terça-feira, 23 de abril de 2013

As alucinações!



Minhas ideias não estavam sendo boas naquele mês de setembro. Parecia que eu estava mais no fundo, mas eu, que sempre fui um alcoolatra consciente, estava me metendo em buracos e tendo ideias que não faziam mais o menor sentido. O grande sentido do alcoolismo é beber e ficar de boa, beber e dormir, e quando sair de casa pra beber, que ao menos não percamos a carteira ou o celular, se gastamos dinheiro pra porra, isso parece ser o menor dos malefícios, mas perder carteira ou celular realmente me fodia, e estava indo bem nesse sentido. Tinha meus apagões, mas os bons deuses do alcool cuidavam de me colocar na cama certa e de estar ainda com as minhas coisas intactas no dia seguinte.

Mas enfim, como eu dizia, minhas ideias não estavam sendo nada boas naquele mês de setembro, conhecido como mês nove, e na verdade nem sei porque escrevo isso, acho que é só mais uma das minhas péssimas ideias. Havia voltado a beber e a me drogar sozinho faziam cerca de dois meses, depois de me manter careta por um bom tempo. Estava de volta à fase de experimentação, me sentia um adolescente de novo, quando toma o seu primeiro drink e se sente mais homem, se sente com o pau maior de todo o universo, e sim, naquele mês me senti pauzudo, estava no topo do mundo. Tradicionalmente, sempre houve a vodka e a cocaína, e sim, às vezes brincava com maconha também, mas era sempre coisa leve. Mas naquele mês de setembro, decidi chegar aonde poucos haviam chego, decidi colocar tudo no seu limite, que em tese, era seu devido lugar, uma vez que minha vida foi feita pra ser colocada a prova, sou apenas uma cobaia social, testando os limites do ser humano, mas isso é outro assunto que não cabe nesse texto.

Além de vodka, cocaína e maconha, inclui vicodin, rivotril e oxicodona, além de cogumelos e LSD. Costumava usar isso quase ao mesmo tempo, na real eu deixava a maconha como um "curador da ressaca", mas misturava todas as outras coisas. Repito, estava com péssimas ideias, pois eu jamais imaginaria as consequências que essa mistura trariam para meu corpo, e principalmente para minha mente. Em tese eu sabia, mas repito, gostava de testar meus limites, o flerte com a morte me atraia sempre.

Os efeitos eram muito semelhantes, quase sempre, pois quase sempre usava a mesma quantidade. Mas naquele dia eu havia decidido dar um aumento na dose, sempre sozinho claro, uma vez que estava chapando sozinho naquele mês, e que repito pela vigésima vez, havia sido uma péssima ideia. Comecei pelo alcool, claro, depois um pouco de cocaína, vicodin, rivotril, ai o LSD, passei pela oxicodona e fechei com os cogumelos. O efeito foi algo muito rápido. Não eram aqueles efeitos de cinema, de ver pessoas moles, falando em câmera lenta, era uma coisa muito pior. Juro que eu vi uns seres, tinha asas de dragões, orelhas de duendes, tamanho de cachorro, como um pastor alemão e aspecto de borboletas, mas falavam comigo como se fossem malditos psicólogos. Só que eles falavam em latim, e meu latim é péssimo, entendia no máximo um exevo ou um cogito, mas eles pareciam bem atônitos, pareciam querer me passar uma mensagem urgente! Revirei todo meu quarto em busca de um dicionário de latim, mas nada... Minha internet não conectava por algum motivo que só as borboletas-duendes sabem, portanto eu realmente estava fodido!

Ingeria mais um pouco de cocaína, na busca de ficar um pouco mais lúcido, para achar o maldito dicionário de latim, mas os esforços foram em vão, uma vez que na pira do pó eu usava mais LSD e tomava mais vodka pra limpar o gosto forte de cal na garganta. Me sentia como no filme "Medo e delírio em Las Vegas", tudo parecia muito colorido e animado, e juro, por um momento eu peguei quatro facas de cozinha, das bem afiadas, e as voltei contra meu próprio corpo, as alucinações iam me matar, mas as borboletas-duendes pareciam reprimir essa minha atitude. E graças aos bons Deuses dos degenerados que eu estava com as facas na mão, pois nesse momento apareceram uns seres, era uma mistura de harpias, com ursos e leões, esses não falavam nada, mas atacavam as borboletas-duendes com uma força descomunal, dilacerando os frágeis corpos delas de cachorros. Eu ouvia os gemidos delas, atirava as facas, mas só acertava objetos, e isso me enlouquecia ainda mais "será que estou cego, será que é tudo mentira?" eu pensei, mas senti a mordida de um desses seres leão-urso-harpia, e olhei o sangue sair da minha mão! Eu gritei, mandei mais um pouco de LSD e vodka, além de comer mais uns três cogumelos. Me senti seguro pra isso, uma vez que senti a mordida daquele ser, e poderia jurar que era tudo verdade.

As borboletas-duendes se multiplicavam, rondavam minha cabeça, mas eu via elas pouco a pouco serem destruídas pelos ursos-leões-harpias, e me sentia bem mal por aquilo. Decidi acreditar em Deus, cheirei mais umas linhas e bebi mais vodka, além de acabar com o estoque de cogumelos. Me ajoelhei, e enquanto aqueles seres ferozes me mordiam, e eu sentia o sangue escorrer pelo meu rosto, eu rezava de forma fervorosa, como nunca antes, mas sem usar o termo "Deus" e sim "Força Superior". Sim, deixei o ateísmo de lado, e como num passe de mágica, apareceu uma árvore animada gigante no quarto, que portava uma varinha grande também, que tinha na sua ponta a imagem de um sapato dourado. Ela simplesmente encostava a varinha nos ursos-leões-harpias e eles sumiam, deixando nada mais do que ar no local. Parecia que ela os "chutava" dali, e tudo ficou um pouco mais calmo.

Matei o resto do LSD, cheirei o resto da cocaína e tomei mais umas pilulas, mais vicodins e oxicodonas na verdade. As borboletas-duendes ainda tentavam falar comigo, mas suas palavras em latim me incomodavam tanto que eu corria pelo quarto, gritando, em busca de um pouco de sossego. Honestamente, não sei o que aconteceu direito depois que a àrvore gigante fez a limpeza no quarto, só sei que eu corria pra porra em circulos. Caralho, que noite!

Zaratustra

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