quinta-feira, 27 de junho de 2013

Um pouco de poluição e mais um conto



Eu ainda bebia muito pela manhã quando o telefone tocou insistentemente com seu BRIM BRIM BRIM extremante chato. Merda, era mais uma ligação da cobrança do banco, mais uma conta que eu não paguei e que jamais pagaria, e nunca pagaria mesmo. Ia deixar essa porra caducar e ver se meu nome limpava. Os olhos coçavam, eu estava com sono, eu bebia, e sorria e Carlinha ainda estava comigo, mesmo eu com o defeito do alcool, sim, apesar de tudo ainda estava com ela, e bem. Pois é, eu tinha qualidades muito boas, não era pauzudo, mas isso não é tudo num homem, eu só bebia de ruim, de resto era um cara bem decente. E aquela garrafa de Contini insistia em continuar cheia e por mais que eu bebesse ela não acabava. Fui tomar um ar poluído no centro da cidade...

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Saí do meu ap, morava ali na Alameda Lorena, morava bem pra caralho, do lado da Augusta, do lado da tabacaria que eu tanto gostava, em que eu comprava charutos. Desci a Brigadeiro, ou foi a Augusta, ou foi a Frei Caneca? Sei lá, estava bebendo Contini e não sabia de nada... Desci ALGUMA rua, e isso que importa, e cheguei ali no centro, ali do lado do metrô República. O ar estava poluído, e disso que se trata o texto, de poluição, por isso que eu ressaltei o ar poluído. Encontrei um brother que trabalhava por ali

- Giba! Quanto tempo man! - dei um abraço, sim, e foi efusivo.
- Porra Carlos! Cê sumiu mano?!
- Pois é mano, sai do telemarketing graças a Deus... Tô fazendo milhões na minha área hahahaha
- Aí sim ein. Eu tô nessa merda ainda, mas agora sou supervisor, mando nos filhos das putas e nas filhas das putas que ganham 600 contos ao mês hahaha
- Sucesso ein, seu filho da puta do caralho! Vamos tomar uma qualquer hora dessas?
- Vamo agora?
- Mas cê tá trampando seu viado hahaha
- Foda-se o trampo.
- Certeza? - tentei segurar ele ainda
- Claro! A vida é curta, e outra, sempre bebo durante o trampo hahaha
- Cê que sabe man hahahaha

Fomos num barzinho ali na Conselheiro Crispiano. Porra, encontrei ele na Sete de Abril por mero acaso, juro, mero acaso, ele tava fumando um cigarro, eu tava parando de fumar e a vida me parecia muito boa sem cigarros, somente charutos, isso é muito bom. Sentamos do lado de fora do bar, uma vez que ele era fumante e quando bebia fumava mais e mais e mais e mais e não podia entrar no bar, por causa da lei anti-fumo e talz, e o Serra havia fodido com a raça dele, sim, os fumantes que fumam todos os dias eram mais caçados do que judeus na Segunda grande guerra, ou ainda, mulheres que eram bruxas na época da ascensão do cristianismo, ou ainda, os árabes durante as sete principais cruzadas, acho que me meados dos anos 1.100... Sei lá, só sei que ele era caçado, por isso sentamos do lado de fora e ele já acendeu um cigarro, antes mesmo de pedir a breja. A poluição só aumentava, era a fumaça dos carros, que faziam fila na rua ao lado e ainda dos fumantes às 15h no centro. Pedi uma breja, pensei antes, resolvi que ia de Original, ele concordou e estava tudo certo.

- Grande, me vê uma original e dois copos! - gritei pro garçom, que sim, não era do norte, acho que ele era de São Paulo mesmo.

Ele trouxe a breja, lhe dei um tapinha nas costas em agradecimento, ele sorriu, sei lá porque, mas sorriu e acho que a mulher dele devia estar prenha e isso que devia ter deixado ele feliz. Fora que ele não bebia e não batia na esposa, acho que a vida dele ia bem... Divaguei! Servimos os copos, brindamos e bebemos. Porra, puxei assunto, sou expert nisso.

- Man, cê ainda está com a Fabi?
- Tô porra nenhuma - ele jogou a fumaça do cigarro pro lado, fumante educado - tô solteiro! Hahahaha vamo pra noite man!
- Mano, até posso ir pra noite, mas sem mulheres... Estou sério com uma garota...
- Merda! Chave de buceta, só pode! Que porra de garota é essa? - ele ainda jogava a fumaça pro lado.
- Nem é isso cara, ela é bem legal mesmo, nos damos muito bem e isso está virando e está sendo bacana e estamos gostando por enquanto.
- Porra, achei que você seria o solteirão convicto hahahaha.
- Também achei, também achei...

Muitos carros trafegavam, meu pulmão chorava e ainda rolava muita poluição lá no centro e caralhos, não tinha como evitar, estávamos poluidos e isso era tudo e não restava mais nada a fazer, a não ser beber. Acabou a breja, não que eu queira esconder as coisas, longe disso, mas o assunto estava enfadonho mesmo, sério. Resolvi pedir uma dose de vodka pra mim, ele continuava nas brejas, ele ia trabalhar e eu não.

- Preciso voltar pro trampo mano! - ele disse, ainda fumando, acho que ele fumava uns 3 maços por dias, ele apagava um cigarro acendendo outro, isso ia foder ele, ele morreria de câncer no pulmão.
- Ok, eu tenho que beber em casa hahahaha isso é melhor pro meu bolso.
- Vamo embora.

Lembro que bebi a dose de vodka enquanto misturava com o Contini que eu levei e puta merda, aquilo me bateu como um furacão bate numa cidade. Fiquei alterado, apaguei, dei de bêbado fraco, sim, dei de fracasso, mas ok. Acordei na minha cama com mais um conto escrito e pra mim estava tudo bem ^^

Zaratustra

Nenhum comentário:

Postar um comentário