sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Dormir no chão, tragédias e alcool



Essa porra de ideia de dormir no chão estava me fodendo demais, eu precisava parar com essa merda, mas como, mas como conseguir isso? O Carlos bêbado adorava dormir no chão, eu não entendo o porque disso, mas eu também não entendia o porque de muita coisa, eu precisava fazer terapia pra entender, e não fazia, pela falta de dinheiro. Precisava entender o porque eu virava uma atention whore quando eu bebia, merda, eu era só um bêbado carente, era isso. Vai ver que eu dormia no chão por ser um carente, eu tentava chamar a atenção. Enfim, foda-se. Me levantei, preguejei toda a raça humana, minhas costas estavam fodidas, doiam demais, pra caralho, eu estava um caco. Andei com muita dificuldade ao banheiro mais próximo, senti uma dor de garganta, eu iria ficar doente, certeza disso. Dormir sem camisa no chão gelado hahaha que coisa, que coisa genial. Fora que eu bebia tanto que remédios pra gripe não faziam efeito em mim, uma vez que você não pode beber quando toma esses remédios, e eu quero mais é que TUDO SE FODA, e faço questão de beber quando estou tomando remédios. Dei uma mijada, dei a descarga, umas três balançadas no pau foi o suficiente pra que ele ficasse seco, mais do que isso seria considerado punheta. Abaixei a tampa do vaso (sim garotas, lembrei de vocês, fiz minha boa ação feminista do dia), lavei as mãos e me olhei no espelho. Eu estava um caco. Estava mais magro, as olheiras estavam fundas demais, o rosto inchado, a barba imensa, os dentes rotos e podres, a respiração estava mais fraca. Dei uma leve risadinha pensando no meu fracasso, resolvi que não adiantava me preocupar com isso, eu tinha muitos outros problemas além disso, tinha o lance dos traumas de infância, minha relação não muito boa com meus pais, o lance da corda, o suícidio que parecia iminente, mas que de uma hora pra outra foi cancelado... Enfim, eu estava com vontade de tomar refrigerante de laranja naquela manhã (claro que teria vodka no meio, tá tirando?), mas de leve, seria pouca vodka. Montei meu drink, e fui de forma bem tranquila pra sala, assistir tragédias na Sonia Abrão e bebericar mais e mais meu drink. Porra, uma boa vida: tragédias e alcool. Mas eu precisava comer algo, infelizmente não conseguia viver só de alcool, teria que comer. Fui na cozinha, montei um lanche de pão de forma com queijo, pronto, isso seria o suficiente pra passar o dia todo. Comi vagarosamente, voltei pra sala, pras tragédias e pro meu drink de leve. Eu só queria um pouco de paz, eu só queria solidão e me embriagar, e porra, isso era pedir demais? Acho que não. Estava um caco, meu psicológico estava um lixo, eu quis me matar, eu tentei me matar, a corda esteve no meu pescoço, mas não consegui, fui fraco demais pra isso. Agora eu vi que poderia me tornar um alcoolatra, e que a bebida era um prazer tão grande que morte nenhuma valeria a pena. Tragédias e alcool. Excelente combinação!

Zaratustra

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