sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Eu não morri de overdose (Parte 2)



Eu não morri de overdose. Fiz de tudo pra isso. Já fumei maconha. Já cheirei cocaína. Já cheirei heroína. Já fumei crack. Já tomei doze rivotrils, seis oxicodinas e cheirei duas cápsulas de fluoxetina. Já bebi quinze litros de vodka em trinta dias. Já coloquei traficantes armados no meu carro. Já misturei drogas e senti meu coração acelerar e meu cérebro doer. Já tentei me jogar da ponte quando estava chapado de heroína. Já me escondi embaixo de carros. Já tentei beber todas as bebidas do cardápio. Já tirei a roupa no meio da rua e na frente da polícia. Já coloquei a arma engatilhada de um policial no meu peito e pedi pra ele atirar, mas ele não atirou. Já tentei me matar umas duas vezes. Já pensei em comprar uma corda, inclusive estava olhando em qual lugar da casa a corda não iria estourar com o meu peso. Sim, pensei na forca. Já fiquei três dias acordado direto. Já me puxaram pro abismo e pro paraíso. Já tomei porre por mulheres. Já fiz escândalo e quase perdi meus amigos. Já transei com mulheres lindas, mas também com mulheres feias. Já me apeguei à algumas garotas e já rejeitei algumas que se apaixonaram por mim. Trombei de frente com a morte, cheguei a conversar com ela. Pensei em tomar chá de fita. Pensei em começar a cheirar cocaína todos os dias. Bebi todos os dias por praticamente dois anos. Sim, eu não morri de overdose.

Se nada disso me matou, nada pode me matar. Nada mesmo, nem o desemprego, nem a solidão, nem as mulheres e nem meus problemas familiares. Nada pode me matar, nem mesmo o alcoolismo, nem a falta do alcoolismo, nem mesmo o fato de recusar drogas quando me oferecem. Nem a maconha que eventualmente eu fumo. Nada pode me matar. Abri minhas asas e cheguei no céu, no paraíso. Por favor, não me desçam daqui!

Zaratustra

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