quarta-feira, 15 de maio de 2013

Completamente louco e a tentativa de ir pra outra dimensão



- Merda! Merda, merda, merda!

Sempre quis começar um texto com muita merda. Mas era verdade, eu gritava isso como uma criança grita com os pais por querer um sorvete e eles não darem. Por Deus, aquele isqueiro queimava muito meus dedos, Doiam pra caralho. Não pra caralho, e sim PRA CARALHO! Acho que agora está mais claro. Perdi com certeza ao menos umas 3 impressões digitais, mas nem me preocupava muito com isso, nem com as bolhas no dia seguinte. Acho que o pior das bolhas é que não conseguiria digitar muito bem, ou seja, escreveria com bastante dificuldade. Mas tudo bem, ainda teria muitos dias para escrever mesmo. E escrita muitas vezes me enchia mesmo, era uma atividade enfadonha, mas que me ajudava a ficar bem entretido naquela tarde de sábado.

Meus pensamentos me deixaram acordados por 35h seguidas. E, caralhos, eram pensamentos tão intímos e particulares, que não conseguia juntar palavras para explicá-los. Eu não via palavras nos meus pensamentos, muito menos sentido. Eram imagens, de uma certa forma aleatórias. Não havia um nexo, mas eu as degustava com muito prazer e entendia o que elas queriam me dizer. Entendia de uma forma como se eu fosse um maldito gênio, alguém que via além da vida, que via outro ângulo. Mas eu bebia muito pra ser gênio. Era só um completo louco! Somente isso. As pessoas me falavam quando me ouviam "Carlos, você está enlouquecendo... Procure se tratar, procure um médico, sei lá" Mas em contraponto eu pensava: "Peraí. Se eu estou louco, e me trato, ai volto a pensar como eles. Como todos os que me consideram louco... Mas o que é o certo? O que é o errado? É possível eu estar certo, e eles errados? É realmente isso possível?" Pensei que eu não deveria abandonar minha loucura. Nietzsche já nos disse no seu "Genealogia da Moral" que o que define um homem virtuoso de um homem vicioso não pode ser explicado de forma tão direta como é. Os próprios sãos e intelectuais dizem que "Sua palavra e seu poder de decisão é o que você tem de mais importante" Vou largar o que eu tenho de mais importante? Não. Se acham que eu sou louco, que represento perigo para mim mesmo ou para a sociedade, que me internem num maldito manicômio. E podem ter certeza, que ainda lá eu ficaria num canto, com os olhos arregalados e escrevendo em folhas de rascunho toda a minha loucura. Cuspiria os remédios. E foda-se, que me dessem choques então! Jim Morrison era louco? Friedrich Nietzsche era louco? Arthur Schoppenhauer era louco? Arthur Rimbaud era louco? Honestamente, pra todos sim, menos pra mim, e mais alguns outros caras e minas que são completamente malucos e afetados.

Não queria mais ficar desse lado da vida. Estava cansado. Era tudo sem graça, e tudo fácil demais. Se quer uma mulher, vai-se num puteiro. Um bom emprego, é só entrar numa boa faculdade. Amigos são consequências do sistema de ensino, ou da sociabilidade inevitável. Ter carros, casa, filhos, esposa? Isso tudo pra mim soava muito sem graça, mesmo não sendo fácil. Muito chato. Cair nessa rotina. Eu precisava alcançar outra coisa. Eu sabia que a vida tinha mais a oferecer do que isso. Tentei alcool, sem sucesso. Drogas, sem sucesso. Eu somente bebia ainda, com as drogas estava devagar. Pensava nesse outro lado "Será a morte? Será a maldita morte esse outro lado?" Às vezes por isso queimava os dedos. Tentava sentir menos dor, tentava chegar mais perto da morte, sentir seu cheiro, brincar com ela, conversar. Queria saber se ela tinha algo pra me oferecer que a vida não estava conseguindo. Mas sei lá, isso ainda era pouca coisa. Precisava brincar mais, chegar mais longe, morrer por cinco minutos e voltar, assim como naqueles casos paranormais. Mas isso não acontecia e eu permanecia nessa dimensão ainda.

Zaratustra

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