domingo, 11 de agosto de 2013

Coming back to life!



Eu havia chego no limite. Sei que repito isso quase sempre, quase sempre mesmo, mas agora sim, agora sim eu percebi de verdade que o fundo não poderia ficar mais fundo, que de onde eu cheguei não tinha mais escapatória. Era a minha realidade cinza (que nem era assim tão cinza) contra alguma outra coisa que eu ainda não conhecia. Eu havia finalmente cansado de ser o que eu era, de ser aquele traste inconsequente que sempre fodia as coisas. Havia cansado mesmo, estava mesmo motivado a não refazer esses erros que eu sempre refazia após as bebedeiras. Pois bem, o limite apareceu na minha frente. Topei de frente com a morte. Não é uma boa ideia tomar 12 pilulas, entre anti-depressivos e calmantes. Honestamente, acho que não iria morrer, aliás, certeza que não ia morrer, e isso que aconteceu, acabou que eu sobrevivi. Lembro que tudo naquele dia cinza começou de forma tradicional. Bebia pra esquecer alguns problemas que apareceram, e bebia e bebia e bebia ainda mais, quando tive a ideia de começar a tomar pilulas. Tomei e tudo estava prosseguindo muito bem, e fui tomando mais, e tudo o que lembro antes de apagar era o som alto, que tocava Alice in Chains, uma garrafa de vodka e pilulas. Acordei assustado, com um dos meus amigos me acordando da minha cama, apagado. Eu estava completamente chapado, ele achou que eu poderia estar morto e invadiu meu quarto, de forma bem altruísta mesmo, demonstrando como sou amado por eles, os amigos em geral. Ainda chapado estava conversando com os meus amigos, e comecei a chorar, e a falar dos problemas e tudo mais, acho que no fim das contas eu só precisava de alguém pra me ouvir. Sim, encarei os fatos de que eu tinha o emocional de uma garotinha de 14 anos. Era uma merda. Quase fui, eu quase coloquei fim em tudo, mas era uma atitude completamente egoísta, e foi bom que não deu certo. Percebi que pelo menos 90% das pessoas que me conheciam gostavam de mim, eu tinha pouquissimos inimigos, eu diria que eu não tinha inimigos. Era adorado pelas pessoas que me rodeavam, e isso não é falta de modéstia. Conclui que o problema não eram as pessoas. Não. A culpa não era de Angélica (minha ex-mulher), ou de Alice (a asiática virgem), ou de Lisa (a ruiva), ou ainda de Cupcake (a última delas). Sim, elas não eram o problema, o problema era eu, isso estava claro. E estava por vir a Joy, não sei o que daria com ela, só sei que eu tentaria fazer diferente. E se desse errado eu tinha que ter consciência de que eu precisava mudar e melhorar.

Pois bem, o fim quase chegou, eu decidi que precisava de uma mudança. Algumas coisas eu já havia feito, havia largado as drogas, eu diria que definitivamente, pois já tinha tido ofertas e não usei. Estava me dando bem com meu pai, estava quase perdoando ele por tudo, conversavamos muito bem, ele até que estava me ajudando muito com meus problemas, principalmente os emocionais e os de relacionamento e talz. Isso já era uma puta evolução, já estive muito pior do que aquilo, portanto estava bem, só precisava acertar alguns detalhes. Conclui o simples e o óbvio: eu bebia para o tempo passar, oras, eu poderia fazer milhões de coisas pra fazer o tempo passar, que não fosse beber, ou fazer merda. O mundo era vasto. Meditação, corrida, desenho, xadrez, cozinha, estudar a bolsa de valores, ler sobre os reptilianos. Sim, isso é doideira, eu sei que isso é doideira, sempre que eu estava em algum lugar, de bobeira e pensava em algo que eu quisesse fazer mais tarde, eu anotava e depois fazia caralhos. Precisava ser mais calmo, precisava mudar as coisas, eu ia mudar, cansei de foder as coisas. Chega. Coming back to life!

Zaratustra

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