terça-feira, 9 de julho de 2013

Se afundar, se afundar em trabalho



Cheguei no quarto, olhei as paredes beges, me deitei na cama, liguei o som do celular, tocava Floyd. Olhei pro teto e pensei "Deus, o que vem agora?" Aquele grito em silêncio, após 11 horas de trabalho queria me dizer algo que eu ainda, ainda não sabia. Me revirei na cama, inquieto, pensativo, preocupado e tudo mais. Foi um marco. Um dia ruim, uma semana ruim, um mês, ou ainda, um semestre no lixo pode te empurrar pra algo bom, "Quem diria ein hahaha" Pensei, rindo sozinho.

Decidi que daquele momento em diante me dedicaria ao trabalho, me entregaria a ele, trabalharia 11, 12, 14 ou ainda 16 horas seguidas, se necessário. Foda-se. Eu não tinha mais nada, nada mais para lutar. Perdi amigos, família, mulheres, vida social, beleza e até mesmo a vontade de beber estava diminuindo. Eu não era nada, nada além do meu trabalho, além das 11 horas que eu dedicava a ele. Jurei ser o melhor, melhor em tudo o que eu fazia, em tudo o que eu podia fazer, seria promovido com méritos, e seria melhor também no cargo acima. Ia me afundar nisso, dia e noite, afundado, o céu era meu limite, queria ser o melhor, e ganhar muito mais do que ganhava, pelo simples prazer de acumular dinheiro e ter um bom cargo, e trabalhar mais ainda. Lidaria muito bem com a pressão dos meus superiores, mostraria para eles que eu poderia ser o melhor, que eu JÁ ERA o MELHOR. Me abracei nisso, chegava em casa, jantava uma salada com um frango grelhado, lia alguma coisa e dormia, para trabalhar no dia seguinte. Amigos? Não. Rolês? Também não. Família? Não, não e isso eu já nem tinha fazia muito tempo. Respirava trabalho, e se fosse pra morrer de algo, morreria disso.

Zaratustra

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