“Tudo
bem, eu te espero aqui”
Eu
disse, quando Tammie me ligou naquela sexta-feira
Eu
estava com fome, havia na frente do trabalho dela um boteco sujo
Adoro
botecos sujos
Sentei
e pedi um salgado
“Custa
2,70” o cara do balcão disse
“Tudo
bem, tudo bem...”
Abri
minha garrafa de vinho e comecei a comer um salgado
E do
meu lado estava uma mulher
que
não era feia, ela era até que bem bonita
bebia
cervejas de 600ml
sozinha
Naquele
bar tocava forró, ela cantarolava sozinha
Eu
somente comia e bebia meu vinho
Ela
atendeu o telefone, colocou no viva-voz
(motivo
que não entendo)
Prestei
atenção na conversa dela
Reparei
na aliança na mão direita, de prata, acho que era um namoro sério
E do
outro lado da linha o namorado falava com ela
desculpas
sem o menor sentido
eu
ouvia o som de boteco ao fundo enquanto ele
dizia
que estava no trabalho
Entornei
mais vinho
Ela
argumentava com ele, debatia, mas por fim aceitava
Ele
devia estar rindo do outro lado
ele
tinha ela na mão
Uma
garota até que bem bonita
Mas
me parecia uma vadia burra
e
como todas as vadias burras
arrumam
canalhas traidores e mentirosos
Mas
ela não tinha outra opção
Eu
não namoraria com ela
Desligou
o telefone
entornou
mais cerveja
começou
a chorar do meu lado
Um
choro tímido, sim, bem tímido
Por
vezes ela soluçava
“Me
dê outra cerveja”
ela
disse ao cara do balcão
ela
ia se embriagar e tentar esquecer o fato
De que
ela era uma escrava de pica
Quando
a cerveja chegou, ela virou um copo numa única talagada
e
retornou (continuou) a chorar
Olhou
pra mim e disse
“Você
tem um cigarro?”
“Não”
respondi, virando vinho
“Posso
tomar seu vinho? Te dou cerveja”
ela
disse, com um sorriso bêbado no rosto
e
cara de quem queria acabar com o namorado
uma
boa traição a ajudaria
“Não,
tenho que ir”
Respondi,
saindo do lugar
e
entornando mais vinho
Carlos Reis
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