sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sobre a loucura



Amigos, em mais uma madruga louca me surgiu uma ideia. Porque não falar sobre a loucura!? É um tema tão importante e pertinente quanto à filosofia socrática, e merece atenção e reflexão diferenciada. A loucura para mim é algo que existe de forma inconsciente no ser humano. É algo que não percebemos quando se apodera de nós. Além disso, tenho uma visão positiva da loucura. Acredito que ela é algo bom e importante para o ser humano. Sem mais delongas, vamos ao que interessa: a reflexão em si.

Nos bons tempos da minha adolescência, em que explorava a filosofia como uma criança explora uma loja de doces, li uma obra - creio que a mais importante, para não dizer única - de Erasmo de Rotterdam, intitulada "O Elogio da Loucura". A obra é claramente parcial, e destaca a necessidade da loucura ser latente nas pessoas. Alguns trechos até exageram nisso, fugindo demais do racionalismo cartesiano que estava sendo difundido naquela época pré iluminista. Mas de qualquer forma, é uma obra essencial e muito divertida e interessante de ser lida para todos os amantes da enfadonha arte de pensar. Enfim, a partir dessa obra comecei a estimular em mim a ideia de pensar a loucura. Com a "Genealogia da Moral" de Nietzsche, entendi que os conceitos de bem e mal são exageradamente moralistas, e se o mundo fosse somente isso, seria deveras chato e monótono. A loucura é uma válvula de escape da nossa realidade. Em suma, é uma letargia praticamente obrigatória para manter a sanidade.

Então Zaratustra, você afirma que a loucura é o que mantêm o ser humano são? Exatamente! O mundo sem loucura seria tão correto que seria desmotivacional fazer parte dele. Quer entender exemplificadamente? Imagine aquele seu amigo que não faz nada considerado "imoral". Aquele amigo que acorda, trabalha, dorme e segue assim a vida toda. Que não sai de casa, que não se diverte, que não pega uma noite para fazer loucuras. Enfim, aquele cara chato. Se todos fossem assim, a rotina seria uma armadilha fatal para a humanidade, e assim não teríamos motivação para viver.

O que quero dizer é que um pouco de loucura torna a nossa vida mais feliz. A felicidade está diretamente ligada à experiências que fogem à nossa realidade "física", transpondo-nos para uma realidade "metafísica". Essa transposição nos dá a sensação que estamos fazendo dos nossos dias uma experiência única, o que nos faz sentir que a vida vale a pena, pois pode ser aproveitada de forma única. A loucura são as pequenas coisas que tornam nossos dias menos cinzas.

Portanto, sou adepto fiel da loucura. Sou louco convicto, e graças a essa loucura que ainda tenho motivação para lutar pelas coisas e pelas pessoas. Porque se fosse um cético racionalista moralista e epicurista, não iria querer levantar diariamente para encarar mais um dia nesse mundo de merda em que fomos jogados sem termos pedido!

Zaratustra

Um comentário:

  1. Falou tudo,gosto dos seus textos pois foge da monotonia da falta de sinceridade.São realmente muito bons.Valeu Zaratustra.

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