quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Expectativas: um mal!



Amigos! Todos certamente já tivemos aquele sentimento na infância, de quando estamos esperando receber um presente, e acabamos ganhando outro. "Porra, queria um carrinho, não uma meia!" A frustração que isso gera é foda demais. E quando somos crianças, tudo acaba sendo mais intenso, mais real, mais difícil de lidar. Só que pelo menos não ficamos remoendo as coisas por dias, chorando e lamentando. No dia seguinte já aceitamos que ganhamos uma maldita meia e esquecemos que queriamos um carrinho. Ahhh como isso era bom. A ignorância misturada com ingenuidade, era isso que nos abastecia, isso que evitava a amargura, evitava que a amargura pudesse de alguma forma surgir.

Mas quando ficamos mais velhos, quando nos tornamos adultos, ainda esperamos o carrinho. E, pior: sempre esperamos o carrinho, mas, para nossa frequente frustração, quase sempre ganhamos meias. Diria que 90% das vezes, acabamos com um belo par de meias, cinzas e sem graça. E temos que nos contentar com essa coisa feia, dando o clássico sorriso amarelo. E, diferente de quando éramos crianças, não nos esquecemos no dia seguinte. A amarguez está enraizada de uma tal forma que não nos contentamos com aquilo, e ficamos remoendo para compreendermos o porque que ganhamos a porra da meia e não o fuckin carrinho! E isso que eu defino, na sua forma mais grossa, de frustração!

Já falei aqui sobre a frustração em si, como lidar com a frustração e como aprender (isso é importante) com as suas frustrações. Por isso que hoje não encaminho minha arma de palavras e sentenças ao mal, e sim ao que provoca esse mal. E o que gera toda e qualquer tipo de frustração? A expectativa claro! A expectativa te abraça com seu abraço frágil, confortável, quente e amoroso, e, quando menos esperamos, nos sentimos com frio, humilhados... Eu diria até mesmo violados! A expectativa te viola, te destrói em milhões de pedaços.

Mas porque criamos expectativas, uma vez que sabemos que ela pode nos destruir? Isso acontece porque, ao mesmo tempo que a expectativa pode te destruir, ela pode te dar uma carga gigante de alegria instantânea. Sim, podemos gerar expectativa com alguma coisa e essa coisa pode sim acontecer. Aquela vaga na faculdade fudida que você almeja, aquela pessoa que você paquera há vários anos, aquele emprego com o qual você tanto sonha... Isso pode sim acontecer, e tomara que aconteça mesmo! Eu diria que a expectativa é como uma boa mão de poker: você sabe que tem muitas chances de ganhar, por isso vai com tudo. Pode ser que ganhe, mas vai que o seu adversário tem um straight flush... fudeu.

Existe também o fator gerador de ânimo para viver da expectativa. Graças a ela esperamos sempre alguma coisa do dia seguinte, temos vontade de acordar e sair, trabalhar, namorar... enfim, viver. Se sempre soubéssemos, ou esperassemos que sempre fosse dar merda, como íriamos conseguir levantar da cama? Impossível. Portanto, devemos à nossa expectativa um simples escovar de dentes pela manhã.

Afirmo que não sou contra a expectativa (apesar de todos os xingamentos à ela nos três primeiros parágrafos). O que eu prezo, e tento divulgar, é a dosagem da expectativa. Por exemplo: coisas pequenas, merecem uma expectativa de total entrega, algo como um emprego não muito bom, uma comida que não seja deveras extravagante, algum objeto ou mobília dentro do seu poder aquisitivo. Para isso, se entregue. Vá lá, coma o maldito McDonalds. Não precisa passar vontade para uma coisa pequena dessas. Agora, para coisas mais difíceis, sou totalmente contra a total entrega! É completamente irracional e imbecil se entregar para uma coisa que possa dar errado. Uma vaga numa puta faculdade, um namoro com uma puta pessoa (não uma pessoa puta (hahaha piadinha marota)), um puta emprego, que você goste e que te pague bem. Dê o seu melhor para tudo isso, mas, terminadas as tentativas, simplesmente pense no pior. Pode parecer uma coisa completamente besta e idiota, mas garanto que evita muitas quedas. E quanto maior a altura, maior a queda, já diz o ditado.

Portanto, não sou contra a expectativa em si, só acho que deve haver uma dosagem, uma seleção de como e onde colocar essa expectativa. Feito isso, não existem segredos: a frustração ocorrerá muito menos, e de uma forma menos dolorosa, com certeza! E sobre as pessoas, eu só tenho uma frase, que é um guia para minha vida: nunca espere das pessoas mais do que elas podem dar!

Zaratustra


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