domingo, 16 de junho de 2013

De certa forma errado, o Traste!



Acendi meu cigarro e olhei para a paisagem cinza da avenida 23 de maio. Traguei, traguei e traguei ainda mais. Fernandinha estava sentada no meu sofá, ela bebericava vinho. Eu, de cuecas, fui em sua direção e lhe dei um beijo francês. Bebi um gole do vinho, fui na cozinha e peguei a garrafa de whisky barato, acho que era Natu Nobilis. Voltei pra sala, ela me pediu um cigarro, dei. Bebi o whisky direto da garrafa. Ela bebia vinho vagarosamente, inclusive servindo ele numa taça. Não queria ficar bêbada, mas eu queria, e muito. Ela era vegetariana, eu adorava bacon. Haviamos trepado, vi o arrependimento no olhar dela. De certa forma, eu era o errado, ela a certa, a religiosa e eu ateu! Bebi ainda mais whisky e voltei pra sacada, admirando a paisagem cinza da avenida 23 de maio. Não tinhamos assunto, por isso não conversavamos. Eu bebia rápido, ela devagar. Eu era alcoolatra, ela bebia socialmente, em festas e eu bebia sozinho! Traste. Eu era um traste, ela uma dama. Meu bafo de whisky a espantou do meu sofá, ela saiu pegando um último cigarro e colocando na bolsa. Me deu um beijo no rosto. Senti que nunca mais a veria. Voltei pra sacada, acendi outro cigarro, sentia a fumaça dos carros da avenida entrar no meu pulmão. Constatei que estava errado por fazer o que era certo. Bebi mais whisky.

Zaratustra

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