segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sinatra, vodka e a reclamação contra as pessoas que me julgam!



Tudo começou naquela tarde em que eu lia um pouco de Bukowski e estava reclinado na minha poltrona de pensar e dava cachimbadas de leve, rindo um pouco com a sujeira do velho cafa... Ahhh Buk, você sempre com bons textos pra me animar, mesmo quando eu estava mal, o que era o caso naquela sexta feira amarga. Não tinha planos pra noite, pensei em pegar a garrafa de vodka e me embriagar, e porra, sempre que penso isso, me parece ser uma boa ideia. Solidão; alcool; sossego. São três palavras que tem relação direta entre si, e ainda mais pra mim, ainda mais pra um cara que se dava bem com as pessoas, mas que preferia se esconder às vezes, somente pra pensar consigo mesmo sobre a vida... E ler Bukowski e Norman Mailer e também aquele alcoolatra do Hemingway. Ai ai, a vida era bem divertida, livros, alcool e uma poltrona. Eu não precisava de mais nada além disso.

Resolvi me levantar, coloquei o cachimbo pra descansar em cima da mesa. Dei uma limpada de leve nele, pretendia fumar mais tarde. Cocei o cu de leve, fui em direção à cozinha pra pegar uma cerveja, o lance de só beber vodka estava me fodendo. Brejinhas são excelentes na maior parte do tempo! Abri a latinha, era Itaipava, dei uma talagada grande, me senti mais aliviado, a tristeza estava indo embora, quanto mais eu bebia, mais feliz eu ficava, e eu já não via isso como coincidência. Me dirigi pra sala, busquei um bom som pra ouvir, estava ouvindo muito Ghost na época, mas nessa tarde de sexta eu queria relaxar, por isso coloquei o bom e velho Frank Sinatra. A música era Fly me to the Moon, e eu dançava sozinho feito um retardado mental, mas eu nem ligava, estava me sentindo já bem melhor. Bukowski e Sinatra são a combinação perfeita!

Fly me to the moon
Let me play among the stars
Let me see what spring is like
On a-Jupiter and Mars
In other words, hold my hand
In other words, darling, kiss me


Meu dia estava já ganho, quando toca meu telefone com seu barulhinho chato de BRIM BRIM BRIM.

- Alô.
- Oi Carlos! É o Felipe caralho! Como você está?
- No falar tu lingua, senor Carlos morrio, no falar tu lingua...
- Para com essa babaquice! Sei que é você! HAHAHAHA
- Ok gajo, sou eu mesmo. Tava só te zuando...
- Beleza man, seguinte, vamos fazer algo hoje?
- Sei lá cara, eu estava muito mal, mas ai comecei a beber e a ouvir Sinatra e ler Bukowski. E agora estou feliz. E se eu sair de casa e ficar triste? Fodeo. Não saio daqui nem fudendo.
- Puta merda, você e seu alcoolismo...
- Não me enche a porra do meu saco, sua puta flácida! Eu te ligo pra te dar palpites? - eu disse, de forma violenta e interrompendo ele.
- Ok man, relaxa! Você é estressado pra caralho, devia fazer yoga...
- Não fale assim comigo caralho!
- Beleza cara, beleza... Eu estou de boa. Curti a ideia de Sinatra e drinks. Vou colar ai, pode ser?
- Ok jovem, ok. Mas não vai se meter na minha vida, né sua putinha chupeteira de caralhos?
- Juro que não hahahaha
- Beleza man, beleza. Quando você quiser pode colar.
- Cê tem comida?
- Tenho porra nenhuma... Me alimento de cerveja e moro sozinho. Deve ter uma bolacha em algum lugar aqui, que não sei qual...
- Cara, beleza - ele me disse já de saco cheio - vou levar alguma coisa pra cozinhar pra ti, vou ser sua esposinha vadia ok?
- Se você chupar meu pau e acariciar minhas bolas, por mim ok hahahha
- Vai se foder, sem maldade
- Mas você vai me chupar antes?
- Tchau chuchu, até mais.
- Hahahaha tchau gajo!

Pois bem, ai que continuei nas cervejinhas, quando senti aquela dor no estômago fodida, eu sabia que ia morrer ou pelo fígado ou pelo estômago. Aumentei o som e fui pro banheiro. Caguei com a porta aberta, vocês não sabem qual é a liberdade que se sente quando se caga de porta aberta. É inspirador! O vento corre pelo banheiro, e suas bolas ficam até mais geladinhas, e o cheiro podre da sua cagada fica mais leve. Por Deus, isso sim era bacana. Pois bem, sentei no vaso e comecei a minha labuta, cagar mole o alcool que eu havia ingerido. E enquanto isso, mexia no celular, apenas trivialidades mesmo. Terminei de cagar, limpei meu cu e resolvi me banhar. Sempre tomo banho depois de cagar, isso faz com que eu me sinta mais limpo. Terminei o banho, me enxuguei e voltei pra sala, completamente nu. Coloquei um shorts daqueles de jogar futebol, sem cuecas, as bolas ficaram soltas e livres, e isso é muito bom. Voltei de leve a beber a garrafa de vodka, e ouvindo Sinatra, o garboso de olhos claros. Agora tocava Let's face the Music and Dance.

