quarta-feira, 22 de maio de 2013

Esperança



A esperança insiste em bater as asas sobre a minha cabeça, circulando de forma bem perspicaz, me fitando com aqueles olhos de lince, aguardando alguma reação positiva. A olho, de uma certa forma me sinto incomodado, aprisionado, obrigado a me mexer de alguma maneira que não seja retrógrada, que não seja tão infame como eu venho fazendo ultimamente. O sol ainda está de rachar, sigo em direção ao boteco, a esperança me segue. Meus trocados sempre são convertidos em bebidas, bebo tudo o que tenho e tudo o que tenho é a bebida. Como se eu fosse um criminoso pelo fato de ser tão niilista, sou olhado de forma repulsiva pelos olhos de lince, ainda esperançosos, enquanto tomo outra dose de conhaque por um real. A esperança busca contaminar um corpo já infestado, já empestiado por tudo o que se pode julgar como "errado" e "imoral". Saio do boteco, com passos vacilantes, tento chegar em algum lugar. Não consigo. Me deito e aguardo a esperança sair do meu raio de alcance, antes que eu comece a atirar pedras contra ela. Mas ela não sai. Permanece ali no alto, em contraste com o sol de rachar e aguardando a minha reação. Foda-se.

Zaratustra

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