terça-feira, 21 de maio de 2013

O Inferno



Eu durmo e respiro apertado entre as paredes fedidas do inferno, procurando algum trocado pra beber com dignidade, mesmo que eu caia na sarjeta pela manhã. As cortinas que eu tinha foram sujas com vinho barato, ou ainda, vodka que parece alcool puro, ou ainda, aroma de charutos finos, ou ainda, gorfos de remédios pra insônia. Não me resta opções. Eu nado no inferno, rastejo, sinto seu aroma, converso com seus habitantes, e me espremo pra me adequar, pra não ser mais espremido ainda. Através de cigarros paraguaios e cachaças puras, sinto uma pequena dor no peito, mas ainda assim vivo, vivo e respiro. A dor na garganta, as paredes vermelhas que eu manchei, o sentimento de claustrofobia, nada está resolvido. Nada nunca se resolve, apenas tenho pequenos respiros, pequenas esperanças que o inferno insiste em esmagar e eu insisto em fazê-las nascerem. Enquanto houverem agentes que me façam criar esperanças no inferno, manterei minha sanidade ainda intacta. Por mais que as paredes estejam sujas, essas paredes vermelhas que me espremem, que me fodem. Deus! Espero que a morte seja mais suave do que isso. Que a morte chegue quando eu estiver dormindo, porque sei que acordado o inferno vai me espremer até que eu não respire mais.

Zaratustra

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