quarta-feira, 3 de julho de 2013

Um pouco de sono, um pouco de alcool e... Bom, a mesma ladainha de sempre!



Eu era uma maldita aberração! Claro, claro que eu era, como a metamorfose do Kafka, o Godzilla que curtia subir nos prédios pra pegar vadias loiras, ou ainda, os X-Men, que eram excluídos por serem diferentes. "Sem drama Carlos, sem drama" havia voltado a fumar faziam uns 2 dias, acho que pelo tédio, e pela vontade de ir morrendo devagar. Quanto mais eu fumava, mais cedo eu morreria, ou poderia morrer. E isso parecia uma forma de suícidio até que bem legal, até que bem bacana mesmo.. Acendi um Marlboro vermelho, puxei com tudo, traguei e soltei o restinho da fumaça numa linha bem firme e uniforme de fumaça azulada no ar. Quanto ao alcool, até que eu estava tranquilo, bebia brejinhas, sim!, sempre as brejinhas que sempre me ajudam a fazer tudo melhor, é como a minha água, me hidrata e me deixa feliz e me faz mijar e eliminar toxinas e talz, e cagava fedido, mas era bem aliviador e, porra, essa era uma das alegrias de um alcoolatra: cagar as brejas!, isso claro, além de dormir no chão e acordar de ressaca né?... Enfim, lembro que meu passatempo era assistir o Marcelo Resende falando das tragédias, eram 3 horas por dia de um programa só com tragédias, e dava uma audiência da porra e todos viam, e eu queria ser como todos, e por isso eu via... Eram sobrinhas violentadas por tios, filhos usuários de drogas que batiam nas mães, garotos da Bolívia que morriam por chorarem num assalto, além dos protestos, e das reformas políticas, a cura gay, a PEC, a Dilma, o vinagre (que andava meio esquecido, ali no armário), ainda importante. Isso me enchia o saco, estava cansado do mundo, e principalmente das pessoas, e das pessoas amando pessoas e de mimimis e escrevendo "Amorzinho" na agenda do telefone pra falar pelo Whatsapp. Porra! Parece que tem 15 anos! "Amorzinho" é o caralho, coloca nome e sobrenome nessa merda e age como um adulto, cheio de pelos na cara e com a dignidade necessária. Deus, eu estava revoltado, e prosseguia bebendo brejas e fumando cigarros e todo aquele suícidio que eu sempre falo mil vezes e que é redundante, mas que eu penso "Foda-se, vou escrever 589 textos iguais e ainda assim me chamarão de gênio!", eu poderia estar certo, mas acho que tinha mais chances de estar muito, mas muito errado mesmo. Gênio não, alcoolatra sim.

As brejinhas estavam me dando sono, e ainda faltava uma hora pro programa do Marcelo Resende acabar, o Cidade Alerta, e as sirenes dos PMs ainda ecoavam no meu quarto, ouvia a TV no máximo, e foda-se os especialistas em saúde dos ouvidos, e os ossos internos, o tal do osso do martelo e talz, foda-se, eu nem de biológicas era, e honestamente já nem sabia o que era um citoplasma, ou um zigoto ou todos aqueles nomes difíceis de biológicas e tudo o mais. Onde parei, onde parei, sempre divago, sempre divago, merda! AHHH SIIIMM! No sono, parei no sono, estava com sono, e o sofá estava bem aconchegante... Brejas de merda, haviam me fodido, queria ver todo o programa do Marcelo Resende. Me levantei, peguei a vodka, na garrafa mesmo, no gargalo, puro e quente, e aquilo descia como lava na floresta, queimou os olhos, os rins, o esôfago, o intestino delgado, o intestino grosso, O FÍGADO, jamais poderia esquecer dele, e os bronquios e tudo mais (até que manjo bem de biológicas). Adormeci com as sirenes tocando, e sabia o fim da reportagem. "Garoto de 11 anos é preso por fumar crack."

Zaratustra

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