quinta-feira, 8 de maio de 2014

O que não deveria ser publicado #5



Vinho, vinho e mais vinho, e também um pouco de dor nos pés e nos braços. Deus, o nível dos meus rolês estava sempre acima da média, o que quero dizer é que não tenho limites, meus amigos tinham, alguns deles, mas Maycon não. Caralho, foi mais uma noitada daquelas em que sumo do mapa por dois dias. Foi sim divertido, mas por algum motivo, que eu sei qual é, as pessoas se importam comigo. E nesse dia, pós dois dias de rolês, recebi duas ligações e ainda um “esporro” da minha namorada, por ter sumido. Sim, eles se preocuparam, eu não os culpo por isso, mas eu sou assim, eu sumo. A cada dia que passa, sinto menos necessidade do ser humano, de estar com seres humanos, de falar com pessoas, de ver pessoas e me relacionar, e ouvir as pessoas, e ter que falar sobre mim. De fato, sou bem egoísta na maioria das vezes. Sempre falo demais de mim, sempre ouço bem menos do que eu teria que ouvir. Quando uma pessoa não vem falar comigo, eu não falo com ela. Quando uma pessoa não me liga, eu também não ligo pra ela. E nisso se incluem familiares, amigos, namoradas. Não é que eu não me preocupe com eles, mas sei lá. Acho que de fato eu não me preocupo com a maioria dos seres humanos. Se eu ficasse sozinho, sem contato humano por cinco dias, eu não surtaria (e sim, eu já fiz isso, e me senti muito bem). A questão é que quando um ser humano precisa de ajuda, eu estou ali, presente. E sei bem como ser um bom sujeito. Sério. Bizarro esse contraste, eu sei. Mas simplesmente acontece, e oras, eu nunca controlo nada que acontece na minha vida. Estou apenas jogando minha vida pra frente, sem medo, sem pensar demais. Eu me canso fácil demais das pessoas. Ver elas todos os dias, comparecer em eventos sociais, interagir, ter que dar satisfações quanto ao que eu faço da minha vida, sumir e ouvir pessoas desesperadas ao telefone, me incomoda, e PRA CARALHO. Legal da parte deles, mas eu sou assim mesmo, arisco, um verdadeiro bicho do mato. Quando eu morrer, quero que achem meu corpo duas semanas depois, e somente por causa do cheiro.


A primeira ligação que recebi foi do meu irmão, veio com um discurso do tipo “Cara, você está sumido, está tudo bem?” em que eu respondia monossilabicamente “Sim, sim, está tudo bem, e sem novidades” Batemos um papo e ele desligou o telefone. Minha namorada também falou comigo. Eu só tinha visto uns palavrões em CAPS que ela tinha me mandado como mensagem. “Caralho” pensei “Que merda é essa?” Conversamos um pouco, acertamos algumas coisas. Pronto, estava tudo ok. Mais tarde meu pai, com o mesmo papinho do meu irmão “Porra, e aí, e as novidades, devem ter muitas, afinal de contas faz ao menos uma semana que não nos falamos” eu ri de leve, pensando que pra mim era indiferente, a minha semana foi bem tranqüila. Droga. Acho que eu estou errado, não é possível. Todos são o exato oposto de mim, mas eu não consigo ser diferente disso. Merda. Logo logo estarei sozinho, bebendo aos fins de semana sozinho, sem namorada ou amigos, sem familiares me ligando. E então eu me pergunto: será que finalmente eu vou valorizar eles depois que os perder?

Carlos Reis

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