segunda-feira, 6 de maio de 2013

Feliz aniversário e a decadência!



Foi naquele dia cinza de maio que me bateu uma depressão. Afinal, Paulinho tinha exatos 22 anos, na verdade comemorava 22 anos, e eu tinha, naquela altura da minha vida, também 22 anos. E eu estava destruído, estava acabado mesmo, e ele estava bem, estava bonito na verdade, e foda-se, eu falo que um homem é bonito quando ele realmente é, e Paulinho estava muito bem mesmo, e eu um traste. Fiquei triste, mas a vida é isso. O alcool e as drogas haviam me destruído, e ele se cuidava, ou seja, eu estava fadado a estar fodido, ele não.

O caos já havia se instalado em mim, não me sentia muito bem. Eu vivia e fazia meu próprio inferno, meu próprio caos. Era alcool em cima de alcool, bebia demais mesmo naquela altura da minha vida, 22 anos e alcoolatra, excelente, excelente mesmo! Todos, sem exceção, me pediam pra parar, pra largar o alcool e as drogas, mas eu gostava, era dificil. A cocaína tinha me pego de jeito, eu não largava ela por porra nenhuma. O alcool também, meu fígado estava bem fodido já. Lembro que eu cagava mole dias e dias seguidos, maldito, maldito seja o alcool! Eu sabia que dentro de alguns anos eu estaria fodido, não precisava que as pessoas lembrassem que eu entraria num caos maior, numa decadência monstra... Lidava bem com o fato de morrer cedo, ou fazer hemodialise, me parecia algo sensato.

Enfim, esse espiral de pensamentos me perseguia naquele aniversário, em que aliás, eu bebia absinto, estava tentando ver a maldita fada verde! Todos na maciota, meus amigos eram bem na maciota se comparados comigo, eu estava estourando. Paulinho bebericava brejas, todos na brejinha na verdade, bem tranquilos, e eu no absinto. Meu fígado chorava, mas as pessoas se divertiam comigo bêbado, ou seja, foda-se, ia me manter bêbado naquele aniversário. Bebi como uma esponja, deitei na calçada, nem sei quanto deu a porra da conta, e as pessoas insistiam em me falar para parar de beber, eu, deitado na calçada, ouvindo coisas do tipo "cê tem que parar com isso, vai se foder..." "larga essa vida de alcool, isso nunca leva a nada" "cê viu o que aconteceu com o Fulano que bebia pra caralho, teve que se internar" Eu na verdade ouvia aquilo tudo com muita compaixão, gostava do carinho e da atenção do pessoal, sabia que eles queriam o meu melhor, mas largar, affff, ainda não né? Estava preso ao alcool e às drogas. Destinado a decadência? Talvez, mas nem valia a pena pensar muito nisso... Meu fígado morria e eu vivia, e as coisas seguiam de forma bem honesta!

Zaratustra

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