“Você
só fica aí
dia
e noite
batendo
nessa máquina
coisas
que ninguém
sequer
ler
ou
melhor
que
ninguém
nunca
vai ler”
Ela
me disse
irritadíssima
“Tudo
bem amor
tudo
bem...”
Eu
disse sereno
e
entornando mais
uma
garrafa
de vodka
“E
não para de beber
Você
só sabe fazer
isso:
beber
e bater nessa
máquina”
Ela
ainda irritada
pelo
fato de que
realmente
era
isso
o que havia
acontecido
Era
isso o que acontecia
Há
anos
“Tudo
bem
tudo
bem...”
Repeti
sereno e tomei
vodka
barata
direto
do gargalo
Não
uso copos
nunca
usei
odeio
copos
É
mais fácil ir
direto
do gargalo
“Vamos
sair
hoje,
só hoje
tem
uma festa bacana
você
vai se
divertir”
Ela
me disse
“Vão
ter pessoas lá?”
Questionei,
virando outro
longo
gole
“Óbvio,
é uma festa!”
“Então
não vou
me
divertir”
“Para
de ser tão chato
e
anti social
larga
essa máquina
seja
um bom marido
apenas
essa noite”
Ela
disse, já levantando
não
me dava outras
opções
“Tudo
bem, tudo bem”
Me
levantei e
tomei
um banho
Peguei
a primeira
roupa
que eu
vi
Enquanto
ela se maquiava
e
demorava
horrores
Enquanto
isso
eu
seguia bebendo
E
batendo meus
poemas
e
bebendo do
gargalo
Ela
estava pronta e
me
tirou no meio de um
poema
de
frente da máquina
Senti
que trepei e
não
gozei
Cheguei
a tal festa e
vi
muitas pessoas
me
senti como um rato
acuado
num
canto
com
medo
pessoas
me dão muito
medo
E
todas sorriam e
bebiam
drinks
chiques
e caros
Fui
ao bar e
peguei
uma dose de
vodka
pura
Ela
pegou uma dose de
Sex
on the Beach
Me
apresentou amigos
um
por um
vi
várias pessoas
mas
nenhum ser humano
todos
sem brilho
nos
olhos
Todos
vagando como
almas
já mortas
Como
vagalumes
apagados
Como
cachorros doentes
em
sarjetas
Todos
representavam
felicidade
mas
no fundo era tristes
“Porque
isso, por quê?”
Eu
me perguntava
“Vou
ali com umas
amigas
Já
venho amor
vá
dar uma volta
na
festa
tenta
se divertir”
Ela
me deu um beijo
no
rosto
e
saiu
Fiquei
sozinho
entre
muitas pessoas
ainda
me sentia sozinho
Estava
com saudades da máquina
estava
com saudades
de
beber do gargalo
Eu
odeio copos
Um
sujeito me parecia
bem bêbado
e
com os olhos ainda
brilhando
e
ele trazia uma garrafa
de
vodka barata, escondida
E
bebia direto do gargalo
Me
juntei a ele e pensei
“Afinal,
pra que tantas
formalidades?”
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