quinta-feira, 4 de julho de 2013

Últimos trocados e nada mais



Chão
Vômito, frio e cansaço
Deitado eternamente em berço esplêndido
No chão, na rua, entre os ratos
Frio e fome
E sede e ressaca
Dor de cabeça e tremedeiras
Vodka pura
Nunca me bate bem

O lixo que está do meu lado, na calçada
E as tiazinhas que limpam às 6 da manhã
Tudo parece incômodo
Tudo parece atormentador e infernal
Tosse com sabor de alcool Zulu
Vômito nas narinas
Lágrimas?
Não, ainda não

É díficil ser alcoolatra
Temos que ter classe
E abrir mão das coisas boas
E das mulheres bonitas e da felicidade
E do amor e da família
Abraçados à solidão
Nada mais
Solidão

Meus últimos trocados
Foram gastos em alcool
Preciso ir pra casa
Não tenho casa, nem quarto, nem mãe, nem pai
Amigos, alguns
Garrafas, vazias
E ainda assim olho
As pessoas às 6 da manhã
Trabalhando
E festejando
Pois sim, hoje é sexta
Dia de comemorar
Merda
O tempo está passando e eu estou morrendo dia após dia
Merda
A morte é menos fria que o chão
Menos solitária
Menos ruim, menos bêbada
Menos alcoolatra

Preciso de uma garrafa
Mas gastei meus últimos trocados
Não tenho mais nada
Nem ninguém,
nem vida
Que a morte seja melhor do que isso

Zaratustra

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