quinta-feira, 9 de maio de 2013

Medo de se apaixonar?



Estava mesmo começando a gostar da Carlinha, e porra, isso realmente me preocupava. "Por Deus, eu estava bem, bem mesmo, adorava minha vida, estava feliz e tranquilo, porque aparece uma mulher agora, porque???" Eu me questionava sem esperar uma resposta enquanto bebia conhaque com contini, a tradicional maria-mole. E sim, minha vida estava bem foda. Havia sido promovido no meu trabalho, bebia bem, as vezes rolava uma droga, mas estava na maciota, essa era a palavra: maciota. Nem pensava em mulher, pensava em transar bastante, foder o maior número de fêmeas, e só isso. Me apaixonar? Nem fodendo, nem fodendo mesmo!

Me levantei do sofá e fui na sacada do meu apartamento. Acendi aquele Marlboro vermelho que queimava bem na minha garganta. Bebia a maria-mole pra ajudar a amaciar a fumaça do cigarro que entrava no meu pulmão. Senti um catarro, catarrei com força no ralinho da sacada, vi algo meio marrom "caralhos, estou cagando pela boca agora?" Pensei, sabendo que eu falo muita merda, mas imaginei que era sangue esquisito e só isso. Enfim, havia desviado meus pensamentos da Carlinha pra pensar no catarro "Talvez eu nem esteja tão apaixonado hahaha" Ri bem alto.

A Carlinha era o tipo de mulher que não se acha fácil. Haviamos saído três vezes. Tentei foder ela nas três, mas sem sucesso. Lembro principalmente da segunda vez. Nos beijavamos loucamente no sofá do meu apartamento, fui descendo levemente com a mão em direção a sua calça jeans, bem surrado alias, mas que vestiam bem naquela bunda maravilhosa. Consegui abrir o botão, quando tava no ziper ela puxou minha mão gentilmente e a colocou no seu rosto. Tentei de novo, ela me mordeu nos lábios, cessou por um instante os beijos e disse "Nananina não mocinho hihihi" Nem respondi nada, aceitei, fazia parte, mas estava determinado a fode-la algum dia. Ela lia Bukowski, Nietzsche, Schoppenhauer, Thompson, Ginsberg, Kerouac entre outros escritores marginais. Gostava de ouvir grunge, MPB, as vezes um metal. Nos dávamos muito bem mesmo! E era bem desenhada. Nada no estilo modelete, não tinha um corpaço, mas seu corpo era interessante. De brinde ainda dizia que eu era pauzudo, mesmo sem nunca ter visto. Segundo ela "seu pau faz um bom volume nas calças... Deve ser grande!" o que de fato era mentira, meu pau certamente era menor do que minha inteligência e meu alcoolismo!

Enfim, eu bebia mais e mais maria-mole, tentado a ligar pra ela, pra conversar mais sobre a literatura marginal, sobre os grandes filmes que gostavamos, mas eu sabia, eu sabia que não poderia me apaixonar nessa altura da minha vida. "Pra que namorar, pra que? A vida está boa sem relacionamentos sérios. Mantenha-se assim Carlos, mantenha-se!" Pensava enquanto tragava mais um Marlboro e via as pessoas como formigas do alto do meu prédio. Resolvi naquela tarde que não iria prosseguir com aquilo. Ela ainda me chamou algumas outras vezes, mas eu sabia que não valia a pena se apaixonar enquanto tentava foder ela. Menos uma buceta, mas apareceriam mais, e tudo prosseguiria como deve ser. Sem Carlinha, somente com o alcool e meus textos enfadonhos.

Zaratustra

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