terça-feira, 3 de setembro de 2013

Virei a esquina e apaguei o meu cigarro...



Virei a esquina e apaguei meu cigarro, uma vez que o cheiro estava insuportável e a cocotinha que usava uma saia de rendinhas, com pequenas bolinhas azuis num tecido vermelho rouge carmim piscava para mim. Eu poderia chegar nela, bater um bom papo, perguntar se ela tinha ouvido aquele album sensacional do Tom Zé, ou dos Mutantes, mas não estava muito a fim disso naquele dia. Não queria saber de conselhos, nem de flertes, parecia que naquela noite as luzes dos postes me fariam companhia. Dei um sorriso bobo e um pequeno pulo de alegria, socando o vento. Não precisava de consolos, nem de alegrias, o fato de estar vivo já me bastava. A cocotinha piscou de novo pra mim, eu dei outro sorriso, ela mexeu nos cabelos. Eu não me perdoaria se eu não conversasse com ela, a saia dela era muito bonita, e aquele cabelo escuro lambido na testa, aquela carinha de hipster vanguardista ainda me atraia. Aiii, estava apaixonado, eu acho... Passei por ela, evitei me aproximar demais. Nem olhei pra trás. Virei a próxima esquina e acendi um novo cigarro. Traguei, ainda alegre, a noite seria sensacional enquanto eu vadiava pelas ruas escuras da cidade de São Paulo.

Zaratustra

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