Before the fiddlers have fled
Before they ask us to pay the bill, and while we still have that chance
Let's face the music and dance


Lembrei de quando eu era só um moleque e não curtia esse som. Hahahaha, a vida estava me ensinando pra caralho, e isso sim era bem bacana. Continuei bebendo de leve minha vodka, pensando coisinhas da vida. Naquela altura eu nem pensava mais em mulheres, mas ainda assim eu me lembrava delas, agora com um sorriso no rosto, lembrei da Liza, da Carlinha, das transas com a Myuki, da outra asiática também, da Joy, e até da minha ex mulher, a Angélica. Eu estava bem mais feliz eu estava de boa, as boas recordações delas se mantiveram em mim, e não me restava mais nada além de torcer pra elas serem felizes, porque eu sei q no fundo, todas me acrescentaram algo, e todas mereciam o melhor. Mesmo que tenham me chutado depois.

Meus pensamentos estavam tão entretivos que quando olhei no relógio já havia passado umas 2 horas que eu tinha tomado banho, e a garrafa de vodka já estava no final. Nisso, Felipe chegou, tocou a campainha com aquele estardalhaço de praxe. E eu só gritava "Já vai caralho! Se foder viu!"

- E aí bonitão, beleza? - ele me perguntou e me deu um abraço.
- Tudo suave...
- Porra man, que belo som é esse que tu tá ouvindo?
- Sinatra jovem, Sinatra... Mas temos um problema. Estou sem vodka já - mostrei pra ele a garrafa vazia e fiz uma cara =/
- Cara, relaxa, sou sua esposinha hoje. Trouxe vodka, macarrão, e adivinhe... Cocaína! Sim, hoje será o pacote completo hahaha
- Porra man, ai sim caralho! Boa! Entra ai jovem!

Ele entrou, colocou a vodka no congelador. Colocou a água pra ferver do macarrão, eu nem tinha tanta fome assim, mas aceitei de bom grado. Montamos a primeira linha na mesa da sala, eu aspirei, ele aspirou a dele e a noite estava começando a ficar boa.

Não gosto de ser julgado, e isso que é o pior! Enquanto eu ia entornando a vodka, eu e ele fomos conversando sobre um ocorrido.

- Pois é cara, ficaram sabendo que o André está cheirando e te culparam por isso, afinal, foi você que apresentou né? - ele me disse, enquanto coçava o nariz.
- Ah cara, sei lá - eu disse já bebendo a vodka - acho o seguinte: quer entrar nessa vida, aceite as consequencias. Aceite ser julgado, o mundo é assim. Eu e você sabemos que não é o fim do mundo cheirar uma linha de coca de vez enquando. Mas a sociedade já pensa que você é um drogado sem futuro, e isso que fode entende? Eu posso ficar meses sem cheirar, não vejo nada de errado nisso.
- Sim cara, eu sei... Mas é que tem gente que a familia enche o saco né? Você taca o foda-se demais pras coisas. Tem que tentar resolver às vezes.
- Eu sei cara, é uma fase minha... Mas me revolta mesmo é a sociedade de merda e hipócrita. Os caras nunca usaram cocaina e querem falar como proceder com essa droga? Vai se foder, fala com embasamento. Isso é o mínimo!

Só sei que esse papo todo me deu vontade de mandar outra linha. Mandei, e continuei o assunto enquanto coçava o nariz.

- E outra: eu bebo, escrevo, dou risada do Buk, danço com o Sinatra, eu vivo, eu cheiro de vez enquando, mas sempre, sempre banco meus vícios. Os caras acham que por eu cheirar eu sou um lixo, mas ninguém fala nada do fato de eu trabalhar 10h ao dia né? Ou das contas que eu pago em casa? Ou do dinheiro que dou pra minha mãe todo quinto dia útil? Ou das vezes que vou visitar meu pai pra cozinhar pra ele? Porra, julgar é fácil demais, quero ver comprovar os fatos! Porra!

Nisso bebi mais vodka, que desceu rasgando com tudo, matando todo o caminho que leva ao estômago. Mas eu nem ligava muito mais pra isso. Só queria beber e cheirar sem ser julgado, como eu sempre fora.

O macarrão estava quase pronto, e a noite ainda estava no começo. Tinhamos tudo o que precisávamos, coca, alcool e bom papo. Ahhhh e Sinatra. Precisa de mais do que isso? Com certeza não. A felicidade estava sendo irradiada de novo!

Zaratustra

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