sábado, 20 de abril de 2013

Nem sempre é um rolê monstro...



Eu caminhava debaixo daquele puta sol às malditas 8h15 da manhã. Estava ficando sóbrio, só que na verdade eu nem queria, eu queria continuar bêbado. Sim, queria ficar bêbado pela merda de rolê que eu havia feito no dia anterior. Estava com medo de pedir uma cerveja essa hora da manhã no buteco, na real, estava com vergonha de pedir uma cerveja nessa hora, eu sabia que iam me olhar com cara de repreensão e essa cara definitivamente eu odiava! Tomei a coragem de passar num mercado, daqueles que são 24hs, famosos. Peguei quatro latinhas de Budweiser, fui no caixa e passei as compras com uma sobriedade que nem eu mesmo acreditava, acho até que a moça do caixa achou que eu beberia aquelas merdas mais tarde, talvez num churrasco entre amigos, mas na real não haviam amigos e muito menos churrasco, e somente eu sabia que estava sedento para devorar aquele alcool antes das 9h duma manhã de sábado.

Saí do mercado, sentei numa praça em frente, abri a breja e acendi um cigarro. A policia passava, atônita, provavelmente iriam pegar uns bandidos, e sim, eu sei que estava fazendo coisas legalizadas, afinal de contas, um homem pode beber às 8h15 sem ser importunado caralhos! Eu pagava meus impostos e bebia minhas brejas pelas manhãs, e tentava, infelizmente, recordar o rolê do dia anterior, mesmo sabendo que aquilo me deprimia, eu tragava o cigarro e recordava de tudo, e honestamente, sempre que eu recordo do rolê todo é sinal que boooom mesmo ele nem foi... Enfim, a cerveja descia como água naquele fígado danificado enquanto eu lembrava de tudo.

Era uma noite comum de sexta-feira. Eu obviamente não poderia parar em casa, na verdade eu estava bêbado desde quarta à noite, mas isso é outra história. Haviam uns caras que eu acabara de conhecer, do meu trabalho novo. Pareciam ser caretas, mas tinham boa conversa, falavam algumas merdas e sim, eu era com certeza ABSOLUTA o cara mais doido do grupo. Havia um cara, era meio que o principal do rolê todo, se chamava Juninho. Ele parecia ser o mais bêbado, e me chamou pra um rolê entre a alta classe, no bairro dos Jardins. "Bucetinhas limpas de garotas ricas... Nada mal!" pensava de forma inocente, ai como eu sou um cara ingênuo, achando que essas bucetas são mares de alcool em que se entra sem ao menos ter um barco! Mas eu não sabia que essas bucetas são carissimas e que não basta falar meia dúzia de groselha pra foder... Enfim, marcaram um rolê de burguesia, pensei "caralhos, claro que vou!" mesmo sabendo que tudo lá dentro seria caro pra porra.

Chegamos no tal local. O que me foi prometido era o seguinte: vai ter um grupo de pagode, dps DJ de eletrônica, depois dupla sertaneja e por fim um sonzinho black. Parecia suave "se eu beber bem no pagode, o resto eu encaro com uma mão nas costas" pensei, sendo ingênuo de novo, que caralhos, parece que tenho malditos nove anos de idade! Pois bem, entramos no rolê, eu, é claro, fui direto no bar. Analisando o custo benefício dos drinks, verifiquei que eu teria que beber absinto. Estava tudo caro pra caralho, acho que os donos achavam que o maldito dinheiro dava em porras de árvores, assim como o corrimento dá em bucetas de putas. Mas não era assim, pois rico certamente eu não era. Pois bem, me meti direto no absinto. Estavamos em seis, sempre tem o grupinho da brejas, não os condeno, mas penso que balada precisa de algo a mais do que breja. O pior foi um tal de Fabinho, que pediu uma maldita garrafinha de Smirnoff Ice. Eu não controlei meu riso, foi algo espontâneo, tão espontâneo quanto uma gozada precoce no rabo de uma puta rabuda! Saiu como água aquela merda de riso (assim como sai como água a porra no rabo de uma puta rabuda).

- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
- Que foi mano? - Fabinho deu de louco e perguntou.
- Cara, cê tá bebendo Smirnoff Ice mano! Que coisa de viado, sem maldade - sempre uso o "sem maldade" no final.
- Man, é o que eu curto. - ele retrucou.
- Paaaaraaaa mano, seu fígado é de apartamento! - eu disse com um ar de deboche.
- Cê nem me conhece mano, fica na sua - ele foi agressivo.
- Bom, verdade, nem te conheço, mas ao menos sei o que você bebe... - aí comecei a pagar de bêbado chato - bate aqui no meu fígado! Bate! Essa porra foi criada nas ruas, bebe qualquer coisa! De brejinhas a alcool Zulu! - levantei o copo de absinto e dei uma golada.

Ele me olhou feio, até porque todos riram dele, mas ele tinha que ter vergonha e enterrar sua cara na areia, afinal Smirnoff Ice é bebida de mulher ou de viado, e ele não me parecia nenhum dos dois (a não ser que fosse viado né?).

O show de pagode prosseguia sendo um lixo, mas eu tentava curtir, de verdade, tentava mesmo. Nós pouco nos falávamos, haviam os caras nas brejinhas, o viadinho na Smirnoff Ice e eu no absinto. Me incomodava PRA CARALHO o vocal do grupo ficar dando discurso, entre músicas ele filosofava e isso me roia os culhões, de verdade. Eu mandei ele tomar no cu, se foder, parar de falar, calar a boca, mas ele parecia mais interessado em groselhar pra pegar as vadias de lá. Falando em vadias, eu juro que tentei chegar em uma ou outra garota do rolê, mas isso era impossível. Percebi que os caras que pegavam alguém era porque eram bombadinhos, burros (me desculpe o preconceito, mas não consigo pensar diferente) e ficavam elogiando aquelas putas por pelo menos 30min. e isso eu não faria mas NEM FODENDO sim, NEM FODENDO MESMO que eu iria groselhar tanto por uma boceta! Nos meus outros rolês era bem mais simples, só chegava com a barba fedida e elas caiam em cima de mim como se eu fosse um maldito bolo de dinheiro sujo! Mas lá elas gostavam de ser paparicadas e eu, honestamente, queria que elas se fodessem, e nem passava mal de pensar nisso, se elas morressem seria excelente, mas eu sabia que morrer não iriam (acho né) e por isso eu ria dos bombados que davam em cima daquelas vagabundas em troca de beijos fáceis e quem sabe uma noitada numa boceta.

Pois bem, graças aos bons deuses o show de pagode acabou, eu estava já na minha dose X de absinto (na verdade nem lembro que dose eu estava), e começou o show de eletrônica e eu me divertia bem mais. A música era ainda um lixo, mas era com certeza melhor do que pagode, e mil vezes certeza que era melhor do que os discursos do filho da puta pagodeiro. Eu bebia absintos e me sentia bem, mas ainda não estava do jeito que eu achava que o rolê deveria estar "caralhos, já que estou aqui, que continue bebendo!" eu pensava e bebia absinto puro, e repito, o FILHO DA PUTA ainda bebia Smirnoff Ice, e isso me incomodava. Pensei em mandar ele tomar no cu, mas me segurava.

O eletrônico acabou mais rápido do que acaba minha vontade de parar de beber, e eu esperava agora o sertanejo "minha chance de furar essas bucetas burguesas" pensava com um sorriso nos lábios, já meio moles e um absinto na garganta. Mas para minha surpresa subiu outro grupo de pagode, que, eu juro, TOCAVAM AS MESMAS MÚSICAS DO GRUPO ANTERIOR!  E não bastava só isso, o inferno parecia ser um lugar bom perto daquele rolê lixo, sim, isso porque o vocalista TAMBÉM FICAVA GROSELHANDO ENTRE MÚSICAS e por mais que eu mandasse ele calar a boca e se foder, ele continuava naquele rito de merda, e sim, pensei em ligar para o meu pai, iria pedir pra ele colar no rolê e me estuprar, e depois eu estuprava o cu peludo dele, e a gente revezava, ele me comia, meu cu, ainda peludo e eu comia ele, porque isso me parecia ainda melhor do que estar ali naquele momento!

Não resisti e pedi arrego. Não sou de arregar rolês, mas realmente estava foda aquela merda toda. Me despedi de todos, dei um tchau geral pras putinhas burguesas atenciosas por atenção e fui pra minha casa, onde TOCA O QUE EU QUERO E EU QUE FAÇO AS PORRAS DOS DISCURSOS!

Zaratustra

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