quarta-feira, 17 de julho de 2013

A gostosa impegável



O nome dela era Amandinha. Linda, corpo escultural. Loira, não era loira natural, mas uma boa tintura, mal víamos as raízes mais escuras, num tom castanho pro preto. Sorriso perfeito, dentes alinhados e bem brancos, assim como os olhos (não pela parte do branco, aliás eram verdes, mas digo que eles eram bem alinhados também), e um bom nariz, o nariz era até que bem comum, mas por vezes o comum é bem agradável. E nela era assim. Cintura desenhada, seios fartos, coxas fenomenais, que vestiam muito bem naquele jeans azul surrado. Uma bunda deliciosa e sensacional, o mínimo que um homem queria ao ver aquela bunda era comer ela. E estavámos lá, eu, Beto, Raul e Pedro, quando Luis nos apresentou sua namorada.

- Essa aqui é a Amandinha - ele disse, pomposamente, assim como um vendedor apresenta sua mercadoria, ou um pai mostra o filho que tirou 10 em matemática.

Eu e os caras olhamos os dois. Porra, o Luis não era quase nada mais do que eu e os caras. E acho que ele nem era pauzudo, nem bom de cama, e nem bonito, e nem rico e nem com uma carreira de sucesso, e ainda por cima bebia pra caralho, afinal, ele andava com os bêbados (eu, o Beto, o Raul e o Pedro), e ainda por cima era daqueles bêbados chatos e fracassados e lixudos, e que dormiam em sarjetas. Como um cara daqueles pegava uma garota daquelas? "No mínimo essa garota devia ser louca!" Eu pensei, analisando por experiência própria. Já peguei uma mulher impegável, e ela era maluca, e tentou me matar e se matar e era tretada com a família, mas isso era outra história, que somente resumia uma das maiores verdades universais: Um cara zuado pra pegar uma garota top, ou ele deve ser rico, ou ela deve ser louca. Fato. Sei que eu babava pra cima dela como um cachorro que olha frango na padaria, e ela me ignorava. Ela saiu da sala do ap de Luís.

- Vou ali no quarto, pegar uma roupa e tomar um banho chuchu hihihi - até a risada dela era gostosa - mas volto logo ein.
- Ok chuchu, sentirei saudades - ele disse, piscando o olho esquerdo pra ela.

Ela foi pro quarto, que aliás era uma suíte, o que nos deu mais chance para falarmos dela. Fomos todos pra cima de Luis, curiosos, mas eu tomei a palavra, eu era o melhor orador pra situação toda.

- Cara!? Que porra é essa!? - perguntei, apontando pro quarto
- Minha namorada man... Estamos saindo faz um tempo já - ele disse, degustando sua superioridade.
- Mas cara... Como, me diga como você conseguiu uma mulher dessas! Preciso saber meeeesmo! - eu disse, já olhando quase rindo pros outros caras.
- Ahhh meu, sem segredos. Conheci ela por uma amiga de uma amiga, ela bateu o olho, eu falei meia dúzia de merda pra ela e estamos saindo desde então... Ela me disse que cansou dos bombados e certinhos.
- Caralho! Cara de sorte... Mas ela deve ser louca, só pode ser louca - eu apontava o dedo em riste pra ele, quase ensandecido com tanta loucura.
- Calma ai man! Sim, ela é louca...
- Sabia! - interrompi de forma abrupta
- Mas e daí? Ela é gostosa, honestamente nem é tão boa de cama, mas é gostosa, por onde ando sou respeitado, e isso me faz bem. Pra que acabar com tudo agora? Eu quero mais é que se foda, vou meter nessa vadia até meu pai criar feridas! - ele disse, irritado.
- Beleza, beleza, já tirei minha dúvida... - eu disse, cauteloso - Mas e aí, vamos beber hoje? Tô precisando beber...

Nesse momento, Amandinha saiu do chuveiro, enrolada numa toalha, os cabelos loiros por sobre os ombros, uma cara de safada irremedíavel, a mordidinha clássica nos lábios.

- Chuchu, vamos pra cama? Quero ficar com você mô mô!
- Ok, chuchu, estou indo - ele disse, gesticulando com a mão, pedindo calma pra ela

Nisso ele se virou pra nós, abriu um sorriso largo no rosto, e nos olhou como quem diz "Um convite desses não dá pra recusar, vou ter que ir lá comer ela" Ele nem precisou dizer mais nada. Nem nos despedimos. Demos meia-volta e saímos pela porta da frente.

Zaratustra

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