois lembro
E bebo mais, aí esqueço de novo
Mas insisto em continuar a beber
"Tô suave, esqueci das merdas. Let's drink more Fuckers!"
E quando bebo demais
As coisas ruins voltam à mente
E eu queria chorar, mas não sai

Que porra, que porra!
Enxugo lágrimas internas
Molhando elas mais
Com mais um pouco da vodka
Mas isso não adianta
Eu teria que molhar minha cara
Mas não sai

As coisas acumulam e acumulam e acumulam mais
Maldição, maldição filha da puta!

Pra que ser tudo tão complexo,
Se no final nada mais vai importar
Meus vícios, minhas mágoas
Isso não importa para os outros
Pra ninguém
Então não deveriam importar pra mim
Amargo, amargo, amargo
Serei ainda mais amargo
Me farei de forte
Vamos acumular essa sujeira toda dentro de mim
Até o dia chegar
O dia em que eu morrer de coma alcoolico
Ou overdose
Sinto que está próximo, bem próximo

No meu enterro estarão
Meia dúzia de pessoas
Minha mãe (dopada) e alguns amigos
E, morto, pensarei
"Nada importou de nada... Valeu a pena desistir"
Foda-se
Fodam-se as ideias e as coisas
E algumas pessoas
E tudo aquilo que luto
E tudo aquilo que penso
No dia da minha morte (que está próxima)
Tudo o que estava acumulado
Não será mais nada
E estarei vazio
E finalmente, finalmente
Completamente satisfeito!

Zaratustra
 

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