segunda-feira, 8 de abril de 2013

Brejas, peitos e quase morte



Era mais um sábado em que eu estava desempregado, em que eu bebia muito e não tinha noção do que fazia com a porra da minha vida. Até que eu tinha um bom dinheiro, amigos eu tinha também, mas ainda não estava feliz. Fazia terapia, mas ainda estava me sentindo um lixo de ser humano, e por isso bebia pra caralho, tentava esquecer do lixo que eu era. Meu nariz foi apelidado de Tamanduá Bandeira, estava realmente foda o rolê...

Havia um churrasco na casa de um amigo meu, amigo careta aliás, mas haveria brejinhas, e me senti tentando a ir lá. Sei que teria vodka, mas eu nem ia beber na real, estava careta de vodka, sabia que ia me segurar, e sim, estava me segurando, ainda mais no início do rolê!

Conheci nesse rolê - esse churras careta - algumas pessoas interessantes. Havia uma garota sensacional, chamada de "Mari". Eu sabia que não ia comer, afinal eu estava bêbado de breja, mas consegui trocar meia dúzia de groselhas com ela, ela tinha uns peitos bonitos, isso mantinha meus olhos bem ocupados na real, e sempre que dava uma golada na breja meus olhos passeavam naquele par de seios. Havia um cara gente fina lá também, veiaco já, acho que ele tinha 32 anos. A história com ele se desenrolou de uma forma foda.

O nome desse cara era Marcelo, chamavam ele de Tchello. Ele me disse que era viciado em cocaína, foi dos 16 aos 24 anos, e havia largado, me senti motivado, bem, na real, vi que eu poderia largar também... Eu e ele bebíamos brejas, o resto estava louco de vodka, e prosseguiámos bem assim, sempre, mas sempre eu dava uma olhada nos peitos da Mari, isso me fazia me sentir melhor.

Bebíamos muito, muito mesmo, eu estava alterado, a breja estava batendo errado. Saímos pra fumar um cigarro. Estava do lado de fora, fumava cigarros e bebia brejas, estava mesmo de boa, e sim, ainda olhava pros peitos da Mari, ela não bebia nem fumava, mas seus peitos me confortavam, sim, nem fodendo que eu tiraria os olhos dali.

Um amigo meu passava, coçava o nariz de forma furiosa... Era o Renatinho, "na pira, com certeza", pensei e traguei aquele Marlboro vermelho com vontade. Ele colou em mim.

- Mano, me arruma três contos?
- Pra que brother? - bebi a breja, estava suave.
- Com mais três contos eu consigo comprar uma paranga! - ele ainda coçava o nariz.
- Mas é paranga mesmo né? Não é pedra?!
- Isso, sem pedra, eu parei!
- Ótimo! Isso vai ser o melhor pra você! Eu tenho o dinheiro, mas se é paranga eu quero também... Vou lá com você!
- Demorou! - ele estava entusiasmado.
- Eu também vou! - disse Tchello de forma espontânea.

Estavámos nós três, num rolê na madruga, num lugar que não conhecíamos, loucos de brejas, e sem medo de morrer. Chegamos num lugar escondido, haviam dois caras bem mal encarados. Chegamos bem perto deles, nos cumprimentamos.

- Querem um cigarro? - ofereci o Marlboro vermelho.

Eles aceitaram, pediram pra gente ir na frente, entrar numa rua deserta, sem saída que lá no fim eles nos davam a paranga. Ok, eu e o Tchello íamos de bouas, mas Renatinho estava apreensivo... Estavámos quase entrando na porra da rua, Renatinho cochichou conosco

- Vamo embora.
- Porque? E a paranga? - questionei.
- Foda-se a paranga mano... Esses caras querem me matar... E se a gente entrar aí eles matam nós três. Melhor vazar. - ele disse da forma mais tranquila do mundo.

Tive medo na hora, até porque olhei pra trás e vi os caras mexendo na cintura, sabia que eles estavam armados, sabia que eles iam atirar na gente pelas costas, eu ia morrer de graça, pois sabia que a dívida de droga era do Renatinho e não minha. Sempre que eu comprava droga era a vista, mas o Renatinho era viciado, ele nunca pagava as pedras que ele fumava. O coração disparou, mas viramos e fugimos dos filhos das putas.

Voltei pra casa do meu amigo careta, eu e o Tchello... Olhei pros peitos da Mari, me senti vivo de novo. Sentei com eles, tomei mais brejas, matei meia garrafa de curaçau blue e depois absinto. Dormi no chão, sonhando com os peitos da Mari e não com a minha quase morte.

Zaratustra

Nenhum comentário:

Postar um comentário