quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Substituições



Pois bem, ai que comecei a achar as coisas realmente estranhas. Naquele dia, normalmente, eu disse normalmente, e por isso entenda "o de sempre", eu acordaria com uma ressaca das fodidas, e nem pensaria em levantar da cama, a não ser que fosse pra vomitar, ou algo assim, algo relacionado com vômito, apesar que eu costumava vomitar no chão ou na parede mesmo. Então, esse era o meu comum, era o que eu sempre fazia, mas ao invés disso, levantei cedo, bem disposto, vi o sol nascer, depois disso lavei algumas roupas, sai pra correr, contemplando a natureza. Caralhos, eu estava mesmo estranho, eram substituições em cima de substituições. Ainda não sabia se isso era bom ou ruim, só sei que a cada dia que passava tudo ia se tornando mais fácil. O maior gênio da literatura disse uma vez que é necessário coragem pra ser alcoolatra e ainda mais coragem pra não ser. Pois bem, eu havia sido um alcoolátra, funcionou bem pra mim, mas agora estava não querendo ser mais. Ainda batia à máquina alguns textos, me divertia com as reflexões e os poemas, e também os desenhos, uma nova empreitada. Ao invés da garrafa, estava ao meu lado uma xícara de chá. Ao invés do cheiro do cigarro, estava o cheiro de incensos. Ao invés da música alta e depressiva, ouvia um som mais alegre e mais tranquilo, geralmente Tim Maia, Jorge Ben Jor e algumas outras bandas nacionais com positivismo em suas letras. Estava tudo estranho demais, caralhos, era estranho demais. O que eu havia me tornado? Pra onde eu estava indo? O que iria acontecer dali em diante? Honestamente não sei, nem queria saber. Acho que tudo tem seu tempo. Essas substituições iriam dar em algo, e esse algo seria uma nova lição. Foda-se. Bati mais na máquina, bebi mais chá, meditei e cai no sono.

Zaratustra

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