terça-feira, 7 de maio de 2013

Nada além de um canalha



Quando eu acordei, abri os olhos com muito cuidado. Ela ainda dormia, com o corpo coberto levemente só pelo lençol. Me levantei com muito cuidado, peguei minhas roupas que estavam esparramadas pelo chão, desviando das latas e garrafas que atrapalhavam meu caminho. Caralhos, o quarto estava uma zona! Os sapatos levei carregado nas mãos, e segui nas pontas dos pés em direção ao banheiro. Tive culhões para escovar os dentes, mas nem tanto pra tomar banho, só dei uma lavadinha básica no pau e estava tudo certo. Eu havia me tornado somente mais um canalha, mais uma transa que as mulheres se arrependem e choram depois. Um cara que as mulheres usavam pra mostrar pros seus pais "viu, viu como odeio vocês! hoje sou só uma vadia que transa com bêbados e degenerados, como o Carlos!"... Fiquei um pouco abatido, mas depois pensei "bom, ao menos tenho sexo né?" Enfim, era melhor eu ir embora.

Fui na cozinha e tive culhões de pegar a última cerveja que tinha na geladeira, restos da noite anterior. Comecei a escrever um bilhete:

"A NOITE PASSADA FOI FODA... MUITO BOA! EU TE LIGO EIN?"

- Que mané bilhete hahahaha. Foda-se essa merda...

Amassei o papel, guardei no bolso. Nem valia a pena ficar de declarações falsas. Seria melhor escrever algo do tipo "Até nunca mais, valeu a buceta ein!" Mas isso soaria um pouco grosseiro... Enfim, abri a porta com todo cuidado, calcei os sapatos. Saí de lá me sentindo um preso que pega liberdade condicional, estava muito bem. Abri a cerveja, acendi um cigarro e ainda tinha fôlego pra ir pra outro boteco tentar repetir o processo. Me sentia vivo!

Zaratustra

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