quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Aceitar a derrota



Acordei sem saber exatamente o que tinha acontecido, tudo o que eu sabia era que o mundo ainda estava girando e as coisas simplesmente não saiam do lugar assim de forma tão fácil. Eu teria que aceitar que às vezes a derrota faz parte do pacote, e de que as pessoas convivem bem com a derrota, e que eu não poderia ser diferente. Eu teria que prosseguir respirando (apesar de não querer), e isso era completamente normal. Naquela noite eu bebia vodka com água, a vodka estava no final, mas ainda duraria por aquela noite, no dia seguinte eu compraria mais.

Pensei que meus amigos estavam bem, com suas famílias, eles não eram brigados, nem nada disso, e não tinha problemas, e nem queriam se matar, e isso me fez sentir uma leve inveja da porra toda. Eu não queria nada além de ser feliz. É tão dificil assim ser feliz? É pedir demais? Droga! A minha felicidade estava em me embriagar enquanto ouvia Sinatra, eu só queria isso, mas não podia, não podia ter isso, eu tinha que acordar todos os dias cedo, ter um emprego, fazer a barba, cagar, foder, comer, sair, colocar sapatos, arrumar o cabelo, escovar os dentes, cuspir no chão de vez enquando, eu tinha que me adequar. Eu tinha que ser parte da massa, eu tinha que respirar ar puro, eu tinha que sorrir e fazer piadinhas bobas nos rolês. Droga! Isso era díficil demais pra mim, e por isso que naquela madrugada eu entornava mais e mais e mais vodka com água, e sentia que alguma hora aquela merda iria matar, e se aquela porra não me matasse, eu mesmo faria o serviço.

Zaratustra

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