terça-feira, 10 de setembro de 2013

Pela dor que eu vejo nos outros



O som estava alto no meu carro, eu ia a milhão pela avenida amarela, na verdade o asfalto era escuro, mas o amarelo só representa o fato de ter esperança nas coisas (alguma alusão ao filme/livro Mágico de Oz). O carro "voava" e eu estava bem a beça, ouvindo uma das melhores bandas que existem no metal atual, Opeth, a gritaria mesclada com a calma sempre me relaxam. Parei num posto 24h pra tomar um café e depois continuar correndo na estrada amarela.

- Por favor, me veja um expresso e um pão de queijo - eu disse cordialmente
- Claro chefe!

Desnecessário me chamar de chefe, sou só um proletário como ele, mas enfim, isso é o menor dos males da humanidade, e também era desnecessário eu ficar pensando nisso. Meu cafezinho chegou, puxa vida, a fase estava muito boa, a vida estava ótima, eu estava nas nuvens! Meu telefone tocou, não sou de receber muitas ligações...

- Pois não! - atendi de forma seca, mas ainda assim tranquila
- Oi Carlos, é a Diana! Tudo bom?
- Oi Diana tudo ótimo! E aí, o que você me manda?
- Vai ter uma festa na casa da Gabi no sábado, queria saber se você vai... Se fossem outros tempos eu tenho certeza que sim, mas agora que você é um cara que não toma porres eu não sei né hahahaha
- Claro que eu vou! Só porque eu parei com os excessos não significa que não quero curtir mais hahaha...
- Beleza... Vou colocar seu nome na lista então... Mas e de resto, como você está?
- Tô ótimo, ótimo mesmo! Hahaha
- Puxa, que bom, fico feliz por você - não vi o rosto dela, mas senti um sorriso assim (:
- Sim sim, e você?
- Tô indo, acordei meio triste hoje, mas ok...
- Homens? - eu disse quase que interrompendo ela
- Sim, o Fabinho me procurou hoje, abalou um pouco...
- Escuta, isso é mesmo necessário? - meio que interrompi de novo - Tu sabe que o cara namora, que ele é canalha, interesseiro e que só quer te comer, e ainda assim você se abala!
- Eu sei Carlos, eu sei, mas não consigo controlar... Acho que pelo fato de ele ser canalha, isso mostra que ele tem atitude, e isso gera uma atração em mim que não sei explicar.
- Ok, isso até aceito, mas você precisa se valorizar mais! Evolução pessoal é outra coisa! Você não sabe o quanto isso me ajudou...
- Beleza Carlos, beleza, juro que vou melhorar... - ela disse, eu não vi o rosto dela, mas senti um rosto assim =/
- Ok chuchu, tenho que ir agora, estou na minha estrada amarela, não posso ficar muito tempo parado... Depois nos falamos, beijos!

Desliguei o telefone, terminei com o meu café, que já estava frio e o meu pão de queijo, que já estava duro, mas nem me importei muito com isso, acho que no mundo existem males muito maiores do que um pão de queijo e um café que não estão "frescos".

Voltei pra estrada, o meu carro ainda "voava" e eu ainda estava nas nuvens, o som continuava sendo Opeth, a música era By the pain I see in others, acho que as pessoas mostravam suas dores pra mim naquela altura principalmente porque eu cheguei no fundo do poço e me salvei, e agora estava na estrada amarela. Eu poderia estar morto mas era símbolo de redenção. Sabem o quanto é dificil isso? Pois bem, é mesmo dificil. Nada me segurava e de quebra ainda ajudava outras pessoas. Acelerei um pouco mais...

Zaratustra

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